Hoje, é o aniversário de
morte do poeta português Fernando Pessoa, que morreu em 1935 , aos 47 anos. Foi
um dos maiores escritores da literatura universal e um dos mais aclamados e
respeitados poetas da língua portuguesa e da língua inglesa. Por este motivo
resolvi escrever um pequeno artigo em sua homenagem.
Ele nasceu em 13 de junho de 1888, em Lisboa.
Logo cedo sua vida foi impactada por acontecimentos fortes, a morte do pai em
1893 e a morte do irmão em 1894, fatos que devem ter deixado marcas em sua
personalidade, que na época estava em formação, pois ainda era criança. No ano
seguinte, sua mãe casa-se com João Miguel Rosa, cônsul português em Durban, na
África do Sul. Em 1896, a família partiu para Durban onde Fernando Pessoa
estuda e aprende o inglês.
Depois de ter regressado a Lisboa em 1905, começa a
ter contato com a poesia francesa, como a do poeta Baudelaire e lê os poetas
portugueses Cesário Verde e Camilo Pessanha. Inicia correspondência com Mário de
Sá-Carneiro que, de Paris, manda a Pessoa notícias do Cubismo e do
Futurismo. Tendo abandonado em 1907 o curso superior, monta na época um
tipografia que não durou muito tempo. Trabalhou como correspondente estrangeiro
em casas comerciais, o que fez até o último ano de sua vida.
Em
1912 ele colaborou com a revista A Águia. Publicou seus primeiros poemas em
inglês. Teve contato com as obras do Padre Antônio Vieira e foi influenciado
pelos estudos filosóficos de Nietzsche e Schopenhauer. Recebeu também
influências do simbolismo francês. Mensagem" foi um dos poucos livros de
poesias publicado em vida.
O ortônimo e os heterônimos de Fernando Pessoa
Fernando
Pessoa usou em suas obras diversas autorias. Usou seu próprio nome (ortônimo)
para assinar várias obras e pseudônimos (heterônimos) para assinar outras. Os
heterônimos de Fernando Pessoa tinham personalidade própria e características
literárias diferenciadas. São eles:
Álvaro de Campos
Era
um engenheiro português de educação inglesa. Influenciado pelo simbolismo e
futurismo, apresentava certo niilismo em suas obras.
Ricardo Reis
Era
um médico que escrevia suas obras com simetria e harmonia. O bucolismo estava
presente em suas poesias. Era um defensor da monarquia e demonstrava grande
interesse pela cultura latina.
Alberto Caeiro
Com
uma formação educacional simples (apenas o primário), este heterônimo fazia
poesias de forma simples, direta e concreta. Suas obras estão reunidas em
Poemas Completos de Alberto Caeiro.
Fernando Pessoa liderou um grupo de intelectuais
entre eles Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros. Fundou a revista Orfeu,
onde publicou poemas que causaram escândalo na sociedade conservadora da época.
Os poemas "Ode Triunfal" e "Opiário", escritos por "Álvaro
de Campos", foram causa de atos violentos contra a revista. Fernando
Pessoa foi chamado de louco.
Em 1920,passa a morar com sua mãe, que regressara,
viúva, da África do Sul. Ela falece em 1925.
Em 1935,
no dia 30 de novembro, no Hospital São Luís, em Lisboa, morre Fernando Pessoa.
Algumas frases
de Fernando Pessoa:
“Não faço
visitas, nem ando em sociedade nenhuma – nem de salas, nem de cafés”, pois: “entregar-me
a conversas inúteis, furtar tempo se não aos meus raciocínios e aos meus
projetos, pelo menos aos meus sonhos, que sempre serão mais belos que a
conversa alheia”;
“Nunca
tive uma ideia nobre de minha presença física. Pareço um jesuíta *fruste . Sou
um surdo mudo berrando, em voz alta, os meus gestos”.
*gasto
Alguns
poemas de Fernando Pessoa:
A
Criança
A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em um ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer
Heterônimo Alberto
Caeiro
Anjos ou Deuses
Anjos ou deuses, sempre
nós tivemos,
A visão perturbada de
que acima
De nós e compelindo-nos
Agem outras presenças.
Como acima dos gados que
há nos campos
O nosso esforço, que
eles não compreendem,
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,
Nossa vontade e o nosso
pensamento
São as mãos pelas quais
outros nos guiam
Para onde eles querem E
nós não desejamos
Heterônimo Ricardo Reis
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser
nada.
À parte isso, tenho em
mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos
milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é,
o que saberiam?),
Dais para o mistério de
uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível
a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente
real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das
coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por
umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir
a carroça de tudo pela estrada de nada. (...).
Heterônimo Álvaro de Campos.
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Márcio José Matos Rodrigues
Imagem: Google
Maravilhoso artigo, Márcio. Parabéns!!!
ResponderExcluirBoa noite Rô Almeida !
ExcluirObrigado pelo incentivo !
Abs,
Márcio