Os
pais de Walter Benjamim eram Emil Benjamin e de Paula Schönflies Benjamin,
comerciantes de produtos franceses. Walter, na sua adolescência, passou a ter
ideais socialistas, esteve envolvido com o Movimento da Juventude Livre Alemã e
foi colaborador na revista do movimento. Nas suas leituras daquela
época percebe-se uma influência das ideias de Nietzsche. Torna-se próximo de
Gershom Gerhard Scholem em 1915, que compartilhava com Walter gosto pela arte e
pelo judaísmo.
Benjamim casou-se com Dora Sophie Pollak em
1917. Foi para Berna (Suíça) para fugir do alistamento no exército alemão.
Nesse ano nasceu seu único filho.
Walter
Benjamim em 1919 defendeu sua tese de doutorado em Berna, Suíça, com o
título A Crítica de Arte no Romantismo Alemão, que foi aprovada
.Retornou a Berim em 1920. Em 1925 a sua tese de livre
docência Origem do Drama Barroco Alemão foi rejeitada
pelo Departamento de Estética da Universidade de
Frankfurt. Sendo muito bom com a língua francesa, traduziu obras
importantes para o alemão como Quadros Parisienses , de
Charles Baudelaire e Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust.
Contribuiu
para a teoria estética, ao combinar ideias que pareciam antagônicas do
idealismo alemão, materialismo dialético e do misticismo judaico. No fim da
década de 1920 passa a se interessar pelo marxismo. Com outro
filósofo, Theodor Adorno, estuda a filosofia de Georg Lukács. Como crítico
literário obteve reconhecimento publicando resenhas e traduções como por
exemplo, as séries a respeito de Charles Baudelaire. Em 1926 foi para Moscou,
mas se desiludiu com o tipo de sociedade socialista que viu por lá.
Escreveu
sua última obra em 1940, ano de sua morte: "As Teses Sobre o
Conceito de História". Para alguns estudiosos, foi um texto
revolucionário relevante e outros o consideraram como um retrocesso.
O
contexto que surgiu a teoria de Benjamin foi o período pós-industrial. Esse
período influenciou as formas de se ver e se enxergar a sociedade, a política,
a ciência e a arte. Surgiram os movimentos artísticos de vanguarda como
cubismo, surrealismo e dadaísmo, criando novas formas de se expressar.
Desde
1928, em sua obra Rua de mão única, Benjamin disse que a ideia de
dominação da natureza é um discurso imperialista, propondo uma nova definição
da técnica como “domínio das relações entre natureza e humanidade”.
Como era judeu e tinha ideias socialistas, com a
ascensão de Hitler ele passou a correr perigo e então foi se refugiar na Itália
de 1934 a 1935. Tornou-se bolsista do Instituto de Pesquisa Social (Escola de
Frankfurt), do qual passa a ser colaborador regular. Em 1935 vai
para Paris. De 1936 a 1940 irá desenvolver sua visão da história. Por causa da
guerra, Walter Benjamin é aprisionado junto a outros milhares de alemães na
França, em 1939. Com a ajuda de amigos conseguiu fugir.
Benjamim
teria cometido suicídio em Portibou, na Espanha. Ele e seu grupo tinham sido
parados pela polícia espanhola nos Pirineus, fugindo da França que tinha sido
invadida pelos nazistas. Com medo de ser capturado como judeu e entregue à
Gestapo, a polícia política alemã, Walter Benjamim possivelmente ingeriu
pílulas de morfina no hotel onde estava. Morreu em 26 de setembro de
1940, aos 48 anos.
Principais obras de Walter Benjamin
· Sua
tese de doutoramento “O conceito de crítica de arte no romantismo alemão”,
de 1919;
· A
tese “Origem da tragédia alemã”;
·
A obra "O Tomo”, contendo ensaios e
reflexões, é publicada em 1928.
Benjamin publicou diversos artigos e ensaios, dos quais se
destacam:
· “A
Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica” (1936);
· “Teses
Sobre o Conceito de História” (1940).
Frases de Walter Benjamin
· “A
informação só tem valor no momento em que é nova.”
· “Deus
é quem nutre todos os homens, e o Estado é quem os reduz à fome.”
· “Uma
das principais tarefas da arte sempre foi criar um interesse que ainda não
conseguiu satisfazer totalmente.”
· “O
tédio é um tecido cinzento e quente, forrado por dentro com a seda das cores
mais variadas e vibrantes. Nele nós nos enrolamos quando sonhamos.”
· “As
doações devem atingir tão profundamente quem as recebe a ponto de causar-lhes
espanto.”
· “A
construção da vida encontra-se, atualmente, mais em poder dos fatos do que das
convicções.”
Segundo Heitor Fester:
“Walter Benjamin foi um filósofo, crítico literário e ensaísta
alemão, nascido em 15 de julho de 1892, em Berlim. Ele é amplamente reconhecido
por suas contribuições significativas à teoria da cultura e à crítica da
modernidade. Benjamin é uma figura central na Escola de Frankfurt e suas ideias
influenciaram diversos campos, incluindo estética, literatura, e teoria social.
Sua obra é marcada por uma profunda análise da experiência humana na era
moderna, especialmente em relação à arte e à tecnologia.
Walter Benjamin cresceu em uma família judia de classe média em Berlim. Desde jovem, ele demonstrou interesse pela literatura e filosofia, o que o levou a estudar na Universidade de Berlim e na Universidade de Frankfurt. Durante sua formação, ele foi influenciado por pensadores como Karl Marx, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud, cujas ideias moldaram sua visão crítica sobre a sociedade e a cultura. O ambiente político e social da Alemanha na época, marcado por tensões e mudanças, também desempenhou um papel crucial em seu desenvolvimento intelectual.
Entre as obras mais notáveis de Walter Benjamin estão “A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica” e “As Passagens de Paris”. No primeiro ensaio, Benjamin discute como a reprodução técnica da arte altera sua função e significado na sociedade contemporânea. Ele argumenta que a reprodução em massa pode democratizar a arte, mas também a despoja de seu valor único e autêntico. Já em “As Passagens de Paris”, Benjamin explora a vida urbana e a experiência moderna, utilizando a cidade de Paris como um microcosmo das transformações sociais e culturais da época.
Walter Benjamin desenvolveu uma abordagem única para a teoria da história, que se distancia das narrativas lineares e progressistas. Em seu famoso “Tese sobre a História”, ele critica a visão tradicional da história como um processo contínuo de progresso. Em vez disso, Benjamin propõe uma visão fragmentada e dialética, onde momentos históricos são interligados por rupturas e descontinuidades. Essa perspectiva é fundamental para entender como ele via a relação entre passado e presente, e como a memória coletiva molda a experiência humana.
A obra de Walter Benjamin teve um impacto duradouro na crítica cultural e na teoria estética. Seus conceitos de “aura” e “reprodutibilidade” continuam a ser debatidos e aplicados em análises contemporâneas da arte e da cultura. A ideia de que a aura de uma obra de arte é perdida na reprodução técnica ressoa fortemente na era digital, onde a acessibilidade e a reprodução em massa desafiam as noções tradicionais de autenticidade e valor artístico. Benjamin também influenciou pensadores pós-modernos, que exploram a relação entre cultura, tecnologia e sociedade.
O legado de Walter Benjamin permanece relevante na contemporaneidade, especialmente em um mundo cada vez mais mediado por tecnologias digitais. Seus escritos sobre a modernidade, a arte e a experiência urbana oferecem insights valiosos para entender as dinâmicas culturais atuais. Além disso, sua crítica ao consumismo e à alienação na sociedade moderna ressoa com as preocupações contemporâneas sobre a cultura de massa e a perda de autenticidade. Benjamin é frequentemente citado em debates sobre a estética da imagem e a relação entre arte e política.
Walter Benjamin viveu uma vida marcada por desafios pessoais e políticos. Ele era um intelectual engajado, que se opôs ao regime nazista e buscou refúgio em Paris durante a ascensão do totalitarismo na Alemanha. Em 1940, ao tentar escapar para os Estados Unidos, Benjamin se suicidou na fronteira entre a França e a Espanha, temendo a captura pelas autoridades nazistas. Sua morte trágica simboliza a perda de uma voz crítica em um momento crucial da história, mas suas ideias continuam a inspirar novas gerações de pensadores e artistas.
As interpretações da obra de Walter Benjamin são diversas e muitas vezes controversas. Alguns críticos argumentam que sua abordagem é excessivamente pessimista, enquanto outros veem em suas ideias uma forma de resistência e esperança. A complexidade de seu pensamento permite múltiplas leituras, e sua obra é frequentemente revisitada em contextos acadêmicos e artísticos. A riqueza de suas análises sobre a cultura moderna e a experiência humana continua a provocar debates e reflexões profundas sobre o papel da arte e da crítica na sociedade contemporânea.
Walter Benjamin deixou um legado intelectual que transcende seu tempo e continua a influenciar o pensamento contemporâneo. Sua capacidade de articular as tensões entre arte, política e sociedade faz dele uma figura essencial para aqueles que buscam compreender as complexidades da modernidade. A relevância de suas ideias é evidente em diversos campos, desde a filosofia até a crítica cultural, e sua obra permanece um ponto de referência para debates sobre a condição humana na era da tecnologia e da globalização.”
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura:
https://veja.abril.com.br/coluna/conta-gotas/walter-benjamin-o-homem-que-expos-o-lado-obscuro-do-progresso/
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