sábado, 21 de março de 2020

Erich Fromm, psicanalista, filósofo e sociólogo





















Erich Fromm nasceu em 23 de março de 1900, em Frankfurt am Main, na Alemanha e faleceu em Muralto, Suiça, em 18 de março de 1980). Além de psicanalista ele foi filósofo e sociólogo. Nos anos 20 adotou um tipo de socialismo democrático e humanista.

 Entre suas obras, as mais vendidas foram a A Arte de Amar (1956) e Ter ou Ser (1970).

Ele nasceu em uma família judia, na qual surgiram rabinos.Estudou Direito em Frankfurt, mas posteriormente foi estudar Sociologia em Heidelberg, onde se doutorou em 1922. Casou-se com a psicanalista Frieda Reichmann em 1926 e no fim da década de 20 iniciou seus estudos no Instituto de Psicanálise de Berlim com o jurista Hanns Sachs, aluno de Freud. Atuou a partir de 1929, como analista leigo.


Foi diretor do Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, também chamado de Escola de Frankfurt. Ingressou no grupo de psicanalistas marxistas, no qual participavam psicanalistas como Wilhelm Reich e Otto Fenichel. Em 1931 divorciou-se de Frieda.
  
Quando o nazismo tomou o poder na Alemanha, Fromm foi para Genebra, na Suiça e depois em 1934 para os Estados Unidos para trabalhar na Columbia University de Nova Iorque.
  
Desligou-se do do Instituto de Pesquisas Sociais, em 1939. Em 1944 ele e a imigrante alemã e judia, HennyGurland, casaram-se. Fromm mudou-se para a cidade do México em 1950 e passou a lecionar na Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM). Sua esposa Henny morreu em 1952 e ele se casou com a norte-americana Annis Freeman.


Filiou-se em 1957 ao movimento pacifista dos Estados Unidos, defendendo um socialismo humanista e democrático. Mudou-se em 1974 para Muralto na Suiça.


Fromm, a favor de um humanismo normativo, dizia que o ser humano não tem apenas necessidades básicas físicas, como também necessidades básicas psíquicas. E, assim, para que exista a saúde psíquica do ser humano deve haver critérios que podem ser promovidos ou oprimidos por um sistema social. Desta forma, o estado de saúde de uma sociedade pode ser examinado. Para ele, apesar de o ser humano poder viver em diversas condições, se estas forem contrárias a sua natureza humana, ele vai reagir a elas, no sentido de mudar as relações existentes ou abandonando suas faculdades humanas que são condicionadas à razão, podendo se tornar um ser apático. Fazendo uma crítica ao nazismo, disse que a sociedade não tem que funcionar só pelo medo dos meios físicos que o poder pode exercer.


Fromm desenvolveu a teoria do caráter autoritário, afirmando que "O poder externo da sociedade confronta-se com a criança crescida numa família através dos pais e (...) especialmente através do pai. O pai é, em relação ao filho o primeiro veiculador da autoridade social...". Para Fromm o superego vem do poder externo da sociedade e que as autoridades sociais possuem do mesmo modo sempre qualidades de superego.


Dizia Fromm que em uma sociedade a maioria dos indivíduos sofre de certas imperfeições que são vistas como normalidade e que são colocadas pelo indivíduo como seus objetivos para não ser colocado de lado: ”Aquilo que o indivíduo perde de riqueza interior e de sentimento real de felicidade é compensado pela segurança dada pelo sentimento de pertinência ao restante da Humanidade tal como percebida por ele.”


Para Fromm, em relação à Influência Familiar, o caráter social reflete-se nos pais e é assim repassado aos filhos. A família torna-se a mais importante instituição para a continuidade da existência da sociedade. Só que havendo uma questão problemática dos pais em relação ao ambiente externo, esta questão é desta maneira passada para os filhos. A cristalização da individualidade se dá pelas interações com as pessoas do círculo de relações.


Fromm em sua teoria afirma que o ser humano desenvolveu a capacidade de transcender seu ambiente por causa da razão e se colocou sobre a natureza, podendo até certo ponto recriá-la e dominá-la. Porém se isto é positivo,também isto se torna ruim porque no Homem "a vida tomou consciência de si" e passa não só a saber da aleatoriedade de sua existência como também da suas limitações de sua vida, havendo uma perda da harmonia entre o Homem e a natureza. Com esta consciência o Homem sente um grande sentimento de desamparo e fraqueza. Há a ânsia devido à harmonia perdida com a natureza, que dominava sua existência animal e por outro lado o Homem tenta alcançar uma existência humana que tenha correspondência com suas capacidades condicionadas à razão, lhe prometendo resolver o problema de sua existência. Assim o Homem é levado a buscar continuamente a harmonia: : "Todas as paixões e buscas humanas são tentativas de encontrar uma resposta à sua existência ou, igualmente, poderia-se dizer que são tentativas de escapar ao adoecimento da alma.”


Fromm destacou que o indivíduo humano tem que unir-se a outros seres como meio fundamental para poder regular a aleatoriedade e solidão de sua existência. É preciso desenvolver um sentimento de ligação em relação a si e a outros. Isto é não só uma necessidade básica humana, como também é necessário para a saúde mental. Neste sentido, a mais alta realização é oferecida pelo amor. Pois por meio do amor "é possível unificar-se com o mundo e, concomitantemente, adquirir um sentimento de integridade e individualidade". O amor assim se contrapõe ao narcisismo. Também o amor como união com o mundo pode ser exercido pela possibilidade de fazer parte de um grupo, superando o sentimento de estar isolado. Fromm enfatiza que sentimentos antagônicos como amor e ódio não são grandezas que existem separadamente, mas como respostas a uma mesma pergunta, sendo que o amor leva à felicidade e o ódio não. O Homem sendo criativo está no caminho que pode levar à felicidade, mas a destruição carrega em si o sofrimento, principalmente para o próprio destruidor. Em relação à ligação materna, enquanto Freud a via em um sentido sexual, Fromm a coloca como emocional e diz que a permanência do ser humano no campo protetor materno impossibilita um desenvolvimento cultural do indivíduo.


Fromm faz uma crítica social dizendo que na sociedade atual o poder é despersonalizado e acaba sendo compreensível como mercado anônimo, valendo as leis da oferta e da procura. Esta anonimidade que existe mecanicamente faz surgir a atitude esperada de fazer aquilo que os outros fazem, havendo perda de individualidade e identidade levando a um alto grau de conformidade. Há a busca pelo lucro máximo. Pessoas produzem e consomem, sem questionamentos. Há a busca pela máxima adaptação e de reconhecimento pelos outros em vez de procurar o desenvolvimento da consciência individual. A sociedade moderna passa a não satisfazer às profundas necessidades do ser humano, causando um sentimento de grande monotonia e desorientação. Há uma robotização.  Os seres humanos passam a ser vistos na sociedade mais como partículas impessoais quando deveriam ser mais vistos como personalidades individuais. Uma pessoa é assim avaliada por seu "valor de mercado" e pode ser trocada de forma arbitrária se for considerada uma peça defeituosa.

Fromm dizia que a Psicologia e a Sociologia tem grande importância para se poder analisar os problemas da sociedade e entre esses problemas, o que mais se destaca é a elucidação sobre o desenvolvimento social da Humanidade (em especial o desenvolvimento econômico e técnico) como também o desenvolvimento da psicologia do ser humano, em particular em relação à estrutura do Eu do ser humano.

Segundo Fromm, a saúde mental se caracteriza pela capacidade de criar e amar, pela identidade, baseada na experiência do indivíduo consigo mesmo, enquanto sujeito e pela capacidade da razão, que possibilita captar a realidade dentro e fora de si. Ele fez análises da sociedade com base em que diziam pensadores como Buda, Freud, Marx e Jesus Cristo, criticando a forma da sociedade atual de valorizar o ter.  Mas o ser humano deveria objetivar muito mais o ser. As condições necessárias ao modo do ser são a independência, a liberdade e a razão crítica.


Obras de Erich Fromm traduzidas para português


Medo à Liberdade
Ter ou Ser?
A Arte de Amar
Análise do Homem
A Revolução da Esperança
Conceito Marxista do Homem
Dogma de Cristo
O Coração do Homem
Meu Encontro com Marx e Freud
Psicanálise da Sociedade Contemporânea
A Missão de Freud
O Espírito de Liberdade
A Linguagem Esquecida
Do Amor à Vida
A crise da Psicanálise
Anatomia da Destrutividade Humana
A Sobrevivência da Humanidade

Pensamentos de Fromm: 


“O desejo de destruir é resultado da vida não vivida”.


“Somos uma sociedade de pessoas com notória infelicidade: solidão, ansiedade, depressão, destruição, dependência; pessoas que ficam felizes quando matam o tempo que foi tão difícil conquistar."


"A principal missão do Homem, na vida, é dar luz a si mesmo e tornar-se aquilo que ele é potencialmente."

"O perigo do passado era que os homens se tornassem escravos. O perigo do futuro é que os homens se tornem autômatos.“

"O amor é a única resposta sã e satisfatória para o problema da existência humana."

"Ter esperanças é uma condição essencial de ser humano."

"A maior parte das pessoas vê no problema do amor, em primeiro lugar, o problema de ser amado, e não o problema da própria capacidade de amar."

"A criatividade exige a coragem de deixar as certezas de lado."

"O amor imaturo diz: eu te amo porque preciso de ti. O amor maturo diz: eu preciso de ti porque te amo".

 "Saber significa ver a realidade em sua nudez."

"O passo mais importante para chegar a concentrar-se é aprender a estar sozinho consigo mesmo."

"O homem moderno vive sob a ilusão de que sabe o que quer, quando na verdade ele deseja aquilo que se espera que ele queira."

"O amor de mãe é paz. Ele não precisa ser adquirido, não precisa ser merecido."

"A ânsia pelo poder não se origina da força, e sim da fraqueza."

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 Márcio José Matos Rodrigues-Psicólogo e Professor de História


Figura: https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagem+de+Erich+Fromm



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