sábado, 5 de abril de 2025

A pintora francesa Berthe Morisot

 



Meu útimo artigo em homenagem às mulheres artistas pintoras é sobre a francesa Berthe Marie Pauline Morisot. Ela nasceu em Bourges, França, em 14 de janeiro de 1841. Foi uma pintora impressionista.     

Ela foi considerada como “uma das grandes damas do impressionismo” juntamente com Marie Bracquemond, Eva Gonzalès e Mary Cassat. Foi casada com Eugène Manet, irmão do pintor Édouard Manet, amigo de Berthe

A família de Berthe era influente. Ela era filha de EdméTiburce Morisot, o administrador da região de Cher, arquiteto formado pela École des Beaux-Arts. A mãe dela era era Marie-Joséphine-Cornélie Thomas, sobrinha-neta de um pintor de estilo artístico Rococó. Berthe tinha duas irmãs e um irmão mais novo. Em 1852 a família mudou-se para Paris.

Era prática comum das famílias bourgeois em educar as filhas nas artes, então Berthe e suas irmãs tiveram aulas com Geoffroy-Alphonse Chocarne e Joseph Guichard. No início elas reproduziam desenhos de pessoas da própria família. E em 1857 Berthe e sua irmã Edma foram levadas por ele ao Mudeu do Louvre e elas aprenderam a observar as obras dos grandes mestres e em 1858 as duas aprenderam a fazer cópias de quadros que estavam no museu. Nessa época as irmãs conheceram obras de Paul Gavarni. Guichard veio a ser diretor da École des Beaux-Arts.

As irmãs trabalharam em suas obras como estudantes e então Edma casou-se com o oficial naval Adolphe Pontillon e foi morar com ele em Cherbourg e lá não tinha mais tempo para pintar, tendo se tornado mãe e se dedicado à sua família. A outra irmã, Yves, também se casou em 1866, tendo sido musa do pintor Edgar Degas em uma de suas pinturas.

Fazendo amizades como como copista no Museu do Louvre de artistas e professores, ela, sob influência de um desses pintores, Camille Corot (um pintor de paisagens da Escola Barbizon), começou a experimentar o método de pintura ao ar livre. Teve aulas com o pintor Achille Oudinot em 1863 e estudou escultura com Aimé Millet. E em 1874 ela se casou com Eugène Manet, que faleceu em 1892. Em 1878 nasceu a única filha do casal, Julie Manet, que foi musa de sua mãe em quadros e em quadros de outros pintores impressionistas, como Renoir.

Em 1864 foi a primeira vez que obras de Berthe foram expostas ao grande público. Ela tinha 23 anos. Eram dois quadros retratando paisagens no Salão de Paris. Ela passou a ter uma regularidade em exposições no salão, sendo elogiada pelos críticos de arte. Em 1878 ela não expôs porque foi o ano de nascimento de sua filha. O comerciante de arte Durand-Ruel patrocinou a pintora e comprou dela cerca de 22 quadros. Um crítico a considerou a "verdadeira impressionista do grupo”. Ela preferia expor com seu nome de solteira. Muitos críticos gostaram das obras dela na exposição de 1880.

Embora desde 1868 amiga do famoso pintor Édouard Manet, que pintou retratos dela, Berthe ficou magoada com críticas e correções que ele queria fazer em quadros que ela tinha pintado.  Porém, mesmo com essas críticas, Manet e Berhe tinham admiração mútua. Ele gostava do estilo original de Berthe e das decisões tomadas na composição dos quadros. Manet foi convencido por ela a pintar ao ar livre como ela já fazia. Ele foi levado por ela ao grupo dos pintores impressionistas que ela fazia parte.

Em 2 de março de 1895 Berthe Morisot faleceu em Paris por causa de uma pneumonia que se originou devido a uma gripe. Estava acontecendo um novo surto da pandemia de gripe que tinha ocorrido na França nos anos de 1889 e 1890. Berthe foi sepultada no Cemitério de Passy em Paris. Ela tinha 54 anos. Durante sua vida ela vendeu relativamente poucas obras e assim sua arte não tem a mesma representação em museus como acontece com outros impressionistas. No entanto no Musée Marmottan há uma maior quantidade de obras dela. Lá está registrado o desenvolvimento artístico da pintora por meio de paisagens da Normandia, paisagens marinhas ao redor de Nice, jardins em flor e "jovens moças em flor".Berthe tinha gosto por cores claras e tipo pastel. Colegas pintores admiravam o desenho habilidoso e a liberdade de manuseio que ela tinha.

Segundo a professora de arte e História da Arte  Roseli Paulino:

“ (...)  Berthe Morisot manteve relações intelectuais e de amizade não só com Édouard Manet, mas também com Edgar Degas, graças a isso, ela desenvolveu sua capacidade de mover suas impressões pictóricas da vida real para a tela, preparando seu papel futuro no movimento impressionista. Pouco a pouco, seu tema focado em mulheres e crianças, representadas ao ar livre e em interiores domésticos, passaram a ser mais representados por ela. Não há dúvida de que seu papel como pintora feminina foi apoiado e apreciado por sua escolha de temas que foram frequentemente associados à maternidade e a sensibilidade feminina.

De 1864 a 1873, BertheMorisot participou de uma exposição, onde apresentou uma série de paisagens serenas que inicialmente lembravam o estilo de Corot.

Em 1874, Morisot participou da primeira exposição Impressionista com nove obras, entre as quais o The Game of Hideand Seek (O jogo de esconde-esconde).  Desse ano até 1886, suas pinturas apareceram em todas as exposições impressionistas, exceto uma.

Em 22 de dezembro de 1874, Morisot casou-se com Eugène Manet, irmão de Édouard e em 1879  ela daria à luz à única filha do casal, Julie, que foi musa frequente nos quadros da mãe e de outros artistas impressionistas, como Auguste Renoir.

Em 1881 a 1882, a pintora e sua família passaram o inverno no sul da França, no Mediterrâneo. A pintura retrata um grupo de barcos ancorados no porto de mesmo nome. Ela usa uma paleta extremamente brilhante, onde podemos comparar com outras obras impressionistas com o mesmo tema, incluindo a obra fundamental do movimento  “Impressão: Sol Nascente” de Claude Monet (1872), que também tem uma cena de porto como tema,  se preocupando com os efeitos da luz natural quando incide sobre a superfície dos barcos e sobre a água.

Eugène Manet faleceu em 1892 e Berthe Morisot no dia no dia 02 de março de 1895 na cidade de Paris com 54 anos,  devido à uma pneumonia adquirida quando cuidava de Julie, que também esteve com a mesma doença. 

Berthe Morisot produziu cerca de 800 pinturas. Apesar de ter sido uma artista de trabalho admirável, o machismo da época inscreveu em seu atestado de óbito: “sem ocupação” e em seu jazigo a inscrição “Berthe Morisot viúva de Eugène Manet”. Nunca deixou de pintar,  ao contrário de sua irmã também talentosa, Edma, que abandonou a pintura depois que se casou em 1869. Naquela sociedade dominada pelo sexo masculino, era muito difícil para as mulheres acharem um equilíbrio entre a vontade de aprender, a segurança em si próprias como artistas e a manutenção do matrimônio.”


Algumas obras de Berthe Morisot:

 

 

"Lendo"




                                                           "A mãe e a irmã da arista"



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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História.

Figuras: 

https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagens+berhe+morisot#vhid=J

https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&sa=X&sca_esv=9f523915fbd1e455&biw=1334&bih=642&q=berthe+morisot+reading&stick

https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&sca_esv=9f523915fbd1e455&q=The+Mother+and+Sister+of+the+Artist&stick

quinta-feira, 20 de março de 2025

A pintora suiça Angelika Kauffmann.

 



Continuando meus artigos para o mês de março no qual é comemorado o Dia Internacional das Mulheres, este meu artigo é sobre a suiça Maria Anna Angelika Kauffmann. Ela nasceu em Coira,atual Graubünden, na Suiça, em 30 de outubro de 1741 e foi uma pintora do estilo neoclássico e membro fundadora da Academia Real Inglesa, tendo tido sucesso em sua carreira nas cidades de Roma e Londres. Tinha grande talento, principalmente em relação a retratos, paisagens e pintura decorativa.

Angelika era filha do muralista e pintor Johann Joseph Kauffmann, que que viajava muito a trabalho. Ele educou-a para ser sua assistente nas viagens dele pela Suiça, Áustria e Itália.  Sendo muito inteligente, ela rapidamente aprendeu o ofício e era talentosa na música, sendo forçada a escolher entre ópera e pintura, tendo escolhido a segunda, influenciada pela opinião de um padre. Também aprendeu vários idiomas com sua mãe, Cleophea Lutz.

Tendo escolhido ser pintora, Angelika passou a seguir seu talento para a pintura e passou a ser patrocinada por nobres e bispos. Em 1754 o pai dela resolveu mudar-se para Milão. Ela passou a visitar o pai com frequência, tendo se tornado uma integrante da Academia de Belas Artes de Florença em 1762. Em 1763 visitou Roma e de novo em 1764, tendo estado também em Bolonha e Veneza, sendo suas obras admiradas nas cidades onde ia. Seu trabalho apareceu em uma mostra da Sociedade Livre de Artistas em 1765 e pouco tempo depois, em 1766, Angelika se mudou para Londres, após convite da esposa do embaixador inglês. Foi enganada por um homem que se passava falsamente por conde e se casou com ele em 1767. Mas assim que ela descobriu a verdade, separou-se dele no ano seguinte. Só veio a casar de novo em 1781, com o pintor veneziano Antônio Zucchi. Com ele se estabeleceu em Roma.

Influências:

De início o estilo de Angelika Kauffmann foi influenciado pelo rococó francês dos pintores Henri Gravelot e François Boucher.Aproximadamente em 1763, a partir de uma visita à Itália, ela passou a ter como uma influência marcante em seu trabalho artístico o pintor Anton Raphael Mengs, cujas obras neoclássicas ela conheceu nessa visita. Em relação à produção de retratos ela foi muito influenciada por Sir Joshua Reynolds.

Em seus quadros, Angelika se inspirou muitas vezes na mitologia greco-romana, representando deuses e deusas de um modo gracioso, ainda que não exatamente de forma brilhante. Os retratos que ela pintou foram os seus melhores trabalhos e é considerada a sua obra-prima o retrato que ela fez da duquesa de Brunswick.

Em 1795 o marido de Angelika faleceu. A última mostra de arte dela foi em 1797. Depois sua produção diminuiu muito e em 1807 ela faleceu em Roma, tendo sido homenageada com um grande funeral. Dois de seus quadros foram levados em procissão.

 

Principais Obras : 1774: Ariadne Abandoned by Theseus on Naxos; 1775: Retrato do Tenente-General James Cuningham; 1780: A Lady as a Vestal Virgin; 1781: Retrato de Eleanor, Condessa de Lauderdale; 1785: Auto-retrato; 1787: Auto-retrato; 1792: Cupid and Psyche .

Imagens de algumas obras da pintora:

 

                     Juliane Von Kriidener e seu filho



                Retrato de Eleanor, condessa de Lauderdale

 

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

 

 

terça-feira, 11 de março de 2025

A pintora italiana renascentista Lavinia Fontana

 



Neste mês de março farei homenagens às mulheres pintoras. Lavínia Fontana é a primeira pintora que escolhi para escrever a respeito. Ela foi uma pintora renascentista, da escola Maneirista, que nasceu em 24 de agosto de 1552, em Bolonha, cidade italiana que na época fazia parte dos Estados Papais. Foi uma das mais importantes retratistas nessa cidade, no final do século XVI e uma das primeiras mulheres que fazia pinturas figurativas de larga escala que eram encomendadas. Foi a primeira mulher italiana a conseguir sucesso financeiro e de crítica como artista.

Ela era filha do pintor Próspero Fontana, um dos melhores pintores de Bolonha. Foi ele que ensinou a filha a pintar de forma maneirista. Lavínia foi mãe de 11 filhos, casada com o pintor Gian Paolo Zappi. No início da carreira ela pintava moradores da camada alta de Bolonha. Posteriormente pintou nus masculinos e femininos, assim como pinturas religiosas.

Lavínia teve apoio de seu pai para a sua carreira. Ele tinha uma relação forte com a nobreza local, tendo escolhido os padrinhos para o batizado de Lavinia: Signor Agostino Hercolani e Signor Andrea Bonfiglioli. A historiadora Adrianna Hook Stephenson considera que essa decisão foi estratégica para garantir o apoio e suporte da aristocracia local.

Lavínia tornou-se conhecida em Bolonha no fim da década de 1570 por pintar retratos de ótima qualidade, como o Autorretrato ao Cravo e Família Gozzadini, de 1584. Ela pintou retratos de muitas personalidades de destaque. As cores vibrantes e os detalhes das roupas e joias usadas por seus retratados causam admiração em quem vê as obras da pintora. Entre as muitas pinturas religiosas dela podem ser destacadas Noli me tangere, de 1581 e o retábulo Sagrada Família com o Menino Jesus Adormecido. Suas grandes obras de altar feitas para as igrejas de sua cidade natal estão incluídas em suas obras mais famosas.

Lavínia quando se casou tinha 25 anos. Casou com um pintor de origem nobre. A escolha dos noivos morarem com a família dela era incomum na época, mas o pai dela argumentou que isso daria condições para ensinar aos dois. O marido de Lavínia deu apoio a ela para pintar. Ele criava os filhos  enquanto ela trabalhava.

O trabalho de Lavínia foi introduzido em Roma depois de 1600. Após alguns anos ela se mudou para Roma. Nessa cidade, Lavinia Fontana pintou sua maior obra, o Martírio de Santo Estêvão, um retábulo para a igreja de San Paolo Fuori le Mura, uma basílica destruída em um incêndio em 1823. Em 1599 pintou sua obra narrativa A Visita da Rainha de Sabá a Salomão. Ela foi eleita membro da Academia Romana, o que foi um fato raro para uma mulher naquela época.

Lavínia no seu estilo de pintar, com atenção aos detalhes, lembra o trabalho de Sofonisba Anguissola, uma outra pintora do norte da Itália, também pioneira na presença de espaços femininos na arte.

Dos onze filhos que Lavínia teve, somente três ainda viviam após sua morte. O estilo jovial dela de pintar parecia com o de seu pai. Ela foi aluna de Ludovico Carraci, do qual adotou o estilo caracterizado por uma forte coloração quase veneziana. Ela provavelmente foi influenciada pelos estilos de Sofonisba Anguissola, Caterina Vigri e Properzia de Rossi.

Fatores históricos que tiveram influência no tratamento que Fontana deu aos temas e assuntos em suas pinturas foram a Contrarreforma e as recomendações do Concílio de Trento. Houve também a influência do Maneirismo, o que se pode ver na na atenção meticulosa aos detalhes em suas pinturas e na importância dos materiais que rodeiam o tema retratado. Ela estudou a coleção de esculturas e moldes de gesso de seu pai, mas a pesquisadora Liana De Girolami Cheney argumenta que o naturalismo das figuras pode indicar que Fontana utilizava modelos nus ao vivo. Segundo estudiosos da vida da pintora, durante a vida dela, era socialmente inaceitável que mulheres fossem expostas à nudez. Ela pode ter usado pessoas da família como modelos. Entrou para a História como uma das primeiras pintoras a efetivamente ter uma carreira na qual dependia apenas da venda de seus quadros para sobreviver.

Lavínia faleceu aos sessenta e dois anos em Roma, em 11 de agosto de 1614, aos sessenta e dois anos, e foi sepultada em Santa Maria sopra Minerva.

Algumas pinturas de Lavínia:



                                                     "Minerva vestindo-se"



                                                         "A Sagrada Família"

                                       

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Figuras:

https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagens+de+lavinia+fontana

https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&sa=X&sca_esv=d425b5dac0dba72a&biw=1330&bih=635&q=the+holy+family+with+saint+catherine+of+alexandria


https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&sca_esv=d425b5dac0dba72a&q=lavinia+fontana+minerva+dressing