Considerando o Dia Internacional da Mulher, vou
tratar neste artigo a respeito de Catherine Dior.
Ginnete Dior nasceu em 2 de agosto de
1917 em Granville, na Normandia, França. Ficou conhecida mais como Catherine
Dior e era irmã do conhecido estilista francês Christian Dior. Doze
anos mais nova que ele, foi por meio dele que conseguiu o primeiro emprego em
Paris como vendedora de luvas em uma boutique. Ela se destacou
mais por ter participado da Resistência Francesa durante a Segunda Guerra
Mundial. Ela, a partir de novembro de 1941, passou a fazer parte da unidade de
inteligência franco-polonesa F2, tendo sido presa em Paris em julho de 1944
pela polícia política nazista chamada de Gestapo, que a torturou e depois a
deportou para o campo de concentração de mulheres de Ravensbruck. Tempo depois
foi enviada para trabalhar na prisão militar de Torgau, no campo satélite de
Buchenwald e posteriormente para uma fábrica controlada pelos nazistas próxima
à cidade de Leipzig. Recebeu condecorações do governo francês por seus atos de
bravura na Resistência francesa em abril de 1945, especialmente a Croix
de Guerre, após ter sido libertada do cárcere alemão. Também foi nomeada
para a Legião de Honra.
Os pais de Ginnete eram Maurice Dior,
um industrial de fertilizantes e Madeleine Dior. Ela era a mais nova de cinco
filhos. Tinha três irmãos e uma irmã. Após a quebra da bolsa nos
Estados Unidos em 1929 a crise mundial atingiu as empresas de Maurice, que
entraram em falência. Após essa situação e a morte de Madeleine em 1931,ele
então foi morar em Callian, na Provença, com seus filhos. Raymond,um dos
filhos, voltou traumatizado da Primeira Guerra Mundial e
outro dos irmãos Dior, Bernard, era esquizofrênico. No final dos anos 1930, com
20 e poucos anos, Ginette foi morar com Christian em Paris.
Com a invasão da França em 1940, na
Segunda Guerra Mundial, Catherine Ginette teve de voltar para a região de
Provença por motivos de segurança, após grande parte do país ser ocupado por
tropas nazistas. Ela vendia legumes próximo
a Cannes, duas vezes por semana. Em 1941estava comprando um
rádio para ouvir sobre a guerra, por meio das
transmissões da BBC, com falas do General de Gaulle. Nessa ocasião
conheceu Hervé des Charbonneries, um líder importante da Resistência Francesa,
que tinha 36 anos, casado, com 3 filhos. Ela se apaixonou por ele e foi com ele
para o movimento de resistência aos nazistas, passando a usar o apartamento do
irmão Christian em Paris, para realização de reuniões clandestinas da
Resistência. Christian tinha esposas de oficiais alemães como clientes suas no
mundo da moda.
Catherine envolveu-se com a seção
“Massif Central” da rede F2, que era um grupo da Resistência criado pelo
governo polonês no exílio e com financiamento do governo inglês. Hervé era da
mesma rede, tendo como seu líder o almirante Jacques Trolley de Prévaux. Dior
era a responsável pelo envio de relatórios clandestinos para Londres. Ela
percorria de bicicleta ruas da França, fotografando e anotando informações
sobre os nazistas. Mas em 6 de julho de 1944, ela e outros 26 membros de seu grupo foram
presos pela Gestapo. Um agente nazista tinha sido infiltrado
no movimento e delatado integrantes da Resistência. Christian Dior
tentou, por meio de contatos nos meios alemães, conseguir a libertação de sua
irmã. Também recorreu ao consul-geral sueco Raoul
Nordling, que conseguiu convencer os nazistas a colocar Catherine sob proteção
do Estado Sueco, porém ela tinha sido mandada de trem em 15 de agosto para o
campo de concentração de Ravensbruck. Depois foi para Torgau e para o
"Anton Kommando" feminino onde trabalhou numa fábrica de explosivos que
ficava em uma mina de potássio desativada. Também trabalhou em uma fábrica de
aviação em Leipzig-Markkleeberg. Ela conseguiu fugir após a evacuação
da SS, perto de Dresden, com a chegada forças aliadas, em abril de 1945, voltando
a Paris em 28 de maio de 1945.
No
momento de sua libertação, Catherine estava muito doente até para se alimentar.
Seu irmão Cristian cuidou dela até ela se recuperar. Ela sofreu muito no
cativeiro nazista. Ela preferia passar fome do
que se abaixar e pegar a comida jogada no chão pelos guardas nazistas. O grupo
dela na prisão era unido. Ela e companheiros do trabalho forçado cometiam erros
“acidentalmente” enquanto trabalhavam, num esforço para quebrar máquinas de
fábrica. Os guardas dos campos de concentração forçavam os presos a marcharem
longas distâncias, desnutridos, para mudá-los de endereço à medida que os
Aliados entravam em território antes ocupado pelos alemães. Catherine não
contou como conseguiu sobreviver. Não se sabe se ela sofreu abuso de soldados
soviéticos que abusaram de mulheres prisioneiras de guerra mesmo quando as
libertavam.
Catherine teve
vários problemas de saúde após o fim da guerra: artrite crônica, reumatismo e
problemas renais, lesões nos quadris, costas e pés, bem como cicatrizes
visíveis eram problemas constantes – além da insônia, pesadelos,, perda de
memória, ansiedade e depressão. Ela testemunhou em
1952 contra 14 pessoas responsáveis pelo escritório da Gestapo em Paris que a
prendeu em 1944. A Gestapo na época da ocupação alemã na França usava torturas
e abusos sexuais em membros da Resistência que eram capturados.
Em
12 de fevereiro de 1947 foi apresentado o perfume Miss Dior,
possivelmente uma homenagem à Catherine. Uma história era contada sobre o
motivo da fragrância ser relacionada a ela. Catherine teria entrado de repente
na sala no momento que seu irmão pensava em um nome para a fragrância. Ele
estava junto de uma amiga, Mitzah Bricard, que então teria dito:
""Ah, aqui está a Srta. Dior!" E diante dessa fala, Christian
supostamente respondeu: "Srta. Dior: agora há um nome para o meu perfume!”
Catherine tornou-se uma “representante em flores de
corte” após o fim da Segunda Guerra Mundial. Ela e des Charbonneries trabalharam
por 12 anos em Paris, no mercado Halles, no negócio de flores. Depois, ela se
mudou para a Provença, comprando uma fazenda onde cultivava rosas para
fragrâncias. La ficou até morrer. Seu irmão Christian Dior, faleceu em 23
de outubro de 1957, aos 52 anos. Deixou por meio de testamento seus
bens para serem divididos igualmente entre sua irmã Catherine e Raymonde
Zehnacker, seu amigo pessoal.
Em
1963 Françoise Dior, sobrinha de Catherine, casou com o líder neo-nazista
britânico Colin Jordan. Esse fato causou o afastamento de Catherine em relação
à sobrinha. Catherine criticou na época declarações feitas por sua sobrinha
acusando-a de arriscar manchar o nome de seu irmão Christian Dior.
Catherine
Dior inaugurou em 1999 o Museu Christian-Dior, em Granville, e tornou-se
presidente honorária desta instituição. Ela veio a falecer em 17 de junho de
2008, em Callian, aos 90 anos, tendo sido sepultada perto de seu irmão
Christian. Maria Grazia Chiuri, então diretora de criação da Chistian Dior
Itália dedicou em setembro de 2019 a coleção Pronto-a-Vestir Primavera-Verão
2020 para Catherine Dior, inspirada por sua paixão por flores.
A atriz britânica Maisie
Williams é a intérprete de Catherine Dior em seriado sobre a vida
de Christian Dior .
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Márcio José Matos
Rodrigues-Professor de História.
Fonte :
https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagem+de+catherine+dior#vhid=xeB7RDdNVtfePM&vssid
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