Vou falar de dois escritores nascidos do mês de janeiro: Casimiro de Abreu e João Cabral de Melo
Neto.
Casimiro de Abreu
Em 4 de janeiro de 1839, nasceu em Barra de São João, no Rio
de Janeiro, o poeta romântico brasileiro Casimiro José Marques de Abreu, que
escreveu a obra Meus Oito Anos, um dos poetas mais populares da
literatura brasileira.
Seu pai era o comerciante português
José Joaquim Marques de Abreu e sua mãe era Luísa Joaquina das Neves,
fazendeira de Barra de São João. O casal teve três filhos, mas não eram
oficialmente casados. Barra de São João atualmente é um distrito do município
“Casimiro de Abreu”. O poeta estudou em Nova Friburgo, a maior cidade da região
serrana da província. Lá ele só completou os estudos primários.
Trabalhou com o pai no comércio
quando foi para o Rio de Janeiro aos treze anos e depois foi para Portugal em
1853, vivendo quatro anos por lá e entrou em contato com o meio dos escritores
e escreveu grande parte de suas obras.
Escreveu o drama Camões e o Jau, em 1856, que foi
representado em teatro de Lisboa, sendo muito aplaudido.
Retornou ao Brasil em 1857, passando a trabalhar no armazém
de seu pai. Fez amizade com Machado de Assis e escreveu para jornais,
permanecendo em uma vida boêmia. Suas poesias foram editadas em 1859 com o
título de Primaveras.
Tinha linguagem simples, foi um dos poetas mais populares do
Romantismo no Brasil. Após sua morte, suas obras tiveram sucesso literário no
Brasil e em Portugal. Nas suas obras havia o sentimento relativo à casa
paterna, à saudade da terra natal, à tristeza e ao amor.Sua poesia possuía um lirismo ingênuo de
adolescente.
Teve destaque na Segunda
Geração do Romantismo, sendo o patrono da cadeira de número 6 da Academia
Brasileira de Letras. Colaborou com as revistas O Panorama e A ilustração
luso-brasileira.
Ficou noivo de Joaquina Alvarenga Silva Peixoto em 1860 e no
mesmo ano tentou curar a tuberculose que o atingiu. Veio a falecer no dia 18 de
outubro de 1860, aos 21 anos, na Fazenda Indaiaçu, localizada atualmente no
município de Casimiro de Abreu. Foi sepultado em Barra de São João, como tinha
pedido.
Poema:
Meus
Oito Anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora de minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Da aurora de minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dia
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor! (...)
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor! (...)
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João Cabral de Melo Neto
Foi um poeta brasileiro da terceira geração modernista do
Brasil, conhecida como Geração de 45.
Além de poeta, foi escritor e diplomata, conhecido como “poeta engenheiro”. Ele
se destacou por seu rigor estético, de modo racional e equilibrado. Nasceu no
Recife, Pernambuco, em 6 de janeiro de 1920, filho de Luís Antônio Cabral de
Melo e de Carmen Carneiro Leão Cabral de Melo. O poeta era primo de Manuel
Bandeira e Gilberto Freyre.
Ficou famoso principalmente por causa de sua obra “Morte e Vida Severina”. Sua obras
ficaram conhecidas em vários países, com livros seus publicados em línguas como
o espanhol, o alemão e o inglês.
Gostava muito de futebol e foi jogador pelo time
juvenil do Santa Cruz Futebol Clube, do Recife, conseguindo o título de campeão
em 1935.
Trabalhou inicialmente na Associação Comercial de Pernambuco e no Departamento de Estatística do Estado de Pernambuco.Aos 18 anos de idade, em 1938, começou a freqüentar o Café Lafayette,reduto da intelectualidade recifense.
Trabalhou inicialmente na Associação Comercial de Pernambuco e no Departamento de Estatística do Estado de Pernambuco.Aos 18 anos de idade, em 1938, começou a freqüentar o Café Lafayette,reduto da intelectualidade recifense.
Em 1942 foi para o Rio de Janeiro com a família. Lá publicou
“Pedra do Sono”, seu primeiro livro. Em 1945 iniciou trabalho no Departamento
de Administração do Serviço Público, criado pelo governo de Vargas.Ingressou em 1946 no quadro de diplomatas
brasileiros.
Viajou para diversos países e foi cônsul- geral nacidade do Porto, em Portugal, cargo em qual ficou até 1987. Em 15 de agosto de 1968 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.
Viajou para diversos países e foi cônsul- geral nacidade do Porto, em Portugal, cargo em qual ficou até 1987. Em 15 de agosto de 1968 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.
Ao ir perdendo a visão, passa a sofrer de depressão,
morrendo em 9 de outubro de 1990, aos 79 anos, após sofrer um ataque do coração.
Ele dizia:“escrever é estar no extremo de si mesmo”.
Obras de João Cabral de Melo Neto: Considerações sobre o poeta dormindo, 1941;Pedra do sono,
1942;O engenheiro, 1945;O cão sem plumas, 1950;O rio, 1954;Quaderna,
1960;Poemas escolhidos, 1963;A educação pela pedra, 1966;Morte e vida severina
e outros poemas em voz alta, 1966;Museu de tudo, 1975;A escola das facas,
1980;Agreste, 1985;Auto do frade, 1986;Crime na Calle Relator, 1987;Sevilla
andando, 1989.
Recebeu prêmios como:
Por conta do seu trabalho literário, o escritor recebeu
diversas homenagens e prêmios:Prêmio José de Anchieta, de poesia, do IV
Centenário de São Paulo;Prêmio Olavo Bilac, concedido pela da Academia
Brasileira de Letras;Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro;Prêmio
Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro; etc.
A sua obra Morte e Vida Severina foi adaptada para
a música, teatro e cinema. É relatada a saga de um retirante nordestino que vai
para o Sudeste do Brasil para buscar melhores condições de vida. Abaixo um
trecho do poema Morte e Vida Severina:
Morte e vida severina (trecho), 1954/1955
— O meu nome é Severino,como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte Severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza.
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor
de História
Figura 1:
https://www.google.com/search?q=imagem+de+casimiro+de+abreu&client=firefox-b-d&sxsrf=ACYBGNRSZzpHs_yg0LCiuj96XixVF1WWRg:1580438591699&tbm=isch&source
Figura 2:
https://www.google.com/search?q=imagem+de+jo%C3%A3o+cabral+de+melo+neto&