Dia 07 de setembro se comemora a Independência
do Brasil. Então, resolvi escrever sobre um personagem histórico muito ligado a
esse momento histórico: Dom Pedro I.
A figura de Dom Pedro tem muita importância
para a ruptura com a metrópole, mas claro que dentro de um contexto específico
que começou com a vinda da família real para o Brasil anos antes e com a
situação do Brasil na época da proclamação da independência, com uma abertura
comercial conseguida com a abertura dos portos em 1808 e com as tentativas de
retirar essa abertura por parte das cortes portuguesas, o que sem dúvida
desagradou grupos influentes de brasileiros relacionados ao comércio e à grande propriedade.
Bem, mas falando em especial de Dom Pedro, ele
nasceu em Queluz, Portugal, em 12 de
outubro de 1798. Ficou conhecido na história
como "o Libertador" e "o Rei Soldado". Era membro da
Casa de Bragança, quarto filho de Dom João VI (entre filhos e filhas), que foi rei de Portugal após a
morte de sua mãe, porém era príncipe regente na ocasião do nascimento de Pedro.
Sua mãe era Carlota Joaquina, princesa da Espanha e que se tornou rainha de
Portugal.
Seu nome completo era Pedro de Alcântara
Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José
Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.
Chegou ao Brasil ainda criança, com seus pais
e seus irmãos, porque a corte portuguesa estava fugindo de Portugal, invadido
por tropas francesas do Império Napoleônico em fins de 1807.
Segundo o autor Laurentino Gomes em sua obra 1822: "Raros personagens passaram
para a posteridade de forma tão controversa. Ao longo de dois séculos, sua
imagem vem sendo moldada, polida ou desfigurada de acordo com as conveniências
políticas de cada momento."
E ainda o mesmo autor: "Dom Pedro nasceu
em 12 de outubro de 1798 no palácio de Queluz, 15 quilômetros de Lisboa, no
mesmo quarto em que haveria de morrer apenas 35 anos mais tarde. Situado no
segundo andar do edifício, com janelas que se abrem para os jardins inspirados
no palácio de Versalhes na França, o quarto chama-se Dom Quixote. As
paredes e o teto são decorados com cenas
das façanhas do personagem criado pelo espanhol Miguel de Cervantes. Um dos
mais notáveis herois românticos de todos os tempos, D. Quixote de La Mancha
enfrentava moinhos de vento, que confundia com gigantes imaginários, e amava de
forma incondicional Dulcineia, mulher de reputação duvidosa, como se fosse uma
donzela virgem e indefesa. Não poderia haver ambientação mais adequada para o
começo e fim da existência desse rei que lutou contra tudo e contra todos, fez
a independência de um país, reconquistou outro nos campos de batalha,
esforçou-se para modernizar as leis e as sociedades que governou, amou muitas
mulheres, dedicou-se à política com paixão, foi bom soldado e chefe
carismático, viveu à frente de seu tempo e morreu cedo".
Quando da ocasião da independência, em 1822,
Dom Pedro tinha 23 anos. E estava em Portugal dez anos depois vitorioso na luta
contra seu irmão Dom Miguel, que tinha usurpado o trono português e se tornado
rei absolutista.
Dom Pedro abdicou da coroa brasileira em 1831
e da portuguesa em 1826. Recusou a coroa da Espanha lhe oferecida três vezes
por liberais espanhois e recusou também a coroa da Grécia em 1822, que estava em
luta contra os turcos por sua independência.
Teve educação formal. Seus estudos englobavam uma
grande gama de assuntos que incluíam Matemática, Economia Política, Lógica, História e Geografia. Pedro
aprendeu a ler e escrever em Português, além de Latim e Francês. Também
conseguia traduzir textos do Inglês e entender Alemão mas também dedicou-se
às artes manuais, com marcenaria e escultura. Também tinha talento para a
música, sabendo tocar flauta, violino,
clarim, violão, fagode e o cravo. Também compunha músicas. Com o violão
acompanhava canções e danças populares no Rio de Janeiro como o fado
luso-cigano, a modinha luso-brasileira e o lundu angolano.
Junto com o irmão era chegado a exercícios
físicos como a equitação. Gostava de caçar. Era epilético. Segundo a opinião do
autor Paulo Rezzutti, em sua obra D.
Pedro, a história não contada: "A epilepsia poderia ter sido a
responsável direta pela agitação que sempre caracterizou D. Pedro, bem como por
sua impulsividade e, até mesmo, sua hipersexualidade. Também seria possível
creditar à doença a "questionada sanidade mental" do príncipe, que,
como explicam os médicos, o conduziria a "paixão, excesso, fantasia, sonho
e transgressões de um senhor às normas estabelecidas".
Oliveira Lima em sua obra Dom Pedro e Dom Miguel, A Querela da Sucessão, cita um relato de
Sir Charles Stuart, um alto funcionário inglês que teve contato com Dom Pedro:
" Ninguém o contradiz e sucede-lhe assim tomar resoluções precipitadas em
crises de paixão. Considera seus ministros uns egoístas e uns incapazes e
imagina-se, como ele mesmo o declarou, o membro do governo mais à altura de sua
tarefa...". E ainda: "tem uma percepção rápida e uma ação pronta;
demais com os estrangeiros modera muito sua linguagem e as suas maneiras,
sabendo escutar as verdades que os seus inúmeros bajuladores lhe escondem sem
se preocuparem com o risco de arrastá-lo a excessos (...)".
Pedro casou-se com a arquiduquesa Leopoldina da Áustria, filha do imperador Francisco I da Áustria e a princesa Maria Teresa da Sicília. Casaram-se por
procuração no dia 13 de maio de 1817, com ela assumindo o nome de Maria
Leopoldina.
Com a volta de Dom João VI a Portugal devido a
pressões após a Revolução Liberal do Porto em 1820, Pedro ficou no Brasil como
regente. Teve de enfrentar ameaças de forças militares portuguesas que queriam
leva-lo para Portugal. Diante das pressões portuguesas para que voltasse e
assim o Brasil voltar a ser um mera colônia, Pedro foi aconselhado por
Leopoldina e José Bonifácio por meio de cartas a separar o Brasil de Portugal,
o que foi feito em 7 de setembro de 1822. Foram derrotadas tropas portuguesas
principalmente na Bahia e eliminadas resistências em algumas províncias onde
havia ainda grupos fieis à coroa portuguesa.
Em 1823 dissolveu a constituinte por não
concordar com a limitação de seus poderes como imperador. E em 1824 mandou
tropas brasileiras para esmagar e reprimir os revoltosos da Confederação do
Equador no Nordeste.
Em 1825 a Província Cisplatina quis separar-se
e contou com a ajuda argentina que tinha interesses em anexar o território,
começando uma guerra que durou até 1828, resultando na formação da República do
Uruguai, tendo muitos brasileiros perdido a vida nos combates e o Brasil tendo
se endividado ainda mais, o que piorou as condições de vida dos brasileiros,
prejudicando mais a imagem de Pedro, que já estava desgastada, inclusive pelo
seu comportamento extra conjugal com a marquesa de Santos. Também atrapalhou o
seu governo a preocupação com Portugal, onde seu irmão tinha assumido o trono e
afastado a filha de Pedro, escolhida por ele para ser a rainha de Portugal
quando chegasse à maioridade. Os fatos como o assassinato do jornalista Libero
Badaró e a "Noite das Garrafadas" aumentaram o desgaste político do
imperador, que renunciou em 7 de abril de 1831.
Tendo morrido Leopoldina, Pedro casou-se pela segunda vez com Amélia de Leuchtenberg, filha Eugênio de Beauharnais, Duque de Leuchtenberg,
e da princesa Augusta da Baviera. Em julho de 1832, chegou a Portugal com um
exército, defendendo o liberalismo contra o absolutismo de seu irmão Miguel.
Sendo vitorioso, Pedro adoeceu e em 24 de setembro de 1834 morreu de
tuberculose, poucos meses após ter vencido as tropas de seu irmão.
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura: Google.
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