quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Cônego Batista Campos








Dia 15 de agosto se comemora a "Adesão do Pará à Independência do Brasil". Em homenagem a esta data resolvi escrever uma artigo sobre um importante participante dos movimentos políticos no Pará nas primeiras décadas do século XIX: o cônego Batista Campos. 


João Batista Gonçalves Campos, filho de Mateus Gonçalves e Maria Bernardo de Campos, nasceu em 1782, na Vila do Acará, em Barcarena, nordeste do Pará. Foi advogado, jornalista e cônego e destacado ativista político desde as lutas partidárias até a eclosão do movimento chamado de Cabanagem (1835-1840) no período regencial.


Provavelmente ele era descendente de portugueses de famílias tradicionais, talvez de um dos ramos da família Campos, espalhada de Belém ao Baixo Amazonas. Tinha educação fora do comum no contexto provincial do fim do século XVIII e início do XIX. 


Ele foi ordenado como padre em 1805 e teve destaque como sacerdote. Foi um intelectual da Cabanagem e pouco antes desse movimento social inspirou a resistência contra o governador da província do Pará, Lobo de Souza, tendo de se refugiar no interior do Pará. Os jornais "O Paraense" e "O Publicador Amazonense" foram jornais redigidos por ele em Belém. 


Logo após a Adesão, ele foi vice-presidente do Conselho da Província e fez parte da Junta Provisória do Governo, entre 18 de agosto de 1823 a 30 de abril de 1824. O oficial da marinha inglesa John Grenfell, contratado pelo Império do Brasil, o amarrou à boca de um canhão aceso em 17 de outubro de 1823, mas a intervenção do bispo de Belém o salvou. 


Batista Campos morreu em 31 de dezembro de 1834, quando estava refugiado devido à perseguições políticas. Ele se cortou quando estava fazendo a barba com uma navalha e o corte provocou uma infecção que o levou a morrer, em condições difíceis de higiene e de atendimento no interior da Amazônia.  Há uma versão que chegou a ser  contada dizendo que  a morte de Batista Campos teria sido uma traição, tendo sido a navalha com a qual se barbeava embebida intencionalmente com um veneno ( curare - veneno de origem indígena). Sua morte serviu de motivação ao início da Cabanagem, em 07 de janeiro de 1835.



Tendo sido enterrado em Barcarena, seus restos mortais foram levados para Belém em 1985, na ocasião da comemoração de 150 anos da Cabanagem. Atualmente os restos mortais dele se encontram na Igreja Nossa Senhora de Nazaré, em Barcarena. A praça Batista Campos em Belém, inaugurada em 1904, tem este nome em homenagem ao cônego.

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História