sábado, 10 de junho de 2023

Poesias para duas Samaumeiras

 






Samaumeira


Ó velha e frondosa amiga,

Contemplo em dor teu cruel destino.

Quantas vezes conversamos sem palavras,

Sorrimos pelas alegrias

E choramos sem lágrimas visíveis

Pelas dores de todas as árvores.

Quando eu me sentava junto a ti,

Era-me agradável,

A tua companhia.

Lembro-me que eu queria

Ser poderoso e altivo

Como tu eras!

Mas eis que aprendi,

Que a força do rio,

É como a corrente da História,

Fluindo por entre os anos,

Atingindo poderosos soberanos

Que tropeçaram em suas vaidades.

Perdeste tua última batalha contra as águas

Que somente, tão somente seguiam seu caminho.

Agora sozinho,

Vejo teu cadáver imponente,

A despertar espanto em curiosos seres humanos;

E nos mais sensíveis,

Sentirem-se impotentes,

Por nada poderem fazer,

Misto de pena por te perder

E admiração em ver tal gigante abatido.

Velha senhora meu coração está ferido,

Desta vez minhas lágrimas são visíveis!

 

Abril de 1995

* Homenagem a uma frondosa samaumeira, que ficava no campus universitário da Universidade Federal do Pará, em Belém, que tombou pela força das águas do Rio Guamá. Ela ficava próxima ao rio e o rio acabou levando a margem e derrubando a árvore.

 

  

A Samaumeira de Nazaré.


Adeus Samaumeira,

Tu te estatelaste ,

Assim como tantas mangueiras,

Que foram ao chão.

Não mais os gritos,

Dos periquitos.

Agora sem ti,

Tudo fica mais esquisito.

Ficou um buraco,

Onde antes era bonito.

Olhar para ti nas noites de Círios,

Era olhar para o infinito,

Era viajar em rios,

Rumo à floresta amazônica.

Talvez haja um paraíso das grandes árvores,

Onde uma orquestra sinfônica,

Toque sinfonias ,

Lindas melodias.

Ah! Samaumeira,

Vai faltar algo em meu dia,

Foi-se parte de minha alegria

E por mais que eu queira

Fingir que ali estás,

Ouvirei os lamentos do velho Siqueira,

Que namorou a teus pés,

A mais formosa.

Ali onde tantos passaram com fé!

Ó tu rainha entre as frondosas,

Os romeiros iam à Basílica de Nazaré

E à Sé.

Que se plantem rosas

Em tua memória.

O choro dos pássaros vai no vento,

Tu ficavas ali em paz...

Testemunha da História!

Que os saudosos se lembrem de ti não como a poderosa,

Mas como a que marcou um tempo,

Que não volta mais!


Fevereiro de  2023

*Para a Samaumeira do largo de Nazaré , que teve seu fim.

Figura: https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagem+de+samaumeira&tbm


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