domingo, 27 de outubro de 2019

Aniversariante do mês de outubro: Hannah Arendt, filósofa












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Hannah Arendt nasceu em 14 de outubro de 1906, em Linden-Limmer, no Reino de Hânover, Império Alemão que hoje em dia é Hanôver, Baixa Saxônia, na Alemanha. Foi uma filósofa política alemã, de origem judaica, que teve como maiores interesses a Teoria Política, a Modernidade e a Filosofia da História. Foi influenciada por pensadores como os Pré-Socráticos, Sócrates, Platão, Ariostóteles, Santo Agostinho, Maquiavel, Montesquieu, Kant, Tocqueville, Kierkegaard, Marx, Nietzsche, Russell, Jaspers, Benjamim e outros. 


Além de filósofa, foi jornalista e professora universitária. Não gostava de ser classificada como "filósofa". Preferia que suas publicações fossem classificadas como "teoria política" e defendia um conceito de  "pluralismo" na área da política. Sofreu perseguições no tempo do nazismo, o que a fez emigrar. Para Arendt, o pluralismo na área política que ela defendia proporciona o potencial de uma liberdade e igualdade política entre as pessoas. Tinha um posicionamento crítico diante da democracia representativa, preferindo um sistema de conselhos ou outros meios de se exercer uma democracia direta. Realizou discussões críticas de filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Kant, Heidegger e Jaspers. Como pensadora independente, foram importantes seus trabalhos sobre filosofia existencial, sua reivindicação da discussão política livre e a teoria do totalitarismo.


Foi uma pensadora original, estando entre diferentes campos de conhecimento e especialidades, devido ao seu sistema de análise, com influência de Heidegger.


Em relação ao conceito trabalho, Hanna faz uma crítica a Marx, pois ela entendia que há a possibilidade de o trabalho ser produtivo ou improdutivo, os dois possibilitando entendimento e produzindo objetos pela simples ação do sujeito. Para Marx, só é considerado o trabalho produtivo como fonte de objeto e matéria, não considerando o improdutivo. 


Quando Hannah tinha três anos,  foi com seus pais a Konigsberg, na Prússia (que hoje em dia é a cidade russa de Kaliningrado). Os antepassados dela eram de lá. Seu pai, o engenheiro Paul Arendt, participante do Partido Social-Democrata Alemão, veio a morrer em 1913. A mãe de Hannah, Martha, que tinha ideias social-democratas,  a educou de forma liberal. Com seus avós pôde conhecer o judaísmo reformista e participou quando bem jovem do movimento judeu sionista. 


Foi uma adolescente bem instruída, tendo lido já aos quatorze anos a Crítica da Razão Pura, de Kant e a Psicologia das Concepções de Mundo, de Jaspers. Aos 17 anos foi sozinha para Berlim, onde teve aulas de teologia cristã e estudou a obra do filósofo Kierkegaard. Voltou a Königsberg em 1924 e nesse ano começou seus estudos na Universidade de Marburg. Lá assistiu às aulas de Martin Heidegger e Nicolai Hartmann, como também aulas de grego e teologia protestante do professor Rudolf Bultmann. 


Hanna e seu professor Heidegger, casado e pai de família, 17 anos mais velho que ela, foram amantes. Mas em 1926 ela decidiu mudar sua vida e trocou de universidade, indo para a Universidade Albert Ludwig, de Freiburg, passando a ter como orientador o filósofo Edmund Husserl. Estudou também na Universidade de Heidelberg, formando-se em 1928, tendo como tutor Karl Jaspers. Sua tese foi O conceito de amor em Santo Agostinho. 


Ela vai para Berlim em 1929, passando a viver com Günther Stern, o qual já conhecia e depois casaram-se. O casamento foi até 1937. Foram morar em Heidelberg por pouco tempo e mudaram-se para Frankfurt onde viveram um ano. Ela passou a colaborar para o jornal Frankfurter Zeitung. Estudou na época a obra de Rahel Varnhagen (que viveu entre os séculos XVIII e XIX), uma intectual judia convertida ao cristianismo. 


Hanna conseguiu uma bolsa de estudos na Associação de ajuda para a ciência alemã. Leu obras de Marx e Trotsky, analisou a exclusão social dos judeus, com base no conceito de pária. Ela preferiu usar outro conceito, o de "arrivista". Em 1932 publicou na revista História dos Judeus na Alemanha o artigo "O Iluminismo e a questão judaica". No mesmo ano escreveu uma crítica sobre o livro O problema da mulher na atualidade, de Alice Ruhle Gerstel, comentando a emancipação da mulher na vida pública e discute suas limitações. 


Seu marido emigrou para Paris em março de 1933 e ela trabalhou para uma organização sionista, na qual estudava a perseguição aos judeus. Usou sua casa como local de trânsito para refugiados. A Gestapo a prendeu por oito dias em julho de 1933. Nesse ano ela defendia que era preciso a luta contra o nazismo. Ela desprezava a "adaptação" ao novo regime de muitos intelectuais. Por causa disso, houve um conflito com Leo Strauss, que tinha um pensamento conservador. Ela rompeu sua amizade com Heidegger por causa que ele entrou no partido nazista e só voltou a reatar laços em 1950. 




O entendimento de Hanna Arendt sobre a  situação dos judeus foi, segundo ela,  influenciado pelos estudos sobre questão judaica e a  assimilação cultural de Kurt Blumenfeld, diretor e porta-voz do movimento sionista.


Tendo se separado de seu primeiro marido em 1939, a filósofa casou-se em 1940 com o  poeta anarquista Heinrich Blucher e chegou a Lisboa em janeiro de 1941 após ter escapado da França ocupada pelos nazistas, ajudada pelo economista e historiador Albert Hirschman. Soube em Lisboa da morte de seu amigo Walter Benjamim na França e ficou muito triste. O tempo que ficou em Lisboa, afetada emocionalmente pelos acontecimentos, refletiu-se em seu ensaio Nós Refugiados, publicado em 1943, sobre a questão da cidadania, que ela dizia ser “o direito a ter direitos”.


Já nos Estados Unidos, país onde foi morar após sair de Portugal, trabalhou em editoras e organizações judaicas. Ainda esteve na Alemanha, quando acabou a guerra e reencontrou Heidegger e procurou ajudá-lo na sua reabilitação, pois estava marcado por ter simpatizado com o regime nazista. 


Hanna ensinou na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, de 1963 a 1967 e desse ano em diante passa a lecionar em Nova York. 


Faleceu em 4 de dezembro de 1975 (aos 69 anos) e está sepultada em Bard College, Annandale-on-Hudson, em Nova York, nos Estados Unidos. 


Obras:

O primeiro livro de Hanna é O Conceito de amor em Santo Agostinho: Ensaio de uma interpretação filosófica, que na realidade era sua tese, editada em primeira vez em Berlim em 1929. Ela considerava Santo Agostinho um filósofo e não um sacerdote.

No livro "As origens do totalitarismo",de 1951, ela faz uma relação, polêmica, de semelhança entre nazismo e stalinismo, como ideologias totalitárias, mostrando como o meio totalitário precisa da banalização do terror, da manipulação das massas, acriticismo diante da mensagem do poder. Para ela, tanto Hitler como Stalin exploraram a solidão organizada das massas.


Em 1958, foi publicado A Condição Humana, na qual ela utiliza a tripartição grega e destaca a importância da política como ação e como processo. Ela diz: 


"Com a expressão 'vita activa', pretendo designar três atividades humanas fundamentais: labor, trabalho e ação. (...) O labor é a actividade que corresponde ao processo biológico do corpo humano (...). A condição humana do labor é a própria vida. O trabalho é a atividade correspondente ao artificialismo da existência humana (...). O trabalho produz um mundo "artificial" de coisas, nitidamente diferente de qualquer ambiente natural. A condição humana do trabalho é a mundanidade. A ação, única atividade que se exerce directamente entre os homens sem a mediação das coisas ou da matéria, corresponde à condição humana da pluralidade, ao facto de que homens, e não o Homem, vivem na Terra e habitam o mundo. Todos os aspectos da condição humana têm alguma relação com a política; mas esta pluralidade é especificamente 'a' condição (...) de toda a vida política."


O livro "Entre o Passado e o Futuro”, publicado em 1961, é uma espécie de reunião dos temas da obra de Arendt ao longo de diferentes períodos. Ele fala sobre política, direitos, nazismo, totalitarismo, marxismo, refúgio, pátria, sionismo, nação e a questão dos judeus. Trata-se de uma espécie de súmula de seu pensamento, consistindo em uma importante ferramenta para compreendê-lo.


Em 1963, publica Sobre a Revolução, analisando a Revolução Francesa e a Revolução Americana, comparando-as, explicando suas semelhanças e diferenças. Diz que para se ter preservação da liberdade se as instituições pós-revolucionárias interiorizarem e mantiverem vivas as ideias revolucionárias. Também nesse ano publica Eichmann em Jerusalém, contendo os cinco artigos que escreveu sobre o julgamento do oficial nazista Eichmann, descrevendo-o como alguém terrível e horrivelmente normal, um burocrata que quis cumprir ordens com zelo, por amor ao dever. O último livro desse ano é : Sobre a Violência, que procura compreender a razão de o mundo viver uma escalada de destruição e guerras. Para ela o poder é destruído pela violência, porque se baseia na exclusão da interação e da cooperação entre as pessoas. Ela entende que a base do poder é convivência e cooperação. 


Seu último livro, “Homens em Tempos Sombrios foi publicado  em 1968. Nele se podem ver ensaios biográficos de homens e mulheres que viveram os "tempos sombrios" da primeira metade do século XX, com o surgimento do totalitarismo, também destacando as mentes de Hermann Broch, Rosa Luxemburgo, Jaspers, Bertold Brecht, Walter Benjamim, Heidegger e outros, refletindo sobre erros e acertos dessas personalidades.



 Frases: 

“Uma existência vivida inteiramente em público, na presença de outros, torna-se, como diríamos, superficial.”

“Uma vida sem pensamento é totalmente possível, mas ela fracassa em fazer desabrochar sua própria essência – ela não é apenas sem sentido; ela não é totalmente viva. Homens que não pensam são como sonâmbulos.” 

  “A essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos.”

“O revolucionário mais radical se torna um conservador no dia seguinte à revolução.”

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História


Figura: https://www.google.com/search?q=imagens+de+hannah+arendt&client=firefox-b-d&sxsrf=ACYBGNQAr
 







terça-feira, 15 de outubro de 2019

Homenagem aos professores no Dia do Professor: Pensamentos e frases sobre o professor e a educação















Pensamentos e frases sobre o professor e a Educação


"Verdades da Profissão de Professor"

"Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda."

Paulo Freire


"Um professor é a personificada consciência do aluno; confirma-o nas suas dúvidas; explica-lhe o motivo de sua insatisfação e lhe estimula a vontade de melhorar."

Thomas Mann


"Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro."

Dom Pedro II




"O grande professor indiano NisargadattaMaharaj disse uma vez: “A sabedoria me diz que não sou nada. O amor me diz que sou tudo. Entre os dois, minha vida flui”. “Não sou nada” não significa que há uma árida terra de ninguém interior. Mas sim que, com estado desperto, estamos abertos para um espaço limpo, desimpedido, sem centro ou periferia — em nada separado.
Se somos nada, não há realmente nada para servir como barreira para nossa ilimitada expressão do amor. Sendo nada, assim, também somos, inevitavelmente, tudo. “Tudo” não significa auto-engrandecimento, mas um reconhecimento decisivo de interconexão; não somos separados.
Tanto o espaço limpo e aberto do “nada” quando a interdependência de “tudo” nos desperta para nossa verdadeira natureza. Essa é a verdade que tocamos quando meditamos, um sentido de unidade além do sofrimento. Está sempre presente; precisamos, meramente, ser capazes de acessá-lo."

Sharon Salzberg




"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."

Cora Coralina


"O mestre disse a um dos seus alunos: Yu, queres saber em que consiste o conhecimento? Consiste em ter consciência tanto de conhecer uma coisa quanto de não a conhecer. Este é o conhecimento."

Confúcio


"É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade."

Immanuel Kant


"A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida."

Sêneca


"A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem valor."

Padre Antônio Vieira



"A música oferece à alma uma verdadeira cultura íntima e deve fazer parte da educação do povo."

Fançois Guizot


"Nada melhor pode dar um pai a seu filho do que uma boa educação."

Texto Islâmico


“Aos estudantes recomendo uma única coisa, que amem seus professores tanto quanto seus estudos.” 

Marco Fábio Quintiliano



Sugestão de Filmes:


Ao Mestre, com Carinho(1967)
Sociedade dos Poetas Mortos (1989)
Mentes Perigosas (1995)
Nenhum a Menos (1998)
O Sorriso de Mona Lisa (2003)
Escola da vida (2005)
Mr. Holland – Adorável Professor (1995)
Entre os Muros da Escola (2008)
Escritores da Liberdade (2007)
O Substituto (2011)


Sugestão de música: To Sir, with Love (Tradução: “Ao mestre com carinho”)-Composição: Don Black / Mark London- Cantora: Lulu


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Márcio José Matos Rodrigues- Professor de História


Figura: https: //www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNQY5n2EEhWR-_ZyDGF11XNT_kEpHQ:1571188386995&q=figura+de+professor