Em 23 de maio de 2025 faleceu o
famoso e talentoso fotógrafo documental e fotojornalista brasileiro Sebastião
Salgado. Ele foi um dos fotógrafos mais destacados da fotografia mundial. Ele
enfrentava problemas de saúde desde o tempo que contraiu malária devido a uma
expedição que fez à Indonésia. Por mais de cinco décadas ele
trabalhou como fotógrafo e deixou um legado em fotografias em preto e branco,
tendo tido uma preocupação especial com questões sociais e ambientais. Entre
essas questões, a situação da Amazônia e a realidade de refugiados e
comunidades indígenas.
O nome todo dele era Sebastião Ribeiro Salgado Júnior . Ele nasceu em Conceição do Capim, no município de
Aimorés, Minas Gerais, em 8 de fevereiro de 1944. Para realizar seus
projetos fotográficos ele viajou por mais de 120 países. Seu trabalho foi
mostrado em exposições itinerantes em várias partes do mundo. Procurava
demonstrar por meio de suas fotos o que acontecia com as pessoas, destacando a
dignidade dos povos e criticando a violação de direitos fundamentais dos seres
humanos por causa de guerras, pobreza extrema e diversas injustiças sociais.
Sebastião Salgado foi Embaixador da
Boa Vontade da UNICEF e em 1982 recebeu o prêmio W. Eugene Smith
Memorial Fund, tendo sido membro honorário estrangeiro da Academia de Artes e Ciências dos
Estados Unidos desde 1992 e também foi membro
da Academia de Belas Artes de Paris. Em 1993 recebeu a Medalha do Centenário e
Bolsa Honorária da Royal Photographic Society (HonFRPS). Era graduado em Economia pela
Universidade Federal do Espírito Santo. Tinha mestrado em Economia pela
Universidade de São Paulo e doutorado também nessa área de
conhecimento pela Universidade de Paris.
Trabalhou como secretário para
a Organização
Internacional do Café (OIC). Fez sua primeira
sessão de fotos na década de 1970. Identificou-se com o ato de fotografar e em
1973 tornou-se fotógrafo independente, no trabalho de fotojornalista e foi para
Paris. Depois de passar pelas agências de fotografia Sygma e Gamma,
entrou para a Magnum em 1979. Incumbido de fazer de uma série
de fotos sobre os primeiros 100 dias de governo de Ronald Reagan,
presidente dos EUA, Salgado documentou o atentado a tiros contra o presidente
em 30 de março de 1981. Com a venda de fotos sobre esse atentado para diversos
jornais, Salgado conseguiu financiar seu primeiro projeto pessoal: uma viagem à
África.
Em 1986 Sebastião Salgado publicou seu primeiro livro: Outras Américas. Era a respeito dos pobres da América Latina. Ainda no mesmo ano publicou Sahel: O "Homem em Pânico” , fruto de colaboração de doze meses com a organização Médicos sem Fronteiras, a respeito da seca no Norte da África. Outra obra sua foi Trabalhadores, que consistia na documentação do trabalho manual em todo o mundo, obra que foi realizada entre 1986 e 1992, sendo um feito grandioso, aumentando sua reputação como um documentarista de sucesso.
O fenômeno global de desalojamento em massa de pessoas chamou a atenção de Salgado, que realizou trabalho sobre isso de 1993 a 1999, dando origem à obra Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo, publicada no ano 2000. Na introdução da obra ele escreveu: "Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…". Com apoio da ONU e do UNICEF Salgado organizou uma exposição no Escritório das Nações Unidas em Nova Iorque, com 90 retratos de crianças desalojadas extraídos de sua obra Retratos de Crianças do Êxodo.
Por seus trabalhos fotográficos
Sebastião Salgado teve reconhecimento internacional e recebeu prêmios de
fotografia importantes. Em 1994 ele fundou a sua própria agência de
notícias: As Imagens da Amazônia. Ele e a sua esposa Lélia
Wanick Salgado se estabeleceram em Paris, França. Eles tiveram dois filhos. Um
deles, Juliano, dirigiu com o fotógrafo Wim Wenders o documentário Sal da
Terra, sobre o trabalho de Sebastião Salgado. Esse documentário foi indicado ao
Oscar de 2015 de melhor documentário.
Sebastião Salgado contribuiu com organizações humanitárias como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional. Também dedicou-se às causas ambientalistas, por meio do Instituto Terra, para reflorestamento e revitalização comunitária em área do Estado de Minas Gerais. Sebatião e sua esposa decidiram em 1998 reflorestar a Fazenda Bulcão, em Aimorés, Minas Gerais. Graças a essa ação, houve a recuperação da biodiversidade local, aliada a um desenvolvimento rural sustentável às margens da Bacia do Rio Doce.
Sebastião Salgado faleceu em Paris, aos 81 anos de idade. A causa da morte foi uma leucemia grave que surgiu devido à evolução de uma malária que contraiu em uma expedição fotográfica realizada na Indonésia.
Segundo Ângela Locatelli (23 de maio de 2025):
“Reconhecido mundialmente
como um dos fotógrafos mais geniais da história, o brasileiro
Sebastião Salgado transformou a maneira como um registro em preto e
branco pode impactar as pessoas através de seu olhar sobre a natureza e
os conflitos sociais e humanos, como guerras e a exploração
de pessoas.
Sebastião Salgado morreu nesta
sexta-feira, 23 de maio, aos 81 anos, como confirmaram informações
dadas pelo Instituto Terra, organização não-governamental fundada pelo
documentarista e sua mulher, Lélia Wanick Salgado, com quem ficou casado
por 61 anos.
Lélia era sua parceira também na
vida profissional: foi usando uma câmera comprada por ela que Salgado começou a
fotografar; tempos depois, ela se tornou responsável por editar seus
livros, além de organizar as exposições fotográficas do marido, que
chegaram a diversas cidades do mundo.”
Homenagem do
Instituto Terra a Sebastião Salgado:
"Sebastião foi muito mais do que um dos
maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia
Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a
ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela
humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da
ação transformadora".
Frases de Sebastião Salgado:
“Não sou religioso, mas acredito na
evolução. É uma pena vivermos apenas 80 ou 90 anos no máximo. Se pudéssemos
viver mil anos, seríamos capazes de entender nosso planeta mil vezes melhor, e
viver de outra forma.”
“A fotografia é a memória de
todos nós. É através dela que o mundo nos vê.”
“Os fotógrafos não têm uma profissão.
Têm uma forma de viver. Quando eu saio para fotografar, sou um homem totalmente
livre, em ligação total com o meu planeta.”
Não podemos ser apenas espectadores
da destruição. Precisamos ser agentes de mudança.”
“Você não fotografa com sua máquina.
Você fotografa com toda a sua cultura.”
“Constatamos que o mundo está
dividido em duas partes: de um lado a liberdade para aqueles que têm tudo, do
outro a privação de tudo para aqueles que não têm nada.”
“Quem não gosta de esperar não pode
ser fotógrafo.”
“É preciso ter paciência para esperar
o que vai acontecer. Pois algo vai acontecer, necessariamente. Na maioria dos
casos, não há como acelerar os fatos. É preciso descobrir o prazer da
paciência.”
“Não tenho nenhuma preocupação nem
nenhuma pretensão de como serei lembrado. É minha vida que está nas fotos e
nada mais.”
“As maiores viagens que fiz na vida
foram dentro de mim mesmo.”
Algumas fotografias de Sebastião Salgado:
______________________________________________
Márcio
José Matos Rodrigues-Professor de História
Nenhum comentário:
Postar um comentário