Neste mês de março farei
homenagens às mulheres pintoras. Lavínia Fontana é a primeira pintora que
escolhi para escrever a respeito. Ela foi uma pintora renascentista, da escola
Maneirista, que nasceu em 24 de agosto de 1552, em Bolonha, cidade italiana que na
época fazia parte dos Estados Papais. Foi uma das mais importantes retratistas
nessa cidade, no final do século XVI e uma das primeiras mulheres que fazia
pinturas figurativas de larga escala que eram encomendadas. Foi a primeira mulher italiana a conseguir sucesso financeiro e de crítica
como artista.
Ela era filha do pintor Próspero Fontana, um dos melhores
pintores de Bolonha. Foi ele que ensinou a filha a pintar de forma maneirista.
Lavínia foi mãe de 11 filhos, casada com o pintor Gian Paolo Zappi. No início da carreira
ela pintava moradores da camada alta de Bolonha. Posteriormente pintou nus
masculinos e femininos, assim como pinturas religiosas.
Lavínia teve apoio de seu pai para a
sua carreira. Ele tinha uma relação forte com a nobreza local, tendo escolhido
os padrinhos
para o batizado de Lavinia: Signor Agostino Hercolani e Signor Andrea
Bonfiglioli. A historiadora Adrianna Hook Stephenson considera que essa decisão
foi estratégica para garantir o apoio e suporte da aristocracia local.
Lavínia tornou-se conhecida em Bolonha
no fim da década de 1570 por pintar retratos de ótima qualidade, como o Autorretrato ao Cravo e Família
Gozzadini, de 1584. Ela pintou retratos de muitas
personalidades de destaque. As cores vibrantes e os detalhes das roupas e joias
usadas por seus retratados causam admiração em quem vê as obras da pintora.
Entre as muitas pinturas religiosas dela podem ser destacadas Noli me tangere, de 1581 e o retábulo Sagrada Família com o Menino Jesus
Adormecido. Suas grandes obras de altar feitas para as igrejas de sua cidade
natal estão incluídas em suas obras mais famosas.
Lavínia quando se casou tinha 25 anos. Casou com um pintor
de origem nobre. A escolha dos noivos morarem com a família dela era incomum na
época, mas o pai dela argumentou que isso daria condições para ensinar aos
dois. O marido de Lavínia deu apoio a ela para pintar. Ele criava os filhos enquanto ela trabalhava.
O trabalho de Lavínia foi introduzido
em Roma depois de 1600. Após alguns anos ela se mudou para Roma. Nessa cidade, Lavinia
Fontana pintou sua maior obra, o Martírio de Santo Estêvão, um retábulo
para a igreja de San Paolo Fuori le Mura, uma basílica destruída em um incêndio
em 1823. Em 1599 pintou sua obra narrativa A Visita da Rainha de Sabá a
Salomão. Ela foi eleita membro da Academia
Romana, o que foi um fato raro para uma mulher naquela época.
Lavínia no seu estilo de pintar, com
atenção aos detalhes, lembra o trabalho de Sofonisba Anguissola, uma outra
pintora do norte da Itália, também pioneira na presença de espaços femininos
na arte.
Dos onze filhos que Lavínia teve, somente
três ainda viviam após sua morte. O estilo jovial dela de pintar parecia com o
de seu pai. Ela foi aluna de Ludovico Carraci, do qual adotou o estilo caracterizado
por uma forte coloração quase veneziana. Ela provavelmente foi influenciada
pelos estilos de Sofonisba Anguissola, Caterina Vigri e Properzia de
Rossi.
Fatores históricos que tiveram
influência no tratamento que Fontana deu aos temas e assuntos em suas pinturas
foram a Contrarreforma e as recomendações do Concílio de Trento. Houve também a
influência do Maneirismo, o que se
pode ver na na atenção meticulosa aos detalhes em suas pinturas e na
importância dos materiais que rodeiam o tema retratado. Ela estudou a coleção de
esculturas e moldes de gesso de seu pai, mas a pesquisadora Liana De Girolami Cheney argumenta
que o naturalismo das figuras pode indicar que Fontana utilizava modelos nus ao
vivo. Segundo estudiosos da vida da pintora, durante a vida dela, era socialmente
inaceitável que mulheres fossem expostas à nudez. Ela pode ter usado pessoas da
família como modelos. Entrou para a História como uma das primeiras pintoras a
efetivamente ter uma carreira na qual dependia apenas da venda de seus quadros
para sobreviver.
Lavínia faleceu aos sessenta e dois anos em Roma, em 11 de
agosto de 1614, aos sessenta e dois anos, e foi sepultada em Santa Maria sopra
Minerva.
Algumas pinturas de Lavínia:
"Minerva vestindo-se"
"A Sagrada Família"
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figuras:
https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagens+de+lavinia+fontana
https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&sa=X&sca_esv=d425b5dac0dba72a&biw=1330&bih=635&q=the+holy+family+with+saint+catherine+of+alexandria
https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&sca_esv=d425b5dac0dba72a&q=lavinia+fontana+minerva+dressing
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