domingo, 6 de maio de 2018

8 de maio: O fim da II Guerra Mundial na Europa












Em 08 de maio a Alemanha rendia-se incondicionalmente aos aliados. Era o fim da guerra na Europa, uma guerra que tinha começado com a invasão da Polônia em primeiro de setembro de 1939 e deixado dezenas de milhões de mortos e outros tantos milhões de feridos, traumatizados, desabrigados, com diversas cidades destruídas em nações europeias, economias arrasadas e populações desnorteadas.

Fazendo uma retrospectiva, em 25 de abril de 1945, os últimos alemães que lutavam na Finlândia recuaram até a Noruega.  Em 27 de abril de 1945, o ditador fascista italiano Benito Mussolini foi capturado por um grupo da resistência italiana e executado em 28 de abril. Em 29 de abril, o general da SS Karl Wolff assinou os termos de rendição em Caserta. No documento, Wolff concordava com a rendição de todas as forças  alemães na Itália e Áustria às 14:00 do dia 2 de maio.

Em 30 de abril, com a batalha de Berlim em andamento e os soviéticos já entrando na cidade, Hitler decide não ter o mesmo destino de Mussolini, que foi fuzilado por adversários e exposto publicamente. Ele suicida-se com sua companheira Eva Braun, com quem se casara 40 horas antes de seu suicídio. O indicado por Hilter para ocupar o comando foi o almirante Karl Donitz como presidente da Alemanha. Para primeiro-ministro ficaria o ministro da propaganda Joseph Goebbls, que no entanto suicidou-se no dia seguinte.

Em 2 de maio, o general Helmuth Weidling, responsável pela defesa de Berlim, ordenou a rendição de todas as tropas da cidade que ainda resistiam ao exército soviético. Também nesse dia o 21º Exército alemão e o 3º Grupo Panzer, que ainda lutavam na Alemanha, renderam-se aos aliados ocidentais.

No dia 4 de maio de 1945, foram rendidas ao general Devers, comandante do 6º Grupo Armados dos Estados Unidos as forças alemães da Bavária, entre as montanhas da Bhoemia (região na atual República Tcheca) e o rio Inn.

Em 05 de maio todos os submarinos alemães em serviço contra as marinhas inimigas foram avisados que teriam de parar com todas as suas operações de guerra. Nesse dia, a resistência tcheca iniciou o Levante de Praga contra os últimos destacamentos alemães na cidade e no dia seguinte os soviéticos iniciaram a ofensiva de Praga.


Em 06  de maio o líder das forças inglesas Marechal Montgomery, conseguiu a rendição de todas as forças alemães na Holanda, no noroeste da Alemanha e na Dinamarca. No mesmo dia, o general Niehoff, comandante de Breslávia, rendeu-se com suas tropas ao exército da União Soviética.

Após a rendição na Breslávia, o general Alfred Jodl seguindo a ordem de Donitz ofereceu aos aliados a rendição das últimas tropas alemães que ainda combatiam na Alemanha os aliados ocidentais. O general Eisenhower, comandante supremo dos aliados ocidentais (Estados Unidos, Inglaterra, França etc) disse que só aceitaria uma rendição incondicional. Reconhecendo que não havia outra forma, Donitz aceitou a rendição completa e incondicional das forças alemães.

Em Reims, França, na manhã de 7 de maio, o general Jodl, representando o governo alemão, assinou os documentos de rendição aos aliados, informando que todas as tropas alemães deveriam encerrar a resistência às 23 horas de 8 de maio de 1945. Também a 7 de maio o general Franz Bohme apresentou a rendição incondicional das forças alemães na Noruega.

Em 8 de maio, pouco depois da meia-noite,  o marechal Wilhelm Keitel e outros oficiais alemães, na presença do general russo Zhukov, assinaram um documento de rendição às forças soviéticas.

Foi declarado o dia 8 de maio nos Estados Unidos como o Dia da Vitória na Europa. Na União Soviética, como já era 9 de maio quando passou a valer a rendição alemã, essa data é que passou a ser considerada como o Dia da Vitória.

Em Praga, a última resistência alemã cessou em 11 de maio. Na Tchecoslováquia, no dia 13 de maio renderam-se as últimas tropas alemães que ainda combatiam e em 16 de maio rendeu-se a guarnição alemã da ilha de Alderney, no Canal da Mancha, que tinha sido ocupada pelos nazistas em 1940.


Assim acabava a  Segunda Guerra Mundial na Europa, continuando apenas no Pacífico e na Ásia, contra o Japão, que rendeu-se totalmente, de forma oficial, no início de setembro de 1945



A seguir trechos de livros sobre os últimos momentos da guerra na Europa:


"No final do dia 20 de abril de 1945, Hitler me chamou ao seu escritório com uma de minhas colegas. Saudou-nos com a pressa habitual e nos declarou em seguida tristemente: " A situação evoluiu nos últimos quinze dias de tal maneira que sou obrigado a espalhar mais meu Estado-maior.  Preparem seus pertences imediatamente.O carro parte dentro de uma hora para o sul. Vocês receberão outras instruções do Reichsleiter Bormann". Minha colega e eu então nos perguntamos se podíamos ficar perto dele, em Berlim. Ele recusou nossa oferta sob o pretexto de que tinha a intenção de organizar na Baviera um movimento de resistência ao qual se juntaria em seguida: Eu ainda preciso de vocês duas", disse. "Quero ter certeza de que estão em segurança. Se os acontecimentos piorarem, as duas outras secretárias deixarão Berlim também. Se uma ou outra de suas jovens colegas tiver de morrer nessa tentativa, foi o destino que decidiu”. Depois se despediu com essas palavras: " Nós nos veremos em breve; vou encontrá-las o mais rápido possível".


"...Hitler pronunciou essas palavras de um fôlego só. Estava diante de nós, com as costas curvadas, balançando os braços, os cabelos inteiramente brancos.Tentava em vão esconder o tremor da mão. Seus olhos sem luz e sem força fixavam um ponto imaginário. Só um sorrisinho cansado ainda iluminava seus traços encovados. Era o sorriso de um homem inteiramente destruído, que tinha perdido toda a esperança". (Christa Schroeder, Doze Anos com Hitler, Testemunho inédito da secretária do Führer).


"Milhões de refugiados fugiram para o oeste à frente dos soviéticos. Os fortes sobreviveram à jornada, mas muitas crianças e idosos pereceram" . E ainda: "...Dezenas de milhares de cadáveres desfiguravam a paisagem nevada do leste da Europa. Fugitivos dividiam dramas de intensidade fantásticas, que os tornavam, por breves momentos, companheiros na adversidade, que comiam ou passavam fome, viviam ou morriam, marchavam e dormiam uns com os outros até que uma nova mudança nas circunstâncias os separasse"( Max Hastings na obra Inferno, O Mundo em Guerra-1939-1945).


"Cerca de 40% dos alemães do sexo masculino nascidos entre 1920 e 1925 estavam mortos quando o conflito terminou; 11 milhões de militares da Wehrmacht estavam em campos de prisioneiros de guerra e muitos desses cativos na Rússia não iriam retornar por até doze anos; 14,16 milhões de germânicos étnicos foram obrigados a deixar seus lares na Europa Central e na Oriental, com 1,71 milhão deles perecendo no processo. Em algumas cidades importantes da Alemanha, mais da metade das residências se tornou inabitável; a fome atingiu uma população que , até o outono de 1944, jamais experimentara escassez de alimentos. Evidentemente,  Hitler não teria se preocupado com nada disso, já que, para ele, o povo alemão havia demonstrado com a derrota que não fazia jus à sua liderança". (Andrew Roberts, A Tempestade da Guerra) .

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História.

Figura: Google




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