O Marechal Rondon
Cândido Mariano da Silva (depois foi acrescentado
Rondon) foi um marechal do exército brasileiro. Ele comandou um corpo de
engenheiros militares, foi sertanista e o primeiro diretor do Serviço de
Proteção ao Índio (órgão substituído depois pela FUNAI). Nasceu em 5 de maio de
1865, em Mimoso, distrito de Santo Antônio de Leverger, Mato Grosso. Era
descendente pelo lado do pai, Cândido Mariano da Silva, de portugueses, espanhois
e índios Guaná. A mãe de Rondon, Claudina Freitas Evangelista, descendia de
indígenas Terena e Bororo.
O pai de Rondon morreu em 1864, antes de seu filho
nascer e a mãe em 1867, quando ele tinha dois anos de idade. O avô paterno do
menino, José Mariano da Silva, o
criou. Quando o avô morreu, um tio,
Manuel Rodrigues da Silva Rondon,que era capitão da Guarda Nacional, passou a
criá-lo. Para homenagear seu tio, o futuro marechal acrescentou anos depois o
sobrenome Rondon.
Aos 16 anos, Cândido Rondon entrou para o Exército,
tendo iniciado sua participação no 3º Regimento de Artilharia a Cavalo em 1881.
Nesse ano tornou-se professor. Obteve na Escola Militar, no Rio de Janeiro, o
bacharelado em Ciências Físicas e Naturais e em 1888 tornou-se segundo tenente.
Foi transferido para a Escola Superior de Guerra, criado no Segundo Império.
O jovem Rondon abraçou ideias republicanas e
abolicionistas. Junto com outros republicanos, como Benjamim Constant,
participou da organização do golpe que derrubou Dom Pedro II.
Rondon foi nomeado em 1890 nomeado ajudante da
Comissão de Construção das Linhas Telegráficas de Cuiabá a Registro do
Araguaia. O governo republicano voltava nesse momento sua atenção para o oeste
do Brasil, mais isolado e com fronteiras com outros países da América do Sul. E
em 1895 a primeira linha telegráfica do Mato Grosso estava concluída. Rondon
ficou responsável pela construção da estrada que ligava o Rio de Janeiro
(capital nacional) a Cuiabá (capital do Mato Grosso). Antes disso o transporte
era feito por rios, ligando as cidades. Por volta de 1891-1892, Rondon tinha
pedido exoneração de seu cargo de professor e passou a ser chefe do Distrito
Telegráfico de Mato Grosso. Rondon se casou com Francisca Xavier. O casal teve
sete filhos.
No período de 1900 a 1906 Rondon foi incumbido de
instalar a linha telegráfica do Brasil para a Bolívia e o Peru. Entrou em
contato com os indígenas Bororos. Completou a linha telegráfica com a ajuda
deles. Rondon em sua vida descobriu e nomeou vários rios, montanhas e lagos,
tendo implantado mais de 5.000 quilômetros de linhas telegráficas. O presidente brasileiro Afonso Pena, em 1906,
o mandou fazer uma ligação entre o novo território do Acre à cidade de Cuiabá.
Posteriormente, Rondon ficou responsável em
estender a linha telegráfica de Mato grosso para a Amazônia. Nessa época
descobriu o Rio Juruena e os índios Nambiquara, que viviam isolados. Ele também
descobriu as ruínas do forte português Real Forte Príncipe da Beira. Foi então promovido
a major do Corpo de Engenheiros Militares, que construiu a linha telegráfica de
Cuiabá até Santo Antônio da Madeira, na Amazônia. Nesses tempos estava sendo
construída a Ferrovia Madeira-Mamoré. Essa ferrovia e mais as linhas
telegráficas de Rondon contribuíram para ocupar a região onde hoje se encontra
o atual estado de Rondônia.
Em maio de 1909 Rondon partiu do Município de
Tangará da Serra até o Rio Madeira. Os alimentos da expedição acabaram em
agosto e teve de recorrer à caça e coleta na floresta. Essa expedição descobriu
o rio que Rondon chamou de Rio da Dúvida. Quando chegou ao Rio de Janeiro em
1910 Rondon foi considerado um heroi e se tornou posteriormente o primeiro
diretor do Serviço de Proteção ao Índio (SPI).
Em 1913 foi atingido por uma flecha dos índios
Nhambiquara, mas conseguiu salvar-se e ordenou aos que o acompanhavam para não
reagirem. Ele tinha objetivo de ficar em paz com os índios. Seu lema era: "Morrer, se preciso for. Matar,
nunca". A Comissão Rondon em 1914 construiu 372 km de linhas e cinco
estações telegráficas. Sua missão foi concluída em janeiro de 1915 com a
construção da estação telegráfica de Santo Antônio do Madeira.
Rondon foi homenageado, tendo um meridiano com seu
nome. E no início de 1914 esteve na Expedição Científica Rondon-Roosevelt, com
a presença do ex-presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt, para
explorar o rio da Dúvida. A expedição passou por maus momentos. O Rio da Dúvida
foi renomeado como Rio Roosevelt. Todos os participantes da expedição sofreram
de doenças várias, menos Rondon. Depois dessa expedição Rondon até 1919 mapeou
o estado do Mato Grosso, tendo descoberto rios e feito contato com tribos
índigenas. Nesse ano ele já era general de brigada e foi nomeado diretor de
Engenharia do Exército. Foi também chefe da corporação brasileira de
engenheiros e de chefe da Comissão Telegráfica.
Durante
a revolta tenentista de 1924 em São Paulo, Rondon liderou tropas do exército
contra os revoltosos paulistas. De 1927 a 1930, por ordens superiores, teve de
examinar todas as fronteiras entre o Brasil e países vizinhos.
Em 1930 Rondon renunciou ao cargo de chefe do SPI.
De 1934 a 1938, liderou uma missão diplomática, para mediar uma questão sobre a
cidade de Letícia, disputada entre Colômbia e Peru. Em 1939 foi nomeado de novo
como diretor do SPI, ampliando sua atuação. Foi o primeiro presidente do
Conselho Nacional de Proteção aos Índios. Recebeu do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) o título de “Civilizador dos sertões".
Mesmo antes da criação do SPI, Rondon trabalhava em
favor da demarcação de terras indígenas. Sua atuação foi muito importante para
o entendimento a respeito da posse e uso coletivo das terras indígenas.No final
dos anos 40, ele foi contra um acordo entre o SPI e o governo do Paraná para
fracionar as terras indígenas em terras familiares. Rondon dizia que “as terras
dos indígenas não correspondem a posses individuais, mas à propriedade tribal”.
Na década de 1950 apoiou os irmãos Villas Boas, que
tinham como grandes opositores os fazendeiros do Mato Grosso, para que fosse
criado o Parque Nacional do Xingu, enfim criado em 1961.
Com 90 anos de idade, recebeu a patente de
marechal. Foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1957. Faleceu aos 92 anos de
idade em 19 de janeiro de 1958, na cidade do Rio de janeiro.
Rondon é considerado o o "Pai das
Telecomunicações Brasileiras". O dia de seu aniversário é o Dia Nacional
das Telecomunicações. Seu nome é escrito com letras de ouro no Livro da
Sociedade Geográfica de Nova Iorque. Foi homenageado em 1963 como "Patrono
da Arma de Comunicações do Exército Brasileiro". Em 17 de fevereiro de 1956 o Território
Federal do Guaporé recebeu o nome de Território Federal de Rondônia (Estado de
Rondônia a partir de dezembro de 1981).
Em 1967 foi criado um projeto chamado de projeto
Rondon envolvendo universitários para que participassem do processo de
desenvolvimento levado adiante pelo governo da época. No projeto, estudantes
voluntários deveriam prestar assistência a populações carentes das regiões mais
distantes do país, contando com apoio de estruturas das Forças Armadas do
Brasil.
Em 2015, o nome de Rondon foi inscrito no Livro de
Herois da Pátria, que fica no Panteão da Pátria, em Brasília.
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura:
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