quinta-feira, 11 de junho de 2020

O filósofo, teólogo, matemático e escritor francês Blaise Pascal

















Em 19 de junho de 1623 nascia em em Clermont-Ferrand, na França, Blaise Pascal, filho de um professor de matemática, Étienne Pascal, e de Antoinette Begon . Ele foi filósofo, físico, teólogo católico, inventor, escritor e matemático. Ele deu grandes contribuições para o estudo dos fluidos, explicou sobre  conceitos de pressão e vazio e escreveu sobre o método científico. Aos 16 anos publicou um tratado de geometria projetiva.  Inventou a primeira máquina de calcular ( chamada por ele de pascalina), quando tinha 19 anos. Com seu método de resolver, "o problema dos partidos", em 1654, possibilitou que no século XVIII houvesse o cálculo das probabilidades. Também foi um pensador nos campos da Filosofia e da religião.

Quando tinha três anos ele perdeu sua mãe. Seu pai dedicou-se a orientá-lo em seus estudos, que incluíam diversas disciplinas como História, Geografia e Filosofia.

Em Paris, Blaise Pascal inclinou-se profundamente para a Matemática. Em Rouen realizou as suas primeiras pesquisas em relação à Física. Fez experiências sobre sons e deduziu 32 proposições da Geometria euclidiana. Em sua obra publicada em 1640, Essay pour les coniques, está formulado o teorema de Pascal.

Graças aos seus estudos, Pascal contribuiu para a criação da Geometria Projetiva e a Teoria das Probabilidades. Estudou cálculo infinitesimal. Enunciou os primeiros trabalhos sobre o vácuo.

Ele e sua família converteram-se ao Jansenismo em 1646. Sobre o Janseanismo:

"O jansenismo, surgido no seio da Igreja Católica no século XVII e condenado em várias bulas papais, já foi definido como "a doutrina de santo Agostinho vista com olhos calvinistas".

Conhece-se como jansenismo a doutrina dos seguidores de Cornelius Jansen, teólogo holandês que se tornou bispo católico de Ypres e faleceu em 1638. Baseado na tradicionalmente aceita doutrina de santo Agostinho, reafirmada por santo Tomás de Aquino, o jansenismo atribuía a salvação da alma ao juízo prévio e insondável do Criador, e não às "boas obras" ou à disposição da criatura. A teoria jansenista se acompanhava de uma ética severa e rigoroso ascetismo. Seus principais adversários eram os teólogos da Companhia de Jesus que, influenciados pelo humanismo renascentista, passaram a pregar a importância do livre-arbítrio e da colaboração da vontade humana na salvação. A revisão doutrinária humanística empreendida pelos jesuítas obedecia à idéia segundo a qual a persistência na tradição agostiniana favoreceria o calvinismo emergente.

As idéias jansenistas foram acolhidas com especial fervor na França por Jean Duvergier de Hauranne, abade de Saint-Cyran e diretor espiritual da abadia de Port-Royal. Preso em 1638 por se opor à política de Richelieu, foi sucedido por seu discípulo Antoine Arnauld, que popularizou a doutrina numa série de eloqüentes textos." (Portal do Estudante de Filosofia-Doutrinas- Jansenismo).

Em 1651 o pai de Blaise Pascal morreu. Em 1654 deixa as ciências e volta-se para a Filosofia e à Teologia. Em 1658 voltou aos estudos científicos. Escreve em 1656 e 1657 um conjunto de 18 cartas( Les Provinciales) que defendiam o jansenista Antoine Arnaud (já mencionado) , um opositor aos jesuítas. Nesse período escreveu também Pensées (onde estão ideias sobre espritualidade e em defesa do cristianismo).

Destacou-se também na Matemática com seu "Tratado do triângulo aritmético", ou triângulo de Pascal e fez melhorias no barômetro de Torricelli. Ele e Pierre de Fermat estabeleceram as bases da teoria das probabilidades e da análise combinatória.

Em sua obra "Do Espírito Geométrico" Pascal estudou a questão de descoberta de verdades. Por um método assim deveriam ser encontradas todas as proposições sobre verdades já estabelecidas. Mas também dizia que essas verdades exigiriam outras verdades para apoiá-las. Nesta obra Pascal desenvolveu uma teoria da definição.

Na sua obra "Sobre a Arte da Persuasão" Pascal estudou a fundo o método axiomático da geometria. Disse que alcançar a certeza nestes axiomas e as conclusões por meio de métodos humanos não é possível. Para Pascal é fundamental a intuição para aprender tais princípios e que há necessidade de ser submisso a  Deus na busca de verdades.

Sobre a teoria das possibilidades o estudioso John Ross escreveu: "A teoria das probabilidades e as descobertas após essa mudaram a nossa forma de encarar a incerteza, risco, tomada de decisão, e a capacidade de um indivíduo ou da sociedade de influenciar o curso dos eventos futuros."

 
Pascal em sua obra literária se opôs firmemente ao racionalismo de Descartes e também fez observações em relação ao empirismo, pois dizia que essa filosofia não era suficiente para determinar verdades importantes. Ele dizia que o que define o mundo humano real são a ética, a vida social e a religião. Mas tal mundo em grande parte não está dentro dos limites da razão. E até mesmo no mundo natural a razão é limitada.


Em relação à salvação das almas, Pascal afirmava que para os indivíduos se salvarem não bastam as suas ações, pois é preciso a interferência de Deus.


O seu trabalho "Tratado sobre o equilíbrio dos líquidos" é relacionado à pressão dos fluídos e à hidráulica.  "O princípio de Pascal diz que a pressão em qualquer ponto de um fluido é a mesma, de forma a que a pressão aplicada num ponto é transmitida a todo o volume do contentor. Este é o princípio do macaco e do martelo hidráulicos." (Site "Só Matemática"-Pascal).

 
Pascal foi homenageado tempos depois com seu nome dado à unidade SI de pressão; a uma linguagem de programação; a um importante princípio da hidrostática, a lei de Pascal. E também há o triângulo de Pascal e a aposta de Pascal.



Ele morreu aos 39 anos, em 19 de agosto de 1662, em Paris.


Algumas frases de Pascal:


"O homem está sempre disposto a negar tudo aquilo que não compreende."



"Quando considero a duração mínima da minha vida, absorvida pela eternidade precedente e seguinte, o espaço diminuto que ocupo, e mesmo o que vejo, abismado na infinita imensidade dos espaços que ignoro e me ignoram, assusto-me e assombro-me de me ver aqui e não lá. Quem me pôs aqui? Por ordem de quem me foram destinados este lugar e este espaço?"


"O que é o homem na natureza? Um nada em relação ao infinito, um tudo em relação ao nada, um ponto a meio entre nada e tudo."


"Todos os homens, sem exceção, procuram ser felizes. Embora por meios diferentes, tendem todos para este fim."


"O homem é feito visivelmente para pensar; é toda a sua dignidade e todo o seu mérito; e todo o seu dever é pensar bem." 


"A natureza tem perfeições que mostram que é a imagem de Deus, e defeitos que mostram que é apenas a imagem."


"O último esforço da razão é reconhecer que existe uma infinidade de coisas que a ultrapassam."


"O coração tem razões que a própria razão desconhece."


"A justiça sem a força é impotente, a força sem justiça é tirana."


"A consciência é o melhor livro de moral e o que menos se consulta."


"É o coração que sente Deus e não a razão."


"Os olhos são os intérpretes do coração, mas só os interessados entendem essa linguagem."


"O aumento do conhecimento é como uma esfera dilatando-se no espaço: quanto maior a nossa compreensão, maior o nosso contato com o desconhecido."


"A imaginação tem todos os poderes: ela faz a beleza, a justiça, e a felicidade, que são os maiores poderes do mundo."


"Dois excessos: excluir a razão, admitir apenas a razão."


"Nem a contradição é sinal de falsidade nem a falta de contradição é sinal de verdade."


"É indispensável conhecermo-nos a nós próprios; mesmo se isso não bastasse para encontrarmos a verdade, seria útil, ao menos para regularmos a vida, e nada há de mais justo."


"Eloquência positiva é aquele que persuade com doçura, não com violência, ou seja, como um rei, não como um tirano."


"A razão, por mais que grite, não pode negar que a imaginação estabeleceu no homem uma segunda natureza."


"O amor não tem idade; está sempre a nascer."


"Pesemos o lucro e a perda tomando por coroa (no jogo de cara ou coroa) que Deus existe. Avaliemos estes dois casos: se vencerdes, ganhais tudo; se perderdes, não perdeis nada. Apostai, portanto, que ele existe, sem hesitar."


"A nossa natureza consiste em movimento; o repouso completo é a morte."


"Quando se vê o estilo natural (do escritor), é-se assombrado e arrebatado, pois esperava-se ver um autor e encontra-se um homem."


"Quase que invariavelmente as pessoas formam suas crenças não baseadas nas provas, mas naquilo que elas acham."


"Não é no espaço que devo procurar minha dignidade humana, mas na organização do meu pensamento. Não me fará bem possuir terras. Pelo espaço o Universo me agarra e me engole como uma partícula; pelo pensamento sou eu que o agarro."


"Não me envergonho de mudar de opinião, porque não me envergonho de pensar."




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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História




Figura: https://www.google.com/search?q=imagem+de+Pascal&client=firefox

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