A peste negra
, foi uma pandemia que causou milhões de
mortes (entre 25 e 50 milhões) na
Europa, principalmente no século XIV. Também partes da Ásia e África foram
afetadas. Possivelmente a doença foi
trazida da Ásia Central e teria sido trazida por navegadores da cidade de
Gênova, na Itália. Há cálculos de que cerca de um terço da população europeia
morreu na época. Alguns autores de obras sobre a questão afirmam que as mortes
podem ter sido de quase a metade da população. E em alguns lugares da Europa
estima-se que cerca de 70% da população morreu.
A doença é causada pela bactéria Yersinia
pestis, que é encontrada em
pulgas. Quando as pulgas contaminadas tem contato com os seres humanos há a
transmissão. Quando o ser humano já está doente a peste pode ser passada para
outros humanos por secreções ou pelas vias respiratórias.
As primeiras regiões atingidas teriam sido a
Mongólia, partes da China, Síria, Mesopotâmia e Egito no início do século XIV.
Mais de 20 milhões de pessoas morreram. Os genoveses tinham uma colônia na
Crimeia (região hoje em dia disputada por Ucrânia e Rússia). Essa colônia
estava cercada por forças tártaras a partir de 1343. Em 1346 tais forças foram atingidas
pela epidemia e os seus líderes então começaram a jogar cadáveres contaminados
por cima do muro da cidade genovesa e a peste se espalhou por lá. Os genoveses
sobreviventes fugiram, mas muitos já estavam com a doença e levaram a doença
para Constantinopla, Sicília, Marselha, Gênova e outros locais, daí se
espalhando pela Europa.
Como não se sabia a origem da doença, começou-se a
especular sobre quais seriam as causas. Alguns pensavam que eram um castigo de
Deus. Judeus chegaram a ser acusados de disseminar a doença. Os europeus
começaram a perceber que a peste era muito contagiosa. A pessoa doente
podia morrer em poucos dias ou mesmo em
menos de um dia. Cidades e localidades no campo foram atingidos e as mortes
ocorriam mais em grandes centros urbanos. Lugares da Europa perseguiram os
doentes, isolando-os e deixando-os abandonados para morrer ou em outras
situações, havia a execução de pessoas doentes. Houve quem procurasse o
isolamento para evitar contato com pessoas doentes. Os cidadãos mais ricos que
podiam, saíam das cidades para propriedades no campo.
Os médicos da época passaram a perceber que muitas pessoas ficavam doentes ao ter contato com doentes e corpos de quem tinha morrido
por causa da doença. Assim os doentes eram colocados em isolamento. Médicos e
padres eram os que ainda tinham algum contato com os afetados pela peste.
Passou-se a não realizar muitas vezes os funerais dos que tinham morrido pela
doença e médicos começaram a usar roupas que os protegessem das secreções. Os
padres que acompanhavam os doentes geralmente se contaminavam e podiam levar a
doença para dentro de congregações, como os mosteiros.
Com a morte também de coveiros, passou-se a
enterrar muita gente que tinha morrido em grandes valas comuns. Ou então, com
medo de que os corpos a serem enterrados passassem a doença, havia a queima de
cadáveres e de suas roupas.
Em Florença, na Itália, proibiu-se a entrada de
pessoas doentes e houve obras para dar mais condições de higiene à cidade.
Os sintomas da peste
negra são a febre alta, dor de cabeça, vômitos, enjoos, convulsões. Esses sintomas apareciam de 3 a 7 dias após o
contágio.
Após os sintomas iniciais a peste pode ser:
1-Bubônica, quando afeta o sistema
linfático, causando inchaço nas glândulas linfáticas.Há então o aparecimento
inicial de tumores pelo corpo, em especial nas virilhas e axilas. Aos tumores
os populares deram o nome de bubões. Os tumores se espalham por outras áreas do
corpo. Devido aos bubões o outro nome da doença é Peste Bubônica. É o tipo mais comum.
2-Septicêmica:
Atinge a corrente sanguínea. Há então hemorragias e falência de órgãos,
aparecendo manchas pretas. Quando as manchas apareciam dizia-se que a morte
estava próxima. Por causa dessas manchas é que veio o nome Peste Negra.
3- Pneumônica-Os
pulmões são atingidos pelas bactérias, acontecendo tosses contagiosas com pus e
sangue.
A bactéria costuma ser encontrada em roedores e é
transmitida ao homem por meio de pulgas.
Houve um surto da
doença no século VI no Império Bizantino ( a praga de Justiniano), quando
morreram centenas de milhares ou talvez mesmo milhões de pessoa na bacia do
Mediterrâneo. Entre
1348 e 1350 apareceu o primeiro e maior surto da doença. No decorrer do século
XIV outros surtos ocorreram. Em outras ocasiões depois do século XIV a doença
apareceu, até o último surto na Europa em 1720, em Marselha, na França. As
cidades europeias se tornaram propícias à peste principalmente por causa das
más condições de saneamento. Na China, em meados do século XIX, houve um surto de peste
que matou cerca de dez milhões de pessoas.
Hoje em dia para se ter certeza sobre a doença
devem ser examinadas as secreções do doente e para prevenir o aparecimento
devem ser eliminados os roedores e as pulgas. O indivíduo com a doença pode ser
tratado com antibióticos e medicamentos para os sintomas. A bactéria Yersinia Pestis, causadora da peste, foi
descoberta pelo médico franco-suiço Alexandre Yersin, em 1894, durante uma
epidemia de peste em Hong Kong. O exército japonês usou a bactéria como arma
contra os chineses durante a Segunda Guerra Mundial. Durante a Guerra Fria,
tanto os Estados Unidos como a União Soviética consideravam um possível uso da
mesma bactéria como arma biológica.
Há relatos de que
entre 1999 e 2004, houve um total de 38.310 casos e 2.845 mortes (taxa de mortalidade de 7%).
Ocorreram, aproximadamente, 600 mortes entre 2010 e 2015, principalmente na
África, vindo em seguida casos na Ásia e na América. A maioria desses casos
todos surgiram em áreas rurais. Não só ratos são considerados vetores de transmissão,
como também, em menor número, alguns tipos de esquilos e outros tipos de
roedores.
Além da picada de pulgas, que possuem a
bactéria em seus intestinos, o contato com secreções dos roedores infectados ou
mesmo mordidas deles, podem transmitir a doença. Quando infectados os seres
humanos podem transmitir por meio de gotículas respiratórias. Há alguns cientistas europeus que fizeram estudos
recentes sobre a Peste Negra. Eles
duvidam que os ratos tenham sido os maiores causadores da peste no século XIV e
sim pulgas e piolhos que infestavam as cidades na época. Creio que é uma
questão ampla que merece mais pesquisas. Mas com certeza um fator é sem dúvida importantíssimo: A
existência de más condições de higiene é fundamental para que haja um número
grande de casos da doença. Cidades limpas, saneadas e pessoas com bons hábitos
de higiene, com certeza são uma boa forma de prevenção.
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Márcio
José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura:
https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk01zD4qWfSQfrMJFNReWIbRXjPGUCA:1586385635482&q=imagem+de+peste+negra+na+europa+medieval
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