quinta-feira, 19 de junho de 2025

O Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca

 





No dia 17 de junho é comemorado o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a conscientização a respeito da necessidade de cuidar das regiões semiáridas, alertar sobre a degradação do solo, a escassez de água e fortalecer a adoção de medidas de combate nos países atingidos e realizar a coexistência sustentável com essas adversidades.

O processo de desertificação tem sido agravado pela seca e pelas atividades humanas e está ameaçando a segurança alimentar e a biodiversidade, alcançando milhões de pessoas em todo o mundo. 

De acordo com as Nações Unidas, a desertificação, a degradação da terra e a seca estão entre os desafios ambientais atuais mais urgentes. Até 40% de toda a área terrestre é considerada degradada. A demanda por recursos naturais cresce e a atual população mundial está estimada em 8 bilhões de habitantes. Há assim uma pressão muito grande sobre a terra a ponto de degradação. 

No Brasil o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), fizeram uma pesquisa que identificou áreas de clima árido, como nos desertos, no norte da Bahia nos últimos 30 anos. Com as mudanças climáticas se acentuando, há mais a perda de vegetação natural,  tais áreas tem ficado mais secas, com menos disponibilidade de água, havendo condições parecidas com as encontradas em áreas desérticas.

O desmatamento da Caatinga aumentou significativamente nos últimos 10 anos, tendo atingido uma área próxima ao tamanho de Portugal. Esta área está atualmente com quase 50% do seu território atingido por processos acentuados e severos de desertificação. No Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí a situação é gravíssima. No Semiárido, a situação é muito preocupante porque as condições ambientais são vulneráveis à exploração extrativista ou à administração inadequada dos recursos naturais.

No mundo o desmatamento é um fator de destaque que contribui com o aquecimento global, pois as florestas são responsáveis por reduzir o CO2 presente na atmosfera.

Entre janeiro e agosto de 2024 o Inpe - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, contabilizou um aumento de 78% de queimadas no Brasil em relação ao mesmo período de 2023. Esta situação causa a degradação de terras e florestas, liberando ainda mais dióxido de carbono. Outra questão: os aterros para lixo são uma das principais fontes de emissões de metano. O desmatamento tem como uma de suas consequências o desenvolvimento de áreas secas de forma mais intensa ao longo dos anos.

Todos os continentes foram afetados em 2024 por secas que impactaram muito os recursos hídricos, a agricultura, os ecossistemas e comunidades vulneráveis. O primeiro setor a ser afetado pelas secas é a agricultura, em especial os pequenos agricultores, influenciando para que haja escassez de alimentos e crises humanitárias. 

Com as maiores temperaturas a capacidade de retenção de água da atmosfera, as circulações oceânicas e aéreas que impulsionam os sistemas de chuva estão mudando. Há, portanto, riscos de secas e inundações aumentarem em diferentes tempos e lugares. Temperaturas maiores fazem as secas piorarem e há um aumento de perda de água nos solos através da evaporação e transpiração das plantas. 

As secas que são intensificadas pelo calor prolongado podem ser terríveis para as florestas tropicais que não resistem a períodos de baixa pluviosidade e altas temperaturas. O que está acontecendo pode causar a liberação de grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera, provocando uma aceleração do processo do aquecimento global. 

Com a desertificação há a perda de capacidade produtiva de terras férteis. Esse processo atinge em especial regiões semiáridas. Aproximadamente 3 bilhões de pessoas vivem em áreas suscetíveis à desertificação.

Secas que se prolongam afetam lavouras e comprometem o abastecimento urbano, afetando a saúde, reduzindo a biodiversidade e aumentando a vulnerabilidade das populações rurais.

Para se combater a seca são recomendadas as seguintes medidas:

     -  Educação ambiental e reflorestamento

     -  Uso inteligente da água

       -Adoção de tecnologias sustentáveis no campo

      - Proteção das nascentes e matas ciliares

  - Apoiar produtores sustentáveis

 As pessoas precisam evitar o desperdício de água, plantar e cuidar de árvores; divulgar boas práticas ambientais. 

Neste ano, o lema das Nações Unidas é “Restaurar a Terra. Desbloquear as Oportunidades.

Segundo Leticia Yamakami (17 jun 2025, Revista VEJA) :

“A renda das famílias de algumas das principais cidades que se espalham pela Caatinga, um dos biomas brasileiros mais ameaçados pelas mudanças climáticas, está muito abaixo do nível que seria necessário para cobrir suas despesas mais básicas. Essa distância, por sua vez, não só deixa essas pessoas mais vulneráveis aos efeitos das secas e outros eventos extremos, como também colabora para piorar o processo acelerado de desertificação que acomete a região. É o que afirma a Fundação IDH, organização global voltada para tornar os mercados agrícolas mais sustentáveis ​​e inclusivos, com base em um estudo recente feito em parceria com a Anker Research Institute, centro americano de estudos sobre salário e renda, e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e divulgado com exclusividade. e divulgado com exclusividade por VEJA.

A renda de quem trabalha no campo, quando insuficiente para uma vida sem privações, impossibilita a estruturação e a manutenção de cadeias produtivas com práticas regenerativas”, afirma Grazielle Cardoso, gerente do Programa Raízes da Caatinga, da Fundação IDH. O programa tem como foco de atuação a elevação dos rendimentos e da qualidade de vida da população rural dos territórios analisados no estudo, a fim de gerar impactos ambientais, econômicos e sociais positivos. Esta terça-feira, 17 de junho, foi escolhida pela Organização das Nações Unidas como o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca. De acordo com a pesquisadora, o primeiro passo para o combate à degradação de terras na Caatinga é garantir a renda e o salário dignos desses profissionais. Assim, eles têm uma salvaguarda para se adaptar em caso de mudanças climáticas que afetem os territórios, além de conseguirem investir em práticas agrícolas mais sustentáveis. Após a garantia da estabilidade financeira, o programa passa a oferecer acesso ao crédito e ao mercado junto da assistência técnica, que consiste na divulgação de informações e orientações sobre o problema da degradação dos solos e como incluir práticas sustentáveis no dia a dia do trabalhador rural (...)”

E ainda a mesma autora: “

“(...) O estudo estipula os rendimentos dignos para uma moradia com quatro pessoas, sendo dois adultos e dois dependentes de até 18 anos.

A renda digna diz respeito ao dinheiro que uma família que depende exclusivamente da atividade agrícola ganha. Já o salário digno é o recebido pelo trabalhador agrícola contratado sob as Consolidações das Leis do Trabalho.

As chamadas práticas regenerativas consistem em maneiras de abordar a agricultura com modelos de produção que contribuem para o desenvolvimento sustentável na produção de alimentos, bioenergia e outros agroprodutos. A finalidade desses sistemas é assegurar a sustentabilidade do setor agrícola, além de construir um caminho para um futuro alimentar mais equitativo, saudável e resiliente . Além disso, pode ser uma solução valiosa no combate à desertificação.”

Para Helena Moreira e Albano Beja-Pereira:

“Desertificação é a lenta agonia do solo. Sem políticas públicas sólidas, conhecimento aplicado e compromisso com o território, a terra continuará a morrer – e com ela comunidades inteiras.

O Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação foi instituído pelas Nações Unidas em 1994 e celebrado pela primeira vez no ano seguinte, a 17 de junho. Trinta anos volvidos, nunca a sua evocação foi tão necessária e, ao mesmo tempo, tão desoladoramente simbólica. Estes fenômenos afetam diretamente cerca de 250 milhões de pessoas e mais de um terço da superfície terrestre.

Convém esclarecer que a desertificação não é o alastrar dos desertos, nem a saída em massa das populações para zonas mais verdes (essas vêm depois). Desertificação é a lenta, quase imperceptível, agonia do solo. É a erosão da sua fertilidade, a perda contínua da cobertura vegetal, a morte silenciosa do que se esconde sob aquilo que já se revela visivelmente moribundo.

As causas são conhecidas, repetidas e banalizadas, como o menu de um restaurante demasiado folheado: desflorestação, sobrepastoreio, mobilização excessiva dos solos, negligência dos seus ecossistemas microbiológicos, e claro, as alterações climáticas. E, por trás de tudo isto, a personagem principal: o ser humano. Aquele que tudo explora, que tudo exige, mas pouco devolve.

A seca, que outrora foi excepcional, tornou-se num fenômeno estrutural. Deixou de surpreender para se tornar previsível. Atualmente, um quarto da população mundial vive sob escassez hídrica, com a qualidade da água em declínio, tanto para a irrigação como para uso doméstico. Cerca de 70% das áreas agrícolas em zonas áridas estão em risco de colapso. E quando os campos secam, secam também as aldeias. As pessoas partem. Para onde podem... como podem...

África continua a ser o continente mais atingido, mas ninguém escapa. Nem os Estados Unidos, nem a China, nem a Espanha. Nem Portugal, que entre fogos, monoculturas e abandono parece ensaiar uma espécie de suicídio agrário. A seca avança, a desertificação instala-se, de baixo para cima, do interior para o litoral, e o país assiste como quem vê as ondas subir: com espanto e sem escapatória.

A resiliência dos sistemas agrícolas está em declínio. O apoio técnico às populações é episódico, disperso e tímido. E a política, essa entidade quase literária, encontra-se mais árida do que os solos que devia proteger. Faltam visão, estratégia e ciência aplicada ao território. Já ninguém quer ser agrónomo e dos bons. E já ninguém representa, de forma genuína e desinteressada, a agricultura e o desenvolvimento rural. Enquanto isso, a Europa deslumbra-se com a sua biodiversidade de catálogo, onde o verde se fotografa melhor do que se cultiva.

Se os anos noventa do século passado e a primeira década deste século foram marcados pela desindustrialização, estas segunda e terceira décadas são, sem dúvida, as da desagriculturização. Um processo tão silencioso quanto devastador. É urgente reconhecer a seca e a desertificação como prioridades políticas, ambientais e sociais. Falar de transição ecológica sem falar de regeneração dos solos é como falar de nutrição sem falar de alimentos. Precisamos de práticas agrícolas adaptadas, de culturas resistentes ao stress hídrico, de educação ambiental enraizada nos territórios e de políticas que façam mais do que subsidiar o abandono.”


MENSAGEM DO SECRETÁRIO-GERAL DA ONU PARA O DIA MUNDIAL DE COMBATE À DESERTIFICAÇÃO E À SECA

17 de junho de 2025

“O que é bom para a terra, é bom para as pessoas e para as economias.

Mas a humanidade está a degradar os solos a um ritmo alarmante, o que custa à economia global cerca de 880 mil milhões de dólares por ano — muito mais do que os investimentos necessários para enfrentar o problema.

As secas estão a forçar pessoas a abandonar as suas casas e a agravar a insegurança alimentar – o número de pessoas deslocadas recentemente atingiu o nível mais alto dos últimos anos.

Reparar os danos que causamos aos nossos solos oferece enormes benefícios, incluindo um elevado retorno do investimento. Pode reduzir a pobreza, criar empregos, garantir o abastecimento de água, proteger a produção alimentar e melhorar os direitos à terra e os rendimentos – especialmente para os pequenos agricultores e para as mulheres.

O tema do Dia da Desertificação e da Seca deste ano – “Restaurar a Terra. Abrir Oportunidades” – é ao mesmo tempo uma afirmação e um apelo à ação.

Apelo aos governos, empresas e comunidades que respondam a este apelo e acelerem a ação relativamente aos nossos compromissos globais comuns sobre o uso sustentável dos solos. Temos de inverter a degradação e aumentar o financiamento para a restauração – inclusive desbloqueando investimento privado.

Vamos agir agora para curar a Terra, aproveitar oportunidades e melhorar vidas.”

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História e Psicólogo

 

Figura: https://cfbio.gov.br/2023/06/17/dia-mundial-de-combate-a-desertificacao/


terça-feira, 27 de maio de 2025

Campanhas de Maio e o Dia da Abelha

 

Datas especiais de Maio/ Campanhas em Maio.

 

Em maio diversas campanhas de conscientização e ações de combate a diversos problemas sociais e de saúde são realizadas. Entre essas campanhas há o Maio Amarelo, com foco em segurança no trânsito, e o Maio Laranja, que aborda a violência sexual contra crianças e adolescentes. Além destas, também há o Maio Roxo, que se concentra nas doenças inflamatórias intestinais, o Maio Vermelho, que busca prevenir o câncer bucal e o Maio Furta Cor, sobre a saúde mental das mães. Também em maio são comemorados o Dia das Mães e o Dia da Abelha. Abaixo estão explicações sobre estas campanhas e sobre o Dia da Abelha.






1-Maio Amarelo. Ano 2025

O Tema de 2025 é  Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana. Há o destaque à responsabilidade que todos devem ter no trânsito.  O objetivo do Maio Amarelo é a promoção da segurança no trânsito e conscientizar sobre a importância da prevenção de acidentes. O Maio Amarelo busca chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. É um  movimento internacional de conscientização para redução de acidentes de trânsito. Deve  haver uma ação coordenada entre o Poder Público (exemplos: ministérios, secretarias, órgãos públicos, escolas públicas) e a sociedade civil (exemplos: empresas, escolas privadas).

A verdadeira mobilidade humana se constrói quando todos se sentem seguros e respeitados. Vamos fazer da responsabilidade individual uma prioridade coletiva. Juntos, podemos transformar nossas cidades em espaços mais seguros e inclusivos para todos. O mês de Maio foi o escolhido para está luta, pois, em 11 de maio de 2011, a ONU decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito.E o amarelo simboliza atenção e também a sinalização e advertência no trânsito.







2-Maio Furta-cor:

É uma Campanha de saúde mental materna no Brasil. Busca-se com esta campanha promover a conscientização e o apoio às mulheres que estão grávidas ou que acabaram de ter filhos. Visa: 1- a sensibilização da população para a causa da saúde mental materna com a realização de ações de conscientização em saúde mental materna com base em evidências científicas; 2-estimular a construção de políticas públicas de saúde através de projetos de lei que instituam o Maio Furta-cor como estratégia de política pública de saúde para mulheres- mães.  Por que Furta-cor? Porque Furta-Cor é uma cor cuja tonalidade se altera de acordo com a luz que recebe, não tendo uma cor absoluta. No espectro da maternidade não é diferente, nele cabem todas as cores.

 



 


 3- Maio Laranja

É uma campanha promovida pelo Governo Federal no Brasil . O objetivo é o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. a campanha  visa a conscientização da população sobre a importância da prevenção desses crimes. A data de 18 de maio foi escolhida em memória à menina Araceli Cabrera Sánchez, que foi vítima de abuso e assassinato em 1973. Dia 18 de maio é o dia nacional de combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil.

Maio Laranja é uma campanha do Governo Federal no Brasil dedicada ao combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Instituída por lei, a campanha busca conscientizar a população sobre a importância da prevenção desses crimes. A data de 18 de maio foi escolhida em memória à menina Araceli Cabrera Sánchez, que foi vítima de abuso e assassinato em 1973. Dia 18 de maio é o dia nacional de combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil. A lei que criou essa campanha foi a de nº 14.432/2022, sendo decretada em 3 de agosto. A escolha pela cor laranja é porque faz referência a uma flor extremamente frágil e vulnerável chamada gérbera, muito comum no Brasil. 

Em 2022, foram registradas no Brasil quase 112 mil denúncias de abuso e exploração sexual infantil na internet. A campanha nasce assim de modo a dar visibilidade ao tema, fazendo com que a sociedade se mantenha informada sobre esse assunto e participe da luta contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. 




4-Maio Roxo:  

O mês de maio, e, principalmente,  o dia 19, é dedicado no Brasil à conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs). A campanha diz respeito à importante necessidade de estar atento aos sinais e procurar um médico especialista. É essencial que haja o tratamento das Doenças Inflamatórias Intestinais, com as orientações de um médico gastroenterologista. O objetivo principal do tratamento das DIIs é manter o controle da doença, considerando o bem-estar físico, social e emocional dos pacientes.



5- Maio Vermelho

A campanha Maio Vermelho acontece em maio e é relacionada ao câncer de boca, buscando orientar as pessoas sobre a questão. Este tipo de câncer atinge os lábios e regiões como a gengiva, bochecha, língua, freio lingual inferior (parte abaixo da língua) e o céu da boca. Segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), há uma incidência de cerca de 15.190 casos e 6.192 óbitos por ano no Brasil. As principais causas são tabagismo e o consumo excessivo de álcool. Outras causas: Higiene bucal precária; Exposição excessiva e sem proteção dos lábios aos raios ultravioletas; Exposição a certos materiais como o amianto, óleo de corte, poeira de madeira e de couro, solventes orgânicos e agrotóxicos.







6- O Dia Mundial das Abelhas:


Há mais de 20 mil espécies de abelhas pelo mundo. Além da produção de mel as abelhas são polinizadoras essenciais para a biodiversidade e para a produção de alimentos. Grande parte das espécies de abelhas não produzem mel. As abelhas tem papel significativo para os ecossistemas e para a preservação ambiental. As abelhas são muito importantes pela sua função primordial na manutenção da biodiversidade. Trata-se da a polinização.

A ONU, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em dezembro de 2017, criou o O Dia Mundial das Abelhas, que passou a ser comemorado todo dia 20 de maio desde 2018. O dia escolhido foi uma homenagem ao esloveno Anton Janša, nascido em 1734 e considerado o pioneiro da apicultura moderna. Segundo a ONU, a "data foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas para lembrar a importância da polinização para o desenvolvimento sustentável".

Daniel Malusá Gonçalves, diretor da ONG Bee or not to be, associação civil brasileira sem fins lucrativos e de caráter sócio-ambientalista que atua na defesa de todas as espécies de abelhas disse: “A maior parte das abelhas é solitária e não vive em sociedade, mas todas atuam como polinizadoras importantíssimas”. 

Por meio da polinização, com o transporte  de pólen, há a fertilização de plantas e sua reprodução. Em algumas espécies de plantas isso é fundamental para a sobrevivência. Em outras, com destaque para  espécies frutíferas, a polinização também está relacionada à qualidade nutricional da fruta.

Graças às abelhas há variação genética tão importante ao desenvolvimento e reprodução das plantas e, com isso, garantem o equilíbrio dos ecossistemas e que existam plantas suficientes para a produção de oxigênio.

Especialistas apontaram perigos para a existência das abelhas

O aumento de guerras e conflitos armados que está prejudicando as abelhas deixando os polinizadores com menos opções de alimento ao longo do ano;

Contaminação de colmeias na Europa por partículas de microplásticos;

 Os polinizadores noturnos tiveram suas visitas às flores reduzidas em cerca de 62% por causa da luz artificial proveniente da iluminação de rua;

Os insetos polinizadores estão com sua sobrevivência muito afetada pela poluição atmosférica;

As abelhas estão sendo atingidas pelo uso de antibióticos na agricultura,, contaminando o mel e alterando o comportamento dos polinizadores, incluindo a redução da procura por flores.

As misturas de pesticidas, mesmo quando dentro dos limites legais considerados “seguros”, podem causar efeitos tóxicos imprevistos ao interagir com outras substâncias químicas.

Diante disso que foi apresentado, os especialistas propõem várias medidas para proteger as abelhas, incluindo leis mais rigorosas sobre a poluição por antibióticos, transição para veículos elétricos para reduzir a poluição do ar, criação de habitats ricos em flores e o desenvolvimento de culturas agrícolas  com pólen e néctar mais nutritivos para melhorar a alimentação dos polinizadores.

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História 

 

 

domingo, 25 de maio de 2025

Homenagem ao fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado

 




Em 23 de maio de 2025 faleceu  o famoso e talentoso fotógrafo documental e fotojornalista brasileiro Sebastião Salgado. Ele foi um dos fotógrafos mais destacados da fotografia mundial. Ele enfrentava problemas de saúde desde o tempo que contraiu malária devido a uma expedição que fez à Indonésia.  Por mais de cinco décadas ele trabalhou como fotógrafo e deixou um legado em fotografias em preto e branco, tendo tido uma preocupação especial com questões sociais e ambientais. Entre essas questões, a situação da Amazônia e a realidade de refugiados e comunidades indígenas.

O nome todo dele era Sebastião Ribeiro Salgado Júnior . Ele nasceu em Conceição do Capim, no município de Aimorés, Minas Gerais,  em 8 de fevereiro de 1944. Para realizar seus projetos fotográficos ele viajou por mais de 120 países. Seu trabalho foi mostrado em exposições itinerantes em várias partes do mundo. Procurava demonstrar por meio de suas fotos o que acontecia com as pessoas, destacando a dignidade dos povos e criticando a violação de direitos fundamentais dos seres humanos por causa de guerras, pobreza extrema e diversas injustiças sociais.

Sebastião Salgado foi Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e em 1982 recebeu o prêmio W. Eugene Smith Memorial Fund, tendo sido membro honorário estrangeiro da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos desde 1992 e também foi membro da Academia de Belas Artes de Paris. Em 1993 recebeu a Medalha do Centenário e Bolsa Honorária da Royal Photographic Society (HonFRPS). Era graduado em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Tinha mestrado em Economia pela Universidade de São Paulo e doutorado também nessa área de conhecimento  pela Universidade de Paris.

Trabalhou como secretário para a Organização Internacional do Café (OIC). Fez sua primeira sessão de fotos na década de 1970. Identificou-se com o ato de fotografar e em 1973 tornou-se fotógrafo independente, no trabalho de fotojornalista e foi para Paris. Depois de passar pelas agências de fotografia Sygma e Gamma, entrou para a Magnum em 1979. Incumbido de fazer de uma série de fotos sobre os primeiros 100 dias de governo de  Ronald Reagan, presidente dos EUA, Salgado documentou o atentado a tiros contra o presidente em 30 de março de 1981. Com a venda de fotos sobre esse atentado para diversos jornais, Salgado conseguiu financiar seu primeiro projeto pessoal: uma viagem à África.

Em 1986 Sebastião Salgado publicou seu primeiro livro: Outras Américas. Era a respeito dos pobres da América Latina. Ainda no mesmo ano publicou Sahel:  O "Homem em Pânico” , fruto de colaboração de doze meses com a organização Médicos sem Fronteiras, a respeito da seca no Norte da África. Outra obra sua foi Trabalhadores, que consistia na documentação do trabalho manual em todo o mundo, obra que foi realizada entre 1986 e 1992, sendo um feito grandioso, aumentando sua reputação como um documentarista de sucesso.

O fenômeno global de desalojamento em massa de pessoas chamou a atenção de Salgado, que realizou trabalho sobre isso de 1993 a 1999, dando origem à obra Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo, publicada no ano 2000. Na introdução da obra ele escreveu: "Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…". Com apoio da ONU e do UNICEF Salgado organizou uma exposição no Escritório das Nações Unidas em Nova Iorque, com 90 retratos de crianças desalojadas extraídos de sua obra Retratos de Crianças do Êxodo.

Por seus trabalhos fotográficos Sebastião Salgado teve reconhecimento internacional e recebeu prêmios de fotografia importantes. Em 1994 ele fundou a sua própria agência de notícias: As Imagens da Amazônia. Ele e a sua esposa Lélia Wanick Salgado se estabeleceram em Paris, França. Eles tiveram dois filhos. Um deles, Juliano, dirigiu com o fotógrafo Wim Wenders o documentário Sal da Terra, sobre o trabalho de Sebastião Salgado. Esse documentário foi indicado ao Oscar de 2015 de melhor documentário.

Sebastião Salgado contribuiu com organizações humanitárias como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional. Também dedicou-se às causas ambientalistas, por meio do Instituto Terra, para reflorestamento e revitalização comunitária em área do Estado de Minas Gerais.  Sebatião e sua esposa decidiram em 1998 reflorestar a Fazenda Bulcão, em Aimorés, Minas Gerais. Graças a essa ação, houve a recuperação da biodiversidade local, aliada a um desenvolvimento rural sustentável às margens da Bacia do Rio Doce.

Sebastião Salgado faleceu em Paris, aos 81 anos de idade. A causa da morte foi uma leucemia grave que surgiu devido à evolução de uma malária que contraiu em uma expedição fotográfica realizada na Indonésia.

Segundo Ângela Locatelli (23 de maio de 2025):

“Reconhecido mundialmente como um dos fotógrafos mais geniais da história, o brasileiro Sebastião Salgado transformou a maneira como um registro em preto e branco pode impactar as pessoas através de seu olhar sobre a natureza e os conflitos sociais e humanos, como guerras e a exploração de pessoas.  

Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira, 23 de maio, aos 81 anos, como confirmaram informações dadas pelo Instituto Terra, organização não-governamental fundada pelo documentarista e sua mulher, Lélia Wanick Salgado, com quem ficou casado por 61 anos. 

Lélia era sua parceira também na vida profissional: foi usando uma câmera comprada por ela que Salgado começou a fotografar; tempos depois, ela se tornou responsável por editar seus livros, além de organizar as exposições fotográficas do marido, que chegaram a diversas cidades do mundo.

 

Homenagem do Instituto Terra a Sebastião Salgado:

 

"Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora".

 

Frases de Sebastião Salgado:

 

“Não sou religioso, mas acredito na evolução. É uma pena vivermos apenas 80 ou 90 anos no máximo. Se pudéssemos viver mil anos, seríamos capazes de entender nosso planeta mil vezes melhor, e viver de outra forma.”

 

 “A fotografia é a memória de todos nós. É através dela que o mundo nos vê.”

 

“Os fotógrafos não têm uma profissão. Têm uma forma de viver. Quando eu saio para fotografar, sou um homem totalmente livre, em ligação total com o meu planeta.”

 

Não podemos ser apenas espectadores da destruição. Precisamos ser agentes de mudança.”

“Você não fotografa com sua máquina. Você fotografa com toda a sua cultura.”

 

“Constatamos que o mundo está dividido em duas partes: de um lado a liberdade para aqueles que têm tudo, do outro a privação de tudo para aqueles que não têm nada.”

 

“Quem não gosta de esperar não pode ser fotógrafo.”

 

“É preciso ter paciência para esperar o que vai acontecer. Pois algo vai acontecer, necessariamente. Na maioria dos casos, não há como acelerar os fatos. É preciso descobrir o prazer da paciência.”

 

“Não tenho nenhuma preocupação nem nenhuma pretensão de como serei lembrado. É minha vida que está nas fotos e nada mais.”

 

“As maiores viagens que fiz na vida foram dentro de mim mesmo.”

 

Algumas fotografias de Sebastião Salgado:



                                                                                        Serra Pelada



                                                        Trabalhadores nordestinos

                                      


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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História