domingo, 19 de maio de 2019

O imperador bizantino Justiniano













Justiniano, imperador do Império Bizantino, que foi também chamado de Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla, nasceu em 11 de maio de 482 (algumas fontes dizem que foi em 483), em Taurésio e reinou de 5 de agosto de 527 a 14 de novembro de 565  e fez parte da dinastia Justiniana. Seu nome completo era Flávio Pedro Sabácio Justiniano Augusto. Foi chamado de  Justiniano, o Grande. É  muito conhecido na História pelo código de leis criado em seu reinado e pelas conquistas militares de seu governo, quando recuperou parte significativa do território do Império Romano do Ocidente.

Nasceu em uma família de origem humilde. Mas foi adotado pelo seu tio que teve promoções no exército e veio a ser imperador, com o nome de Justino I, que nomeou Justiniano cônsul. Ele teve uma boa educação, exerceu influência sobre seu tio e após a morte desse, já tendo recebido o título de Augusto em 525, foi coroado junto com sua esposa Teodora em 527. Sobre ela, filha de um tratador de ursos do hipódromos, era dançarina e atriz, assim como havia relatos de que tinha sido prostituta e como imperatriz influenciou significativamente na política do Império, como a expansão dos direitos das mulheres no divórcio, a pena de morte no caso de estupros e a proibição do abandono de crianças indesejadas. 
Justiniano teve apoio de generais competentes como Belisário e Narses, do grande jurista Triboriano e de João da Capadócia, seu prefeito pretoriano (uma espécie de primeiro-ministro). Tinha a ambição de recuperar a glória do antigo império romano.

Nos primeiros anos de seu governo, Justiniano enfrentou a revolta de Nika. Nessa revolta havia o descontentamento com o rigor dos impostos, o autoritarismo do imperador e as dificuldades financeiras de parcelas da população. Os rebeldes chegaram a tomar grande parte da cidade. O imperador estava já desanimando quando a imperatriz o motivou a combater os revoltosos que foram massacrados e a cidade de Constantinopla foi consideravelmente danificada.
 
Na administração, enfraqueceu o poder dos grandes proprietários rurais, criou novas leis mais eficazes e que eram fiscalizadas rigorosamente por funcionários. O sistema de leis Corpus Juris Civilis, reforçava o poder do imperador e dizia que escravos e camponeses tinham de ser submissos aos seus senhores. O imperador exercia forte controle sobre a sociedade e a religião e utilizava vasto corpo de funcionários públicos (que deviam irrestrita obediência ao imperador) para auxiliar no controle dos habitantes do império. Apesar de tal dominação, os diferentes povos que constituíam a população conseguiram manter tradições culturais. Para defender o território do império, mandou construir muitas fortificações. Ordenou a construção também de estradas, pontes e edifícios públicos. 
 
Na sua política exterior, Justiniano procurou reconquistar territórios que tinham sido parte do Império Romano do Ocidente. Fez antes dessas campanhas militares, um acordo com o Império Persa para evitar guerras com este império para não ter que lutar em duas frentes. Enviou então tropas contra os vândalos no ano de 533 e o exército bizantino conquistou o norte da África, a ilha da Sicília e as ilhas Baleares. Depois, as forças bizantinas foram para a Itália e depois de uma guerra de cerca de 20 anos os ostrogodos foram derrotados e a península italiana conquistada. Terminando as campanhas no ocidente, parte da Espanha foi conquistada em 554.  As campanhas ocidentais pararam porque Justiniano achou necessário se fortalecer no oriente contra os persas.

O aumento do território do império acarretou certas dificuldades, pois era preciso manter as conquistas e muitas terras e cidades da Itália tinham sido devastadas e para piorar era necessário  enfrentar o perigo persa e povos que procuravam invadir o império como os hunos e eslavos. Tudo isso trouxe mais despesas que eram pagas com a criação de um novo e alto tributo, como também vendeu cargos e alterou a moeda.

Em relação à religião, Justiniano perseguiu judeus, pagãos e os considerados heréticos, procurou exercer forte controle sobre a Igreja Ortodoxa, construiu as grandiosas catedrais dos Santos Apóstolos e de Santa Sofia e fechou a Academia de Platão, considerada por ele como símbolo pagão.
 
A criação do Corpus Juris Civilis foi uma grande obra que o governo de Justiniano deixou para a civilização ocidental. Este corpo de leis ajudou a manter a ordem e a unidade no império, possuindo leis que tratavam, por exemplo, da criação dos filhos, a questão da família, a propriedade, a questão criminal e organização política e do Estado. Era baseado no direito romano. Tal obra contribuiu para a formação de leis de países atuais. As leis romanas foram reorganizadas por um corpo de dez juristas chefiado por Triboriano e a obra era dividida em "Código de Justiniano", o conjunto de todas as constituições imperiais desde o imperador Adriano; o "Digesto", com comentários de grandes juristas romanos; o "Institutas", um manual para estudantes de Direito; e "Autênticas", contendo as Constituições feitas depois de 534.

As dificuldades do império no governo aumentavam à medida que tinha de aumentar impostos para a defesa frente a ameaças externas, o que sobrecarregava o povo e aumentava as diferenças sociais entre classes, causando mais descontentamentos. Um fato que tornou mais difícil a situação das finanças do tesouro real foi que em 543 houve um surte de peste e como muita gente morreu em Constantinopla, menos pessoas sobraram para pagar impostos e o imperador decretou que os parentes vivos deveriam pagar os impostos dos mortos para compensar o menor número de pagantes.

O que agravava a questão da defesa exterior do império era o fato de muitos destacamentos do exército serem formados de mercenários e de guerreiros de povos considerados "bárbaros", que tinham de ser pagos e possuíam vários interesses, além de poderem causar problemas quanto à disciplina.

Em 565, morre Justiniano em Constantinopla. Sua sepultura era ao lado de sua esposa Teodora, morta anos antes, na Igreja dos Santos Apóstolos. Foi chamado pelos seus súditos de " o imperador que nunca dorme". Tinha sido um governante muito centralizador e autocrata. Promoveu diversas conquistas militares, mas teve sérias dificuldades em manter o amplo território que passou a controlar com as conquistas e muitas vezes a população teve de arcar com o aumento das despesas que foram em grande parte devido à manutenção de um sistema defensivo de um vasto território. Sua mais significativa contribuição para a Humanidade foi, certamente, o código de leis que mandou elaborar.


A seguir algumas normas do Código Justiniano:


"Ninguém é forçado a defender uma causa contra a própria vontade."

"Ninguém sofrerá penalidade pelo que pensa."

"Ninguém pode ser retirado à força de sua própria casa."

"Nada que não se permita ao acusado deve ser permitido ao acusador."

"O encargo da prova fica com aquele que afirma e não com o que nega."

"A gravidade de uma ofensa passada não aumenta a do fato exposto."

"Na aplicação de penalidades, devem ser levadas em conta a idade e a inexperiência da parte culpada."
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História


Figura: https://www.google.com/search?q=imagem+de+justiniano
 




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