sábado, 5 de maio de 2018

Maio de 1968 : Rebelião estudantil na França






Em maio de 1968 houve uma onda de protestos estudantis na França. O início  foi na Universidade de Paris, em Nanterre, cidade próxima à capital francesa. O líder nessa ocasião foi o estudante Daniel Cohn-Bendit, um anarquista de origem franco-alemã, filho de pais judeus germânicos que fugiram do nazismo. Esses estudantes protestavam contra a prisão de seis colegas, no episódio conhecido como Movimento 22 de Março. Houve uma série de conflitos entre estudantes e policiais. Os estudantes reclamavam que as normas da universidade eram ultrapassadas e em 2 de maio ela foi fechada. 


No dia 6 de maio de 1968, foi convocada uma passeata pela União Nacional de Estudantes da França e pelo sindicato dos professores universitários. O objetivo era protestar contra a invasão da Universidade de Sorbonne pela polícia. A marcha teve a participação de mais de 2 mil estudantes, professores e simpatizantes do movimento, que avançaram rumo à Sorbonne, sendo violentamente reprimidos pelos policiais.


Havia influência de ideias da Revolução Cultural Chinesa e do filósofo Marcuse, que escreveu obras como:  A Ideologia da Sociedade Industrial e Eros e Civilização.


Os estudantes de Nanterre tiveram apoio de outros, como os universitários da Sorbonne e outras instituições de ensino da França. Houve a adesão de sindicatos que passaram a exigir melhores condições de trabalho e articularam uma greve geral. Paris foi paralisada por vários desde 18 de maio. Houve vários protestos estudantis contra a política educacional do governo de Charles De Gaulle e por parte dos trabalhadores contra a política trabalhista. Mas os objetivos de estudantes e trabalhadores não eram bem sintonizados entre si e, embora parte da sociedade francesa apoiasse os estudantes, outra parte considerável não os compreendia. 


Mesmo que durante vários meses de 1968 tenha havido confrontos de estudantes com policiais, a maioria desses foi mesmo em maio. Além das queixas dos estudantes contra as instituições, também era questionada a sociedade de consumo. Segundo a professora da USP, Olgaria Matos: "(...) O movimento de jovens estudantes e operários praticou a espontaneidade consciente e criadora. Não considerou o sistema de partidos ou grupos de pressão a qualquer nível; não participou nem do sistema nem de seus métodos (...) Contestou os profissionais da contestação, violando as regras do jogo que as oposições dominam." E conforme o historiador Alberto Aggio, da UNESP, de Franca (SP):  “Os universitários se uniram aos operários e promoveram a maior greve geral da Europa, com a participação de cerca de 9 milhões de pessoas. Isso enfraqueceu politicamente o general De Gaulle, que renunciou um ano depois”.   

Havia slogans que pregavam "Sejam realistas, exijam o impossível.", "Parem o mundo, eu quero descer" e "É proibido proibir".

O presidente nacionalista De Gaulle, líder de um movimento de resistência aos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, no dia 30 de maio de 1968 convocou eleições para junho. Ele manobrou politicamente para desmobilizar os estudantes e prometeu aumentos salariais que causaram a volta dos operários às fábricas . Os trabalhadores conseguiram obter do governo a quarta semana de férias anuais obrigatórias para os assalariados . Os aliados de De Gaulle venceram as eleições e o movimento  estudantil dissipou-se.


O movimento estudantil francês de 1968 influenciou outros pelo mundo, assim começou-se a lutar mais por liberdades civis democráticas, a liberdade do corpo, a luta pelos direitos femininos e dos imigrantes etc.  Para o historiador Eric Hobsbawm: " A rebelião dos estudantes ocidentais foi uma revolução cultural, uma rejeição de tudo o que, na sociedade, representasse os valores paternos de classe média".
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Figura: Google

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