sexta-feira, 1 de agosto de 2025

O filósofo Walter Benjamim

 


 Em 15 de julho de 1892 nasceu em Berlim, na Prússia, Império Alemão, o ensaísta, crítico literário, historiador, tradutor, filósofo e sociólogo judeu alemão Walter Benedix Schönflies Benjamin . Ele foi associado à chamada Escola de Frankfurt. Foi muto influenciado por autores marxistas e pelo místico judaico Gershom Scholem .

Os pais de Walter Benjamim eram Emil Benjamin e de Paula Schönflies Benjamin, comerciantes de produtos franceses. Walter, na sua adolescência, passou a ter ideais socialistas, esteve envolvido com o Movimento da Juventude Livre Alemã e foi  colaborador na revista do movimento. Nas suas leituras daquela época percebe-se uma influência das ideias de Nietzsche. Torna-se próximo de Gershom Gerhard Scholem em 1915, que compartilhava com Walter gosto pela arte e pelo judaísmo.

Benjamim casou-se com Dora Sophie Pollak em 1917. Foi para Berna (Suíça) para fugir do alistamento no exército alemão. Nesse ano nasceu seu único filho.

Walter Benjamim em 1919 defendeu sua tese de doutorado em Berna, Suíça, com o título A Crítica de Arte no Romantismo Alemão, que foi aprovada .Retornou a Berim em 1920.  Em 1925 a sua tese de livre docência Origem do Drama Barroco Alemão foi rejeitada pelo Departamento de Estética da Universidade de Frankfurt.  Sendo muito bom com a língua francesa, traduziu obras importantes para o alemão como Quadros Parisienses , de Charles Baudelaire e Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust.

Contribuiu para a teoria estética, ao combinar ideias que pareciam antagônicas do idealismo alemão, materialismo dialético e do misticismo judaico. No fim da década de 1920 passa a se interessar pelo marxismo.  Com outro filósofo, Theodor Adorno, estuda a filosofia de Georg Lukács. Como crítico literário obteve reconhecimento publicando resenhas e traduções como por exemplo, as séries a respeito de Charles Baudelaire. Em 1926 foi para Moscou, mas se desiludiu com o tipo de sociedade socialista que viu por lá.

Escreveu sua última obra em 1940, ano de sua morte: "As Teses Sobre o Conceito de História". Para alguns estudiosos, foi um texto revolucionário relevante e outros o consideraram como um retrocesso.

O contexto que surgiu a teoria de Benjamin foi o período pós-industrial. Esse período influenciou as formas de se ver e se enxergar a sociedade, a política, a ciência e a arte. Surgiram os movimentos artísticos de vanguarda como cubismo, surrealismo e dadaísmo, criando novas formas de se expressar.

Desde 1928, em sua obra Rua de mão única, Benjamin disse que a ideia de dominação da natureza é um discurso imperialista, propondo uma nova definição da técnica como “domínio das relações entre natureza e humanidade”.

Como era judeu e tinha ideias socialistas, com a ascensão de Hitler ele passou a correr perigo e então foi se refugiar na Itália de 1934 a 1935. Tornou-se bolsista do Instituto de Pesquisa Social (Escola de Frankfurt), do qual passa a ser colaborador regular.  Em 1935 vai para Paris. De 1936 a 1940 irá desenvolver sua visão da história. Por causa da guerra, Walter Benjamin é aprisionado junto a outros milhares de alemães na França, em 1939. Com a ajuda de amigos conseguiu fugir.

Benjamim teria cometido suicídio em Portibou, na Espanha. Ele e seu grupo tinham sido parados pela polícia espanhola nos Pirineus, fugindo da França que tinha sido invadida pelos nazistas. Com medo de ser capturado como judeu e entregue à Gestapo, a polícia política alemã, Walter Benjamim possivelmente ingeriu pílulas de morfina no hotel onde estava. Morreu em 26 de setembro de 1940, aos 48 anos.

Principais obras de Walter Benjamin

·         Sua tese de doutoramento “O conceito de crítica de arte no romantismo alemão”, de 1919;

·         A tese “Origem da tragédia alemã”;

·           A obra "O Tomo”, contendo ensaios e reflexões, é publicada em 1928.

 Benjamin publicou diversos artigos e ensaios, dos quais se destacam:

·         “A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica” (1936);

·         “Teses Sobre o Conceito de História” (1940).

Frases de Walter Benjamin

·         “A informação só tem valor no momento em que é nova.”

·         “Deus é quem nutre todos os homens, e o Estado é quem os reduz à fome.”

·         “Uma das principais tarefas da arte sempre foi criar um interesse que ainda não conseguiu satisfazer totalmente.”

·         “O tédio é um tecido cinzento e quente, forrado por dentro com a seda das cores mais variadas e vibrantes. Nele nós nos enrolamos quando sonhamos.”

·         “As doações devem atingir tão profundamente quem as recebe a ponto de causar-lhes espanto.”

·         “A construção da vida encontra-se, atualmente, mais em poder dos fatos do que das convicções.”

Segundo Heitor Fester:

 “Walter Benjamin foi um filósofo, crítico literário e ensaísta alemão, nascido em 15 de julho de 1892, em Berlim. Ele é amplamente reconhecido por suas contribuições significativas à teoria da cultura e à crítica da modernidade. Benjamin é uma figura central na Escola de Frankfurt e suas ideias influenciaram diversos campos, incluindo estética, literatura, e teoria social. Sua obra é marcada por uma profunda análise da experiência humana na era moderna, especialmente em relação à arte e à tecnologia.

Walter Benjamin cresceu em uma família judia de classe média em Berlim. Desde jovem, ele demonstrou interesse pela literatura e filosofia, o que o levou a estudar na Universidade de Berlim e na Universidade de Frankfurt. Durante sua formação, ele foi influenciado por pensadores como Karl Marx, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud, cujas ideias moldaram sua visão crítica sobre a sociedade e a cultura. O ambiente político e social da Alemanha na época, marcado por tensões e mudanças, também desempenhou um papel crucial em seu desenvolvimento intelectual.

Entre as obras mais notáveis de Walter Benjamin estão “A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica” e “As Passagens de Paris”. No primeiro ensaio, Benjamin discute como a reprodução técnica da arte altera sua função e significado na sociedade contemporânea. Ele argumenta que a reprodução em massa pode democratizar a arte, mas também a despoja de seu valor único e autêntico. Já em “As Passagens de Paris”, Benjamin explora a vida urbana e a experiência moderna, utilizando a cidade de Paris como um microcosmo das transformações sociais e culturais da época.

Walter Benjamin desenvolveu uma abordagem única para a teoria da história, que se distancia das narrativas lineares e progressistas. Em seu famoso “Tese sobre a História”, ele critica a visão tradicional da história como um processo contínuo de progresso. Em vez disso, Benjamin propõe uma visão fragmentada e dialética, onde momentos históricos são interligados por rupturas e descontinuidades. Essa perspectiva é fundamental para entender como ele via a relação entre passado e presente, e como a memória coletiva molda a experiência humana.

A obra de Walter Benjamin teve um impacto duradouro na crítica cultural e na teoria estética. Seus conceitos de “aura” e “reprodutibilidade” continuam a ser debatidos e aplicados em análises contemporâneas da arte e da cultura. A ideia de que a aura de uma obra de arte é perdida na reprodução técnica ressoa fortemente na era digital, onde a acessibilidade e a reprodução em massa desafiam as noções tradicionais de autenticidade e valor artístico. Benjamin também influenciou pensadores pós-modernos, que exploram a relação entre cultura, tecnologia e sociedade.

O legado de Walter Benjamin permanece relevante na contemporaneidade, especialmente em um mundo cada vez mais mediado por tecnologias digitais. Seus escritos sobre a modernidade, a arte e a experiência urbana oferecem insights valiosos para entender as dinâmicas culturais atuais. Além disso, sua crítica ao consumismo e à alienação na sociedade moderna ressoa com as preocupações contemporâneas sobre a cultura de massa e a perda de autenticidade. Benjamin é frequentemente citado em debates sobre a estética da imagem e a relação entre arte e política.

Walter Benjamin viveu uma vida marcada por desafios pessoais e políticos. Ele era um intelectual engajado, que se opôs ao regime nazista e buscou refúgio em Paris durante a ascensão do totalitarismo na Alemanha. Em 1940, ao tentar escapar para os Estados Unidos, Benjamin se suicidou na fronteira entre a França e a Espanha, temendo a captura pelas autoridades nazistas. Sua morte trágica simboliza a perda de uma voz crítica em um momento crucial da história, mas suas ideias continuam a inspirar novas gerações de pensadores e artistas.

As interpretações da obra de Walter Benjamin são diversas e muitas vezes controversas. Alguns críticos argumentam que sua abordagem é excessivamente pessimista, enquanto outros veem em suas ideias uma forma de resistência e esperança. A complexidade de seu pensamento permite múltiplas leituras, e sua obra é frequentemente revisitada em contextos acadêmicos e artísticos. A riqueza de suas análises sobre a cultura moderna e a experiência humana continua a provocar debates e reflexões profundas sobre o papel da arte e da crítica na sociedade contemporânea.

Walter Benjamin deixou um legado intelectual que transcende seu tempo e continua a influenciar o pensamento contemporâneo. Sua capacidade de articular as tensões entre arte, política e sociedade faz dele uma figura essencial para aqueles que buscam compreender as complexidades da modernidade. A relevância de suas ideias é evidente em diversos campos, desde a filosofia até a crítica cultural, e sua obra permanece um ponto de referência para debates sobre a condição humana na era da tecnologia e da globalização.”

 

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

 

Figura: https://veja.abril.com.br/coluna/conta-gotas/walter-benjamin-o-homem-que-expos-o-lado-obscuro-do-progresso/







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