sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

O filósofo iluminista francês Montesquieu












Em 18 de janeiro de 1689, no castelo de La Bréde, próximo a Bordéus, nascia Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu. Ele foi um filósofo e escritor francês que ficou muito conhecido por causa de sua teoria da separação de poderes.

Ele veio de uma família nobre e teve uma formação iluminista, tendo estudado com padres oratorianos. Sua mãe era Marie Françoise de Pesnel, de origem inglesa, cuja família tinha negócios no ramo de vinhos. Seu pai era Jacques Secondat, um nobre francês.

Entrou para a faculdade de Direito da Universidade de Bordéus aos 16 anos e formou-se em Direito em 1708, indo para Paris para continuar seus estudos. Após a morte do pai, voltou à La Bréde e em 1715 casou-se com Jeanne de Lartigue. Um ano depois, com a morte de um tio, herdou uma fortuna. Foi nomeado Barão de Montesquieu.

Tornou-se crítico severo da monarquia absolutista e do clero católico. Em Paris participava dos círculos da boemia literária. Presidiu o tribunal provincial de Bordéus entre 1716 e 1726. Esteve na Inglaterra de 1729 a 1731 e fez longas viagens pela Europa. 

Montesquieu sonhava com a limitação do poder absoluto dos reis, mas era um conservador e se identificava com seu grupo social, a nobreza. As convicções de Montesquieu o aproximam dos ideais de uma aristocracia liberal. Ele não era a favor de um despotismo, porém não apoiava a ideia de que o povo tomasse o poder.

Escreveu Cartas Persas (1721), Considerações sobre as causas da grandeza dos romanos e de sua decadência (1734), o Espírito das Leis (1748) e contribuiu junto com Diderot e D’Alembert para a Enciclopédia

Montesquieu se aprofundou em estudos de base iluminista que tinha começado no Colégio Juilly, fazendo ligações das ciências naturais com as humanas. Na sua obra Cartas Persas, fez uma sátira aos costumes e à Filosofia francesa, criticando autoridades políticas e religiosas.

Estudou na Academia Francesa aos 39 anos. Conheceu obras importantes como as do historiador Pietro Giannone e do filósofo Vico. Na Inglaterra entrou para a maçonaria e para a Academia Real.

Montesquieu, no seu tempo vendo o progresso das Ciências Físicas e Naturais, propôs que a sociedade, assim como na natureza, devia reger-se por leis. Passou a estudar para descobrir as leis sociais. Leu muito sobre os impérios antigos como o romano, o cartaginês, o egípcio, o persa, o chinês, o japonês, o turco e povos como os hebreus, árabes etc.

Na sua obra “Do Espírito das Leis”, que se tornou muito lida no meio jurídico e entre os estudiosos sociais, há um estudo amplo sobre as áreas de Direito, História, Economia, Geografia e teoria política, sendo publicada em 1748. A obra foi inspirada nas teorias de John Locke. Nessa obra se discute sobre as instituições e as leis, buscando-se compreender as diversas legislações existentes em diferentes lugares e épocas. Foi uma obra que tornou-se fonte das doutrinas constitucionais liberais. 

Apesar de muito elogiado, ele também foi alvo de represálias e chegou a publicar um livro resposta chamado “Defesa do Espírito das Leis”.

Montesquieu defendia que o poder deveria ser dividido em Poder Executivo, responsável pela administração do território e concentrado nas mãos do monarca; Poder Legislativo, responsável pela elaboração das leis e representado por câmaras de parlamentares; Poder Judiciário, responsável pela fiscalização do cumprimento das leis e exercido pelos juízes. Montesquieu dizia: "Não haverá também liberdade se o poder de julgar não estiver separado do poder legislativo e do executivo, não existe liberdade, pois pode-se temer que o mesmo monarca ou o mesmo senado apenas estabeleçam leis tirânicas para executá-las tiranicamente". Ainda completa: "O poder de julgar não deve ser outorgado a um senado permanente, mas exercido por pessoas extraídas do corpo do povo, num certo período do ano, de modo prescrito pela lei, para formar um tribunal que dure apenas o tempo necessário."

Ele era a favor da Monarquia Parlamentar. Para ele existiam as seguintes formas de governo: República, tendo como princípio o Patriotismo; Aristocracia, tendo como princípio a Moderação; Monarquia, tendo como princípio a honra e o Despotismo, tendo como princípio o terror. Outra classificação era: Monarquia, o governo de um só; Aristocracia, o governo de vários; Democracia, o governo do povo. Essas seriam formas puras. Também para ele havia a Tirania, uma corrupção da Monarquia; a Oligarquia, uma corrupção da Aristocracia; e a Demagogia, uma corrupção da Democracia. Essas seriam formas impuras.

Faleceu em Paris, aos 66 anos no dia 10 de Fevereiro de 1755 e foi sepultado na L'eglise Saint-Sulpice, na mesma cidade. 

Frases:

"As viagens dão uma grande abertura à mente: saímos do círculo de preconceitos do próprio país e não nos sentimos dispostos a assumir aqueles dos estrangeiros."

"O estudo foi para mim o remédio soberano contra os desgostos da vida, não havendo nenhum desgosto de que uma hora de leitura não me tenha consolado."

"A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios."

"É uma verdade eterna: qualquer pessoa que tenha o poder, tende a abusar dele. Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder."

As conquistas são fáceis de fazer, porque as fazemos com todas as nossas forças; são difíceis de conservar, porque as defendemos só com uma parte das nossas forças.”

Se quiséssemos ser apenas felizes, isso não seria difícil. Mas como queremos ficar mais felizes do que os outros, é difícil, porque achamos os outros mais felizes do que realmente são.”

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             Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História


Figura: https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNRyjNfJmrT0i5MpsqxNBTPjMo2_JQ:1579918614439&q=figura+de+montesquieu&tbm=isch&source=univ&client=firefox
 


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