Neste ano decidi escrever um artigo sobre o
simbolismo dos ovos e do coelho na Páscoa. Muito se vê as imagens de coelho e
de ovos como símbolos da Páscoa. Mas qual o motivo deste simbolismo?
Bem, começo pelos ovos. Antes mesmo do
cristianismo, na Europa havia o costume de trocar ovos no Equinócio de 21 de
março para celebrar o fim do inverno e o início da primavera.
Quando
começou a haver a celebração da Páscoa cristã,
a troca de ovos começou a fazer parte da Semana Santa. O ovo passou a
ser visto como um símbolo da ressurreição de Cristo. As pessoas trocavam ovos
de galinha decorados. Foi na França
que a tradição dos ovos de chocolate
começou, pois a ideia de ovos de
chocolate surgiu quando cozinheiros passaram a esvaziar os ovos de galinhas e
os recheavam com chocolate, pintando a
casca. A partir do século XIX, os ovos doces tomaram conta da comemoração.
Há uma relação também do ovo com a Páscoa
judaica. A celebração da Páscoa cristã
tem sua origem na festa judaica do
Pessach – que significa “passagem” em hebraico, uma referência à saída dos
judeus do Egito e sua libertação da escravidão, com a chegada à terra prometida
sob a liderança de Moisés. O ovo,
durante a festa judaica, é utilizado como símbolo do povo de Israel. Segundo a
tradição judaica em determinado momento, o chefe de família se levanta e diz:
“O povo de Israel é como este ovo, que, quanto mais cozido na dor e no
sofrimento, mais preserva sua unidade e sua identidade”. Portanto, o ovo para
os judeus representa a força do seu
povo, que se torna mais forte cada vez que passa por épocas de sofrimento. E
assim o simbolismo do ovo também foi usado pelo cristianismo para relembrar a
ressurreição de Cristo, representando a renovação da vida.
Em relação ao coelho como símbolo da Páscoa, o
costume surgiu no século XVI, na Alemanha.
No século XIX os alemães trouxeram o hábito para a América e o animal
foi associado à Páscoa devido se reproduzir rapidamente, simbolizando
fertilidade e vida nova. Desde o antigo Egito, o animal já era considerado
símbolo da fertilidade devido à sua incrível capacidade de procriação. O coelho como símbolo de prosperidade e
fertilidade tem estado presente na
cultura de diversos povos ao longo da história.
Os povos germânicos, que habitavam a região norte
tinham uma narrativa mítica sobre uma deusa da fertilidade de nome Ostara. O
coelho era símbolo do culto a essa deusa, já que passado o inverno e tendo
início o período da primavera (estação que simboliza o “renascimento”, a
floração, a fertilização), os coelhos eram, com frequência, os primeiros a
saírem de suas tocas e começarem a reproduzir-se.
Há uma relação dos ovos com os coelhos. As
tradições rituais germânicas associaram a prática de entrega de ovos de aves
pintados com tintas para as crianças por coelhos, símbolos de Ostara. Havia uma
tradicional "caça ao coelho" , mas na verdade os ovos enfeitados eram
escondidos nos campos e encontrados pelas crianças que procuravam coelhos. Assim, com o cristianismo, a prática da entrega de ovos passou a
ser relacionada à Páscoa, e não mais à
deusa Ostara. A prática de entrega de ovos acabou se generalizando com as
migrações alemães para o continente americano.
Vemos portanto, que as tradições antigas acabaram
transmitindo às futuras gerações estes costumes que permaneceram sobre o ovo e
o coelho na Páscoa. Claro que com o comércio, houve cada vez mais a
disseminação dos ovos de chocolate como presentes. Mas creio que os cristãos,
apesar de estarem inseridos nesta cultura com os símbolos de ovos e coelhos,
não devem se esquecer do verdadeiro sentido da Páscoa que é a Ressurreição de
Cristo. Feliz Páscoa!
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura: Google.