O intelectual, pesquisador, filólogo,
poeta e humanista Francesco Petrarca nasceu em 20 de julho de 1304 em Arezzo,
Itália. Ele aperfeiçoou o soneto, um tipo de poema, que teve sua origem em
Giacomo da Lentini e muito usado por Dante Alighieri. Petrarca é
considerado o “Pai do Humanismo”. Seus poemas eram redigidos em língua
italiana. Seu pai era um notário que foi exilado em Florença por um grupo
político chamado Guelfos Negros, em 1302. Petrarca viveu alguns anos de sua
infância na cidade de Incisa in Val d’Arno, que fica próxima à Florença. Com a
instalação do papado em Avinhão, em 1309, Petrarca fica com sua família nas
cidades de Avinhão e Carpentras. Ele foi estudante em Montpellier (1316-1320) e
Bolonha (1320-1326). O pai queria que ele se envolvesse com os estudos de
Direito, mas Petrarca tinha interesses pela escrita e Literatura Latina.
O pai de Petrarca morreu em 1326 e ele passou a
trabalhar em Avinhão em empregos ligados à burocracia, tendo tempo para
trabalhar em suas obras escritas. Na época ele lança Africa, sua
primeira grande obra. Era um épico em latim sobre o general romano Scipio
Africanus. A partir de então ele se torna uma pessoa famosa na Europa.
Colecionou manuscritos latinos antigos, sendo um dos intelectuais que
redescobriu o conhecimento da Grécia e Roma antigas. Retornou à tradição
da laurea poetas, sendo coroado em Roma. Foi um dos participantes
da primeira tradução latina de Homero. Trabalhou como embaixador, escrevia
cartas e um de seus amigos mais destacados era Boccaccio. Em 1345 Petrarca
descobriu uma coleção inédita de cartas de Cícero. É possível que tenha sido ele
o primeiro a usar a expressão Idade das Trevas para a Idade Média.
Dizia o poeta que ele, seu irmão e dois empregados
tinham chegado ao topo do Monte Ventoux, com 1909 metros. Sobre isso ele
escreveu um relato fictício que foi convertido em forma de cartas para o amigo
Francesco Dionigi. A data de 26 de abril de 1336, que Petrarca dizia que tinha
alcançado o pico da montanha, é considerado o dia do nascimento do alpinismo e
Petrarca chamado de o pai do alpinismo. Nos seus últimos anos
de vida fez viagens pelo norte da Itália.
Petrarca inspirou a filosofia humanista que
influenciou a Renascença. Era um estudioso da História Antiga e Literatura
Antiga, estudos que ele considerava de grande valor prático e com grandeza
moral. Mesmo tendo sido um cristão devoto ele não percebia que houvesse
conflitos entre a realização do potencial humano e a fé religiosa. Vários
conflitos internos dele e meditações mostradas em suas obras foram alvo de
estudos de filósofos humanistas do Renascimento. Ele enfatizava a importância
da solidão e do estudo. Líderes políticos, militares e religiosos na época do
Renascimento foram influenciados pelas ideias de Petrarca, destacando que a
glória pessoal tinha de se basear no exemplo clássico e na contemplação.
Estando a serviço da Igreja, não lhe foi possível
casar-se, porém após sua morte foi dito que era pai de duas crianças. Em 1327,
ele teve a visão de uma mulher de nome Laura, na igreja de Santa Clara de
Avinhão. A mulher amada, foi homenageada nas Rime Sparse (Rimas
Esparsas). Essa obra composta por 366 poemas é mais conhecida
como Il Canzoniere, que foi escrito em vernáculo, que era uma
linguagem de comércio. A maior parte dessa obra está em forma de soneto (317).
Além dos sonetos a sequência contem 29 canzoni, 9 sestina,
4 madrigais e 7 ballate. O poeta foi morar em
Pádua em 1367, passando a dedicar-se à contemplação religiosa. Fez uma doação
de manuscritos para a cidade de Veneza.
Há a possibilidade de Laura ter sido, na verdade,
Laura de Noves, esposa de Huges de Sade, antepassado do famoso Marquês de Sade.
No entanto, Petrarca negava que tenha sido ela sua homenageada. Segundo a obra
de Petrarca, Laura é muito bonita, com cabelos claros, modesta e digna. Os
sentimentos do poeta foram direcionados para os seus poemas de amor, que eram
exclamatórios.
Alguns dos sonetos de Petrarca foram musicados pelo
compositor romântico do século XIX, Franz Liszt. A maioria das obras do
escritor e poeta foram escritos em Latim, incluindo trabalhos acadêmicos,
ensaios introspectivos, cartas e poesias. Em 19 de julho de 1374, Petrarca
morreu no Vêneto, Itália.
Principais obras:Triunfos, Meu livro secreto,
Sobre os homens famosos, Sobre o lazer religioso, Sobre a vida solitária,
Itinerário para a Terra Santa, Epístola,Odes a Laura, De África.
Segundo a professora licenciada em Letras, Daniela
Diana:
“(...)
Petrarca estudou línguas, literatura, gramática, retórica e dialética. Durante
sua vida, obteve grande influência na sociedade a partir do momento que foi
devoto da igreja, entrando para o Clero, em 1330.
Já
reconhecido como poeta e grande intelectual da época, Petrarca recebeu o título
de “Poeta Laureado” em 18 de abril de 1341. Foi amigo do poeta italiano
Giovanni Boccaccio (1313-1375), que o considerava seu mestre espiritual e
cultural.
Um fato
curioso de sua vida foi quando Petrarca avista Laura, seu grande amor e musa
inspiradora, na igreja de Avignon, na França.
Ela foi
mencionada em diversas obras como “Laura de Noves”, personagem esposa de um
nobre francês. Petrarca Faleceu em Arquà, Itália, em 19 de julho de 1374,
vítima de malária.
O “Petrarquismo” foi
um movimento literário italiano surgido no século XV que se prolongou até o
século XVII, o qual influenciou diversos escritores europeus.
Seu
principal foco de estudo foi a poesia lírica de Petrarca, baseada nos temas
amorosos. A poética petrarquista destacou-se como exemplo de perfeição a partir
de uma linguagem simples e inovações métricas, tal qual o uso de versos
hendecassílabos (verso composto de onze sílabas poéticas).
A obra de
Petrarca é bem vasta, entretanto o humanista destacou-se na poesia, escrevendo
mais de 300 sonetos. (...) “
Segundo a
autora Dilva Frazão:
“Francesco Petrarca (1304-1374) foi um poeta
italiano. Humanista, foi um dos precursores do Renascimento Italiano. Foi o
inventor do soneto, poema com 14 versos. É também considerado o pai do
Humanismo Italiano.
Francesco Petrarca nasceu em Arezzo, Itália,
no dia 20 de julho de 1304. Filho de um tabelião toscano passou a infância em
Avignon, na Provença, onde o papado se instalou de 1309 até o início do século
XV.
Em Avignon, fez seus primeiros estudos. Em 1317
ingressou no cursou de Direito na universidade de Montpellier, que continuou em
Bolonha, abandonando-o em 1326.
Com a morte do pai, tentou a vida monástica. Ao
receber ordens menores, passou a contar com a proteção do cardeal Giovanni
Colonna.”
E ainda:
“(...) Em 1337, Petrarca procurou um refúgio no Mont
Ventoux e descobriu ali a emoção das belezas naturais, uma das bases da poesia
lírica do humanismo renascentista.
Nessa época, escreveu muitas de suas “Epistolas e
Metricae” (66 “cartas” em hexâmetros latinos) e várias de suas “Rime” (Poesias)
inspiradas por Laura.
Amplamente reconhecido, recebeu convites de Roma e
de Paris, para ser coroado como poeta. Recebeu a honraria, em Roma, no dia 8 de
abril de 1341, no Capitólio.
Embora tenha trabalhado como diplomata para
diversos príncipes do seu tempo, Petrarca não hesitou em apoiar a república
romana de Cola de Rienzo e a unificação do país.
Em 1348, Petrarca perdeu vários amigos e a amada
Laura durante o surto da peste negra. Procurou o refúgio alpino em Vaucluse,
onde organizou seus poemas.
Dividiu os poemas em “In Vita de Laura” e “In Morte
di Laura”, que ficaram conhecidos como “Canzoniere”.
A temática do Canzoniere vai muito além de seu amor
platônico, pois delineia uma nova lírica a partir da seleção do que havia de
mais refinado e vigoroso nos dois séculos anteriores.
Foi Petrarca em suas Rime, o primeiro a realizar uma poética de motivos estritamente psicológicos e vasta meditação sobre a existência terrena em seu conteúdo humano e emocional.
Em 1353, Petrarca fixou-se em Milão, onde
permaneceu por mais de oito anos. Em 1361, com um surto da peste, fugiu para
Pádua, depois para Veneza. Ali recebeu a visita de grandes amigos, entre os
quais Boccaccio.
Em 1367 o poeta retorna para Pádua onde viveu entre
a cidade e uma pequena propriedade no campo em Arquà, onde se dedicou
intensamente a seus versos.
Em 1370, ele foi chamado a Roma pelo papa Urbano V,
e partiu para ver o novo papado romano, mas ao passar por Ferrara, sofreu um
acidente vascular.
Mesmo com sequelas, não parou de trabalhar nos
poemas e na “Posteritati”, espécie de carta autobiográfica às gerações futuras.
Petrarca faleceu em Aquirà, na região de Mântua,
Itália, no dia 19 de julho de 1374. Foi encontrado morto com a cabeça recostada
em um volume de Virgílio.
Petrarca inspirou um movimento poético, o
“Petrarquismo”, o qual conseguiu muitos adeptos entre o século XV e XVII (...)”
____________________________
Frases de Petrarca:
“As duas cartas de amor mais difíceis de escrever
são a primeira e a última.”
“Cinco inimigos da paz habitam-nos - avareza,
ambição, inveja, raiva e orgulho. Se conseguirmos bani-los, infalivelmente
desfrutaremos a paz perpétua.”
"A razão fala e o sentimento
morde".
“É verdade, nós amamos a vida, não porque
estamos acostumados à vida, mas porque estamos acostumados a amar. Há sempre
alguma loucura no amor, mas há também sempre alguma razão na loucura.”
“O fim louva a vida e a noite o dia.”
“O amor é a graça suprema da humanidade, o mais
sagrado direito da
alma, o elo de ouro que nos une ao dever e à
verdade, o princípio
redentor que reconcilia o coração para a vida, e é
profético do bem
eterno.”
“Como difícil é salvar a casca da reputação das
pedras da ignorância.”
“A monotonia causa o tédio e a cura é a variedade.”
“Quando a paixão entra, a razão sai.”
“O verdadeiro saber é o saber que temos de nós
mesmos. De pouco
adianta conhecermos a natureza das coisas e
desconhecermos a
natureza do homem.”
_______________________________ Seis
sonetos de Petrarca III Se a
minha vida do áspero tormento E tanto
afã puder se defender, Que por
força da idade eu chegue a ver Da luz
do vosso olhar o embaciamento, E o
áureo cabelo se tornar de argento, E os
verdes véus e adornos desprender, E o
rosto, que eu adoro, empalecer, Que em
lamentar me faz medroso e lento, E tanta
audácia há de me dar o Amor, Que vos
direi dos martírios que guardo, Dos
anos, dias, horas o amargor. Se o
tempo é contra este querer em que ardo, Que não
o seja tal que à minha dor Negue o
socorro de um suspiro tardo. VIII Ó Pai,
depois dos dias ociosos, Depois
das noites a velar em vão, Com
este anseio no meu coração, Mirando
os atos por meu mal viçosos, Praza-te,
ó lume, que a outros mais formosos Caminhos
e a mais bela ocupação Eu me
volte, fugindo à dura ação Do
inimigo e aos seus meios cavilosos. Dez
anos mais um hoje faz, Senhor, Que me
vi submetido à tirania Que
sobre o mais sujeito é mais feroz. Piedade
tem do meu não digno ardor, Conduz
meu pensamento a melhor via, Lembra-o
de que estiveste numa cruz. XXXII Quanto
mais perto estou do dia extremo Que o
sofrimento humano torna breve, Mais
vejo o tempo andar veloz e leve E o que
dele esperar falaz e menos. E a mim
me digo: Pouco ainda andaremos De amor
falando, até que como neve Se
dissolva este encargo que a alma teve, Duro e
pesado, e a paz então veremos: Pois
que nele cairá essa esperança Que nos
fez delirar tão longamente E o
riso, e o pranto, e o medo, e também a ira; E
veremos o quão frequentemente Por
coisas dúbias o ânimo se cansa E que
não raro é em vão que se suspira. CLXXXIX Vai o
meu barco, cheio só de olvido, À meia
noite, ao árduo mar, no inverno, Entre
Cila e Caríbdis; e ao governo Vê-se o
senhor, melhor: meu inimigo. A cada
remo um pensar atrevido Parece
rir à vaga e ao próprio averno: Rompe
as velas um vento úmido, eterno De
esperanças, desejos e gemidos. Chuva
de pranto, névoa de rancor Afrouxa
e banha os cabos extenuados, De
ignorância trançados e de error. Foge-me
o doce lume costumeiro, Razão e
engenho da onda são tragados; E eis
que do porto já me desespero. CXC Uma
cândida cerva me surgiu sobre o
verde gramado – os cornos de ouro –, entre
dois riachos, à sombra de um louro, na
estação fria, mal o sol se abriu. Tão
doce em mim tal vista se imprimiu, que por
segui-la toda lida ignoro, como o
avarento em busca de um tesouro, tanto
assim meu tormento se evadiu. “Ninguém
ouse tocar-me” – escrito havia no
colo, entre topázios e diamantes, “que eu
fosse livre César ordenou”. Já o
claro sol chegava ao meio-dia, quando
eu, de olhos absortos, ignorantes, escorreguei
para a água, e ela escapou. CCXXXIV Ó minha
alcova, que já foste um porto Às
tempestades que cruzei diurnas, Fonte
agora de lágrimas noturnas, Que no
dia, por pejo, ocultas porto; Ó
leito, onde encontrei paz e conforto De
tanta mágoa, que dolentes urnas Sobre
ti verte o Amor com mãos ebúrneas, Só para
mim crueza e desconforto! Porém
do meu retiro e do repouso Não
fujo, mas de mim e do pensar, Que
tanta vez segui num devaneio; E em
meio ao vulgo adverso e inamistoso (Quem
diria?) refúgio vou buscar, Tal é
de ficar só o meu receio. (Traduções
de Renato Suttana) _______________________________ Márcio
José Matos Rodrigues-Professor de História |
Figura:
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Muito bom!!
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