domingo, 7 de junho de 2020

O grande escritor renascentista italiano Boccaccio















Em 16 de junho de 1313 na Toscana,  Itália, nasceu Giovanni Boccaccio, poeta e crítico literário italiano. Seu pai, Boccaccino da Chellino,  era comerciante, mas Boccacio não quis seguir a ocupação de seu pai e sim desenvolver seu próprio talento literário. Era um humanista, cronista do mundo, falando da sensualidade dos sentidos e dos prazeres e dores. Denominou "A Comédia" de Dante Alighieri, de "A Divina Comédia" e assim essa obra ficou imortalizada com este nome. Boccacio foi considerado na época uma autoridade sobre as obras de Dante, inclusive foi autor de uma das primeiras biografias sobre Dante.

Em suas obras Boccaccio aborda aspectos comportamentais das pessoas, ressaltando vícios e virtudes. Nessas obras é forte a presença do humanismo. Ele foi um escritor de transição entre a literatura medieval e a renascentista. A obra-prima de Boccacio foi "Decameron", uma reunião de várias histórias que eram narradas por sete damas e três cavaleiros. 


A infância de Giovanni Boccacci foi em Florença. Lá aprendeu a ler, escrever e calcular com um famoso mestre-escola, Giovanni da Strada. Aos sete anos já escrevia contos. 


Em 1327 foi aprender comércio e finanças em Nápoles, que era um importante centro intelectual da Itália. Nessa cidade estudou direito canônico e línguas clássicas. Conheceu na ocasião o  bibliotecário real Paolo de Perúgia, que lhe possibilita conhecer manuscritos raros, romances franceses e a poesia trovadoresca. Para entender mais os textos clássicos, estudou latim e grego.Era um admirador, nesses tempos, da corte e da nobreza.


Seus primeiros poemas foram em 1337. Eram uma série de poemas amorosos, entre os quais: “Il Filóstrato" e “Theseida”. Tais poemas tinham relação com sua admiração pelo mundo greco-romano e com sua paixão por Fiammetta, filha natural do rei Roberto de Nápoles. Outra obra foi “Il Filocolo”, considerada a primeira grande composição novelesca da prosa romanesca.



Conseguiu retornar à Florença em 1341 e aí escreveu "Ameto". Em 1342 escreveu "Amorosa Visão" e 1344, escreveu o romance "Elegia de Madonna Fiammetta", imortalizando sua amada Giovanna. 


Com a peste que atinge Florença, a filha de sete anos de Boccaccio morre em 1348, assim como muitas pessoas. Ele vai então para Nápoles e começa a escrever "Decameron" (em grego significa "Dez dias"), reunindo uma coleção de cem contos de amor. Os personagens dessa obra são dez, sendo cada um deles responsável por uma narrativa diária por dez dias, no total de cem.


A experiência da peste em Florença influenciou Boccaccio, aproximando-o do povo comum, nas tabernas e albergues, com seu palavreado próprio das pessoas mais humildes, assim como a realidade dura provocada pela tragédia da doença, com uma sensação de fim de mundo, tanto na nobreza como nos plebeus. Foi conhecendo mais de perto todo este mundo mundano, com sua atmosfera de "pecado" e o clima de horror diante da peste que se tornou possível a Boccaccio escrever o "Decameron" e assim inventar a prosa narrativa italiana e começar dessa forma a tradição do conto no Ocidente. 


Segundo a estudiosa Elisabetta Menetti:  "A fantasia no Decameron de Giovanni Boccaccio entre fábula e historia, deve medir-se imediatamente com as consequências da estreita relação, estabelecida desde a antiguidade, entre invenção e verdade, dando origem a um texto em que o mundo real dialoga com o maravilhoso e o extraordinário na criação de outros mundos, pelos quais viaja o grupo dos dez narradores. Pode-se verificar ainda como é a literatura para Boccaccio, que apresenta sua teoria sobre a escrita em seu Genealogia deorum gentilium é locutio sub figmento capaz de dar vida - por admirável tensão criativa – a um mundo novo de palavras."


A obra Decameron baseia-se no realismo e possui tom constantemente licencioso e sensual. Houve críticas fortes de autoridades religiosas e muitas formas de censura. 


Boccaccio não publicou ele mesmo o Decameron. Ele era lido como cópias manuscritas e reproduzidas aos montes. Ele quis queimar as originais, quando já estava em um momento mais religioso de sua vida por causa da forte carga sexual e as críticas ao Clero que havia na obra. Mas desistiu de queimar, aconselhado pelo seu amigo Petrarca, grande poeta. E também porque já era tarde demais para isso, pois a obra já estava no conhecimento de muitos, pois os contos eram lidos e imitados em várias partes da Europa. Somente em 1492, quando o autor já tinha morrido há bom tempo, é que a obra foi realmente publicada. 


Em 1350 Boccaccio voltou para Florença e foi nomeado embaixador do governo florentino em Ravena, uma cidade italiana. 


Em 1355  Boccaccio escreveu “Il Carbaccio” (O Grande Corvo). Era uma sátira agressiva, provocada talvez por uma desilusão amorosa. 


Em 1362 foi para Certaldo, aldeia da Toscana, onde escreveu suas últimas obras e em 1373 na Igreja de Santo Stefano de Badia começou uma série de conferências sobre a "A Divina Comédia" e redigiu o "Comentário", sobre essa mesma obra. Mas não concluiu, porque ficou doente e teve também de abandonar as conferências em 1374.  Em 21 de dezembro, falece em Certaldo, na Itália. .



Obras:

  • Amorosa visione (1342)
  • Buccolicum carmen (c. 1347-63/68)
  • Caccia di Diana (1334-37)
  • Comedia delle ninfe fiorentine (Amato, 1341-42)
  • Corbaccio (cerca de 1365, data controversa)
  • De claris mulieribus (1361, reeditado com revisão em 1375)
  • Decameron (1349-52, revisado em 1370-71)
  • Elegia di Madonna Fiammetta (1343-44)
  • Esposizioni sopra la Comedia di Dante (1373-74)
  • Filocolo (1336-39)
  • Filostrato (1335 ou 1340)
  • Genealogia deorum gentilium libri (1360, revisado em 1374)
  • Ninfale fiesolano (entre 1344-46, data controversa)
  • Rime (concluído em 1374)
  • Teseida delle nozze di Emilia (em torno de 1341)
  • Trattatello in laude di Dante (1357, em latim De origine vita studiis et moribus viri clarissimi Dantis Aligerii florentini poetae illustris et de operibus compositis ab eodem)
  • Zibaldone Magliabechiano

Frases:


 
 “Mais vale agir na disposição de nos arrependermos do que arrependermo-nos de  nada termos feito.”

“Os ignorantes julgam a interioridade a partir da exterioridade.”

“Fazer grande estardalhaço a propósito de uma ofensa de que fomos vítimas, não atenua o desgosto, mas aumenta a vergonha.”

 "Em tempos idos, em nossa cidade (Florença) existiram costumes muitos lindos e  louváveis dos quais hoje não sobrou nenhum, e isso ocorre por causa da avareza desmedida.”
 
   "As riquezas pintam o homem, e com as suas cores cobrem e escondem não apenas os  defeitos  do corpo, mas também os da alma.”

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História


Figura: 

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