O
termo “olhar fixo de mil jardas” teve origem na Primeira Guerra
Mundial. Ele passou a ser usado para combatentes com estresse de batalha e a
impressão que dava é que os olhos poderiam mesmo ver muito longe. Mas o termo
se popularizou mais durante a Segunda Guerra Mundial. É um tipo de olhar vazio,
sem foco de soldados que adotaram uma postura de distanciamento emocional em
relação aos horrores de guerra. Outras vítimas de outros tipos de traumas
também apresentam este sintoma ligado a um aspecto dissociativo.
A
revista Life publicou a pintura “Marines Call It That 2.000 Yard Stare”, do artista e correspondente da Segunda
Guerra Mundial Thomas Lea, sobre um fuzileiro naval que lutou na Batalha de
Peleliu. Esse fuzileiro foi ferido na sua primeira campanha, teve doenças
tropicais, dormindo pouco à noite e combatia os soldados japoneses durante o
dia. As baixas de seu grupo tinha sido numerosas (aproximadamente dois terços
da companhia foram mortos ou feridos).
Houve
também um relato de um cabo dos fuzileiros dos Estados Unidos chamado Joe
Houle, que lutou na Guerra do Vietnã. Ele relatou que não percebia emoções nos olhos de seu novo esquadrão,
segundo palavras dele sobre o olhar dos soldados: "O olhar nos seus olhos
era como se a vida lhes tivesse sido sugada".
Um
caso mais recente de “olhar de mil jardas” foi mostrado na revista National Geographic. Trata-se da foto de
capa da revista, na qual há uma garota afegã de olhos verdes, com um olhar que
aparenta passar bem pela câmera, fitando um futuro desconhecido e sombrio. Há
uma falta de emoção e um distanciamento no olhar dela, indicando uma
experiência de estresse e dificuldade.
O
“olhar de mil jardas” é com frequência associado a soldados que estiveram há
pouco tempo em combate e considerado um precursor da síndrome de estresse traumático.
Para médicos, esse tipo de olhar está relacionado a um trauma muito forte que
fez a pessoa se dossociar ou desconectar do mundo. Mas,mesmo não apresentando
emoções, os soldados com estes sinais continuam funcionais em meio às situações
de combate.Mas geralmente não apresentam muita eficiência no combate pois tem
fadiga, tempo de reação mais lento, indecisão, desconexão do ambiente e
incapacidade de priorizar.
Depois
de um certo tempo, há pessoas que embora sem assistência especializada
conseguem ir voltando à realidade. Porém, muitos que passaram por tais
experiências acabam necessitando de apoio psicológico para superar a
dissociação. Apresentando ainda estes sintomas, as pessoas podem ser
diagnosticadas com distúrbios de estresse agudo ou choque, como também o olhar
pode ser um sintoma de Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT), que requer
um tratamento especializado.
Outros
sintomas podem aparecer junto com o “olhar de mil jardas”. Pessoas que tem este
olhar podem ter distúrbios do sono , tendência a abusar de bebidas alcóolicas,
humor irregular, ataques de pânico ou de ansiedade etc. O quadro sintomático
pode demorar a desaparecer. Apesar de ter ficado muito conhecido por causa das
guerras, há outros casos que não são relacionados ao ambiente de batalhas. Há
quem apresente estes sintomas por ter passado por experiências traumáticas como
ataques violentos, desastres naturais, perigo constante ou grandes perdas.
Segundo
a Wikipédia:
“Olhar de mil metros ou olhar de dois mil metros ,
o que significa o olhar de mil metros de distância ,
é uma expressão em inglês. Muitas vezes é usado para descrever o olhar vazio e
disperso de soldados que criaram uma barreira emocional para os horrores pelos
quais estão passando. De maneira mais geral, esse termo é às vezes usado para
descrever o olhar que reflete a dissociação em vítimas de
outros traumas .”
Também
o artigo da Wikipédia define a Reação ao estresse de combate:
“Reação de combate ao estresse ( CSR ) é um termo usado nas forças armadas
para descrever a desorganização comportamental aguda vista pela equipe
médica como resultado direto do trauma da guerra. Também conhecido como
"fadiga de combate" ou "neurose de batalha", tem alguma
sobreposição com o diagnóstico de reação aguda ao estresse usado na psiquiatria civil
. É historicamente ligado ao choque de bomba e às vezes pode preceder
o transtorno de estresse pós-traumático .”
Sugestão de vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=-v2nBQ3wvOE
https://www.youtube.com/watch?v=-Q-113FGZrs
Márcio José Matos Rodrigues-Psicólogo e Professor de História
Figura:
https://www.google.com/search?q=imagem+de+olhar+de+mil+jardas&sxsrf=ALiCzsZV2MDO-tz9S5532Tm
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