Meu terceiro artigo para homenagear as
mulheres , pois dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher, é sobre Clara
Schumann. Eu fiz questão de escrever sobre ela por ter sido uma das primeiras
mulheres a se destacar como concertista e compositora no século 19. Vários
artistas de sua época foram influenciados por ela, que teve, sem dúvida, uma
significativa importância no mundo musical. Ela, concertista, Clara estabeleceu
novos padrões de desempenho que continuam até os dias atuais, incluindo a
execução de recitais e concertos de memória. Ela promoveu compositores de sua
época, em especial Robert Schumann e Johannes Brahms, que se tornou um grande
amigo e interpretou músicas menos conhecidas de J.S. Bach e D. Sacarlatti. O
casal Schumann chegou a escrever uma obra juntos, 12 Songs from Liebesfrühling
(Love’s Spring, poemas de Friedrich Rückert). Ela foi concertista por 63 anos.
Seu primeiro recital foi em 1828 e seu último em 1891.
Em 13 de setembro de 1819 nasceu Clara Josephine
Wieck, em Leipzig, na Saxônia, que atualmente faz parte da Alemanha. Ele foi
uma pianista e compositora romântica. Seu pai, Friedrich Wieck,
ensinou para ela como tocar piano. A mãe, Marianne Wieck, era uma musicista
talentosa e dava concertos. Friedrich ganhou a custódia de Clara pouco tempo
depois que seus pais se divorciaram, quando ela tinha 4 anos. Foi aos cinco
anos que seu pai começou a ter lições de piano. Seu pai adotava uma disciplina
rigorosa. Clara passou então a se apresentar como pianista em palcos, iniciando
uma carreira musical brilhante. Ela tocava muito bem obras de compositores
românticos como Chopin e Carl Maria Von Weber.
Foi quando Clara era adolescente que ela conheceu
em 1830 Robert Schumann, aluno do pai dela. Robert se mudou para a casa de seu
professor. Inicialmente ela não demonstrava interesse por ele, depois foram se
aproximando e começaram a namorar secretamente. O pai dela soube desse romance
e não gostou dessa relação, chegando ao ponto de proibir o namoro deles,
principalmente porque Robert bebia e fumava muito e também tinha crises
depressivas.
Clara foi homenageada pela corte austríaca, em
1838. Foi escolhida para fazer parte da prestigiosa Sociedade dos Amigos da
Música (Gesellschaft der Musikfreunde). Schumann começou uma batalha
judicial que durou cinco anos e foi decidido que Schumann poderia desposar
Clara quando ela tivesse 21 anos. Assim eles se casaram em 12 de setembro
de 1840. Como presente à sua noiva, na véspera do casamento, Schumann dá a ela
as vinte e seis canções que integram o ciclo de canções Myrthen (Mirtos), que
representa as alegrias e das tristezas do compositor, nos anos de sua espera
por permissão para casar. A primeira canção do ciclo, Widmung (Dedicatória),
um arroubo de paixão, é uma das mais belas e se tornou bastante
conhecida:
“Tu minha
alma, meu coração,
Tu meu encanto, minha dor,
Tu, mundo em que vivo,
Céu que almejo,
Túmulo a que confiei
Para sempre meus sofrimentos,
Minha boa estrela,
Minha metade melhor.”
A partir do casamento, Clara e Robert colaboravam
na área musical, ele compunha e ela interpretava as obras dele. Clara lecionou
no Conservatório de Leipzig. Ela conseguiu compor algumas canções e peças para
piano e quando a família se mudou para Düsseldorf, em 1853, se tornou
significativamente mais produtiva, compondo várias obras importantes, incluindo
seu Op. 20 Variações sobre um tema de Robert Schumann e Six Songs, op. 23.
Porém, suas oitos gestações interferiram em sua carreira musical. Schumann parecia
incentivar a carreira de compositora da esposa, porém diversas vezes ela
preferiu apoiar o marido como compositor. Havia diferenças entre eles que
causavam problemas na relação deles, pois ela gostava muito de turnês e Robert
não suportava. Ele queria silêncio e tranquilidade para a sua prática musical.
Ela só conseguia estudar as músicas após o marido terminar suas horas de
estudo. Ele também tinha problemas psicológicos e ela nessas ocasiões tinha de
se responsabilizar pelas questões familiares. Momentos muito complicados para
ela foi quando Robert piorou mentalmente, entrando em grave depressão, tendo
tentado se suicidar em 1854. Foi internado em um manicômio. Lá ele ficou dois
anos até falecer após os 14 anos de seu casamento com Clara, que teve dificuldades
financeiras, precisando dar aulas de piano e concertos para o seu sustento e de
seus filhos.
Clara conheceu o compositor Johannes Brahms
quando esse foi apresentado ao casal Schumann pelo violinista Joseph Joachim,
que acompanhou Clara em muitos concertos. Brahms ficou muito amigo do casal que
ficou bastante impressionado com ele.
Com a morte do marido, Clara teve liberdade para
compor e se apresentar em concertos. Sua carreira progrediu. O que a ajudou
muito foi a amizade com o compositor Brahms. Houve até boatos de que eles
teriam um romance. Há estudiosos da História que tem procurado entender qual o
grau de relacionamento que tiveram. Com certeza existia uma admiração mútua,
porém é possível que tenha sido só uma relação platônica. Eles eram fortes
defensores da estética romântica com ligação a um padrão mais formal, opondo-se
aos modelos musicais de Wagner e Liszt. Houve então colaboração mútua e a
amizade entre eles durou até a morte de Clara. Como os dois não moravam na
mesma cidade, mantiveram seu contato por correspondência, que foi publicada
tempos depois com o título de Cartas de Clara Schumann e Johannes
Brahms. Ela foi uma grande divulgadora das obras de Robert Schumann.
Quando se apresentava, fazia vestida de preto em forma de luto.
Possivelmente por ter treinado excessivamente para
poder executar obras orquestrais de Brahms, Clara adquiriu um problema com dor
crônica. Ela passou por um tratamento que melhorou sua dor e continuou sua
carreira. Em seus últimos anos de vida ela era uma muito bem sucedida
professora e concertista. Faleceu em 20 de maio de 1896, devido a um
acidente vascular cerebral, em Frankfurt am Main, sendo sepultada no cemitério
de Alter Friedhof Bonn.
O bicentenário de nascimento de Clara Schumann foi
celebrado no dia 13 de setembro de 2019.
Clara escreveu: “Compor me dá um grande
prazer”.(...) “Não há nada que supere a alegria da criação, até porque com ela
se ganha horas de esquecimento de si mesmo, quando se vive em um mundo de
sons.”
Algumas Obras
Para piano
- As
quatro polonesas,
Op. 1 (1828-30)
- Études (década de 1830)
- Valses
romantiques,
Op. 4 (1833-35)
- Quatro
peças características, Op. 5 (1835-6)
- Soirées
musicales,
Op. 6 (1835-6)
- Scherzo
em Dó menor,
Op. 14 (1845)
- Quatrepiècesfugitives, Op. 15 (1845)
Para Orquestra
- Concerto
para piano em lá menor, Op. 7 (1835-6)
- Scherzo
para orquestra (1830-31,
perdido)
Obras de Câmara
- Piano
Trio em Sol menor, Op. 17 (1846)
Lieder
- Volkslied(1840
- Die guteNacht, die ichdir sage (1841)
- GedichteausRückert'sLiebesfrühling Op. 12 (1841)
- Lorelei, a partir de um poema de
Heine (1843)
- Oh
wehdesScheidens, das ertat (1843)
- Mein
Stern (1846)
- Das
Veilchen, a
partir de um poema de Goethe (1853)
Concerto para Piano e Orquestra – 2º. Movimento: Romance |
Beatrice Rana (piano)
Trio para Piano, Violino e Violoncelo, Op. 17 | ATOS Trio
Obra que Robert Schumann fez para Clara:
Schumann – Widmung,
Op. 25, nº1 | Herman Prey (barítono) e Leonard Hokanson (piano)
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura:
https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagem+de+clara+schumann#vhid=gj6GCGqCm_
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