terça-feira, 16 de setembro de 2025

Poesias Flor, Guerra e Primavera

 







Flor

Se és bela?

Dúvida?

Não, certeza!

Que dúvida pode haver

Diante de tão descomunal beleza?

Se tens a primavera

Em tua natureza,

Tu és a flor que encanta

Com tua natural delicadeza.

Livre em sua essência,

Inveja da hortência.

Olhando tua grandeza,

Até a rosa,

Majestosa em sua graça e leveza,

Faz a ti reverência.

Flor do amor,

Querência, 

Sonho em flor,

Rainha! Não princesa!

Márcio José Matos Rodrigues

 

 Guerra e Primavera

 




É tempo de Primavera, a estação das flores - Neoenergia 

 

 


Quantos sonhos de amor,

Vicejavam em tantas primaveras

Por incontáveis eras?

Sim, eu sei meu bem,

Encheram a terra

Com sangue de tanta gente.

É a guerra

Cruel e impiedosa.

Porém,

Sei também,

Que flores brotam da terra

E o perfume de alecrim

Você sente?

Diga para mim,

É a primavera!

Sinta o perfume delicado

De uma rosa.

Assim,

Se as guerras deixam pacifistas preocupados,

Na primavera

Os poetas ficam apaixonados!

Márcio José Matos Rodrigues

 

 

 


segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Poesia O meio de setembro

 





O Meio de setembro

Setembro está no meio,

Não está  no fim

Nem está cheio.

É mês de trinta!

Moça linda,

Sinta ,

O gotejar dos dias.

Você veio,

Com seus cabelos

Sobre seus seios.

E eu como passarinho

Querendo pousar em seu ninho.

Eu aqui nos meus castelos,

De sonhos construídos na areia

Da praia.

Sei que sou da arraia miúda,

A gente graúda

Passa,

Com seus carros bonitos

Da  Coreia.

Eu sozinho,

Como diz o Roberto,

"Sentado à beira do caminho",

Sem ao menos um patinete

Por perto.

Atrevo-me a escrever os meus versos,

O meu poema travesso.

Hoje em dia se veste calça rasgada,

Mas ai de mim se vestir camisa do avesso.

Serei rejeitado pela amada!

Eu sou um cavaleiro sem cavalo,

Um Dom Quixote sem Sancho,

Mas com pança;

Sem Rocinante,

Andante,

Deste mundo.

Que não cansa,

De sonhar com a sua Dulcineia,

Musa da esperança,

Mulher dos cabelos ao vento,

Pensamento profundo,

E de belo sentimento.








Márcio José Matos Rodrigues-15/09/2025



Figuras: https://www.google.com/search?q=imagem+de+dom+quixote+de+la+mancha+com+dulcineia&client=firefox-b-

 https://www.google.com/search?q=imagem+de+folhinha+com+15+de+setembro&client=firefox-b-d&sca_esv=






domingo, 14 de setembro de 2025

ASPECTOS HISTÓRICOS DOS BAIRROS PRATINHA 1 E 2 E SUA RELAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE

 




      Na foto o funcionário da escola Isaac, que também participou dando seu depoimento, alunos da terceira etapa e o professor Márcio Rodrigues.

                           

                         

No dia 2 de setembro de 2025, os alunos do turno da noite da escola Santa Luiza de Marilac, das primeira, segunda, terceira e quarta etapas do Ensino Fundamental, apresentaram trabalhos referentes ao Projeto de Educação Ambiental e o seu desenvolvimento prático no Bairro. O referido projeto foi organizado pelos professores do turno da noite com apoio da coordenação noturna e da direção da escola e faz parte de um conjunto de projetos sobre o meio ambiente previstos para serem realizados na escola no ano de 2025. Cada etapa ficou sob a responsabilidade de um grupo de professores.

O meu grupo de professores é constituído por mim, Márcio Rodrigues, de História e Projeto de Vida; Elisa Yoshie, de Biologia e Educação Ambiental e Benedito Sarges, de Matemática. Trabalhamos nestes projetos com alunos da terceira etapa.

A turma de terceira etapa, no dia 2 de setembro, apresentou pesquisas sobre os bairros da Pratinha 1 e 2, enfatizando aspectos históricos e sobre o meio ambiente. A escola fica localizada na Pratinha 1. Os alunos da terceira etapa expuseram o trabalho falando sobre a história dos dois bairros, destacando a história do Educandário Eunice Weaver, um local histórico relacionado ao início dos bairros mencionados, ressaltando o motivo da criação dessa instituição ligada à política nacional na década de 1930, durante a chamada Era Vargas. Nessa época, eram afastados os filhos de hansenianos do contato com seus pais e eram isolados em instituições educacionais específicas.

O educandário em questão, criado em área de floresta pertencente a uma  fazenda, fazia parte dessa política nacional no Estado do Pará. Os alunos explicaram sobre o que é a hanseníase, meios de transmissão, a questão histórica e social em relação a esta doença no Estado do Pará  e sua relação com o educandário. Também foi explicado pelos alunos a ocupação irregular a partir da década de 1980 em terrenos antes pertencentes ao educandário e em áreas próximas e mais distantes, áreas que vieram a constituir juntamente com empresas localizadas próximas à baía de Guajará os bairros da Pratinha 1 e Pratinha 2. Além dessa parte histórica dos bairros também foram mostradas características e dificuldades atuais dos dois bairros, as contradições e problemas sociais, as necessidades de melhorias e aspectos relacionados à questão ambiental e nos dois bairros, que por décadas tem precisado de uma atenção maior das autoridades para resolver problemas de habitação, fornecimento de água, saneamento etc.  O professor de História fez uma análise da situação da cidade de Belém e seus problemas sociais em diversas épocas históricas, destacando a realidade dos bairros da Pratinha 1 e 2, inseridos no contexto da cidade. 

Os trabalhos realizados pelos alunos das quatro etapas foram muito interessantes, possibilitando aos alunos conhecerem mais aspectos referentes aos bairros Pratinha 1 e 2 e mostrando também seus próprios conhecimentos e vivências sobre os bairros, pois são moradores dos mesmo. É importante nestes trabalhos a interdisciplinaridade, considerando-se que há professores de várias disciplinas orientando as turmas. Alunos, professores e técnicos escolares aprenderam com as apresentações e a troca de conhecimentos e experiências. Conhecimentos ligados à afetividade, pois os alunos moram nos bairros e vivenciam a realidade dos mesmos e os professores trabalham na escola localizada no bairro Pratinha 1 e interagem com esses alunos. A questão do meio ambiente debatida em todos os trabalhos  serviu para reflexões em conjunto, questão por sinal muito em destaque em tempos de COP 30 e tão presente na vida de todos nós. Pois como diz a professora de Geografia Paloma Guitarrara em  seu artigo “Meio Ambiente” no site Brasil Escola:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

 

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 


quinta-feira, 4 de setembro de 2025

 





Mestre Damasceno

 

Em 26 de agosto de 2025 faleceu Damasceno Gregório dos Santos, cantor, compositor, diretor artístico, repentista,poeta, artesão, pescador, animador de velório e mestre de Carimbó e de Boi-Bumbá. Seus gêneros de músicas eram carimbo, toada, xote, samba, brega. Ele era Comendador da Ordem do Mérito Cultural (OMC), título dado a ele em cerimônia na cidade do Rio de Janeiro, em 2025, que contou com a presença do Presidente da República e da Ministra da Cultura.Foi membro Fundador da Academia Marajoara de Letras. Era chamado popularmente de “Mestre Damasceno”. Tinha mais de 400 composições de sua autoria e sua obra foi declarada em 2023 patrimônio cultural imaterial do Estado do Pará.

Damasceno nasceu em Salvaterra, Ilha do Marajó, Pará, Brasil, em 22 de julho de 1954.Ele criou o Búfalo-Bumbá de Salvaterra, que é derivado do auto do boi, cuja figura central é o búfalo marajoara.  Viveu por anos na comunidade quilombola de Salvá, em Salvaterra. Nessa comunidade, seu pai, Theodomiro Pereira dos Santos, e seu avô, Antônio Paulo Pereira, eram colocadores (organizadores) de boi-bumbá. Depois dos 13 anos, Damasceno mudou-se para a sede do município e depois de alguns anos foi para Belém. Sofreu um grave acidente de trabalho aos 18 anos, quando trabalhava na construção civil e veio a perder sua visão. Voltou para Salvaterra e passou por um processo de reabilitação, No mesmo ano que voltou recebeu o título de colocador de boi-bumbá na ocasião de uma competíção de Bois que acontecia em Soure, Marajó.

Graças ao sindicato de trabalhadores rurais de Salvaterra conseguiu uma aposentadoria por invalidez. Passou a desempenhar atividades diversas, em especial como cantor e compositor, conforme a tradição cultural de sua família.  Ele tornou-se um compositor e cantador de toada de boi, de carimbó, lundu marajoara, Xote, vaquejada, chula, samba, valsa e brega.

 Foi em 1989 que começou a ser realizada a ideia do Búfalo-Bumbá, com o Boi Bela Prenda. Mestre Damasceno participou em 1999 do CD “Salvaterra Canta Carimbó”, com 4 faixas. Nesse CD também participaram o Mestre Robledo (Salvaterra), Mestre Ronaldo Silva (Belém) e Pinduca (Belém). Em 2012 o nome de Búfalo-Bumbá surgiu. Na ocasião estava sendo rodado o documentário Mestre Damasceno-O Resplendor da resistência Marajoara, de Guto Nunes. No Búfalo-Bumbá, uma manifestação de teatro piopular, o Mestre escrevia os enredos e os diálogos, bem como participava da criação dos figurinos.

 Mestre Damasceno recebeu prêmios da Secretaria da Identidade e Diversidade Cultural, do Minsitério da Cultura, em em 2009 e 2017. Também recebeu o Prêmio Mestre da Cultura Popular do Estado do Pará – SEIVA, da Fundação Cultura do Pará – Tancredo Neves, em 2015.  e foi reconhecido como Mestre do Carimbó em 2017 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Um dos grandes momentos de Mestre Damasceno foi em fevereiro de 2023, quando ele desfilou na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, pela escola de samba Paraíso do Tuiuti, cujo samba-enredo era O Mogangueiro da Cara Preta, que celebrava a chegada dos búfalos à Ilha do Marajó. Mestre Damaseceno era destaque em um dos carros alegóricos. No mesmo ano,Mestre Damasceno recebeu a Medalha de Mérito Cultural e Patrimônio de Belém (Medalha Mestre Verequete) e o Título Honorífico de Cidadão de Belém,

Mestre Damasceno, em 13 de junho de 2024, completou 51 anos atuando na cultura do Marajó e foi realizada então uma grande festa no seu tradicional Búfalo-Bumbá Junino. No evento estavam centenas de pessoas em um grande arraial, com a participação da comunidade, de alunos das escolas municipais, de idosos, adolescentes, jovens, e com alunos e professores da Associação de Deficientes, Pais e Amigos de Salvaterra – ADPAS. Desde o dia 1973 ele realizava seu Folguedo Junino no dia 13 de junho.

Devido a um câncer Mestre Damasceno morreu em Belém, aos 71 anos, na madrugada do dia 26 de agosto de 2025

Discografia

  • Salvaterra Canta Carimbó (1999) - participação, com 4 canções
  • Poesia e Reflexões (2013)
  • Terruá Pará (2013) - participação, com 2 canções
  • Canta o Encanto do Marajó (2020)
  • Encontro D’água (2022) - com participação especial de Dona Onete
  • Búfalo-Bumbá (2023)]
  • Chegou Meu Boi (2023

Videoclipes

  • Feira do Veropa (Direção e Produção)
  • Beleza Rara (Direção e Produção)

Sugestão de vídeos

 

https://www.youtube.com/shorts/xsmZEzbBGoY

 

https://www.youtube.com/shorts/o_LNKNIPH7Q

 

https://www.youtube.com/shorts/6r

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Luís Fernando Verissimo

 

Foi um escritor, humorista, tradutor, roteirista, dramaturgo, romancista brasileiro, publicitário , revisor de jornal e músico. Ele faleceu em 30 de agosto de 2025 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, sendo considerado um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos, com mais de 80 obras publicadas.

Luís Fernando nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 26 de setembro de 1936, mas viveu anos de sua infância e adolescência com sua família nos Estados Unidos, porque o seu pai, Érico Veríssimo, era escritor e professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley e também diretor cultural da União Pan-americana na capital Washington. Dessa forma, Luís Fernando estudou em São Francisco e Los Angeles e concluiu o ensino secundário na Roosevelt High School, de Washington.

Quando tinha 14 anos, Luís, sua irmã Clarissa e um primo fizeram um jornal periódico com notícias da família e que se chamava O Patentino . Como o jornal era pendurado em um banheiro da casa, recebeu esse nome, pois “patente” é um nome dado para a privada no Rio Grande do Sul.

Em Washington, Verissimo, que era apaixonado por jazz, começou a estudar saxofone e em Nova Iorque assistiu grandes artistas tocarem como Charlie Parker e Dizzy Gillespie.

Em 1956 Luís Fernando retornou à Porto Alegre e foi trabalhar no departamento de arte da Editora Globo.Foi integrante, partir de 1960,do grupo musical Renato e seu Sexteto, que fazia apresentações na cidade e que era chamado de "o maior sexteto do mundo", pois tinha 9 membros. Em 1962, até 1966, ele viveu na cidade do Rio de Janeiro. Nessa cidade ele trabalhou como tradutor e redator publicitário. Foi nessa época que ele conheceu e casou em 1963 com Lúcia Helena Massa, com quem viveu até a sua morte em 2025 e mãe de seus três filhos.

 Luis Fernando começou a trabalhar em 1967 em Porto Alegre no jornal Zero Hora. Primeiro foi revisor de textos. Quando em 1969 o colunista Sérgio Jockymann tirou férias, Veríssimo ficou no lugar dele. Foi a oportunidade de Luís de mostrar sua capacidade de escritor. Passou então a assinar sua própria coluna díaria. Começou escrevendo sobre futebol. Também em 1969 tornpu-se redator da agência de publicidade MPM Propaganda. Passou para o jornal Folha da manhã em 1970.Nesse jornal ele teve uma coluna diária até 1975, na qual escravia sobre esporte, cinema, literatura, música, gastronomia, política e comportamento. Usava de ironia e mostrava ideias próprias. Também escrevia pequenos contos de humor. Junto com amigos da imprensa e da publicidade ele criou em 1971 um semanário chamado O Pato Macho, no qual haviacartuns, crônicas e entrevistas e que circulou por esse ano na cidade.

O primeiro livro de Luis Fernando foi O Popular, que consistia em uma coletânea de textos já publicados em jornais. O destacado crítico Wilson Martins elogiou o livro. Ele retornou ao jornal Zero Hora em 1975 e no mesmo ano foi o início de suas publicações no Jornal do Brasil. Ele passou a ser conhecido nacionalmente. Ainda em 1975 foi publicado seu segundo livro de crônicas: A Grande Mulher Nua e começou seus desenhos da série “As Cobras”, havendo uma primeira publicação de cartuns de Veríssimo. Em seu quinto livro de crônicas, Ed Mort e Outras Histórias, em 1979, o personagem principal é um detetive particular carioca, de língua afiada, coração mole e sem dinheiro. 

Luís esteve morando em Nova Iorque entre 1980 e 1981. Entre 1980 e 1981, Verissimo viveu com a família por 5 meses em Nova Iorque, o que mais tarde levaria ao  livro Traçando Nova Iorque, primeiro de uma série de 6 livros de viagem escritos em parceria com o ilustrador Joaquim da Fonseca .Foi criador de O Analista de Bagé, com lançamento em 1981, na Feira do Livro de Porto Alegre. Esse personagem mistura a sofisticação da psicanálise com a forma rígida caricatural do gaúcho. O analista é um psicanalista freudiano ortodoxo com sotaque, termos de linguagem e costumes que são usados na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina. As situações engraçadas envolvendo esse personagem são mostradas em dois livros de contos, um de quadrinhos e uma antologia. 

Luis Fernando começou a publicar a partir de 1982 na revista Vejauma página semanal de humor que ficou até 1989..Outro personagem que Luís em 1983 criou foi a Velhinha de Taubaté. Segundo Veríssimo, era "a única pessoa que ainda acreditava no governo" e que deu a seu gato o nome do porta-voz do presidente Figueiredo, ultimo governante do período militarar

Nos anos 90 do século passado Verissimo consolidou-se como um fenômeno de popularidade. Ele tinha colunas semanais em diversos jornais e lançando pelo menos um livro por ano, livros que ficavam nas listas dos mais vendidos eescrever para programas de humor da Tv Globo.

Em 1986, Luís Fernando morou seis meses em Roma, tendo feito cobertura da Copa do Mundo para a revista Playboy. Escreveu em 1988 seu primeiro romance: O Jardim do Diabo.

Criou o grupo de personagens da Família Brasil, em 1989, para o jornal O Estado de São Paulo. Também nesse ano recebeu o Prêmio Direitos Humanos da OAB e estreou no Rio de Janeiro seu primeiro texto escrito especialmente para teatro, Brasileiras e Brasileiros.

No final da década de 80, foi um dos roteiristas do programa de humor "TV Pirata".

Em 1990 Luís Fernando foi para Paris. Lá ficou dez meses com sua família e cobriu a Copa da Itália para os jornais Zero HoraJornal do Brasil e O Estado de S. Paulo. Também esteve na Europa em 1994, 1998, 2002 e 2006 para fazer cobertura do futebol. Publicou em 1991 uma antologia de crônicas para crianças: O Santinho. E publicou uma outra específica para adolescentes: Pai não Entende Nada.

Lançou com sucesso a antologia de contos de humor Comédias da Vida Privada em 1994. Essa obra veio a tornar-se um especial da TV Globo (1994) e depois uma série de 21 programas (A Comédia da Vida Privada, com 21 programas) com roteiros de Jorge Furtado e direção de Guel Arraes. Em 1996 Luis Fernando publicou Novas Comédias da Vida Privada (1996) e em 1995 Comédias da Vida Pública". uma série de crônicas políticas até então inéditas em livro. Luís foi eleito por intelectuais brasileiros convidados pelo caderno "Ideias" do Jornal do Brasil como o Homem de Ideias do ano. Outras homenagensem 1996, "Medalha de Resistência Chico Mendes" da ONG Tortura Nunca Mais, "Medalha do Mérito Pedro Ernesto" da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e "Prêmio Formador de Opinião" da Associação Brasileira de Empresas de Relações Públicas; culminando, em 1997, com o "Prêmio Juca Pato", da União Brasileira de Escritores como o Intelectual do ano. Em 1999, recebeu ainda o Prêmio Multicultural Estadão.

Veríssimo voltou ao mundo da música em 1995 cmomo saxofonista com o grupo Jazz 6, o chamado "o menor sexteto do mundo", com somente 5 integrantes.

Começou a ser colunista do jornal Extra Classe em 1996 no qual passou a publicar crônicas em 1999 a editora Objetiva passou a publicar toda a sua obra. Uma de suas antologias, "As Mentiras que os Homens Contam" (2000), chegou a vender mais de 350 mil exemplares. Diminuiu a quantidade de trabalho na imprensa a partir de 2003, com somente duas colunas por semana.

Sendo solicitado por editoras, deixou de ser escritor de textos curtos e produziu novelas e romances: "Gula - O Clube dos Anjos" (1998) coleção "Plenos Pecados" da Objetiva; "Borges e os Orangotangos Eternos" (2000), para a coleção "Literatura ou Morte" da Cia das Letras; "O Opositor" (2004) para a coleção "Cinco Dedos de Prosa" da Objetiva; "A Décima Segunda Noite" (2006), para a coleção "Devorando Shakespeare" da Objetiva; e ainda "Sport Club Internacional, Autobiografia de uma Paixão" (2004), para a coleção "Camisa 13" da Ediouro. Em 2003 a revista Veja o colocou em evidência como "o escritor que mais vende livros no Brasil". New York Public Library escolheu a versão em inglês de "Clube dos Anjos” como um dos 25 melhores livros do ano.

O escritor foi premiado na França em 2004 com o Prix Deux Océans do Festival de Culturas Latinas de Biarritz.Ganhou o Prêmio Jabuti-Livro do Ano Ficção em 2013 com a coleção de crônicas Diálogos Impossíveis. A escola de samba de Porto Alegre chamada de Imperadores do Samba o homenageou em 2014. Fez parte, em 2015, de uma faixa do último CD da dupla gaúcha  Kleiton e Kledir como compositor e saxofonista.

Após três semanas na UTI do  Luis Fernando Veríssimo faleceu com 88 anos , devido a uma pneumonia Ele enfrentava há anos uma série de complicações de saúde que incluíam a doença de Parkinson, sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofrido em 2021, além de problemas cardíacos.

 

Frases de Luís Fernando Veríssimo:

 

"Um desafio porque o humor de televisão, ao contrário do que possa parecer, é mais difícil de fazer que o humor impresso, o humor gráfico, vamos dizer assim .”

(...) Não tenho uma vocação humorística, mas consigo eventualmente produzir humor. Mas é uma coisa mais deliberada, mais pensada, do que espontânea, no meu caso".

"Minha timidez é... Por exemplo: tenho horror de fazer isso que estou fazendo agora: dar entrevista, falar em público e tal. Eu sempre digo que não dominei a arte de falar e escrever ao mesmo tempo, são duas coisas que se excluem, então é nesse sentido é que se manifesta a minha timidez".

"Essa é uma das vantagens da crônica. A gente pode ser o que quiser escrevendo uma crônica".

"Têm sido tão agradáveis as homenagens, inclusive da família, que eu tô pensando em fazer 80 anos mais vezes".

 “Não sou eu que falo pouco, os outros é que falam muito”.

 “Algumas crônicas a gente lê depois e se admira com o que fez, mas não acho que o que eu faço tenha muito valor literário, ou importância.”

“Encaro escrever como um ofício, um que deu certo para mim, mas não seria minha escolha natural se outras coisas não tivessem dado errado.”

“Escrever não me dá prazer, gosto mesmo é de soprar saxofone.”

“ Todo mundo é honrado até prova em contrário, e no Brasil nunca aparece a prova em contrário.”

 “Não sei para onde caminha a Humanidade. Mas, quando souber, vou para o outro lado.”

“Na política tudo é negociável, começando pelos princípios”.

 “Se o mundo está correndo para o abismo, chegue para o lado e deixe ele passar”.

 “ A falsa ideia, entre meus amigos, de que eu falo pouco se deve ao fato de que entre eles eu não tenho oportunidade. Eu não sou quieto, sou é muito interrompido.”

 “ Temos que confiar no amanhã. A não ser que descubram alguma coisa contra ele durante a noite.”

 ‘Minha relação com a morte é esquecer que ela existe. E espero que ela faça o mesmo comigo’.

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Márcio José Matos Rodrigues

 


terça-feira, 2 de setembro de 2025

POESIA : VOCÊ GOSTA DE SETEMBRO?

 





Setembro

 

Você gosta de setembro?

Você tem bom gosto.

Partiu agosto!

Setembro amarelo,

Setembro

Do seu rosto

Tão belo.

Lembro

Não de sete setembros,

Lembro

De sete de setembros,

Em sextas –feiras,

Ou melhor,

Em quintas!

Lembro do amor,

Lembro como você é linda!

Sete de setembro será domingo!

Mas tudo bem,

Porque é tão lindo

O seu sorriso.

COP vem vindo,

Falarão de meio ambiente

E do clima.

Seu olhar é quente, 

Natureza já deu aviso,

Mas eu iludido me vejo em seus olhos

E em meus sonhos

O paraíso!

Márcio José Matos Rodrigues


Figura: https://www.google.com/search?q=imagem+de+uma+mulher+de+amarelo+jovem


sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Homenagem ao ator Terence Stamp e ao cartunista Jaguar

 



Terence Stamp

Faleceu no dia 17 de agosto de 2025 o ator inglês Terence Stamp. Ficou conhecido por papeis de vilão, com prêmios nos festivais de Cannes e Berlim, assim como no Globo de Ouro, dois prêmios BAFTA e teve indicações ao Oscar. Namorou atrizes muito conhecidas como Julie Christie e Brigitte Bardot e a modelo Jean Shrimpton. Participou em mais de 60 filmes como ator.

Terence nasceu no dia 22 de julho de 1938, filho de um operador de rebocador, em Bow, Londres, Inglaterra. Era o mais velho de cinco filhos. Um de seus irmãos, Chris Stamp, é um empresário de música, especificamente de rock. Terence quando tinha 3 anos de idade foi levado ao cinema para ver um filme estreado por Gary Cooper e se impressionou com o desempenho do ator, que passou a ser ídolo do menino que passou a se interessar por cinema.

Quando jovem Terence Stamp trabalhou em várias agências de publicidade de Londres e na metade da década de 1950 ele conseguiu um emprego de assistente do golfista profissional Reg Knight em Londres. Ele tinha já nessa época a intenção de ser ator de cinema. Ele conseguiu uma bolsa para estudar teatro.

Em 1962 Stamp estreou em seu primeiro filme, TermofTrial. Nesse filme ele atuou com o famoso ator Laurence Olivier. No segundo filme que trabalhou, Billy Budd, ele foi um dos protagonistas, sendo dirigido por Peter Ustinov. Sua atuação foi elogiada e ele recebeu uma indicação ao Oscar, o que alavancou sua carreira como ator cinematográfico.

Stamp trabalhou com grandes diretores como William Wyler (no filme The Collector) e Joseph Losely (no filme ModestyBlaise). Com o produtor Joe Janni ele trabalhou, além do filme ModestyBlaise, de 1966, nos filmes Far From The MaddingCrowd (1967) e Poor Cow (1967).  Trabalhou também no filme Scraps theRabbit , em 1966. Não conseguiu o papel de James Bond para suceder Sean Connery.

Stamp viveu e trabalhou por um Período na ItáliaAtuou em um filme dirigido por Federico Fellini em um filme inspirado numa obra de Edgar Allan Poe.Foi colaborador dos cineastas Pier Paolo Pasolini no filme Teorema, de 1968 ecom Nelo Risi em Uma Stagioneall’ inferno, de 1971.  Foi para a Índia e ficou alguns anos por lá para estudo e meditação. Na segunda metade da década de 1970 atuou no filme Superman, de 1978, como o general Zod. Em 1980 voltou ao mesmo papel em Superman II. Em 1984 trabalhou no filme The Hit, de Stephen Fears, sendo sua atuação nesse filme considerada por críticos o melhor desempenho do ator. Teve participação nos filmes Wall Sttret e Young Guns.

Terence trabalhou em alguns filmes de baixo orçamento e pouco expressivos, como O Mistério da Ilha dos Monstros (Misterioenlaisla de losmonstruos, 1981) e Conspiração no Vaticano (Morte in Vaticano, 1982). Muitos destes trabalhos foram feitos pela televisão.

Teve papeis menores, mas que o destacaram em filmes como As aventuras dePriscilla, a Rainha do Deserto, de 1994. Trabalhou no filme The Limey, de 1999, em um papel de gangster vingativo e também nesse ano trabalhou no filme Star Wars Episode I: The PhantonMenace, no papel do Chanceler Supremo Finis Valorum. Na série Smallville a voz de Jor-El era dele. Trabalhou nos filmes ElektraMyBoss’sDaughterGetSmartYes manValkyrie e Os Agentes do DestinoO seu último papel como ator de cinema foi uma breve participação no filme de Edgar Wright, Last Night In Soho, de 2021.

Aos 87 anos, Terence Stamp falece. A causa da morte não foi revelada.

A família declarou em comunicado à agência de notícias Reuters:.

“Ele deixa uma obra extraordinária, tanto como ator quanto como escritor, que continuará a emocionar e inspirar pessoas por muitos anos. (...) Pedimos privacidade neste momento de tristeza”

Guy Pearce disse em homenagem a Stamp. "Adeus, querido Tel. Foste uma verdadeira inspiração, tanto dentro como fora dos saltos altos. Teremos sempre Kings Canyon, Kings road&F'ing ABBA. Desejo-te felicidades no teu caminho 'Ralph'! Xxxx"

Edgar Wright disse no Istagram que o ator era "gentil, engraçado e infinitamente fascinante." Disse também: "Quanto mais perto a câmara se movia, mais hipnótica a sua presença se tornava. Em grande plano, o seu olhar sem pestanejar fixava-se de forma tão poderosa que o efeito era extraordinário. Terence era uma verdadeira estrela de cinema: a câmara amava-o, e ele amava-a de volta".


 


Jaguar

 

Em 24 de agosto de 2025 faleceu o cartunista brasileiro conhecido como Jaguar. Ele foi um dos fundadores do jornal O Pasquim (no qual ficou 22 anos), famoso por seu humor crítico que enfrentava a ditadura militar. Ele estava internado em um hospital na cidade do Rio de Janeiro com infecção respiratória e não resistiu às complicações. Ele escreveu livros e colaborou com revistas e jornais. Entre seus livros estão "Átila, você é Bárbaro" em 1968, e "Ipanema, se não me falha a memória", em 2000. Jaguar se destacou não só pelas charges afiadas, mas também pelos personagens irreverentes que criou entre as décadas de 1960 e 1970.

Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, nasceu em 29 de fevereiro de 1932, na cidade do Rio de Janeiro. Ele passou sua infância e parte da adolescência dividido entre as cidades de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e Santos, em São Paulo.Sua carreira começou em 1952, aos vinte anos, desenhando para a revista Manchete. Foi o cartunista Bordalo que sugeriu a ele o apelido de Jaguar. Nessa época Jaguar trabalhava no Banco do Brasil (de onde só saiu na década de 70)  e seu chefe era o cronista Sérgio Porto. Na década de 1960 Jaguar se tornou um dos principais cartunistas da revista Senhor e colaborava para as revistas Civilização Brasileira, Revista da Semana, Pif-Paf, como também os jornais Última Hora e Tribuna da Imprensa. O seu livro “Átila, você é bárbaro” foi um sucesso. Nessa obra ele combatia de forma irônica o preconceito, a ignorância e a violência. O livro foi considerado pelo cronista Paulo Mendes Campos como m livro de poemas gráficos”. Ainda na mesme época Jaguar teve sucesso quando foi convidado pela cerveja Skol para uma campanha e ele desenvolveu a tirinha Chopnics, na qual havia figuras como o Capitão Ipanema.

Em 1969, Jaguar, Tarso de Castro e Sérgio Cabral fundaram o jornal O Pasquim. Foi um jornal marcante da imprensa alternativa que surgiu na época do regime militar, era irreverente e combativo e dele fizeram parte pessoas de destaque do jornalismo e das artes no Brasil como Millôr Fernandes, Ziraldo, Henfil, Paulo Francis e Sérgio Augusto. O nome do jornal foi dado por Jaguar e o símbolo era o ratinho Sig( por causa de Sigmund Freud). Só Jaguar entre todos do grupo original que permaneceu no jornal até a última edição em novembro de 1991. Em 1990 a turma do Pasquim recebeu uma homenagem da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz com o enredo “Os heróis da resistência”.

Jaguar deu uma entrevista para o GLOBO em 2014, dizendo que o "humor não serve mais para nada". Ele também fez uma homenagem à Tânia Scher, que morreu em 2008. Aos 84 anos, em fevereiro de 2017, Jaguar doou uma charge para o movimento “UERJ na luta” usar em camisas. A relação dele com a instituição vinha por causa de sua esposa, professora da universidade.

Jaguar lançou livros como "Átila, você é Bárbaro" em 1968, e "Ipanema, se não me falha a memória", em 2000. Para a TV Globo jaguar fez animações para as vinhetas do Plim Plim, que foram marcantes.Jaguar também criou Bóris, o Homem-Tronco, uma pessoa sem pernas que se locomovia em um carrinho quadrado.

No tempo da ditadura militar Jaguar foi preso porque publicou uma charge em que havia uma montagem do quadro “Independência ou Morte” . Ele colocou a frase "Eu quero é mocotó" em um balão de diálogo. Por causa disso ele ficou dois meses preso.

No início dos anos 2000 Jaguar foi indenizado devido à perseguição sofrida pela repressão política do regime militar.  Ele trabalhou como cartunista com outros grandes do jornalismo e das artes gráficas como Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil etc.

 Jaguar faleceu na cidade do Rio de Janeiro aos 93 anos.

Homenagens:

"Ele era o melhor cartunista brasileiro, meu amigo querido e é uma perda irreparável para o humor e para o Brasil (...)”. "Era o melhor dos amigos possíveis que se podia ter, e um profissional fantástico (...)”."Millôr Fernandes era grande, Ziraldo era grande, mas só ele era o Jaguar". Inigualável, inestimável, inimitável Jaguar (...).”   

.-Chico Caruso, cartunista.

"Jaguar foi mestre, professor, amigo, inspiração, gênio, um dos maiores chargistas que eu já vi no planeta como um todo. Incansável, trabalhou até o último minuto, sempre absolutamente crítico, sempre feroz, sempre amado por gerações e gerações seguidas de cartunistas". -Aroeira, cartunista.

 "Eu queria desenhar como ele, mas nunca consegui". - Miguel Paiva, cartunista.

"Uma pessoa muito espirituosa, com um trabalho imenso, muito inteligente. Uma perda irreparável para todos nós. O Cartum brasileiro, charge. Deixou livros memoráveis de charge e cartum, tipo "O Átila". Ele escreveu um livro muito interessante chamado "Confesso que Bebi", que é uma resenha de vários botecos do Rio de Janeiro. Uma contribuição muito grande de cultura brasileira. Era um cara de uma personalidade enorme e muito bonita”.- André Dahmer, cartunista.

 

 Obras publicadas

 

·         Átila, você é bárbaro

·         Nadieesperfecto

·         Confesso que bebi

·         Ipanema, se não me falha a memória

·         É Pau puro! - O Jaguar do Pasquim

 

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Márcio José Matos Rodrigues