A Assembleia-Geral das Nações Unidas editou, em
março de 2010, uma resolução definindo o período de 2011 a 2010 como a “Década
de Ações para a Segurança no Trânsito”. O documento foi elaborado com base em
um estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde) que contabilizou, em 2009,
cerca de 1,3 milhão de mortes por acidente de trânsito em 178 países.
Aproximadamente 50 milhões de pessoas sobreviveram com sequelas. Com a “Década
de Ação para a Segurança no Trânsito”a intenção é poupar, por meio de planos
nacionais, regionais e mundial, cinco milhões de vidas até 2020.
Simbolizando a campanha Maio Amarelo há o selo Laço
Amarelo, que é uma forma de reconhecer boas ações, permitindo que empresas e governos colaborem
ainda mais com projetos estruturados na busca por um trânsito mais seguro.
O Movimento chega à sua quinta edição no Brasil com
a temática "Nós somos o trânsito", procurando estimular discussões e
atitudes direcionadas à urgência de se reduzir o número de mortos e feridos no
trânsito.
Pretende-se com o tema que os participantes
do trânsito busquem se envolverem mais na construção de um trânsito mais
seguro, havendo uma reflexão ampla na sociedade.
O tema remete à questão da consciência e
responsabilidade no trânsito. E é neste sentido que vou desenvolver este
artigo.
No trânsito é preciso ter consciência de que há uma
responsabilidade individual e coletiva, pois cada um tem que ter sua
responsabilidade em relação não só a si, como também em relação aos outros
participantes do trânsito, obedecendo as leis, conhecendo seus próprios
direitos e os seus deveres, reconhecendo que também os outros tem direitos. É
necessário pensar na segurança do todo.
Há atitudes que são necessárias para o melhor
comportamento geral dos participantes do trânsito. É preciso ser paciente, ter
respeito, ser gentil, obedecer regras, evitar cometer erros prejudiciais ao
sistema de trânsito, pois atitudes imprudentes põem em risco a segurança no
trânsito. Muitas vezes acidentes acontecem, por causa de atitudes
individualistas e que não seguem os princípios da cidadania.
É necessário cultivar o sentimento de empatia no
trânsito, ou seja, colocar-se no lugar do outro, evitando agir de forma irresponsável e egoísta.
Faz-se necessário criar uma cultura de respeito e
bem estar no trânsito, de respeito aos outros e ao meio ambiente. Devem ser evitadas a agressividade, a negligência, a imprudência, a
violência e a arrogância no
trânsito.
A cidadania no trânsito deve ser exercida no
sentido de observância aos direitos e deveres, assim como em relação à
responsabilidade e participação social.
Assim, o "Nós somos o trânsito" é uma ideia oposta à ideia egoísta do "eu" no trânsito, como se os outros não tivessem
importância. O "nós" nos leva à coletividade, ao social que é o que representa o
sistema de trânsito.
E assim, imbuídos neste espírito do "nós"
é que devemos refletir neste mês de maio e em todos os meses do ano, para que
nós todos possamos construir juntos um trânsito mais seguro, sem tantas mortes
e sem tanta violência.
Os brasileiros precisam se sentir mais cidadãos e
menos como mero consumidores em um tipo de sociedade voraz, que
"coisifica". Pois como diz o geógrafo Milton Santos em sua obra O
Espaço Cidadão: “Em lugar do cidadão formou-se um consumidor,
que aceita ser chamado de usuário”. Que possa haver cada vez mais cidadãos conscientes
em busca de um trânsito melhor e cada vez menos consumidores só em busca
da realização individualista de seus próprios desejos, mesmo que em detrimento
do coletivo.
Para encerrar dou dois exemplos extraordinários de
pessoas que em ambientes diferentes (que não era o trânsito, mas que poderia
ter sido no sentido de uma consciência humanista) pensaram mais nas outras
pessoas que corriam risco do que em si próprias. Um caso foi o da professora Heley
de Abreu Silva Batista, de 43 anos, que no dia 05 de outubro de 2017, morreu após tentar salvar crianças de um incêndio
criminoso causado pelo vigia Damião
Soares dos Santos, no Centro Municipal de Educação Infantil
Gente Inocente, em Janaúba (MG),
a 560 km de Belo Horizonte.
Outro caso foi o de Ricardo Oliveira Galvão
Pinheiro, 39 anos, que morreu no incêndio do prédio em São Paulo,
neste ano mês de maio de 2018, que desabou. Ele procurou salvar vidas
humanas que ainda estavam no edifício em chamas, tendo conseguido salvar quatro
crianças e voltou para tentar salvar mais gente, sendo que infelizmente veio a
ser soterrado pelos escombros do edifício que caía.
São exemplos assim na nossa sociedade que nos
mostram como há pessoas altruístas e que pensam nas demais em um grande
respeito e amor pelos outros. Respeito e amor que precisa haver em vários
aspectos da sociedade, inclusive no trânsito.
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Márcio
José Matos Rodrigues-Psicólogo e Professor de História
Figura: Google.
Figura: Google.
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