Em 18 de agosto de 2024 faleceu Alain
Delon. Era um ator e empresário franco-suiço de origem romani. Ficou muito
conhecido em vários países pelo filme de suspense O Sol por Testemunha,
no qual seu papel foi de Tom Ripley Tornou-se um dos atores mais destacados da
Europa e considerado um símbolo sexual das décadas de 60 e 70 do século
passado. Especialistas e artistas o descreveram como um "gigante da
cultura francesa". Ele nasceu em Sceaux, França, em 8 de novembro de 1935.
Os pais de Alain se divorciaram quando ele tinha quatro anos. Ele foi adotado por um casal, porém esse casal foi assassinado e Alain foi viver com sua mãe, que tinha um novo marido. Ele teve dois meio-irmãos e uma meia-irmã. Sua infância foi difícil, tendo sido expulso de várias escolas e parou de estudar aos 15 anos. Aos 17 anos ele serviu na Marinha francesa e lutou na Indochina. Foi viver em Paris em 1956. Trabalhou como porteiro, garçon e vendedor. Nessa época veio a ser a sua vizinha a futura cantora Dalida, com a qual, segundo ele, teve um caso amoroso e se tornaram depois grandes amigos.
Alain Delon chamou a
atenção (por sua aparência), de pessoas que estavam no Festival de Cannes, quando
ele foi lá em 1957 com um amigo. Uma dessas pessoas foi David O. Selznick, o
qual ofereceu a Delon um contrato, porém ele tinha de aprender a falar Inglês. Por
isso Alain foi a Paris para esse aprendizado. Nessa cidade conheceu o cineasta
Yves Allégret que disse para ele começar sua carreira na França e assim Delon
fez seu primeiro filme em 1957 com esse cineasta: Uma tal Condessa ( título original em francês: Quandlafemmes’em mele). Em outro filme, Christine, ele contracenou com a atriz Romy Schneider, por quem se
apaixonou. Eles foram em 1959morar juntos e viveram um relacionamento por cinco
anos.
Em 1959 Alain teve seu
primeiro grande papel em O Sol por
Testemunha, cujo diretor era René Clément. O filme era baseado num livro da
escritora Patrícia Highsmith. No ano
seguinte Alain trabalhou no filme Rocco e
Seus Irmãos. O diretor era Luchino Visconti. O filme foi um dos mais
apreciados pelo público na história do cinema. Com o mesmo diretor, com o qual
estabeleceu uma amizade, fez o filme clássico O Leopardo, em 1963, filme vencedor da Palma de Ouro no Festival de
Cannes.
Apesar de passar a ser
conhecido como um símbolo sexual, Alain Delon queria ser reconhecido como um
grande ator e não só por ser considerado belo. Atuou em 1962 no filme O Eclipse, dirigido por Michelangelo
Antonioni. Alain trabalhou nos filmes La
samourai (1967), O Círculo Vermelho
(1970) e O Expresso para Bordeaux
(1972), dirigidos por Jean-Pierre Melville. Com Valério Zurlini trabalhou em A primeira noite de tranquilidade
(1972), Cidadão Klein (1976) e O Assassinato de Trotsky com Joseph
Losely e em 1990 trabalhou em Nouvelle vague, com Jean-Luc Godard. Todos esses
três considerados grandes cineastas.
Delon casou-se em 1964
com a atriz Nathalie Delon. O casal ficou junto até 1969, tendo um filho, o
ator Anthony Delon. Após a separação, Alain teve um relacionamento longo com a
atriz Mireile Darc. Na época desse relacionamento houve um fato considerado um
escândalo: um guarda-costas do ator apareceu morto por um tiro. Houve suspeitas
de que o ator e outras pessoas de destaque estavam envolvidos.
Delon e a cantora
Dalida fizeram um dueto a convite dela, em 1973. Cantaram a canção Paroles,
paroles, um grande sucesso na
época. Em 1987, durante a exibição do videoclipe de uma canção que o ator
interpretou (Commeau cinema), ele conheceu a modelo holandesa Rosalie
Van Bremen. Eles, com diferença de 32 anos de idade, tiveram um relacionamento
do qual nasceram dois filhos. E em 1997 Delon anunciou que não mais atuaria
pois estava decepcionado com os rumos do cinema francês. O divórcio entre ele e
Rosalie, em 2001, causou nele períodos de depressão e ele chegou a dizer que
pensou em suicídio. A última atuação de Alain Delon foi em 2008, no filme
Asterix nos Jogos Olímpicos, no qual fez o papel de Júlio César.
Em 2012 Alain Delon
sofreu um AVC. Em março de 2022 disse publicamente que queria se submeter a um
procedimento de suicídio assistido, que é legal na Suiça onde ele estava
vivendo na época. E então, em Douchy-Montcorbon, na França, em 18 de agosto de 2024, cercado de membros da
família ele faleceu.
Há vários produtos com
o nome de Alain Delon, como roupas, perfumes, óculos e cigarros. Ele recebeu a
Palma de Ouro Honorária no Festival de Cinema de Cannes de 2019. No 45º
Festival Internacional de Cinema de Berlim, ele ganhou o Urso de Ouro
Honorário. Ele foi feito Cavaleiro (Cavaleiro) da Légion
d’honneur em 21 de fevereiro de 1991. Ele foi promovido a Oficial (Oficial)
em 2005. No décimo segundo álbum de estúdio de Madonna, a música BeatifulKiller é uma homenagem a Delon.
Citações de
personalidades a respeito da morte de Alain Delon:
"Monsieur Klein ou Rocco, o Guepardo ou o Samurai, Alain Delon desempenhou papéis lendários e fez o mundo sonhar. Emprestando seu rosto inesquecível para virar nossas vidas de cabeça para baixo. Melancólico, popular, secreto, ele era mais que uma estrela: um monumento francês".
Emmanuel Macron
"As pessoas me pedem para colocar em palavras... mas a tristeza é intensa demais. Uno-me à dor de seus filhos, de seus entes queridos, de seus fãs... A bola acabou. Tancredi foi dançar com as estrelas. Para sempre tua, Angélica."
Claudia Cardinale
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de
História
Figura: https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagem+de+alan+delon