Em dois
de dezembro de 1825, nasceu o segundo e último
imperador do Brasil, Pedro II. Seu nome completo era Pedro de Alcântara João Carlos
Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel
Rafael Gonzaga de Bragança e Bourbon. Nasceu no Paço de São Cristóvão, na cidade do Rio
de Janeiro, batizado em homenagem a São Pedro de Alcântara, sendo membro
brasileiro da Casa de Bragança, filho mais novo de Dom Pedro I. Foi deposto em
1889. Seus pais eram o imperador Pedro I do Brasil e Dona Maria Leopoldina de
Áustria.
Com a abdicação do pai em 1831, Pedro de Alcântara
, ele se tornou imperador com cinco anos, mas não podia assumir o trono porque
era uma criança e então o governo brasileiro ficou a cargo de regências (duas
trinas, sendo uma chamada de provisória, outra de permanente, e duas unas, ou
seja, com um só regente) até 1840.
Na maior parte de sua infância e adolescência ficou
estudando em preparação para reinar. A sua mãe, Imperatriz Leopoldina, morreu a
11 de dezembro de 1826, poucos dias após dar à luz um menino natimorto, quando
Pedro tinha um ano de idade seu pai casou-se então com Amélia de Leuchtenberg,
com a qual o príncipe teve um relacionamento afetuoso e manteve com ela contato
até a morte em 1873.
Foram selecionadas por Pedro I três pessoas para
cuidarem de seu filho e filhas. Primeiramente José Bonifácio de Andrada, nomeado
tutor. A segunda pessoa foi Mariana Carlota Magalhães, que tinha o cargo de
aia, que Pedro II considerava sua mãe de criação. A terceira pessoa foi Rafael,
um veterano da Guerra da Cisplatina, um empregado do paço em quem Pedro I
possuía profunda confiança.
Em dezembro de 1833, José Bonifácio foi destituído
de sua posição e substituído por outro tutor. Houve a preocupação na educação
de Pedro II de que ele formasse uma personalidade diferente daquela de seu pai,
dominada pela impulsividade. Tinha paixão pela leitura e também grande
capacidade para acumular conhecimento facilmente. Teve infância solitária e
infeliz pela perda cedo demais de seus pais, tinha poucos amigos de sua idade e
com pouco contato com suas irmãs. Assim, nos livros procurava nos livros
refúgio e fuga do mundo real.
A formação de seu caráter teve influências de
intrigas palacianas e disputas políticas. No seu início de seu governo o Brasil
estava passando momentos muito difíceis, com ameaças de se desintegrar.
Pedro II consolidou a unificação do Brasil. Houve também três conflitos
internacionais importantes que foram vencidos pelo Brasil: a Guerra do Prata, a
Guerra do Uruguai e a Guerra do Paraguai, além de outras questões
internacionais que foram resolvidas como a crise de relações com a Inglaterra.
Pessoas influentes da política brasileira
aceitaram Pedro II como uma figura de autoridade cuja presença era
indispensável a sobrevivência do país. Muitos do povo brasileiro apoiavam a
diminuição da maioridade e consideravam-no "o símbolo vivo da união da
pátria".
Pedro II se considerava um árbitro, deixando
conceitos pessoais de lado para não interferirem no seu dever de resolver
disputas políticas partidárias. Ele realizava inspeções diárias pessoais e
visitas a repartições públicas. Seu jeito sério, fechado, era reflexo de uma
prevenção quanto a relações próximas que tinha origem em antigas experiências
de abandono, intriga e traição que teve na sua infância.
Um grupo de integrantes de frequentadores
palacianos de alto nível e notáveis líderes políticos no início do segundo
império procuravam influenciar o imperador, grupo conhecido como "Facção
Áulica. Eles tentavam manipular o imperador para eliminar os considerados
inimigos. O imperador era mantido ocupado com negócios, estudos, eventos e
aparições pessoais e ficava então isolado e com dificuldades de perceber a
extensão do quanto estava sendo manipulado.
Os áulicos pensaram em um casamento para mudar o
lado taciturno do imperador. A pretendente escolhida foi Teresa Cristina,
princesa do Reino das Duas Sicílias. Foram casados por procuração em Nápoles,
segundo estudiosos, em 30 de maio de
1843, mas há outros registros de ter ocorrido em 20 de maio de 1842. Ao ver a
princesa, Pedro ficou decepcionado com a aparência dela.
Sua vida amorosa teve versões e especulações. Teve
quatro filhos com a imperatriz. Afonso, Leopoldina, Isabel e Pedro. Os filhos
homens faleceram ainda meninos. Sua proximidade com a condessa Barral foi muito
comentada.
Em 1846, aproximadamente, Pedro II já estava bem mais maduro e não era
mais o jovem inseguro de antes, quando se deixava levar por boatos, sugestões
de complôs secretos e outras ações manipuladoras. Já adulto era um homem com
1,90 m de altura, olhos azuis e cabelos loiros.
Tornou-se disciplinado, controlava suas emoções, não era rude, era
discreto com as palavras e cauteloso quando agia.
Pedro II tinha amplos conhecimentos. Tinha
interesses em antropologia, geografia, filosofia, pintura, geologia, medicina,
escultura, teatro, música, química, poesia e tecnologia. Estudou nove línguas e
era capaz de falar e escrever em português, latim, francês, alemão, inglês,
italiano, espanhol, grego, árabe, hebraico, sânscrito, chinês, provençal e
tupi. Foi o primeiro brasileiro a se tornar fotógrafo em 1840. Por ele foi
criado um laboratório fotográfico em São Cristóvão. Também foi construído um
observatório astronômico no paço. O filósofo Nietzsche se surpreendeu com a
erudição do imperador quando se conheceram. Era respeitado por Victor Hugo.
Tornou-se membro da Royal Society da Inglaterra e da Academia de Ciências da
Rússia e da Academia de Ciências da França. Teve amigos como Alexandre
Herculano, Richard Wagner, Louis Pasteur, Camilo Castelo Branco e outros.
Em 15 de novembro de 1889, houve um golpe
republicano que depôs o imperador. Seu governo estava enfraquecido por algumas
questões como a Militar e a Escravocrata, com a oposição de militares
republicanos e positivistas, assim como a perda de apoio de fazendeiros que
tinham se ressentido com a abolição da escravatura. Mas economicamente o Brasil
não se mostrava em grandes dificuldades, sendo respeitado por várias nações. O
próprio imperador já demonstrava um desinteresse e uma falta de entusiasmo em
defender a instituição da Monarquia, o que lhe foi fatal.
Morreu em 5 de dezembro de 1891, exilado em Paris,
de pneumonia.
Seus restos mortais foram transladados para Lisboa,
e colocados no convento de São Vicente de Fora, junto ao da esposa. Os despojos
do imperador foram trazidos para o Brasil em 1921 e depositados na Catedral do
Rio de Janeiro. Em 1925 foram transferidos para Petrópolis.
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
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