Em maio de 1968 houve uma onda de protestos
estudantis na França. O início foi na Universidade de Paris, em Nanterre,
cidade próxima à capital francesa. O líder nessa ocasião foi o estudante Daniel
Cohn-Bendit, um anarquista de origem franco-alemã, filho de pais judeus
germânicos que fugiram do nazismo. Esses estudantes protestavam contra a prisão
de seis colegas, no episódio conhecido como Movimento 22 de Março. Houve uma
série de conflitos entre estudantes e policiais. Os estudantes reclamavam que
as normas da universidade eram ultrapassadas e em 2 de maio ela foi
fechada.
No dia 6 de maio de 1968, foi convocada uma passeata
pela União Nacional de Estudantes da França e pelo sindicato dos professores
universitários. O objetivo era protestar contra a invasão da Universidade de
Sorbonne pela polícia. A marcha teve a participação de mais de 2 mil
estudantes, professores e simpatizantes do movimento, que avançaram rumo à
Sorbonne, sendo violentamente reprimidos pelos policiais.
Havia influência de ideias da Revolução Cultural
Chinesa e do filósofo Marcuse, que escreveu obras como: A Ideologia da
Sociedade Industrial e Eros e Civilização.
Os estudantes de Nanterre tiveram apoio de
outros, como os universitários da Sorbonne e outras instituições de ensino da
França. Houve a adesão de sindicatos que passaram a exigir melhores condições
de trabalho e articularam uma greve geral. Paris foi paralisada por vários
desde 18 de maio. Houve vários protestos estudantis contra a política
educacional do governo de Charles De Gaulle e por parte dos trabalhadores
contra a política trabalhista. Mas os objetivos de estudantes e trabalhadores
não eram bem sintonizados entre si e, embora parte da sociedade francesa
apoiasse os estudantes, outra parte considerável não os compreendia.
Mesmo que durante vários meses de 1968 tenha
havido confrontos de estudantes com policiais, a maioria desses foi mesmo em
maio. Além das queixas dos estudantes contra as instituições, também era
questionada a sociedade de consumo. Segundo a professora da USP, Olgaria Matos:
"(...) O movimento de jovens estudantes e operários praticou a espontaneidade
consciente e criadora. Não considerou o sistema de partidos ou grupos de
pressão a qualquer nível; não participou nem do sistema nem de seus métodos
(...) Contestou os profissionais da contestação, violando as regras do jogo que
as oposições dominam." E conforme o historiador Alberto Aggio, da UNESP,
de Franca (SP): “Os universitários se uniram aos operários e promoveram a
maior greve geral da Europa, com a participação de cerca de 9 milhões de
pessoas. Isso enfraqueceu politicamente o general De Gaulle, que renunciou um
ano depois”.
Havia slogans que pregavam "Sejam realistas,
exijam o impossível.", "Parem o mundo, eu quero descer" e
"É proibido proibir".
O presidente nacionalista De Gaulle, líder de um
movimento de resistência aos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, no dia
30 de maio de 1968 convocou eleições para junho. Ele manobrou politicamente
para desmobilizar os estudantes e prometeu aumentos salariais que causaram a
volta dos operários às fábricas . Os trabalhadores conseguiram obter do governo
a quarta semana de férias anuais obrigatórias para os assalariados . Os aliados
de De Gaulle venceram as eleições e o movimento estudantil dissipou-se.
O movimento estudantil francês de 1968
influenciou outros pelo mundo, assim começou-se a lutar mais por liberdades
civis democráticas, a liberdade do corpo, a luta pelos direitos femininos e dos
imigrantes etc. Para o historiador Eric Hobsbawm: " A rebelião dos
estudantes ocidentais foi uma revolução cultural, uma rejeição de tudo o que,
na sociedade, representasse os valores paternos de classe média".
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura: Google
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