Escrevo este artigo fazendo alguns
comentários sobre as muralhas romanas de Adriano e Antonino, o Muro de Berlim e o
Muro do México.
Em primeiro lugar as duas muralhas romanas que foram construídas no século 2 D.C (anos 122 e 142) pelos imperadores Adriano e Antonino para defender a fronteira nos limites da atual Escócia contra as tribos dos chamados povos pictos. O Império Romano tinha se expandido, com grande parte da atual ilha da Grã Bretanha conquistada.
Os
romanos se julgavam uma civilização superior e os povos fora do Império eram
considerados bárbaros. Segundo alguns autores, as muralhas estavam longe de
serem inexpugnáveis e serviram mais como marcos limítrofes da expansão
romana. Conquista era uma diretriz da Civilização Romana, por novas
terras, mais riquezas e escravos.
O Muro de Berlim foi construído na Guerra Fria, no início dos anos 60 do século XX, para impedir a fuga de alemães orientais para Berlim Ocidental capitalista. Era um sistema fortificado com muro e torres com guardas armados com metralhadoras e cercas elétricas.
O fim do
muro se deu em 1989 com o colapso de países comunistas do Leste da Europa.
Pouco tempo depois houve a unificação da Alemanha.
O muro
entre México e os Estados Unidos constitui atualmente uma parte do sistema
controle e vigilância dos Estados Unidos da fronteira. A extensão do muro entre
México e Estados Unidos é de aproximadamente 1.130 quilômetros, cerca de um
terço da fronteira entre os países.
Os
maiores objetivos são impedir a entrada de imigrantes ilegais e dificultar o
tráfico de drogas.
Não há uma uniformidade no muro, pois em alguns pontos é uma “parede” simples, não muito alto. Em outros lugares, entretanto, ele é formado por dois muros e um espaço entre eles por onde passam veículos militares e de fiscalização, possuindo também algumas torres de observação e militares prontos para atirar.
Agora o
presidente Trump mandou continuar a construção do muro e quer cobrar o custo do
México. Tem-se observado no decorrer da história entre os países que os Estados
Unidos tem tido muitas vantagens à custa do México, que perdeu um imenso
território no século XIX, sofreu intervenções militares no início do século XX
e na segunda metade do século XX passou a haver a presença das empresas
"maquiladoras" que dão emprego, porém usam mão de obra barata dos
mexicanos e não oferecem boas condições de trabalho.
É de se
destacar os violentos carteis de drogas do México que tem como um
grande mercado os Estados Unidos. Os consumidores de drogas deste país
alimentam em grande parte a exportação das drogas pelos cartéis, que se valem
da pobreza de muitos mexicanos. Para piorar, Trump quer dificultar a exportação
de carros do México para os Estados Unidos e rever o NAFTA.
Considerar
uma simples política de fechamento de fronteiras como a política ideal é negar
a responsabilidade que os Estados Unidos possuem na questão social do México. É
fazer, sob um certo ângulo, como os alemães orientais, que fecharam a passagem
de uma forma arbitrária (embora naquele caso a intenção fosse de não deixar
seus cidadãos passarem para outro lado) e, por outro lado, agir com a
prepotência romana contra os "bárbaros".
A ação
dos Estados Unidos como pretenso civilizador do mundo, o que se explica na sua
"Doutrina do Destino Manifesto" do século XIX, se parece com a
idealização romana de alargar sua forma civilizatória e também com a própria
ideia hebraica de "povo escolhido por Deus".
É preciso
que a política externa dos Estados Unidos tenha uma visão mais ampla em relação
ao México e outras questões e o comportamentos e atitudes de seu atual
presidente tem forte influência quanto à forma como esta política tem agido
ultimamente.
Márcio José Matos Rodrigues - professor de História
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