No mês
de maio comemora-se o Maio Amarelo. O objetivo é alertar sobre o número de
mortos e feridos no trânsito no mundo, procurando incentivar todos os segmentos
da sociedade na busca da humanização do trânsito.
A cor
escolhida foi o amarelo porque simboliza a sinalização e a advertência no
trânsito. E o mês de maio foi escolhido porque em 11 de maio de 2011 foi
decretado pela ONU a Década de Ação para Segurança no Trânsito. Vários países
adotam esta campanha anualmente, inclusive o Brasil. Este ano o tema é :
"No trânsito o sentido é a vida".
Infelizmente,
no Brasil ainda há muitos acidentes e também muitos mortos e feridos devido a
estes acidentes. É preciso cada vez mais reduzir os números de acidentes e para
isto é preciso que a população tome consciência dos riscos e sobre a
necessidade de prevenção. O fator humano é grandemente responsável pela
ocorrência de acidentes (outros fatores dizem respeito ao veículo, à situação
das vias etc). Comportamentos perigosos tem que ser evitados. É necessário que
as pessoas sejam mais cuidadosas, menos egoístas, menos individualistas e vejam
mais o trânsito de uma forma coletiva. Quantas pessoas ficam incapacitadas
devido a acidentes de trânsito? Quantos morrem? E quais os impactos sobre as
famílias das vítimas?
Os
mortos, feridos e mais os danos materiais representam uma custo muito alto em
bilhões de reais para o país. Quantos estão nos hospitais que ficam cheios com
tais vítimas (o que sobrecarrega mais o sistema de saúde)? Quantos ao morrerem
deixaram de contribuir com sua vitalidade, sua capacidade, seus conhecimentos?
E o sofrimento dos sequelados?
Segundo
o site agência Brasil em 2018, observou-se uma redução das mortes por acidente
de trânsito em seis anos, de 2010 a 2016. Mas ainda conforme o site, o
país está longe da meta estabelecida
pela Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelece um como meta a redução
de 50% no número de vítimas em dez anos, a partir de 2011. Considerando-se
todas as cidades do Brasil, 37.345 mortes no trânsito foram registradas em 2016
(dados disponíveis no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério
da Saúde). Em 2014 foram 43.870 óbitos.
Como
meta o Brasil tem de ficar com número menor que 19 mil vítimas fatais por ano
em 2020. Complementando, o site afirma que: "Além das mortes, 600 mil
pessoas ficam com sequelas permanentes todos os anos em decorrência de
acidentes de trânsito" e ainda: "Relatório da Organização Mundial de
Saúde (OMS) mostra que o Brasil aparece em quinto lugar entre os países
recordistas em mortes no trânsito, atrás somente da Índia, China, Estados
Unidos e Rússia". Outro destaque apontado pelo site é que no Brasil, em relação aos leitos
hospitalares do SUS, mais de 60% deles são ocupados por vítimas de acidentes de
trânsito e que tais acidentes resultam em custos por ano de cerca de 52 bilhões
de reais.
Assim,
para ajudar a refletir, vou buscar a filosofia, mais especificamente o filósofo Kant
quando fala do Imperativo Categórico para ajudar numa reflexão sobre o
trânsito. O que é o Imperativo Categórico? Como ele pode contribuir para esta
reflexão?
Bem vamos lá! O Imperativo Categórico é,
segundo a visão de Kant, é "o dever de toda pessoa agir conforme princípios
os quais considera que seriam benéficos caso fossem seguidos por todos os seres
humanos". Se é desejado que um princípio seja uma lei da natureza humana,
deve-se colocá-lo à prova, realizando-o para consigo mesmo antes de impor tal
princípio aos outros. Em suas obras, Kant afirma que é necessário tomar
decisões como um ato moral, ou seja, sem agredir ou afetar outras pessoas.
Para Kant a Humanidade progride e o progresso
humano só pode ser um aperfeiçoamento moral. O progresso se apresenta como
passagem do estado de tutela à maioridade: o aprendizado da razão. Sendo assim,
o imperativo categórico é uma
lei baseada na razão, porque Kant
acreditava que a moral só poderia ser guiada pela razão e não por inclinações
como a felicidade, o amor-próprio e outras. O imperativo categórico é para ele uma lei moral e a sociedade
humana precisa da moral pra viver civilizadamente.
Segundo tal conceito, o valor moral de uma ação deriva-se de sua
máxima e não por suas consequências. Ou seja, para determinar a moralidade de
uma ação devemos considerar os motivos do agente e não as consequências da ação
promovida por ele. Exemplificando, no trânsito não se deve ir acima do limite
de velocidade porque pode ser multado e sim porque é imoral correr tanto, pois tem
que se estar pensando numa lei
universal, um princípio. Pois, além de ser fundamental o não prejuízo de outra
pessoa, é importante que a conduta de quem exerce a ação tenha uma preocupação
moral intrínseca, que seja independente de punição ou qualquer outro tipo de
prejuízo. Não dirigir em alta velocidade deve ser um dever, sendo responsável
com sua vida e a do próximo. É uma consciência moral.
Independentemente de punição, a motivação para ação
tem que ser a preocupação moral e não o receio de uma eventual multa.
Está faltando mais responsabilidade individual e
social, assim como consciência de coletividade por parte de muitas pessoas.
Isto diz respeito não só ao trânsito, mas em outros aspectos da nossa
sociedade. Que esta campanha do Maio Amarelo de 2019 possa sensibilizar a
população e que haja cada vez mais esforços dos órgãos responsáveis para termos
um trânsito mais seguro em busca de se alcançar a meta de menos acidentes, não
só para 2020, como também permanentemente, tirando o país desta colocação de
ser um dos que mais tem ocorrências em acidentes fatais.
Deixo aqui esta frase de Kant:
"É no problema da educação que assenta o
grande segredo do aperfeiçoamento da Humanidade".
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Márcio José Matos Rodrigues-Psicólogo e Professor
de História.
Figura:
https://www.google.com/search?q=figura+de+trânsito&tbm
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