segunda-feira, 14 de maio de 2018

Aniversário da criação do Estado de Israel













Em 14 de maio de 1948 foi criado oficialmente o Estado de Israel. O processo de formação das comunidades judaicas na região da Palestina está ligado às última décadas do século XIX, quando foi criado, por intelectuais judeus no início da década de 1890, o movimento sionista. Tal movimento tinha por objetivo principal o combate ao antissemitismo, que continuava existindo na Europa após séculos, desde a Idade Média e que era intenso no século XIX.

Um dos maiores líderes do movimento sionista ou Sionismo, foi Theodor Herzl (1860-1904). Os líderes desse movimento defendiam a volta dos judeus à Palestina, para que formassem um Estado moderno.

Assim, várias comunidades de judeus que estavam espalhadas pelo mundo passaram a se reunir em torno de um fundo financeiro para custear a compra de terras na região da Palestina, que na época era território do Império Otomano.  Na virada do século XIX para o século XX, começou a migração de judeus para a região.

Em 1917, enquanto acontecia a Primeira Guerra Mundial (1914–1918), Arthur Balfour, que era um influente líder político britânico, enviou uma declaração ao lorde Rothschild, um banqueiro judeu e financiador de projetos judaicos na Palestina. Essa declaração foi chamada  Declaração de Balfour" e apoiava a criação, na Palestina, de um lar para os judeus. Esse plano  também defendia o reconhecimento dos direitos civis e religiosos dos povos islâmicos, ao mesmo tempo em que estava disposto a ajudar árabes em outras regiões.  Havia a intenção de criar uma província chamada Transjordânia para os palestinos.  Mas foi um erro crer que os árabes aceitariam passivamente que os judeus se instalassem na região.

Com o fim da I Guerra Mundial (1914-1918), houve uma mudança política na Palestina com o término do Império Otomano. Coube a um dos países vencedores da guerra, a Grã-Bretanha, administrar a região após a guerra.

Os britânicos criaram, em 1920, o Mandato Britânico da Palestina, uma forma de administração de todo o território palestino. Tal mandato só findou em 1948. No período do Mandato houve conflitos no mundo, com o surgimento de extremismos nacionalistas, sendo criados partidos fascistas em países europeus e o partido nazista na Alemanha, sendo que esse pregava contra os judeus. As perseguições aos judeus na Europa nos anos 30 e 40 provocaram uma migração massiva de judeus para a Palestina. Também surgem na região movimento radicais nacionalistas de judeus e também de muçulmanos. 


Em 1922, havia 84 mil judeus e 590 mil árabes e uma década depois a população judaica era já de aproximadamente 180 mil. Os muçulmanos da Palestina começaram cada vez a questionar a presença cada vez maior dos judeus e os conflitos começaram entre muçulmanos e judeus, que formaram uma milícia chamada Haganah. Na época destacou-se o líder sionista David Ben-Gurion, que procurava seguir as orientações do Mandato Britânico e acreditava ser possível haver uma divisão da região entre palestinos e judeus. Mas uma seção do movimento sionista era extremista, liderada por Zeev Jabotinsky e, depois, Menachem Begin, que queria subverter o Mandato Britânico, tendo a intenção de aumentar  o território judaico, ocupando todo o território palestino, incluindo a região onde se encontra hoje o reino da Jordânia.


Concomitante ao surgimento dessas correntes do movimento sionista, a Segunda Guerra Mundial acabava e era revelado ao mundo o sofrimento dos judeus durante o Holocausto, perpetrado pelo nazismo. A questão da formação do Estado de Israel passou a ser mais discutida e a radicalização dos grupos nacionalistas dos judeus e dos palestinos aumentou. Na época, o Congresso Sionista Mundial solicitou que um milhão de judeus fossem acolhidos na Palestina.
 

Além dos grupos palestinos contrários à criação de Israel, havia países árabes como o Egito e a Síria, que também se posicionavam contra. Nesse clima, houve um sério atentado à bomba por terroristas judeus que matou o ministro britânico para assuntos no Oriente Médio, Lord Moyne.

 
Com o aumento da tensão, a Inglaterra transferiu a responsabilidade de resolver o problema para a ONU. Este órgão internacional criou, em maio de 1947, o Comitê Especial para Palestina (UNSCOP) a fim de tratar da decisão pela partilha territorial. Esse comitê  aconselhou a criação de dois estados independentes, um judeu e outro palestino. O relatório elaborado  também estabeleceu que os lugares sagrados aos dois povos deveriam ser permanecer neutros, sob a tutela permanente das Nações Unidas.

A Assembleia Geral da ONU elegeu o diplomata brasileiro Oswaldo Aranha para encaminhar  a questão. Ele era a favor da criação do Estado de Israel. Depois de  um tempo de discussões a partilha da Palestina foi decidida. Os países árabes eram contra. Em reação à decisão da ONU, no fim de 1947 a Liga Árabe fez ataques a comunidades judaicas. 


O líder judeu Ben-Gurion, sem radicalismo, comandou o processo de formação do novo país e assinou a declaração de Independência de Israel e foi eleito o primeiro-ministro da república parlamentarista de Israel.  Os países islâmicos, em solidariedade aos palestinos, não concordaram com a decisão da criação de Israel considerada autoritária e sem legitimidade. Os árabes diziam ser injusta a forma de divisão do território palestino imposta (aproximadamente 55% judeu e 45% palestino). Os judeus justificavam afirmando que seus ancestrais tinha sido donos da Palestina antes de serem expulsos durante a dominação do Império Romano na chamada diáspora dos judeus.


Antes mesmo da oficialização da criação do Estado de Israel houve, em abril de 1948, um fato que acirrou os ânimos entre judeus e islâmicos. Os habitantes árabes da aldeia de  Deir Yassin( na parte ocidental de Jerusalém)  foi atacada por um grupo radical de judeus que teria causado a morte de aproximadamente 200 pessoas (a aldeia tinha uma população estimada em 400 habitantes). A crueldade  causou uma imensa indignação nas nações muçulmanas.


Foi no  mês seguinte ao massacre, em 14 de maio, que surgiu a República de Israel. As tropas britânicas se retiraram por ocasião do fim do seu mandato e logo no dia seguinte se iniciou a primeira de várias guerras da região. Egípcios, sírios, libaneses e jordanianos atacaram o novo Estado. Embora inferiores em número, os judeus venceram, no ano seguinte, conquistando mais território para Israel, o que forçou mais palestinos árabes a fugirem, aumentando o número deles que se abrigaram em países árabes. Por outro lado, desde a criação de Israel, milhares de judeus foram migrando para Israel, vindos de diversos lugares do mundo. No conflito de 1948-1949 foram desalojados ou expulsos mais de 700 mil árabes palestinos. Era a diáspora palestina. 


Israel tem contado durante décadas, com o apoio de governos dos Estados Unidos, tendo conseguido mais terras em confrontos com países árabes. Na chamada Guerra dos Seis Dias, Israel ganhou territórios da Síria, Jordânia e Egito.


A questão que envolve israelenses e palestinos de origem árabe não foi ainda resolvida. No histórico dos conflitos há episódios terríveis como o assassinato de atletas judeus na Olimpíada de Munique (1972). Por outro lado, durante a invasão israelense do Líbano, nos anos 80, os israelenses possibilitaram o massacre de milhares de palestinos por milícias libanesas que eram suas aliadas no chamado massacre do campo de refugiados de Sabra e Chatila. Houve uma iniciativa de paz em  1993, com o líder palestino Arafat e o primeiro-ministro israelense Ytzhak Rabin, que assinaram um acordo com a presença do presidente dos Estados Unidos. Mas em novembro de 1995 um jovem radical israelense assassinou Rabin. Conflitos sangrentos tem acontecido até os dias de hoje e o líder israelense que agora governa não é dos tipos mais pacíficos. Nos últimos anos tem sido dado passos importantes na comunidade internacional no reconhecimento de uma pátria palestina.

Atualmente, a decisão do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, de mudar a embaixada desse país para Jerusalém (cidade sagrada para ambos os povos) só faz aumentar a tensão entre as partes. E a semana do aniversário da criação de Israel pode se tornar muito tormentosa, com embates entre palestinos e israelenses. Os palestinos, ao contrário dos israelenses, não tem boa lembrança da data da criação de Israel, tida por eles, palestinos, como a lembrança amarga de uma tragédia. A paz precisa acontecer. Mas ela ainda não parece estar próxima. 

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
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 Figura: Google.



quarta-feira, 9 de maio de 2018

Maio Amarelo




A Assembleia-Geral das Nações Unidas editou, em março de 2010, uma resolução definindo o período de 2011 a 2010 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”. O documento foi elaborado com base em um estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde) que contabilizou, em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes por acidente de trânsito em 178 países. Aproximadamente 50 milhões de pessoas sobreviveram com sequelas. Com a “Década de Ação para a Segurança no Trânsito”a intenção é poupar, por meio de planos nacionais, regionais e mundial, cinco milhões de vidas até 2020.


Simbolizando a campanha Maio Amarelo há o selo Laço Amarelo, que é uma forma de reconhecer boas ações,  permitindo que empresas e governos colaborem ainda mais com projetos estruturados na busca por um trânsito mais seguro.


O Movimento chega à sua quinta edição no Brasil com a temática "Nós somos o trânsito", procurando estimular discussões e atitudes direcionadas à urgência de se reduzir o número de mortos e feridos no trânsito.


 Pretende-se com o tema que os participantes do trânsito busquem se envolverem mais na construção de um trânsito mais seguro, havendo uma reflexão ampla na sociedade. 


O tema remete à questão da consciência e responsabilidade no trânsito. E é neste sentido que vou desenvolver este artigo. 


No trânsito é preciso ter consciência de que há uma responsabilidade individual e coletiva, pois cada um tem que ter sua responsabilidade em relação não só a si, como também em relação aos outros participantes do trânsito, obedecendo as leis, conhecendo seus próprios direitos e os seus deveres, reconhecendo que também os outros tem direitos. É necessário pensar na segurança do todo. 


Há atitudes que são necessárias para o melhor comportamento geral dos participantes do trânsito. É preciso ser paciente, ter respeito, ser gentil, obedecer regras, evitar cometer erros prejudiciais ao sistema de trânsito, pois atitudes imprudentes põem em risco a segurança no trânsito. Muitas vezes acidentes acontecem, por causa de atitudes individualistas e que não seguem os princípios da cidadania.


É necessário cultivar o sentimento de empatia no trânsito, ou seja, colocar-se no lugar do outro, evitando  agir de forma irresponsável e egoísta. 


Faz-se necessário criar uma cultura de respeito e bem estar no trânsito, de respeito aos outros e ao meio ambiente. Devem ser evitadas a agressividade, a negligência, a imprudência, a violência e  a arrogância no trânsito. 


A cidadania no trânsito deve ser exercida no sentido de observância aos direitos e deveres, assim como em relação à responsabilidade e participação social. 


Assim, o "Nós somos o trânsito" é uma ideia oposta à ideia egoísta do "eu" no trânsito, como se os outros não tivessem importância. O "nós" nos leva à coletividade, ao social que é o que representa o sistema de trânsito. 


E assim, imbuídos neste espírito do "nós" é que devemos refletir neste mês de maio e em todos os meses do ano, para que nós todos possamos construir juntos um trânsito mais seguro, sem tantas mortes e sem tanta violência. 


Os brasileiros precisam se sentir mais cidadãos e menos como mero consumidores em um tipo de sociedade voraz, que "coisifica". Pois como diz o geógrafo Milton Santos em sua obra O Espaço Cidadão:  “Em lugar do cidadão formou-se um consumidor, que aceita ser chamado de usuário”. Que possa haver cada vez mais cidadãos conscientes em busca de um trânsito melhor e cada vez menos  consumidores só em busca da realização individualista de seus próprios desejos, mesmo que em detrimento do coletivo. 


Para encerrar dou dois exemplos extraordinários de pessoas que em ambientes diferentes (que não era o trânsito, mas que poderia ter sido no sentido de uma consciência humanista) pensaram mais nas outras pessoas que corriam risco do que em si próprias. Um caso foi o da professora Heley de Abreu Silva Batista, de 43 anos, que no dia 05 de outubro de 2017, morreu após tentar salvar crianças de um incêndio criminoso causado pelo vigia Damião Soares dos Santosno Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente, em Janaúba (MG), a 560 km de Belo Horizonte. 


Outro caso foi o de Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, 39 anos, que morreu no incêndio  do prédio em São Paulo, neste ano mês de maio de 2018,  que desabou. Ele procurou salvar vidas humanas que ainda estavam no edifício em chamas, tendo conseguido salvar quatro crianças e voltou para tentar salvar mais gente, sendo que infelizmente veio a ser soterrado pelos escombros do edifício que caía.

  
São exemplos assim na nossa sociedade que nos mostram como há pessoas altruístas e que pensam nas demais em um grande respeito e amor pelos outros. Respeito e amor que precisa haver em vários aspectos da sociedade, inclusive no trânsito.

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Márcio José Matos Rodrigues-Psicólogo e Professor de História

Figura: Google.

domingo, 6 de maio de 2018

8 de maio: O fim da II Guerra Mundial na Europa












Em 08 de maio a Alemanha rendia-se incondicionalmente aos aliados. Era o fim da guerra na Europa, uma guerra que tinha começado com a invasão da Polônia em primeiro de setembro de 1939 e deixado dezenas de milhões de mortos e outros tantos milhões de feridos, traumatizados, desabrigados, com diversas cidades destruídas em nações europeias, economias arrasadas e populações desnorteadas.

Fazendo uma retrospectiva, em 25 de abril de 1945, os últimos alemães que lutavam na Finlândia recuaram até a Noruega.  Em 27 de abril de 1945, o ditador fascista italiano Benito Mussolini foi capturado por um grupo da resistência italiana e executado em 28 de abril. Em 29 de abril, o general da SS Karl Wolff assinou os termos de rendição em Caserta. No documento, Wolff concordava com a rendição de todas as forças  alemães na Itália e Áustria às 14:00 do dia 2 de maio.

Em 30 de abril, com a batalha de Berlim em andamento e os soviéticos já entrando na cidade, Hitler decide não ter o mesmo destino de Mussolini, que foi fuzilado por adversários e exposto publicamente. Ele suicida-se com sua companheira Eva Braun, com quem se casara 40 horas antes de seu suicídio. O indicado por Hilter para ocupar o comando foi o almirante Karl Donitz como presidente da Alemanha. Para primeiro-ministro ficaria o ministro da propaganda Joseph Goebbls, que no entanto suicidou-se no dia seguinte.

Em 2 de maio, o general Helmuth Weidling, responsável pela defesa de Berlim, ordenou a rendição de todas as tropas da cidade que ainda resistiam ao exército soviético. Também nesse dia o 21º Exército alemão e o 3º Grupo Panzer, que ainda lutavam na Alemanha, renderam-se aos aliados ocidentais.

No dia 4 de maio de 1945, foram rendidas ao general Devers, comandante do 6º Grupo Armados dos Estados Unidos as forças alemães da Bavária, entre as montanhas da Bhoemia (região na atual República Tcheca) e o rio Inn.

Em 05 de maio todos os submarinos alemães em serviço contra as marinhas inimigas foram avisados que teriam de parar com todas as suas operações de guerra. Nesse dia, a resistência tcheca iniciou o Levante de Praga contra os últimos destacamentos alemães na cidade e no dia seguinte os soviéticos iniciaram a ofensiva de Praga.


Em 06  de maio o líder das forças inglesas Marechal Montgomery, conseguiu a rendição de todas as forças alemães na Holanda, no noroeste da Alemanha e na Dinamarca. No mesmo dia, o general Niehoff, comandante de Breslávia, rendeu-se com suas tropas ao exército da União Soviética.

Após a rendição na Breslávia, o general Alfred Jodl seguindo a ordem de Donitz ofereceu aos aliados a rendição das últimas tropas alemães que ainda combatiam na Alemanha os aliados ocidentais. O general Eisenhower, comandante supremo dos aliados ocidentais (Estados Unidos, Inglaterra, França etc) disse que só aceitaria uma rendição incondicional. Reconhecendo que não havia outra forma, Donitz aceitou a rendição completa e incondicional das forças alemães.

Em Reims, França, na manhã de 7 de maio, o general Jodl, representando o governo alemão, assinou os documentos de rendição aos aliados, informando que todas as tropas alemães deveriam encerrar a resistência às 23 horas de 8 de maio de 1945. Também a 7 de maio o general Franz Bohme apresentou a rendição incondicional das forças alemães na Noruega.

Em 8 de maio, pouco depois da meia-noite,  o marechal Wilhelm Keitel e outros oficiais alemães, na presença do general russo Zhukov, assinaram um documento de rendição às forças soviéticas.

Foi declarado o dia 8 de maio nos Estados Unidos como o Dia da Vitória na Europa. Na União Soviética, como já era 9 de maio quando passou a valer a rendição alemã, essa data é que passou a ser considerada como o Dia da Vitória.

Em Praga, a última resistência alemã cessou em 11 de maio. Na Tchecoslováquia, no dia 13 de maio renderam-se as últimas tropas alemães que ainda combatiam e em 16 de maio rendeu-se a guarnição alemã da ilha de Alderney, no Canal da Mancha, que tinha sido ocupada pelos nazistas em 1940.


Assim acabava a  Segunda Guerra Mundial na Europa, continuando apenas no Pacífico e na Ásia, contra o Japão, que rendeu-se totalmente, de forma oficial, no início de setembro de 1945



A seguir trechos de livros sobre os últimos momentos da guerra na Europa:


"No final do dia 20 de abril de 1945, Hitler me chamou ao seu escritório com uma de minhas colegas. Saudou-nos com a pressa habitual e nos declarou em seguida tristemente: " A situação evoluiu nos últimos quinze dias de tal maneira que sou obrigado a espalhar mais meu Estado-maior.  Preparem seus pertences imediatamente.O carro parte dentro de uma hora para o sul. Vocês receberão outras instruções do Reichsleiter Bormann". Minha colega e eu então nos perguntamos se podíamos ficar perto dele, em Berlim. Ele recusou nossa oferta sob o pretexto de que tinha a intenção de organizar na Baviera um movimento de resistência ao qual se juntaria em seguida: Eu ainda preciso de vocês duas", disse. "Quero ter certeza de que estão em segurança. Se os acontecimentos piorarem, as duas outras secretárias deixarão Berlim também. Se uma ou outra de suas jovens colegas tiver de morrer nessa tentativa, foi o destino que decidiu”. Depois se despediu com essas palavras: " Nós nos veremos em breve; vou encontrá-las o mais rápido possível".


"...Hitler pronunciou essas palavras de um fôlego só. Estava diante de nós, com as costas curvadas, balançando os braços, os cabelos inteiramente brancos.Tentava em vão esconder o tremor da mão. Seus olhos sem luz e sem força fixavam um ponto imaginário. Só um sorrisinho cansado ainda iluminava seus traços encovados. Era o sorriso de um homem inteiramente destruído, que tinha perdido toda a esperança". (Christa Schroeder, Doze Anos com Hitler, Testemunho inédito da secretária do Führer).


"Milhões de refugiados fugiram para o oeste à frente dos soviéticos. Os fortes sobreviveram à jornada, mas muitas crianças e idosos pereceram" . E ainda: "...Dezenas de milhares de cadáveres desfiguravam a paisagem nevada do leste da Europa. Fugitivos dividiam dramas de intensidade fantásticas, que os tornavam, por breves momentos, companheiros na adversidade, que comiam ou passavam fome, viviam ou morriam, marchavam e dormiam uns com os outros até que uma nova mudança nas circunstâncias os separasse"( Max Hastings na obra Inferno, O Mundo em Guerra-1939-1945).


"Cerca de 40% dos alemães do sexo masculino nascidos entre 1920 e 1925 estavam mortos quando o conflito terminou; 11 milhões de militares da Wehrmacht estavam em campos de prisioneiros de guerra e muitos desses cativos na Rússia não iriam retornar por até doze anos; 14,16 milhões de germânicos étnicos foram obrigados a deixar seus lares na Europa Central e na Oriental, com 1,71 milhão deles perecendo no processo. Em algumas cidades importantes da Alemanha, mais da metade das residências se tornou inabitável; a fome atingiu uma população que , até o outono de 1944, jamais experimentara escassez de alimentos. Evidentemente,  Hitler não teria se preocupado com nada disso, já que, para ele, o povo alemão havia demonstrado com a derrota que não fazia jus à sua liderança". (Andrew Roberts, A Tempestade da Guerra) .

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História.

Figura: Google