Dia 15 de agosto se
comemora a "Adesão do Pará à Independência do Brasil". Em homenagem a
esta data resolvi escrever uma artigo sobre um importante participante dos
movimentos políticos no Pará nas primeiras décadas do século XIX: o cônego
Batista Campos.
João Batista Gonçalves Campos, filho
de Mateus Gonçalves e Maria Bernardo de Campos, nasceu em 1782, na Vila do
Acará, em Barcarena, nordeste do Pará. Foi advogado,
jornalista e cônego e destacado ativista político desde as lutas partidárias
até a eclosão do movimento chamado de Cabanagem (1835-1840) no período
regencial.
Provavelmente ele era descendente de portugueses de
famílias tradicionais, talvez de um dos ramos da família Campos, espalhada de
Belém ao Baixo Amazonas. Tinha educação fora do comum no contexto provincial do
fim do século XVIII e início do XIX.
Ele foi ordenado como
padre em 1805 e teve destaque como sacerdote. Foi um intelectual da Cabanagem e
pouco antes desse movimento social inspirou a resistência contra o governador
da província do Pará, Lobo de Souza, tendo de se refugiar no interior do Pará.
Os jornais "O Paraense" e "O Publicador Amazonense" foram
jornais redigidos por ele em Belém.
Logo após a Adesão, ele
foi vice-presidente do Conselho da Província e fez parte da Junta Provisória do
Governo, entre 18 de agosto de 1823 a 30 de abril de 1824. O oficial da marinha
inglesa John Grenfell, contratado pelo Império do Brasil, o amarrou à boca de
um canhão aceso em 17 de outubro de 1823, mas a intervenção do bispo de Belém o
salvou.
Batista Campos morreu em
31 de dezembro de 1834, quando estava refugiado devido à perseguições
políticas. Ele se cortou quando estava fazendo a barba com uma navalha e o
corte provocou uma infecção que o levou a morrer, em condições difíceis de
higiene e de atendimento no interior da Amazônia. Há uma versão que chegou a ser contada dizendo que a morte de Batista Campos teria sido uma
traição, tendo sido a navalha com a qual se barbeava embebida intencionalmente com
um veneno ( curare - veneno de origem indígena). Sua morte serviu de motivação
ao início da Cabanagem, em 07 de janeiro de 1835.
Tendo sido enterrado em
Barcarena, seus restos mortais foram levados para Belém em 1985, na ocasião da
comemoração de 150 anos da Cabanagem. Atualmente os restos mortais dele se
encontram na Igreja Nossa Senhora de Nazaré, em Barcarena. A praça Batista
Campos em Belém, inaugurada em 1904, tem este nome em homenagem ao cônego.
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Márcio José Matos
Rodrigues-Professor de História