Em 19 de abril de 1843, em Areia, na
Província da Paraíba, nasceu o pintor, poeta, romancista, cientista, teórico de
arte, ensaísta, filósofo e professor brasileiro Pedro Américo de Figueiredo e
Melo. Ele uniu características neoclássicas, românticas e realistas no seu modo
de pintar. A produção artística de Pedro Américo deixou obras ligadas até os
dias atuais ao imaginário coletivo do país, como Fala
do Trono, Batalha de Avaí, Independência ou
Morte! eTiradentes esquartejado, sendo expressões
grandiosas do Academicismo no Brasil em seu auge. Outra parte da
carreira de Pedro Américo como pintor centrou-se em temas direcionados ao
oriente, como também alegóricos e bíblicos. Tais temas, apesar de bastante
populares, não ficaram muito tempo em moda e os especialistas em arte da
atualidade não deram atenção a essas obras e não são obras muito conhecidas. O
Romantismo brasileiro presente na pintura de Pedro era o da terceira geração
romântica, que não tinha mais seu caráter original, arrebatado e revolucionário
e sim envolvido numa corrente mais branda e conformista, mais esteticista e
sentimental, com aspectos burgueses e em parte genuinamente popular.
O pai de Pedro Américo era Daniel
Eduardo de Figueiredo, um comerciante e violinista,e sua mãe era Feliciana
Cirne. O pai o estimulou, apresentando livros a respeito de artistas muito
conhecidos. Na família de Pedro houve incentivos para as artes (inclusive a
música) e o irmão dele foi o pintor Francisco Aurélio de Figueiredo e
Melo. Fez parte dos movimentos academicismo e romantismo.
Destacou-se principalmente na pintura. Desde criança já mostrava talento
artístico, sendo visto como um menino-prodígio.
Quando criança Pedro Américo já
se destacava pelos seus desenhos e naturalista Louis Jacques Brunet visitou o
menino em 1852 quando esteve no Brasil, tendo visto cópias de obras clássicas
que Pedro fez. Brunet se impressionou com o talento de Pedro e o contratou como
desenhista da expedição científica que Brunet liderava. Pedro Américo então
passou vinte meses em uma viagem pelo Nordeste do Brasil com a expedição. Em
1854, com onze anos de idade, tendo cartas de recomendação, Pedro Américo foi
admitido na Academia Imperial de Belas Artes no Rio de
Janeiro, mas antes ticou um tempo no Colégio Pedro II, onde estudou latim,
francês, português, aritmética, desenho e música. Ele já demonstrava interesse
pela pintura histórica.
Passou a cursar em 1856 o curso de Desenho
Industrial da Academia Imperial, tendo conquistado 15 medalhas em desenho,
geometria e modelo vivo. Recebeu nessa época o apelido de
"papa-medalhas", apelido dado pelo diretor da instituição, o artista
Manuel de Araújo Porto-Alegre, que influenciou na carreira de Pedro e seria seu
futuro sogro. Na Academia estudou com grandes pintores e também voltou-se
para a ciência e a Filosofia. Foi para a Europa estudar, com apoio financeiro
do imperador. Antes de ir para o continente europeu, começou a se manifestar
nele a doença chamada na época de "cólica de chumbo”, devido
provavelmente à intoxicação por determinadas tintas.
Em maio de 1859 chegou em Paris e visitou museus,
monumentos, palácios e galerias de arte. Nesse ano matriculou-se na Escola
Nacional Superior de Belas Artes. Estou com os mestres Ingres, León Cogniet,
Hippolyte Flandrin e Sebastien-Melchior Cornu. Pedro
tinha assinado um contrato de bolsa o obrigando a enviar com
regularidade trabalhos para o Brasil para comprovar seus progressos.
Pedro Américo estudou também no no Instituto de
Física de Adolphe Ganot, no Instituto de Física de Adolphe Ganot, no
Curso de Arqueologia de Charles Ernest Beulé, tornou-se bacharel em Ciências
Sociais na Sorbonne e foi um estudioso de arquitetura, teologia, literatura e
filosofia, tendo assistido aulas de Victor Cousin, Claude
Bernard e Michael Faraday no Colégio de França e no Conservatório de Artes e Ofícios. Na época ele escreveu ensaios tendo como base as relações
entre a arte, a ciência e o progresso social. Assistiu algumas
aulas na Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica, em 1862. Adquiriu uma
consciência de que o artista deveria ter uma responsabilidade civil e um
compromisso político. Para ele as artes passaram a ser as realizadoras do
progresso social e deveriam ter um aspecto humanista, inspirando-se em
pensadores gregos e renascentistas. Entrou em contato com as vanguardas
pré-modernistas, quando visitou o Salão dos Recusados, local de exposição de
artistas que não estavam incluídos no meio oficial. Ficou em
situação difícil ao visitar a Escócia de barco e salvou-se de um naufrágio em
1864. Ao retornar ao Brasil nesse ano participou de um concurso
de Desenho Figurado no curso de Desenho Industrial da Academia Imperial e
venceu com a obra Sócrates afastando Alcebíades dos braços do vício.
No Rio de Janeiro publicou ensaios sobre estética e história da arte no Correio
Mercantil.
Pedro andou em países europeus em 1865, muitas
vezes à pé, indo de Paris a Estraburgo, passando por Baden, Holanda, Dinamarca.
Esteve em outros lugares como Marrocos. Sicília e Argélia e aí trabalhou como
desenhista do governo da França. Por esse tempo ele veio a publicar o
romance Holocausto. Teve problemas financeiros, fez retratos e desenhos
em cafés. Recebeu medalha de ouro na Academia Imperial pela tela A
Carioca, caracterizada pela sensualidade. Defendeu em 1868 na da
Universidade de Bruxelas a tese A Ciência e os Sistemas: Questões de
História e Filosofia Natural. Com essa tese conseguiu obter o
grau de Doutor em Ciências Naturais e foi indicado em janeiro do ano seguinte
como professor adjunto. A aprovação o levou a ganhar a Ordem do Santo
Sepulcro. Pintou na época as pinturas São Marcos, Visão de
São Paulo e Cabeça de São Jerônimo.
Em 1869 casou com a filha do cônsul brasileiro em
Lisboa Manuel de Araújo Porto-Alegre. Com sua esposa teve três filhos. Em 1870,
no Rio de Janeiro, dedicou-se à pintura de telas mitológicas, históricas e
retratos. Foi professor de arqueologia, história da arte e estética. Foi
diretor das seções de numismática e arqueologia no Museu Imperial e Nacional,
fazendo caricaturas para o jornal A Comédia Social.
Pedro Américo tinha uma personalidade difícil com
características de ser orgulhoso e auto-suficiente. Aproveitando o contexto em
que o Brasil tinha vencido o Paraguai na guerra e com o incentivo do imperador,
ele pintou a tela Batalha do Campo Grande, destacando a monarquia e
o Conde D’Eu, marido da princesa Isabel e que tinha sido o comandante das
tropas brasileiras na guerra depois da saída de Caxias. Com apoio da imprensa
ele conseguiu que sua tela fosse vista por milhares de pessoas. Também sua
biografia foi publicada por Luís Guimarães Júnior, de forma romantizada e isso
aumentou a popularidade do pintor. Tornou-se um pintor famoso no Brasil e
recebeu honrarias como a Imperial Ordem da Rosa e o título de
Pintor Histórico da Imperial Câmara.
Outras obras de Pedro do período foram Fala
do Trono, Ataque à Ilha do Carvoeiro, Passo da Pátria, Passagem
do Chaco. Iniciou esboços para uma encomenda do governo a Batalha
de Avaí, que só viria a ser concluída em 1877. Ainda não terminada, foi
exposta pela primeira vez em Florença e causou impacto entre os conhecedores de
arte que estavam reunidos em grande número na cidade para as comemorações do
quarto centenário do nascimento de Michelângelo. Pedro Américo na ocasião fez
um discurso em duas línguas na frente da estátua renascentista de David. A obra
de Pedro e seu discurso o fizeram famoso na Europa. Alguns comentários de
críticos no Brasil eram de que a obra da Batalha de Avaí era
muito cheia de fantasia e romantismo e pouco ligada à veracidade histórica.
Pedro Américo respondeu que: "Um quadro histórico deve, como síntese, ser
baseado na verdade e reproduzir as faces essenciais do fato, e, como análise,
(ser baseado) em um grande número de raciocínios derivados, a um tempo da
ponderação das circunstâncias verossímeis e prováveis, e do conhecimento das
leis e das convenções da arte”. Também Pedro chegou a ser acusado de plagiar
aspectos da obra Batalha de Montebelo.
Também houve comparações entre a Batalha do Avaí de Pedro Américo e a Batalha
dos Guararapes, de Vitor Meireles.Essas comparações foram
chamadas de a Questão Artística de 1879.
Insatisfeito porque uma proposta sua foi recusada
pelo governo, tentou pedir demissão da Academia Imperial, mas a demissão foi
negada. Mas ele conseguiu uma licença e foi para a Europa. Passou a dedicar-se
a obras de um Romantismo tardio e sentimental. Dessa época destacam-se: A
Noite acompanhada dos gênios do Estudo e do Amor, Joana d'Arc ouve
pela primeira vez a voz que lhe prediz o seu alto destino, A
rabequista árabe, Os filhos de Eduardo IV, Dona
Catarina de Ataíde e Jocabed levando Moisés até o Nilo. Uma
parte dessas obras participou de salões da Academia ou foram expostas em
Florença. Muitas delas foram compradas pelo governo imperial do Brasil. Visitou
a França em 1885 e retornou ao Brasil. Passou a lecionar de novo história da
arte, estética e arqueologia na Academia Imperial.
Em 1886 Pedro Américo publicou seu romance Amor
de Esposo. Um filho seu morreu e outros ficaram enfermos. A própria saúde
do pintor já estava ruim. Em 1888 pintou Independência ou Morte.
Nessa obra também foi acusado de plágio em relação à tela Batalha de Friedland.
Participou da Exposição Universal de Paris em 1889.
Foi elogiado por Ernest Meissonier e admitido na Academia de Belas Artes.
Representou o Brasil no Congresso para a Proteção dos Monumentos
Histórico e em algumas ocasiões substituiu como presidente o arquiteto
Charles Garnier.
Pedro Américo era considerado
um pintor talentoso pelas novas vanguardas, no entanto tornou-se um símbolo do
conservadorismo, do elitismo e sem proximidade com a realidade naconal. Mesmo
os modernistas querendo anular a grandeza dele, a sua qualidade de pintor o
tornam um dos grandes pintores produzidos pelo Brasil e de reconhecida
importância da cultura brasileira do final do século XIX.
Pecro Américo tinha um preparo
intelectual refinado e com interesse em uma vasta variedade de temas. Na sua
formação constavam Bacharelado em Ciências Sociais pela Sorbonne e Doutoramento
em Ciências Naturais pela Universidade Livre de Bruxelas. Teve os cargos de
professor de desenho estético história da arte da Academia Imperial e diretor
da seção de antiguidades e numismática do Museu Imperial e Nacional. Foi
deputado constituinte por Pernambuco. Escreveu obras sobre história da arte e
filosofia, estética. Defendia a educação como base do progresso e considerava a
arte como tendo um papel essencial na evolução da Humanidade. Pedro deixou
poesias e quatro romances.
Com o início da República no
Brasil, Pedro Américo de volta oa Brasil, ainda manteve grande parte de seu
prestígio. Não fazia mais parte da Academia Imperial, que passava a ser a
Escola Nacional de Belas Artes. Pedro pintou para o regime republicano Tiradentes esquartejado, Libertação dos escravos, Honra
e Pátria e Paz e Concórdia. Como deputado defendeu
a criação de museus, galerias e universidades pelo país. Ele perdeu muito
de seu dinheiro investido com a crise do Encilhamento. Sem recursos e doente,
ele foi para Florença. Continuou pintando muito e escrevendo, sendo desse tempo
os romances O Foragido em 1899, e Na Cidade Eterna em
1901.
Em 7 de outubro de 1905, em
Florença, na Itália, Pedro Américo faleceu vítima da "cólica de chumbo", que
seria uma intoxicação por causa das tintas que o pintor usava. O presidente
Rodrigues Alves ordenou que seu corpo fosse embalsamado e trazido para o Brasil,
ficando exposto no Arsenal de Guerra, no Rio de Janeiro e depois foi para a
capital paraibana, onde houve homenagens. O corpo do pintor foi sepultado
definitivamente na sua cidade natal, Areia, Paraíba, em 9 de maio de
1906. A casa onde ele nasceu hoje é um museu, a Casa Museu Pedro Américo.
Obras escritas:
- Sonetos
e Rimas, c.
1854-56
- A
Reforma da Escola de Belas-Artes e a Oposição, 1863
- Refutação
à "Vida de Jesus" de Renan, 1863, perdido
- Considerações
Filosóficas sobre as Belas Artes entre os Antigos: A Arte como Princípio
Educativo,
1864
- Cartas
de um Plebeu,
1864
- Holocausto (romance), 1865
- Compêndio
de Botânica Superior, c. 1865, perdido
- A
Ciência e os Sistemas: Questões de História e Filosofia Natural, 1868
- Hipótese
Relativa ao Fenômeno Chamado Luz Zodiacal, 1869
- Memória
sobre a Conjugação da Spyrogyra quinina e Teoria da Polaridade dos Sexos, 1869
- Discursos
Acadêmicos,
1870, 1880
- Histórico
e Análise Estetigráfica do Quadro de um Episódio da Batalha de Campo Grande, 1871
- Discurso
sobre o Plágio,
1880
- Do
Ensino Livre das Ciências Naturais, 1882
- Romance
de Esposo (romance),
1886
- O
Brado do Ipiranga, 1888
- O
Foragido (romance),
1889
- Discursos
Parlamentares,
1892
- Na
Cidade Eterna - Sonho de Juventude (romance), 1901
Segundo o historiador Antonio Gasparetto Júnior:
“(...) Entre 1859 e 1864, Pedro Américo
estudou na École de Beaux-Arts, em Paris. Foi discípulo de um dos mais
importantes pintores do neoclassicismo francês, Ingres, e viajou
por diversas capitais europeias para ampliar o conhecimento. Voltou ao Brasil e
foi aprovado em concurso para ser Professor da Academia Imperial de Belas
Artes. Um novo retorno à Europa lhe rendeu o título de Doutor em Ciências
Naturais ao defender sua tese em Bruxelas.
Novamente no Brasil, casou-se com a
filha de Manuel de Araújo Porto-alegre, Carlota de Araújo Porto-alegre, e
dedicou-se ao ensino da pintura. Foi uma fase em que produziu diversas obras
importantes, incluindo retratos de celebridades. A consagração veio com o
quadro Batalha do Avaí, uma das obras mais importantes do
nacionalismo romântico no Brasil.
Pedro Américo foi um pintor
muito marcante do período imperial brasileiro, mas manteve seu prestígio com a
Proclamação da República. Enquanto outros pintores de sua geração foram levados
ao ostracismo, como Victor Meirelles,
o talentoso pintor da Paraíba continuou produzindo importantes obras. Chegou
até a ocupar o cargo de deputado no Congresso Constituinte, por Pernambuco, em
1890. Foi autor de importantes obras de arte da República também, como o
quadro Tiradentes Supliciado, que se encontra no Museu Mariano
Procópio, em Juiz de Fora (MG).
Pedro Américo foi também historiador,
filósofo, escritor, romancista e poeta. Mas, sem dúvida, seu grande destaque
foi como pintor. Sua obra esteve inserida na arte neoclássica, privilegiando
temas históricos e personificações. Suas pinturas são fundamentais para se
compreender o patriotismo criado entre os brasileiros. Pedro Américo é
considerado um inovador na pintura brasileira e, pelo seu talento, recebeu
variados prêmios nacionais e internacionais. Muitas de suas obras entraram para
o imaginário coletivo,
sendo reproduzidas em diversas ocasiões. Entre as pinturas mais importantes,
além das já citadas, estão: A Batalha do Campo Grande, A
Fala do Trono, Independência ou Morte e Paz e
Concórdia.
Sofrendo desde a infância com
beribéri, Pedro Américo praticamente ficou cego, além de
empobrecido com a crise nacional no começo da República. Faleceu no dia 7 de
outubro de 1905 e foi provisoriamente sepultado no Rio de Janeiro. Somente mais
tarde seu corpo foi transferido para sua cidade natal, Areia.”
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Segundo a professora Dilva Frazão:
“(...)Em 1854, Pedro Américo foi para o
Rio de Janeiro, estudar no Colégio Pedro II. Em 1856 ingressou na Academia
Imperial de Belas Artes. Recebeu do Imperador D. Pedro II, uma bolsa para
estudar na Escola Nacional Superior de Belas Artes de Paris, para onde foi em
1859. Foi aluno de Jean-Auguste-Dominique Ingres, um dos maiores pintores do
Neoclassicismo francês.
Ainda em Paris, estudou no Instituto de
Física de Adolphe Ganot, no curso de Arqueologia de Charles Ernest Beulé e
bacharelou-se em Ciências Sociais na Sorbonne, com a tese “Considerações
Filosóficas Sobre as Belas Artes Entre os Antigos”.
Pedro Américo retornou ao Brasil em
1864 e passou a lecionar na Escola de Belas Artes, mas logo
voltou para a Europa, onde na Universidade de Bruxelas recebeu o título de
Doutor em Ciências Físicas e Naturas. Além de produzir várias telas, dedicou-se
à poesia, ao romance e à filosofia.
Em 1869 esteve em Portugal, onde
casou-se com Carlota de Araújo Porto Alegre, filha do cônsul brasileiro em
Lisboa, seu antigo professor. O casal teve três filhos.
A Fala do Trono (1873), também conhecida
como Pedro II, uma representação do imperador na Abertura da
Assembleia Geral:
Fausto e Margarida (1875) –
obra inspirada na peça Fausto de Goethe. Para a representação, Pedro Américo
escolheu o momento da sedução de Margarida por Fausto:Fausto e Margarida
(1875)
A Batalha do Avaí, um dos quadros mais
famosos de Pedro Américo, encomendado pelo governo brasileiro. A obra,
monumental (600 x 1.100 cm), que retrata uma batalha da Guerra do Paraguai, foi
iniciada no Brasil e terminada e exposta com sucesso em Florença, em 1877:
O Grito do Ipiranga (1888) - o
pintor estava em Florença, Itália, quando pintou uma de suas obras de
maior destaque, Independência ou Morte mais conhecida
como O Grito do Ipiranga, que foi encomendada por D. Pedro II,
para fazer parte do acervo do Museu Imperial, hoje Museu Paulista.
É de Pedro Américo as telas Tiradentes
Esquartejado e Paz e Concórdia:
Após a proclamação da república, Pedro
Américo foi eleito deputado para a Assembleia Constituinte (1890),
destacando-se pelos projetos que apresentou na área cultural.
Pedro Américo de Figueiredo Melo
faleceu em Florença, Itália, no dia 7 de novembro de 1905.
Obras de Pedro Américo: Batalha do Campo
Grande, 1871 (Museu Imperial do Rio);A Fala do Trono, 1873 (Museu Imperial do
Rio);Fausto e Margarida, 1875 (Pinacoteca do Estado de São Paulo);Batalha do
Avaí, 1877 (Museu Nacional de Belas Arte);Davi e Abisag, 1879 (Museu Nacional
de Belas Artes);Moisés e Jocabed, 1884 (Museu Nacional de Belas Artes);O Grito
do Ipiranga, 1888 (Museu Paulista);Libertação dos Escravos, 1889 (Palácio dos
Bandeirantes);Tiradentes Esquartejado, 1893 (Museu Mariano Procópio -
Minas);Paz e Concórdia, 1902 (Palácio do Itamarati).”
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Sobre a pintura Independência
ou Morte de Pedro Américo:
“O quadro O grito do Ipiranga ou
Independência ou morte, de Pedro Américo é uma das mais emblemáticas imagens da
História do Brasil. A obra foi feita por encomenda do governo da província de
São Paulo para ocupar o salão de honra do Monumento do Ipiranga, prédio que
estava em construção (atual Museu Paulista/USP). Pedro Américo a executou em
Florença, na Itália, onde residia então, e a concluiu em 1888. É um painel
enorme, com 7,60 m x 4,51 m (sem contar a moldura), que foi chumbado na parede
do museu. Hoje, com o museu em restauração, a tela não pode ser removida e,
mesmo que pudesse, não passaria por nenhuma porta do lugar. A pintura de Pedro
Américo faz parte da chamada escola romântica, um estilo artístico que vigorou
na Europa em meados do século XIX e que teve, entre suas características, a
exaltação dos sentimentos nacionalistas. Os temas históricos que glorificavam o
passado nacional tornaram-se muito populares. Em suas obras, os pintores
procuravam comover o espectador, exaltar a coragem, dignificar e heroicizar os
personagens nacionais. Pedro Américo, que estudou e viveu na Europa na segunda
metade do século XIX, já tinha executado outras pinturas no estilo nacionalista
romântico como A Batalha de Campo Grande (1871), Fala do Trono (1873) e Batalha
do Avaí (1874). O sucesso de O grito do Ipiranga (1888) foi seguido de muita
polêmica pois a obra foi acusada de plágio da tela 1807, Friedland, de Ernest
Meissonier, pintada em 1875, apesar de Pedro Américo só vir a conhecer a obra
anos depois. Sendo uma pintura romântica de cunho nacionalista, O grito do
Ipiranga glorifica e idealiza o passado usando, para isso, de figuras e
composição de cena nem sempre fiéis à história. O próprio Sete de Setembro é
hoje objeto de discussões pelos historiadores que tem refletido sobre a data
como uma construção histórica. O que o quadro “O grito do Ipiranga” mostra? No
centro, em posição mais elevada, está D. Pedro, príncipe regente, montado a
cavalo, com uniforme de gala e erguendo a espada. A comitiva, à direita do
príncipe, é formada por dez homens que erguem seus chapéus. A frente deles,
trinta soldados, os Dragões da Independência, com uniforme de gala, formam um
semicírculo e erguem suas espadas. Os soldados, foram pegos de surpresa pelo
gesto de D. Pedro, o que se percebe pelo movimento dos animais e pelo quinto
soldado (da esquerda para a direita) que se apressa para montar o cavalo. Ao
fundo, à direita, outros dois soldados também estão começando a montar seus
cavalos. Próximo a eles, há um civil usando cartola que ergue um guarda-chuva;
segundo alguns estudiosos, seria Pedro Américo que se autorretratou no quadro.
À esquerda, três figuras populares: um homem conduzindo um carro de boi
carregado de toras de madeira e que olha a cena assustado (ou curioso?); atrás,
um outro montado a cavalo e mais ao fundo, um negro conduzindo um jumento que
segue de costas ao grupo. O riacho do Ipiranga está em primeiro plano e suas
águas respingam na pata do cavalo. Um casebre, ao fundo à direita, compõe a
cena reforçando o caráter rural do lugar; apelidado de “Casa do Grito”, seria
um local de pouso para as tropas que viajavam naquele caminho. Comitiva de D.
Pedro A comitiva, à direita do príncipe que ergue a espada, é formada por dez
homens que erguem seus chapéus. Dragões da Independência À frente de D. Pedro e
de sua comitiva, trinta soldados, os Dragões da Independência, com uniforme de
gala, formam um semicírculo e erguem suas espadas. Pedro Américo Pedro Américo,
de cartola e erguendo guarda-chuva, se autorretratou no quadro. Ao fundo, a
“Casa do Grito”. Riacho do Ipiranga O riacho do Ipiranga está em primeiro plano
e suas águas respingam na pata do cavalo. Elementos que não correspondem ao
momento retratado Cavalos: D. Pedro e seus acompanhantes não estavam montando
cavalos; na época, em viagens longas, se utilizavam jumentos e mulas, mais
resistentes. Número de acompanhantes: a comitiva de D. Pedro era formada por
poucos integrantes e não quarenta pessoas. Trajes: D. Pedro I e sua comitiva
não viajaram com uniformes de gala que, aliás, sequer existiam na época; eles
foram criados depois da independência, assim como os “Dragões”. Postura de D. Pedro:
é improvável que o príncipe regente estivesse com uma aparência tão sadia e
posição ereta uma vez que, naquele momento, estava sentindo fortes cólicas
causadas pelo cansaço da longa viagem ou pelo jantar na noite anterior. Casa do
Grito: não existia na época; o casebre retratado no quadro foi construído por
volta de 1884, portanto muito tempo depois da proclamação da independência.
Pedro Américo sequer tinha nascido quando aconteceu a independência, portanto,
não foi testemunha do fato que só foi pintado décadas depois de ocorrido. Homem
a cavalo Homem a cavalo e negro conduzindo jumento. Homem conduzindo carro de
bois Homem conduzindo carro de bois carregado de toras de madeira. O quadro é
uma fraude? Não, exatamente. Pedro Américo não se preocupou em fazer um retrato
fiel do fato. A arte não tem compromisso de ser um retrato fidedigno e
indelével da História .Trata-se de imagem idealizada que faz uma representação
heroica do passado e exalta a monarquia (naquele momento, em franco declínio,
às vésperas da proclamação da República). Além disso, Pedro Américo era um
artista que havia tempos vivia na Europa e que, certamente, respirou as
transformações tecnológicas e políticas ocorridas na segunda metade do século
XIX: segunda revolução industrial com todas suas invenções, imperialismo e
disputas coloniais, corrida armamentista, movimentos nacionalistas e outros.
Seu quadro acabou recebendo essas influências que transparecem no caráter
militarista e faustoso da composição: soldados perfilados, espadas erguidas,
uniformes de gala, cavalos robustos e com belos arreios e selas – elementos que
dignificam e dão imponência ao episódio retratado. O Príncipe é a figura de
destaque: no centro e na parte mais elevada, ele ergue a espada passando a
ideia de líder vitorioso, como se ele fosse o único responsável pela
independência. É dele que parte o “grito”, praticamente uma ordem militar que é
imediatamente acatada por todos que o acompanham. Aliás, o nome da tela O grito
do Ipiranga já é indicativo da visão autoritária e personalista sobre o fato
retratado, diferente do quadro de François-René Moreaux, A proclamação da
independência, de 1844. A casa de pouso, o carroceiro e outras figuras
populares fazem um tímido contraponto à atmosfera militar e ufanista do quadro.
São figuras secundárias, decorativas, que assistem à cena. Não são
protagonistas e, sequer partidárias. Estão inertes. A independência não mudou
suas vidas, o que não deixa de ser verdade. Talvez essa seja a principal
mensagem de O grito do Ipiranga. Neste sentido, o quadro não é uma fraude
histórica.”
https://ensinarhistoria.com.br/o-grito-do-ipiranga-uma-fraude/
- Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues
Para ver obras de Pedro Américo: https://www.wikiart.org/en/pedro-americo
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História.
Figura:
https://www.google.com/search?sxsrf=ALiCzsb8HfMvwkFhxpcVgKUJ0VQKwYTzPw:1651373488819&source=univ&tbm=isch&q=imagem+do+pintor+Pedro+Am%C3%A9rico