terça-feira, 11 de março de 2025

A pintora italiana renascentista Lavinia Fontana

 



Neste mês de março farei homenagens às mulheres pintoras. Lavínia Fontana é a primeira pintora que escolhi para escrever a respeito. Ela foi uma pintora renascentista, da escola Maneirista, que nasceu em 24 de agosto de 1552, em Bolonha, cidade italiana que na época fazia parte dos Estados Papais. Foi uma das mais importantes retratistas nessa cidade, no final do século XVI e uma das primeiras mulheres que fazia pinturas figurativas de larga escala que eram encomendadas. Foi a primeira mulher italiana a conseguir sucesso financeiro e de crítica como artista.

Ela era filha do pintor Próspero Fontana, um dos melhores pintores de Bolonha. Foi ele que ensinou a filha a pintar de forma maneirista. Lavínia foi mãe de 11 filhos, casada com o pintor Gian Paolo Zappi. No início da carreira ela pintava moradores da camada alta de Bolonha. Posteriormente pintou nus masculinos e femininos, assim como pinturas religiosas.

Lavínia teve apoio de seu pai para a sua carreira. Ele tinha uma relação forte com a nobreza local, tendo escolhido os padrinhos para o batizado de Lavinia: Signor Agostino Hercolani e Signor Andrea Bonfiglioli. A historiadora Adrianna Hook Stephenson considera que essa decisão foi estratégica para garantir o apoio e suporte da aristocracia local.

Lavínia tornou-se conhecida em Bolonha no fim da década de 1570 por pintar retratos de ótima qualidade, como o Autorretrato ao Cravo e Família Gozzadini, de 1584. Ela pintou retratos de muitas personalidades de destaque. As cores vibrantes e os detalhes das roupas e joias usadas por seus retratados causam admiração em quem vê as obras da pintora. Entre as muitas pinturas religiosas dela podem ser destacadas Noli me tangere, de 1581 e o retábulo Sagrada Família com o Menino Jesus Adormecido. Suas grandes obras de altar feitas para as igrejas de sua cidade natal estão incluídas em suas obras mais famosas.

Lavínia quando se casou tinha 25 anos. Casou com um pintor de origem nobre. A escolha dos noivos morarem com a família dela era incomum na época, mas o pai dela argumentou que isso daria condições para ensinar aos dois. O marido de Lavínia deu apoio a ela para pintar. Ele criava os filhos  enquanto ela trabalhava.

O trabalho de Lavínia foi introduzido em Roma depois de 1600. Após alguns anos ela se mudou para Roma. Nessa cidade, Lavinia Fontana pintou sua maior obra, o Martírio de Santo Estêvão, um retábulo para a igreja de San Paolo Fuori le Mura, uma basílica destruída em um incêndio em 1823. Em 1599 pintou sua obra narrativa A Visita da Rainha de Sabá a Salomão. Ela foi eleita membro da Academia Romana, o que foi um fato raro para uma mulher naquela época.

Lavínia no seu estilo de pintar, com atenção aos detalhes, lembra o trabalho de Sofonisba Anguissola, uma outra pintora do norte da Itália, também pioneira na presença de espaços femininos na arte.

Dos onze filhos que Lavínia teve, somente três ainda viviam após sua morte. O estilo jovial dela de pintar parecia com o de seu pai. Ela foi aluna de Ludovico Carraci, do qual adotou o estilo caracterizado por uma forte coloração quase veneziana. Ela provavelmente foi influenciada pelos estilos de Sofonisba Anguissola, Caterina Vigri e Properzia de Rossi.

Fatores históricos que tiveram influência no tratamento que Fontana deu aos temas e assuntos em suas pinturas foram a Contrarreforma e as recomendações do Concílio de Trento. Houve também a influência do Maneirismo, o que se pode ver na na atenção meticulosa aos detalhes em suas pinturas e na importância dos materiais que rodeiam o tema retratado. Ela estudou a coleção de esculturas e moldes de gesso de seu pai, mas a pesquisadora Liana De Girolami Cheney argumenta que o naturalismo das figuras pode indicar que Fontana utilizava modelos nus ao vivo. Segundo estudiosos da vida da pintora, durante a vida dela, era socialmente inaceitável que mulheres fossem expostas à nudez. Ela pode ter usado pessoas da família como modelos. Entrou para a História como uma das primeiras pintoras a efetivamente ter uma carreira na qual dependia apenas da venda de seus quadros para sobreviver.

Lavínia faleceu aos sessenta e dois anos em Roma, em 11 de agosto de 1614, aos sessenta e dois anos, e foi sepultada em Santa Maria sopra Minerva.

Algumas pinturas de Lavínia:



                                                     "Minerva vestindo-se"



                                                         "A Sagrada Família"

                                       

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Figuras:

https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagens+de+lavinia+fontana

https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&sa=X&sca_esv=d425b5dac0dba72a&biw=1330&bih=635&q=the+holy+family+with+saint+catherine+of+alexandria


https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&sca_esv=d425b5dac0dba72a&q=lavinia+fontana+minerva+dressing

 


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