sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Nuvens de gafanhotos ameaçam agricultura na África


































Neste ano de 2020 em seus dois primeiros meses temos presenciado fatos terríveis tanto no Brasil como em outras partes do mundo. No Brasil, chuvas torrenciais somadas a outros fatores como a destruição de florestas e o tipo do processo de urbanização e a erosão em áreas de serras tem provocado tragédias em cidades de Minas Gerais e Espírito Santo. Oriunda da China, uma nova e grave epidemia surgiu, causando temor em populações do planeta. E também por estes tempos, um acontecimento que tem provocado preocupação é o aumento significativo de nuvens  de gafanhotos , insetos que estão devorando plantações  na África, afetando drasticamente a vida de povos do Quênia,  da Somália da  Etiópia e que possivelmente irá se espalhar por outros países da região. 


As chamadas nuvens de gafanhotos constituem-se em praga que aflige os seres humanos há muitos séculos. É conhecido o relato bíblico de que uma das pragas que atingiram o Egito antigo na época de Moisés era um grande ataque de gafanhotos. 


As enormes invasões de gafanhotos tem dado uma alta contribuição para o enfraquecimento econômico de nações e o aumento da fome em países já afetados por crises alimentares. Em países africanos abalados por problemas internos relacionados a conflitos e questões sociais sérias, as nuvens de gafanhotos aparecem para causar mais sofrimento, em especial em países que tem economias ligadas diretamente à agropecuária. 


Há indícios de que a atual praga de gafanhotos tenha vindo do Iêmem. Recordando outra invasão de gafanhotos, no período de 1994 a 1996, enxames vindos do Níger causaram devastação em todo o norte da África, tendo chegado até a Arábia Saudita.


O gafanhoto é um inseto voraz. Gafanhotos reunidos em enxames que podem ter mais de 50 milhões de indivíduos, tem capacidade para devorar até 200 mil toneladas de vegetais por dia. O que provoca principalmente a sua proliferação de grande impacto são os fatores climáticos. Como 2019 foi um ano muito quente e úmido no Quênia, isso deu condições propícias para invasões de milhões de gafanhotos que são vistas atualmente. Segundo relatos de habitantes locais, há tantos gafanhotos que o céu chega a ficar escuro. 


Há uma estimativa de que os gafanhotos podem voar até 150 quilômetros por dia, o que possibilita sua rápida expansão por um amplo território, o que aumenta o risco de que muitos países na África possam ser atingidos. O nível de combate até agora tem sido inferior à capacidade de se reproduzir e de se espalhar dos insetos. As condições climáticas tem proporcionado condições favoráveis aos enxames. Tem se utilizado aviões para jogar inseticida sobre os campos infestados, mas esta ação pode causar efeitos negativos para o meio ambiente e para seres humanos. 


Segundo estudos científicos, esta invasão de gafanhotos está muito ligada à mudança nos padrões ciclônicos no mar da Arábia. Esta praga tem afligido populações da África e do oeste e sul da Ásia desde o ano passado. 


Em 2 de fevereiro o Paquistão declarou emergência, pois enxames de gafanhotos atingiram em cheio as plantações, colocando em risco a segurança alimentar. Contando os meses de 2019 da infestação, até dezembro o país tinha perdido cerca de 40% de suas colheitas. O governo noticiou que mandou despejar pesticidas em aproximadamente 121 mil hectares, incluindo pulverização aérea. 


Grandes nuvens de gafanhotos podem ter milhões de insetos e se estender por vários quilômetros. O que causa estas nuvens é a ocorrência de um aumento imenso de gafanhotos em uma região e como não há alimentos para todos eles, há o deslocamento para procurar comida. As mudanças climáticas tem grande influência no aumento de populações de gafanhotos. As nuvens de ataque são formadas por algumas entre as 400 espécies. Aproximadamente dez espécies são as que causam realmente grandes prejuízos às plantações. Os continentes mais atingidos são a África e a Ásia.


Na África, os enxames poderão atingir o Sudão do Sul e Uganda, como também há possibilidade de haver formação de novos enxames na Eritreia, Arábia Saudita, Sudão e Iêmen, um país que está já atormentado por uma guerra civil. Já há um alerta da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), que faz parte da ONU, para uma ameaça “sem precedentes”. A FAO anunciou que as nuvens são “sem precedentes em tamanho e potencial destrutivo”..Muitos pequenos produtores estão sendo afetados e há o risco de um grande crescimento da fome em regiões empobrecidas.  A FAO também diz que um enxame reduzido de gafanhotos pode ser capaz em único um dia de consumir plantações que poderiam alimentar 35 mil pessoas.

Há um temor entre as populações atingidas pela praga de que a reprodução de gafanhotos aumente ainda mais na temporada de chuvas que começará em março de 2020. Para piorar, as ações de pulverizações de inseticidas que a ONU pretende executar para combater os enxames podem ser dificultadas pela existência de grupos armados (milícias e terroristas).

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História






Figuras:

https://www.google.com/search?q=imagem+de+nuvens+de+gafanhotos&client=firefox -Gizmodo Brasil-UOL
https://www.google.com/search?q=imagem+de+nuvens+de+gafanhotos&client=firefox-b  -BBC.com
 


Um comentário:

  1. Não nos preparamos para essa realidade, vejo que se não fizermos algo logo, sofreremos consequências cada vez piores!!

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