No dia 15 de novembro de 1889 o
marechal Deodoro derrubava o ministério do Império e daí iniciou-se o processo
rápido pelos republicanos de destituição do imperador Dom Pedro II que se
encontrava fora da capital brasileira. A monarquia brasileira vinha passando
por um processo de desgaste desde os anos 70 do século XIX, depois que a guerra
do Paraguai acabou.
Os republicanos não se
constituíam num grupo homogêneo, existiam liberais federalistas (ligados às
oligarquias do Sudeste que queriam a descentralização política), positivistas
centralizadores (oficiais do Exército que desejavam um governo forte nas mãos
dos militares), radicais civis que queriam mais participação popular.
De início os militares ficaram
com o poder, sendo representados pelos marechais Deodoro da Fonseca, que teria
dois governos, o provisório e o constitucional e o de Floriano Peixoto,
vice-presidente que assumiu o governo com a renúncia de Deodoro.
A República que se formou viria a
ser ainda um governo longe de ser próximo ao povo mais pobre. A primeira
Constituição da República eliminava o antigo Poder Moderador, que dava ao governante
o poder de ter grande interferência no Parlamento; deu direito a homens votarem
sem a questão da renda, mas sem permitir o voto a mulheres e analfabetos, o que
reduzia muito o número de eleitores; separava a Igreja do Estado; dava mais
autonomia aos estados que substituíram as províncias, mas havia fortes
desigualdades regionais que não eram consideradas. Existia a chamada
"degola", que cortava candidatos eleitos, mas que eram indesejáveis
aos governantes. E, com Campos Sales, no início do século XX, foi instituída a
"Política dos Governadores", consistindo em uma troca de favores
entre governadores e o presidente da República, ficando em vantagem dois
estados do Sudeste, Minas Gerais e São Paulo.
O começo dessa república seria
conturbado, com sérias dificuldades no governo de Deodoro, primeiro com a crise
do Encilhamento e depois com os conflitos do presidente centralizador com o
Congresso Nacional, dominado pelas oligarquias que não desejavam esta
centralização. E, no governo de Floriano Peixoto, que substituiu Deodoro,
aconteceu uma revolta encabeçada por revoltosos da Marinha, chamada de Revolta
da Armada, uma revolta que teve origens com insatisfações ainda no governo de
Deodoro que se aprofundaram no governo Floriano. Por sinal, continuavam a
existir posições monarquistas entre alguns oficiais da Marinha. E também no
governo de Floriano, houve a chamada Revolução Federalista no Rio Grande do
Sul, que teve repercussões em Santa Catarina e Paraná, um movimento que contava
com descontentamento de lideranças políticas sulistas contra o centralismo
político autoritário do governador Júlio de Castilhos, apoiado pelo governo
federal e também por causa de outras questões, como a intenção de conseguir menos centralização política do governo federal em relação aos estados.
A República Velha (1889-1930) foi
um período com exclusão dos mais pobres (o que explica grandemente movimentos
sociais como a Revolta da Chibata, a "Guerra de Canudos" e
"Guerra do Contestado). O fator externo que foi fundamental para a crise
política que derrubou o último governante desse período republicano foi a Queda
da Bolsa de Nova York, que mexeu profundamente com os preços do café, afetando
muito a poderosa oligarquia cafeicultora, a partir daí havendo uma sequência de
eventos relacionados a todo um conjunto de fatores políticos como as revoltas
tenentistas dos ano 20, a insatisfação de camadas da classe média e de oligarquias
dissidentes. Tal articulação de forças acabou levando ao fim da República Velha
e ao início da Era Vargas, com outras características, embora sem perder
totalmente o vínculo com a realidade do período anterior.
Este é, assim, o início de nossa
República, uma república que ainda está longe de alcançar uma democracia mais
desenvolvida com ampla participação popular e com mais justiça social. É uma
república ainda cheia de populismo e cultos a personalidades políticas, com
influência de grupos oligárquicos, muita corrupção, contrastes sociais
profundos, autoritarismos, com necessidade de um fortalecimento da Justiça, que
tenha mais respeito ao meio ambiente e aos direitos dos mais pobres e que seu
povo possa adquirir uma consciência de que deve haver responsabilidade de todos
e não delegar só aos governantes a responsabilidade pelo bem estar geral, pois
infelizmente a mentalidade clientelista e paternalista ainda é muito presente. De 1889 até hoje em dia houve exemplos de grande injustiça social, de lutas pelos direitos, más e boas ações de governos. A luta por melhores condições para o povo não deve parar e o desenvolvimento econômico não deve ser separado do desenvolvimento social e do respeito ao meio ambiente.
"São direitos sociais a
educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados."
Constituição da República
Federativa do Brasil
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor
de História
Figura:https://www.google.com/search?q=imagens+de+proclama%C3%A7%C3%A3o+da+rep%C3%BAblic
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