Em 23
de junho de 1668 nascia o filósofo humanista, retórico, historiador e jurista
Giambattista Vico, em Nápoles, Itália. Ele foi um precursor da epistemologia
construtivista. A partir do século XIX, suas ideias passaram a influenciar
filósofos e cientistas sociais.
Era o sexto de oito filhos. Seus pais eram Antonio Vico e Candida Masulio.
Quando criança já demonstrava um vasto intelecto e tinha muita sede de
conhecimento. A livraria de seu pai contribuiu muito para sua educação. E aos
sete anos caiu de uma escada da livraria, fraturando o crânio. O médico que o
atendeu pensou que se ele sobrevivesse poderia ter sérias sequelas que poderiam
afetar sua capacidade congnitiva. Porém, após três anos sua saúde recuperou-se
e ele aos dez anos entrou na escola. Após um tempo, ele passou a estudar por
conta própria. Sentiu dificuldades materiais na sua infância e até a vida adulta teve momentos ligados à pobreza;
Com 16 anos, assumiu a defesa em um julgamento
que envolvia o seu pai, sendo bem sucedido. Mas não quis seguir a carreira na
área jurídica, pois considerou sua sáude fraca e não se sentiu atraído pelo
ambiente de tribunal. Mas percebeu na jurisprudência um caminho para um novo
entendimento da Humanidade.
O bispo de Ischia, reconhecendo o valor de
Vico no ensino da jurisprudência, recomendou-o ao marquês de Vatolla. Lá Vico
por nove anos aproveitou para ter mais conhecimentos frequentando a grande
biblioteca do castelo de Vatolla. Vico então leu muitos autores antigos como
Cicero, Boccacio, Virgílio, Dante Alighieri,Horácio e Petrarca. Gostava de
textos de Platão, porém não gostava de ler os epicuristas, que para ele
"ensinavam uma moral de solitários". Na filosofia de Descartes embora
tenha percebido as bases das ciências emergentes, fez suas críticas a esse
autor.
Teve constantes dificuldades financeiras, realizando
alguns trabalhos de elogios sob encomenda. Foi indicado para professor de retórica
da Universidade de Nápoles em 1697. Casou-se em 1699. Mas sua esposa tinha muito pouca instrução e com
ela teve vários filhos.Ela não teve muita habilidade para cuidar dos filhos. Vico por sua vez dedicava muito carinho aos filhos, embora um deles tenha lhe dado muito desgosto.
Vico publicou a obra A Antiga Sabedoria dos Italianos em 1710. Procurou por meio dela
apresentar a sabedoria de sábios jônios e etruscos, fazendo uma análise
filológica das palavras latinas.
Em 1725 escreveu Ciência Nova, procurando estabelecer um estatuto científico para o
estudo da História. Em 130 e 1744 o autor reeditou a obra com revisões. Nessa
obra Vico procura explicar a possibilidade de um entendimento científico para a
História. Procurou criar um princípio universal de História para todos os povos
em todos os tempos. Essa obra a partir do século XIX passou a ser um clássico
da teoria da História. Na época que Vico viveu o racionalismo e o iluminismo não davam muita importância para a História.
Ele refletia sobre religião e política de modo
conservador, usando teorias do passado, com uma linguagem bem teológica. A
História para ele é uma evolução de acontecimentos levando a uma razão
esclarecida e as verdades da História, da poesia, da pedagogia, do Direito, da
arte e da moral não podem ser demonstradas por meio de evidências racionais. Dizia que o
método cartesiano não pode garantir a verdade dos nossos conhecimentos. Para ele razão e
geometria não conseguem explicar as questões humanas, embora funcionem bem com números
e grandezas.
Vico em suas críticas dizia que os filósofos e
historiadores daqueles tempos estavam fazendo da História uma invenção, uma
ilusão para exaltar nações ou personagens históricos. Para ele a História é uma
criação do Homem e tem que ter uma ligação real com o Homem. Dizia também que,
como o Homem é livre, a história da Humanidade é o resultado das escolhas dos
Homens de cada época.
Ele dividiu a História em 3 períodos, seguindo
ideias de Platão: período do deuses (quando os Homens eram ignorantes e
insensatos), dos herois (prevalência da
fantasia e da imaginação dos Homens, com possibilidade do uso da força
para a estruturação social) e dos Homens, com predomínio da razão.
Para Vico a História é o resultado também das ações divinas mas não de forma direta, para ele a providência divina criou ideais a serem alcançados pelos homens. Ideais como justiça, verdade e o bem são objetivos que o homem tenta alcançar e tenta fazer isso de maneira livre. Vico dizia que com a História se conhece o espírito humano em seu desenvolvimento total: religioso, jurídico, político, lingüístico, artístico, poético, literário, industrial, científico, filosófico, etc. Dizia que o Homem conhece o mundo físico por meio da experimentação histórica.
No estudo da linguagem, Vico acredita que o modo de falar popular testemunha com mais veracidade os costumes de um povo. Os sistemas de comunicação que perduram em uma determinada língua são a expressão mais fiel da vida dessas pessoas.
Carlos III, da dinastia dos Bourbon, em Nápoles,
indicou Vico como Historiógrafo real. Mas pouco tempo depois disso, Vico teve
sérios problemas de saúde, ficando quase
impossibilitado de falar devido a um câncer, sentindo dores. Morreu aos
75 anos em 20 de janeiro de 1744.
Algumas frases de Vico:
"O pensar nos dá o conhecimento da nossa
existência, mas não nos garante o conhecimento total de quem realmente somos."
"O Homem é o personagem principal da história
porque é originalmente um ser sociável e ao se sociabilizar ele cria a
história. Além de ser um animal sociável o Homem é livre e por isso a história
da Humanidade é o resultado das escolhas dos homens de cada época."
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor
de História
Figura:
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