sexta-feira, 1 de agosto de 2025

O filósofo Walter Benjamim

 


 Em 15 de julho de 1892 nasceu em Berlim, na Prússia, Império Alemão, o ensaísta, crítico literário, historiador, tradutor, filósofo e sociólogo judeu alemão Walter Benedix Schönflies Benjamin . Ele foi associado à chamada Escola de Frankfurt. Foi muto influenciado por autores marxistas e pelo místico judaico Gershom Scholem .

Os pais de Walter Benjamim eram Emil Benjamin e de Paula Schönflies Benjamin, comerciantes de produtos franceses. Walter, na sua adolescência, passou a ter ideais socialistas, esteve envolvido com o Movimento da Juventude Livre Alemã e foi  colaborador na revista do movimento. Nas suas leituras daquela época percebe-se uma influência das ideias de Nietzsche. Torna-se próximo de Gershom Gerhard Scholem em 1915, que compartilhava com Walter gosto pela arte e pelo judaísmo.

Benjamim casou-se com Dora Sophie Pollak em 1917. Foi para Berna (Suíça) para fugir do alistamento no exército alemão. Nesse ano nasceu seu único filho.

Walter Benjamim em 1919 defendeu sua tese de doutorado em Berna, Suíça, com o título A Crítica de Arte no Romantismo Alemão, que foi aprovada .Retornou a Berim em 1920.  Em 1925 a sua tese de livre docência Origem do Drama Barroco Alemão foi rejeitada pelo Departamento de Estética da Universidade de Frankfurt.  Sendo muito bom com a língua francesa, traduziu obras importantes para o alemão como Quadros Parisienses , de Charles Baudelaire e Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust.

Contribuiu para a teoria estética, ao combinar ideias que pareciam antagônicas do idealismo alemão, materialismo dialético e do misticismo judaico. No fim da década de 1920 passa a se interessar pelo marxismo.  Com outro filósofo, Theodor Adorno, estuda a filosofia de Georg Lukács. Como crítico literário obteve reconhecimento publicando resenhas e traduções como por exemplo, as séries a respeito de Charles Baudelaire. Em 1926 foi para Moscou, mas se desiludiu com o tipo de sociedade socialista que viu por lá.

Escreveu sua última obra em 1940, ano de sua morte: "As Teses Sobre o Conceito de História". Para alguns estudiosos, foi um texto revolucionário relevante e outros o consideraram como um retrocesso.

O contexto que surgiu a teoria de Benjamin foi o período pós-industrial. Esse período influenciou as formas de se ver e se enxergar a sociedade, a política, a ciência e a arte. Surgiram os movimentos artísticos de vanguarda como cubismo, surrealismo e dadaísmo, criando novas formas de se expressar.

Desde 1928, em sua obra Rua de mão única, Benjamin disse que a ideia de dominação da natureza é um discurso imperialista, propondo uma nova definição da técnica como “domínio das relações entre natureza e humanidade”.

Como era judeu e tinha ideias socialistas, com a ascensão de Hitler ele passou a correr perigo e então foi se refugiar na Itália de 1934 a 1935. Tornou-se bolsista do Instituto de Pesquisa Social (Escola de Frankfurt), do qual passa a ser colaborador regular.  Em 1935 vai para Paris. De 1936 a 1940 irá desenvolver sua visão da história. Por causa da guerra, Walter Benjamin é aprisionado junto a outros milhares de alemães na França, em 1939. Com a ajuda de amigos conseguiu fugir.

Benjamim teria cometido suicídio em Portibou, na Espanha. Ele e seu grupo tinham sido parados pela polícia espanhola nos Pirineus, fugindo da França que tinha sido invadida pelos nazistas. Com medo de ser capturado como judeu e entregue à Gestapo, a polícia política alemã, Walter Benjamim possivelmente ingeriu pílulas de morfina no hotel onde estava. Morreu em 26 de setembro de 1940, aos 48 anos.

Principais obras de Walter Benjamin

·         Sua tese de doutoramento “O conceito de crítica de arte no romantismo alemão”, de 1919;

·         A tese “Origem da tragédia alemã”;

·           A obra "O Tomo”, contendo ensaios e reflexões, é publicada em 1928.

 Benjamin publicou diversos artigos e ensaios, dos quais se destacam:

·         “A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica” (1936);

·         “Teses Sobre o Conceito de História” (1940).

Frases de Walter Benjamin

·         “A informação só tem valor no momento em que é nova.”

·         “Deus é quem nutre todos os homens, e o Estado é quem os reduz à fome.”

·         “Uma das principais tarefas da arte sempre foi criar um interesse que ainda não conseguiu satisfazer totalmente.”

·         “O tédio é um tecido cinzento e quente, forrado por dentro com a seda das cores mais variadas e vibrantes. Nele nós nos enrolamos quando sonhamos.”

·         “As doações devem atingir tão profundamente quem as recebe a ponto de causar-lhes espanto.”

·         “A construção da vida encontra-se, atualmente, mais em poder dos fatos do que das convicções.”

Segundo Heitor Fester:

 “Walter Benjamin foi um filósofo, crítico literário e ensaísta alemão, nascido em 15 de julho de 1892, em Berlim. Ele é amplamente reconhecido por suas contribuições significativas à teoria da cultura e à crítica da modernidade. Benjamin é uma figura central na Escola de Frankfurt e suas ideias influenciaram diversos campos, incluindo estética, literatura, e teoria social. Sua obra é marcada por uma profunda análise da experiência humana na era moderna, especialmente em relação à arte e à tecnologia.

Walter Benjamin cresceu em uma família judia de classe média em Berlim. Desde jovem, ele demonstrou interesse pela literatura e filosofia, o que o levou a estudar na Universidade de Berlim e na Universidade de Frankfurt. Durante sua formação, ele foi influenciado por pensadores como Karl Marx, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud, cujas ideias moldaram sua visão crítica sobre a sociedade e a cultura. O ambiente político e social da Alemanha na época, marcado por tensões e mudanças, também desempenhou um papel crucial em seu desenvolvimento intelectual.

Entre as obras mais notáveis de Walter Benjamin estão “A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica” e “As Passagens de Paris”. No primeiro ensaio, Benjamin discute como a reprodução técnica da arte altera sua função e significado na sociedade contemporânea. Ele argumenta que a reprodução em massa pode democratizar a arte, mas também a despoja de seu valor único e autêntico. Já em “As Passagens de Paris”, Benjamin explora a vida urbana e a experiência moderna, utilizando a cidade de Paris como um microcosmo das transformações sociais e culturais da época.

Walter Benjamin desenvolveu uma abordagem única para a teoria da história, que se distancia das narrativas lineares e progressistas. Em seu famoso “Tese sobre a História”, ele critica a visão tradicional da história como um processo contínuo de progresso. Em vez disso, Benjamin propõe uma visão fragmentada e dialética, onde momentos históricos são interligados por rupturas e descontinuidades. Essa perspectiva é fundamental para entender como ele via a relação entre passado e presente, e como a memória coletiva molda a experiência humana.

A obra de Walter Benjamin teve um impacto duradouro na crítica cultural e na teoria estética. Seus conceitos de “aura” e “reprodutibilidade” continuam a ser debatidos e aplicados em análises contemporâneas da arte e da cultura. A ideia de que a aura de uma obra de arte é perdida na reprodução técnica ressoa fortemente na era digital, onde a acessibilidade e a reprodução em massa desafiam as noções tradicionais de autenticidade e valor artístico. Benjamin também influenciou pensadores pós-modernos, que exploram a relação entre cultura, tecnologia e sociedade.

O legado de Walter Benjamin permanece relevante na contemporaneidade, especialmente em um mundo cada vez mais mediado por tecnologias digitais. Seus escritos sobre a modernidade, a arte e a experiência urbana oferecem insights valiosos para entender as dinâmicas culturais atuais. Além disso, sua crítica ao consumismo e à alienação na sociedade moderna ressoa com as preocupações contemporâneas sobre a cultura de massa e a perda de autenticidade. Benjamin é frequentemente citado em debates sobre a estética da imagem e a relação entre arte e política.

Walter Benjamin viveu uma vida marcada por desafios pessoais e políticos. Ele era um intelectual engajado, que se opôs ao regime nazista e buscou refúgio em Paris durante a ascensão do totalitarismo na Alemanha. Em 1940, ao tentar escapar para os Estados Unidos, Benjamin se suicidou na fronteira entre a França e a Espanha, temendo a captura pelas autoridades nazistas. Sua morte trágica simboliza a perda de uma voz crítica em um momento crucial da história, mas suas ideias continuam a inspirar novas gerações de pensadores e artistas.

As interpretações da obra de Walter Benjamin são diversas e muitas vezes controversas. Alguns críticos argumentam que sua abordagem é excessivamente pessimista, enquanto outros veem em suas ideias uma forma de resistência e esperança. A complexidade de seu pensamento permite múltiplas leituras, e sua obra é frequentemente revisitada em contextos acadêmicos e artísticos. A riqueza de suas análises sobre a cultura moderna e a experiência humana continua a provocar debates e reflexões profundas sobre o papel da arte e da crítica na sociedade contemporânea.

Walter Benjamin deixou um legado intelectual que transcende seu tempo e continua a influenciar o pensamento contemporâneo. Sua capacidade de articular as tensões entre arte, política e sociedade faz dele uma figura essencial para aqueles que buscam compreender as complexidades da modernidade. A relevância de suas ideias é evidente em diversos campos, desde a filosofia até a crítica cultural, e sua obra permanece um ponto de referência para debates sobre a condição humana na era da tecnologia e da globalização.”

 

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

 

Figura: https://veja.abril.com.br/coluna/conta-gotas/walter-benjamin-o-homem-que-expos-o-lado-obscuro-do-progresso/







domingo, 6 de julho de 2025

O Dia de Proteção às Florestas

 




Dia de Proteção às Florestas é comemorado no Brasil anualmente em 17 de julho.

A origem da data do dia da proteção às florestas está relacionada com o dia da celebração do Curupira, também comemorado em 17 de julho. O Curupira é, segundo a cultura popular brasileira, o “protetor das florestas”, um espírito mágico que habita as florestas e ajuda a protegê-la da invasão e ataque de pessoas má intencionadas. 

As florestas são o habitat de inúmeras espécies. Elas também contribuem para a regulação do clima, a conservação da água e a absorção de dióxido de carbono. As florestas estão ameaçadas pelo desmatamento e outras formas de destruição.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, a floresta pode ser definida como uma “área medindo mais de 0,5 ha com árvores maiores que 5 m de altura e cobertura de copa superior a 10%, ou árvores capazes de alcançar estes parâmetros in situ. Isso não inclui terra que está predominantemente sob uso agrícola ou urbano."

Em 2023, Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, disse:  “Nós temos um caminho duro pela frente. O Instituto acaba assumindo aquele papel mais difícil, que é o de dizer não, de punir quem faz ilegalidades. Sem as florestas, é impossível resolver o problema do aquecimento global, então precisamos valorizá-las (...)”.

E ainda:

“No caso do Brasil, nós temos seis biomas terrestres com altíssima riqueza biológica, além do próprio bioma marinho. A meta do desmatamento zero é possível com ações de rastreabilidade, inteligência, geoprocessamento, uso de imagens de satélite e operações em terra. A floresta em pé precisa valer mais que a floresta no chão - hoje a gente tem o contrário”.

Ramiro Hofmeister, também do IBAMA, afirmou em 2023:

“O desmatamento é quase sempre motivado por uma questão econômica. Uma forma de lutar contra isso é comprar produtos que não impactem no desflorestamento, valorizando a bioeconomia de cada floresta. Nada é mais forte na bioeconomia da Amazônia do que a produção florestal sustentável de madeira, por exemplo”.

“Consumir madeira da floresta parece um contrassenso, mas não necessariamente está ligado à desarborização. Pelo contrário, toda madeira produzida legalmente precisa do DOF+, emitido pelo Ibama, que é parte do Sinaflor - o maior sistema de gestão e controle florestal do mundo -, também gerido pelo Instituto. “Ao comprar madeira legal, o individuo incentiva os proprietários de terra que é mais interessante economicamente manter a floresta em pé, produzindo madeira, do que trocar florestas por pastagem ou lavoura. A bioeconomia ligada ao manejo florestal é a mais forte ferramenta que temos para valorizar a floresta em pé”.

Situação atual das florestas no Brasil:

O desmatamento é um dos principais problemas, resultante principalmente da expansão agrícola, exploração madeireira e desenvolvimento urbano.

As queimadas: muitas vezes utilizadas como método para "limpar" terrenos, também causam grande destruição, acabando com amplas áreas de vegetação nativa.

A extração ilegal de madeira e a mineração são aspectos que contribuem muito para a degradação das florestas, destruindo o habitat de inúmeras espécies e  também contribuem para a perda de biodiversidade e o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

Várias Organizações não-governamentais e entidades aproveitam esta data para realizar ações de conscientização sobre a importância das florestas.

Entre as ações benéficas para as florestas podem ser citadas:

-Usar produtos feitos com madeiras de reflorestamento, normalmente identificadas com um selo ou certificado;

-Não colocar fogo em matas;

-Não jogar lixo no meio ambiente;

-Dar sempre prioridade aos papéis recicláveis;

            -Plantar árvores;

-Não jogar cigarros ou objetos em combustão em florestas;

          -Apoiar organizações ambientais;

           -Promover a educação ambiental.

           -Reduzir o consumo de energia, optar por bicicleta ou andar a pé

            para ajudar a combater as mudanças climáticas que afetam
           as florestas

          

 

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Figura: https://imazon.org.br/imprensa/a-amazonia-em-numeros/



quinta-feira, 19 de junho de 2025

O Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca

 





No dia 17 de junho é comemorado o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a conscientização a respeito da necessidade de cuidar das regiões semiáridas, alertar sobre a degradação do solo, a escassez de água e fortalecer a adoção de medidas de combate nos países atingidos e realizar a coexistência sustentável com essas adversidades.

O processo de desertificação tem sido agravado pela seca e pelas atividades humanas e está ameaçando a segurança alimentar e a biodiversidade, alcançando milhões de pessoas em todo o mundo. 

De acordo com as Nações Unidas, a desertificação, a degradação da terra e a seca estão entre os desafios ambientais atuais mais urgentes. Até 40% de toda a área terrestre é considerada degradada. A demanda por recursos naturais cresce e a atual população mundial está estimada em 8 bilhões de habitantes. Há assim uma pressão muito grande sobre a terra a ponto de degradação. 

No Brasil o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), fizeram uma pesquisa que identificou áreas de clima árido, como nos desertos, no norte da Bahia nos últimos 30 anos. Com as mudanças climáticas se acentuando, há mais a perda de vegetação natural,  tais áreas tem ficado mais secas, com menos disponibilidade de água, havendo condições parecidas com as encontradas em áreas desérticas.

O desmatamento da Caatinga aumentou significativamente nos últimos 10 anos, tendo atingido uma área próxima ao tamanho de Portugal. Esta área está atualmente com quase 50% do seu território atingido por processos acentuados e severos de desertificação. No Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí a situação é gravíssima. No Semiárido, a situação é muito preocupante porque as condições ambientais são vulneráveis à exploração extrativista ou à administração inadequada dos recursos naturais.

No mundo o desmatamento é um fator de destaque que contribui com o aquecimento global, pois as florestas são responsáveis por reduzir o CO2 presente na atmosfera.

Entre janeiro e agosto de 2024 o Inpe - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, contabilizou um aumento de 78% de queimadas no Brasil em relação ao mesmo período de 2023. Esta situação causa a degradação de terras e florestas, liberando ainda mais dióxido de carbono. Outra questão: os aterros para lixo são uma das principais fontes de emissões de metano. O desmatamento tem como uma de suas consequências o desenvolvimento de áreas secas de forma mais intensa ao longo dos anos.

Todos os continentes foram afetados em 2024 por secas que impactaram muito os recursos hídricos, a agricultura, os ecossistemas e comunidades vulneráveis. O primeiro setor a ser afetado pelas secas é a agricultura, em especial os pequenos agricultores, influenciando para que haja escassez de alimentos e crises humanitárias. 

Com as maiores temperaturas a capacidade de retenção de água da atmosfera, as circulações oceânicas e aéreas que impulsionam os sistemas de chuva estão mudando. Há, portanto, riscos de secas e inundações aumentarem em diferentes tempos e lugares. Temperaturas maiores fazem as secas piorarem e há um aumento de perda de água nos solos através da evaporação e transpiração das plantas. 

As secas que são intensificadas pelo calor prolongado podem ser terríveis para as florestas tropicais que não resistem a períodos de baixa pluviosidade e altas temperaturas. O que está acontecendo pode causar a liberação de grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera, provocando uma aceleração do processo do aquecimento global. 

Com a desertificação há a perda de capacidade produtiva de terras férteis. Esse processo atinge em especial regiões semiáridas. Aproximadamente 3 bilhões de pessoas vivem em áreas suscetíveis à desertificação.

Secas que se prolongam afetam lavouras e comprometem o abastecimento urbano, afetando a saúde, reduzindo a biodiversidade e aumentando a vulnerabilidade das populações rurais.

Para se combater a seca são recomendadas as seguintes medidas:

     -  Educação ambiental e reflorestamento

     -  Uso inteligente da água

       -Adoção de tecnologias sustentáveis no campo

      - Proteção das nascentes e matas ciliares

  - Apoiar produtores sustentáveis

 As pessoas precisam evitar o desperdício de água, plantar e cuidar de árvores; divulgar boas práticas ambientais. 

Neste ano, o lema das Nações Unidas é “Restaurar a Terra. Desbloquear as Oportunidades.

Segundo Leticia Yamakami (17 jun 2025, Revista VEJA) :

“A renda das famílias de algumas das principais cidades que se espalham pela Caatinga, um dos biomas brasileiros mais ameaçados pelas mudanças climáticas, está muito abaixo do nível que seria necessário para cobrir suas despesas mais básicas. Essa distância, por sua vez, não só deixa essas pessoas mais vulneráveis aos efeitos das secas e outros eventos extremos, como também colabora para piorar o processo acelerado de desertificação que acomete a região. É o que afirma a Fundação IDH, organização global voltada para tornar os mercados agrícolas mais sustentáveis ​​e inclusivos, com base em um estudo recente feito em parceria com a Anker Research Institute, centro americano de estudos sobre salário e renda, e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e divulgado com exclusividade. e divulgado com exclusividade por VEJA.

A renda de quem trabalha no campo, quando insuficiente para uma vida sem privações, impossibilita a estruturação e a manutenção de cadeias produtivas com práticas regenerativas”, afirma Grazielle Cardoso, gerente do Programa Raízes da Caatinga, da Fundação IDH. O programa tem como foco de atuação a elevação dos rendimentos e da qualidade de vida da população rural dos territórios analisados no estudo, a fim de gerar impactos ambientais, econômicos e sociais positivos. Esta terça-feira, 17 de junho, foi escolhida pela Organização das Nações Unidas como o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca. De acordo com a pesquisadora, o primeiro passo para o combate à degradação de terras na Caatinga é garantir a renda e o salário dignos desses profissionais. Assim, eles têm uma salvaguarda para se adaptar em caso de mudanças climáticas que afetem os territórios, além de conseguirem investir em práticas agrícolas mais sustentáveis. Após a garantia da estabilidade financeira, o programa passa a oferecer acesso ao crédito e ao mercado junto da assistência técnica, que consiste na divulgação de informações e orientações sobre o problema da degradação dos solos e como incluir práticas sustentáveis no dia a dia do trabalhador rural (...)”

E ainda a mesma autora: “

“(...) O estudo estipula os rendimentos dignos para uma moradia com quatro pessoas, sendo dois adultos e dois dependentes de até 18 anos.

A renda digna diz respeito ao dinheiro que uma família que depende exclusivamente da atividade agrícola ganha. Já o salário digno é o recebido pelo trabalhador agrícola contratado sob as Consolidações das Leis do Trabalho.

As chamadas práticas regenerativas consistem em maneiras de abordar a agricultura com modelos de produção que contribuem para o desenvolvimento sustentável na produção de alimentos, bioenergia e outros agroprodutos. A finalidade desses sistemas é assegurar a sustentabilidade do setor agrícola, além de construir um caminho para um futuro alimentar mais equitativo, saudável e resiliente . Além disso, pode ser uma solução valiosa no combate à desertificação.”

Para Helena Moreira e Albano Beja-Pereira:

“Desertificação é a lenta agonia do solo. Sem políticas públicas sólidas, conhecimento aplicado e compromisso com o território, a terra continuará a morrer – e com ela comunidades inteiras.

O Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação foi instituído pelas Nações Unidas em 1994 e celebrado pela primeira vez no ano seguinte, a 17 de junho. Trinta anos volvidos, nunca a sua evocação foi tão necessária e, ao mesmo tempo, tão desoladoramente simbólica. Estes fenômenos afetam diretamente cerca de 250 milhões de pessoas e mais de um terço da superfície terrestre.

Convém esclarecer que a desertificação não é o alastrar dos desertos, nem a saída em massa das populações para zonas mais verdes (essas vêm depois). Desertificação é a lenta, quase imperceptível, agonia do solo. É a erosão da sua fertilidade, a perda contínua da cobertura vegetal, a morte silenciosa do que se esconde sob aquilo que já se revela visivelmente moribundo.

As causas são conhecidas, repetidas e banalizadas, como o menu de um restaurante demasiado folheado: desflorestação, sobrepastoreio, mobilização excessiva dos solos, negligência dos seus ecossistemas microbiológicos, e claro, as alterações climáticas. E, por trás de tudo isto, a personagem principal: o ser humano. Aquele que tudo explora, que tudo exige, mas pouco devolve.

A seca, que outrora foi excepcional, tornou-se num fenômeno estrutural. Deixou de surpreender para se tornar previsível. Atualmente, um quarto da população mundial vive sob escassez hídrica, com a qualidade da água em declínio, tanto para a irrigação como para uso doméstico. Cerca de 70% das áreas agrícolas em zonas áridas estão em risco de colapso. E quando os campos secam, secam também as aldeias. As pessoas partem. Para onde podem... como podem...

África continua a ser o continente mais atingido, mas ninguém escapa. Nem os Estados Unidos, nem a China, nem a Espanha. Nem Portugal, que entre fogos, monoculturas e abandono parece ensaiar uma espécie de suicídio agrário. A seca avança, a desertificação instala-se, de baixo para cima, do interior para o litoral, e o país assiste como quem vê as ondas subir: com espanto e sem escapatória.

A resiliência dos sistemas agrícolas está em declínio. O apoio técnico às populações é episódico, disperso e tímido. E a política, essa entidade quase literária, encontra-se mais árida do que os solos que devia proteger. Faltam visão, estratégia e ciência aplicada ao território. Já ninguém quer ser agrónomo e dos bons. E já ninguém representa, de forma genuína e desinteressada, a agricultura e o desenvolvimento rural. Enquanto isso, a Europa deslumbra-se com a sua biodiversidade de catálogo, onde o verde se fotografa melhor do que se cultiva.

Se os anos noventa do século passado e a primeira década deste século foram marcados pela desindustrialização, estas segunda e terceira décadas são, sem dúvida, as da desagriculturização. Um processo tão silencioso quanto devastador. É urgente reconhecer a seca e a desertificação como prioridades políticas, ambientais e sociais. Falar de transição ecológica sem falar de regeneração dos solos é como falar de nutrição sem falar de alimentos. Precisamos de práticas agrícolas adaptadas, de culturas resistentes ao stress hídrico, de educação ambiental enraizada nos territórios e de políticas que façam mais do que subsidiar o abandono.”


MENSAGEM DO SECRETÁRIO-GERAL DA ONU PARA O DIA MUNDIAL DE COMBATE À DESERTIFICAÇÃO E À SECA

17 de junho de 2025

“O que é bom para a terra, é bom para as pessoas e para as economias.

Mas a humanidade está a degradar os solos a um ritmo alarmante, o que custa à economia global cerca de 880 mil milhões de dólares por ano — muito mais do que os investimentos necessários para enfrentar o problema.

As secas estão a forçar pessoas a abandonar as suas casas e a agravar a insegurança alimentar – o número de pessoas deslocadas recentemente atingiu o nível mais alto dos últimos anos.

Reparar os danos que causamos aos nossos solos oferece enormes benefícios, incluindo um elevado retorno do investimento. Pode reduzir a pobreza, criar empregos, garantir o abastecimento de água, proteger a produção alimentar e melhorar os direitos à terra e os rendimentos – especialmente para os pequenos agricultores e para as mulheres.

O tema do Dia da Desertificação e da Seca deste ano – “Restaurar a Terra. Abrir Oportunidades” – é ao mesmo tempo uma afirmação e um apelo à ação.

Apelo aos governos, empresas e comunidades que respondam a este apelo e acelerem a ação relativamente aos nossos compromissos globais comuns sobre o uso sustentável dos solos. Temos de inverter a degradação e aumentar o financiamento para a restauração – inclusive desbloqueando investimento privado.

Vamos agir agora para curar a Terra, aproveitar oportunidades e melhorar vidas.”

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História e Psicólogo

 

Figura: https://cfbio.gov.br/2023/06/17/dia-mundial-de-combate-a-desertificacao/


terça-feira, 27 de maio de 2025

Campanhas de Maio e o Dia da Abelha

 

Datas especiais de Maio/ Campanhas em Maio.

 

Em maio diversas campanhas de conscientização e ações de combate a diversos problemas sociais e de saúde são realizadas. Entre essas campanhas há o Maio Amarelo, com foco em segurança no trânsito, e o Maio Laranja, que aborda a violência sexual contra crianças e adolescentes. Além destas, também há o Maio Roxo, que se concentra nas doenças inflamatórias intestinais, o Maio Vermelho, que busca prevenir o câncer bucal e o Maio Furta Cor, sobre a saúde mental das mães. Também em maio são comemorados o Dia das Mães e o Dia da Abelha. Abaixo estão explicações sobre estas campanhas e sobre o Dia da Abelha.






1-Maio Amarelo. Ano 2025

O Tema de 2025 é  Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana. Há o destaque à responsabilidade que todos devem ter no trânsito.  O objetivo do Maio Amarelo é a promoção da segurança no trânsito e conscientizar sobre a importância da prevenção de acidentes. O Maio Amarelo busca chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. É um  movimento internacional de conscientização para redução de acidentes de trânsito. Deve  haver uma ação coordenada entre o Poder Público (exemplos: ministérios, secretarias, órgãos públicos, escolas públicas) e a sociedade civil (exemplos: empresas, escolas privadas).

A verdadeira mobilidade humana se constrói quando todos se sentem seguros e respeitados. Vamos fazer da responsabilidade individual uma prioridade coletiva. Juntos, podemos transformar nossas cidades em espaços mais seguros e inclusivos para todos. O mês de Maio foi o escolhido para está luta, pois, em 11 de maio de 2011, a ONU decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito.E o amarelo simboliza atenção e também a sinalização e advertência no trânsito.







2-Maio Furta-cor:

É uma Campanha de saúde mental materna no Brasil. Busca-se com esta campanha promover a conscientização e o apoio às mulheres que estão grávidas ou que acabaram de ter filhos. Visa: 1- a sensibilização da população para a causa da saúde mental materna com a realização de ações de conscientização em saúde mental materna com base em evidências científicas; 2-estimular a construção de políticas públicas de saúde através de projetos de lei que instituam o Maio Furta-cor como estratégia de política pública de saúde para mulheres- mães.  Por que Furta-cor? Porque Furta-Cor é uma cor cuja tonalidade se altera de acordo com a luz que recebe, não tendo uma cor absoluta. No espectro da maternidade não é diferente, nele cabem todas as cores.

 



 


 3- Maio Laranja

É uma campanha promovida pelo Governo Federal no Brasil . O objetivo é o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. a campanha  visa a conscientização da população sobre a importância da prevenção desses crimes. A data de 18 de maio foi escolhida em memória à menina Araceli Cabrera Sánchez, que foi vítima de abuso e assassinato em 1973. Dia 18 de maio é o dia nacional de combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil.

Maio Laranja é uma campanha do Governo Federal no Brasil dedicada ao combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Instituída por lei, a campanha busca conscientizar a população sobre a importância da prevenção desses crimes. A data de 18 de maio foi escolhida em memória à menina Araceli Cabrera Sánchez, que foi vítima de abuso e assassinato em 1973. Dia 18 de maio é o dia nacional de combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil. A lei que criou essa campanha foi a de nº 14.432/2022, sendo decretada em 3 de agosto. A escolha pela cor laranja é porque faz referência a uma flor extremamente frágil e vulnerável chamada gérbera, muito comum no Brasil. 

Em 2022, foram registradas no Brasil quase 112 mil denúncias de abuso e exploração sexual infantil na internet. A campanha nasce assim de modo a dar visibilidade ao tema, fazendo com que a sociedade se mantenha informada sobre esse assunto e participe da luta contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. 




4-Maio Roxo:  

O mês de maio, e, principalmente,  o dia 19, é dedicado no Brasil à conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs). A campanha diz respeito à importante necessidade de estar atento aos sinais e procurar um médico especialista. É essencial que haja o tratamento das Doenças Inflamatórias Intestinais, com as orientações de um médico gastroenterologista. O objetivo principal do tratamento das DIIs é manter o controle da doença, considerando o bem-estar físico, social e emocional dos pacientes.



5- Maio Vermelho

A campanha Maio Vermelho acontece em maio e é relacionada ao câncer de boca, buscando orientar as pessoas sobre a questão. Este tipo de câncer atinge os lábios e regiões como a gengiva, bochecha, língua, freio lingual inferior (parte abaixo da língua) e o céu da boca. Segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), há uma incidência de cerca de 15.190 casos e 6.192 óbitos por ano no Brasil. As principais causas são tabagismo e o consumo excessivo de álcool. Outras causas: Higiene bucal precária; Exposição excessiva e sem proteção dos lábios aos raios ultravioletas; Exposição a certos materiais como o amianto, óleo de corte, poeira de madeira e de couro, solventes orgânicos e agrotóxicos.







6- O Dia Mundial das Abelhas:


Há mais de 20 mil espécies de abelhas pelo mundo. Além da produção de mel as abelhas são polinizadoras essenciais para a biodiversidade e para a produção de alimentos. Grande parte das espécies de abelhas não produzem mel. As abelhas tem papel significativo para os ecossistemas e para a preservação ambiental. As abelhas são muito importantes pela sua função primordial na manutenção da biodiversidade. Trata-se da a polinização.

A ONU, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em dezembro de 2017, criou o O Dia Mundial das Abelhas, que passou a ser comemorado todo dia 20 de maio desde 2018. O dia escolhido foi uma homenagem ao esloveno Anton Janša, nascido em 1734 e considerado o pioneiro da apicultura moderna. Segundo a ONU, a "data foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas para lembrar a importância da polinização para o desenvolvimento sustentável".

Daniel Malusá Gonçalves, diretor da ONG Bee or not to be, associação civil brasileira sem fins lucrativos e de caráter sócio-ambientalista que atua na defesa de todas as espécies de abelhas disse: “A maior parte das abelhas é solitária e não vive em sociedade, mas todas atuam como polinizadoras importantíssimas”. 

Por meio da polinização, com o transporte  de pólen, há a fertilização de plantas e sua reprodução. Em algumas espécies de plantas isso é fundamental para a sobrevivência. Em outras, com destaque para  espécies frutíferas, a polinização também está relacionada à qualidade nutricional da fruta.

Graças às abelhas há variação genética tão importante ao desenvolvimento e reprodução das plantas e, com isso, garantem o equilíbrio dos ecossistemas e que existam plantas suficientes para a produção de oxigênio.

Especialistas apontaram perigos para a existência das abelhas

O aumento de guerras e conflitos armados que está prejudicando as abelhas deixando os polinizadores com menos opções de alimento ao longo do ano;

Contaminação de colmeias na Europa por partículas de microplásticos;

 Os polinizadores noturnos tiveram suas visitas às flores reduzidas em cerca de 62% por causa da luz artificial proveniente da iluminação de rua;

Os insetos polinizadores estão com sua sobrevivência muito afetada pela poluição atmosférica;

As abelhas estão sendo atingidas pelo uso de antibióticos na agricultura,, contaminando o mel e alterando o comportamento dos polinizadores, incluindo a redução da procura por flores.

As misturas de pesticidas, mesmo quando dentro dos limites legais considerados “seguros”, podem causar efeitos tóxicos imprevistos ao interagir com outras substâncias químicas.

Diante disso que foi apresentado, os especialistas propõem várias medidas para proteger as abelhas, incluindo leis mais rigorosas sobre a poluição por antibióticos, transição para veículos elétricos para reduzir a poluição do ar, criação de habitats ricos em flores e o desenvolvimento de culturas agrícolas  com pólen e néctar mais nutritivos para melhorar a alimentação dos polinizadores.

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História