sábado, 4 de fevereiro de 2017

As Muralhas de Adriano e de Antonino, o Muro de Berlim e o Muro do México


Escrevo este artigo fazendo alguns comentários sobre as muralhas romanas de Adriano e Antonino, o Muro de Berlim e  o Muro do México.

Em primeiro lugar as duas muralhas romanas que foram construídas no século 2 D.C (anos 122 e 142) pelos imperadores Adriano e Antonino para defender a fronteira nos limites da atual Escócia contra as tribos dos chamados povos pictos. O Império Romano tinha se expandido, com grande parte da atual ilha da Grã Bretanha conquistada.

Os romanos se julgavam uma civilização superior e os povos fora do Império eram considerados bárbaros. Segundo alguns autores, as muralhas estavam longe de serem inexpugnáveis e serviram mais como marcos limítrofes da expansão romana. Conquista era uma diretriz da Civilização Romana, por novas terras, mais riquezas e escravos.

O Muro de Berlim foi  construído na Guerra Fria, no início dos anos 60 do século XX, para impedir a fuga de alemães orientais para Berlim Ocidental capitalista. Era um sistema fortificado com muro e 
torres com guardas armados com metralhadoras e cercas elétricas.  

O fim do muro se deu em 1989 com o colapso de países comunistas do Leste da Europa. Pouco tempo depois houve a unificação da Alemanha.

O muro entre México e os Estados Unidos constitui atualmente uma parte do sistema controle e vigilância dos Estados Unidos da fronteira. A extensão do muro entre México e Estados Unidos é de aproximadamente 1.130 quilômetros, cerca de um terço da fronteira entre os países.

Os maiores objetivos são impedir a entrada de imigrantes ilegais e dificultar o tráfico de drogas.

Não há uma uniformidade no muro, pois em alguns pontos é uma “parede” simples, não muito alto. Em outros lugares, entretanto, ele é formado por dois muros e um espaço entre eles por onde passam veículos militares e de fiscalização, possuindo também algumas torres de observação e militares prontos para atirar.

Agora o presidente Trump mandou continuar a construção do muro e quer cobrar o custo do México. Tem-se observado no decorrer da história entre os países que os Estados Unidos tem tido muitas vantagens à custa do México, que perdeu um imenso território no século XIX, sofreu intervenções militares no início do século XX e na segunda metade do século XX passou a haver a presença das empresas "maquiladoras" que dão emprego, porém usam mão de obra barata dos mexicanos e não oferecem boas condições de trabalho.

É de se destacar os violentos carteis de drogas  do México  que tem como um grande mercado os Estados Unidos. Os consumidores de drogas deste país alimentam em grande parte a exportação das drogas pelos cartéis, que se valem da pobreza de muitos mexicanos. Para piorar, Trump quer dificultar a exportação de carros do México para os Estados Unidos e rever o NAFTA.

Considerar uma simples política de fechamento de fronteiras como a política ideal é negar a responsabilidade que os Estados Unidos possuem na questão social do México. É fazer, sob um certo ângulo, como os alemães orientais, que fecharam a passagem de uma forma arbitrária (embora naquele caso a intenção fosse de não deixar seus cidadãos passarem para outro lado) e, por outro lado, agir com a prepotência romana contra os "bárbaros".

A ação dos Estados Unidos como pretenso civilizador do mundo, o que se explica na sua "Doutrina do Destino Manifesto" do século XIX, se parece com a idealização romana de alargar sua forma civilizatória e também com a própria ideia hebraica de "povo escolhido por Deus".

É preciso que a política externa dos Estados Unidos tenha uma visão mais ampla em relação ao México e outras questões e o comportamentos e atitudes de seu atual presidente tem forte influência quanto à forma como esta política tem agido ultimamente.

     Márcio José Matos Rodrigues - professor de História




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