terça-feira, 5 de março de 2024

A pianista e compositora Clara Schumann

 




Meu terceiro artigo para homenagear as mulheres , pois dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher, é sobre Clara Schumann. Eu fiz questão de escrever sobre ela por ter sido uma das primeiras mulheres a se destacar como concertista e compositora no século 19. Vários artistas de sua época foram influenciados por ela, que teve, sem dúvida, uma significativa importância no mundo musical. Ela, concertista, Clara estabeleceu novos padrões de desempenho que continuam até os dias atuais, incluindo a execução de recitais e concertos de memória. Ela promoveu compositores de sua época, em especial Robert Schumann e Johannes Brahms, que se tornou um grande amigo e interpretou músicas menos conhecidas de J.S. Bach e D. Sacarlatti. O casal Schumann chegou a escrever uma obra juntos, 12 Songs from Liebesfrühling (Love’s Spring, poemas de Friedrich Rückert). Ela foi concertista por 63 anos. Seu primeiro recital foi em 1828 e seu último em 1891.

Em 13 de setembro de 1819 nasceu Clara Josephine Wieck, em Leipzig, na Saxônia, que atualmente faz parte da Alemanha. Ele foi uma pianista e compositora romântica.  Seu pai, Friedrich Wieck, ensinou para ela como tocar piano. A mãe, Marianne Wieck, era uma musicista talentosa e dava concertos. Friedrich ganhou a custódia de Clara pouco tempo depois que seus pais se divorciaram, quando ela tinha 4 anos. Foi aos cinco anos que seu pai começou a ter lições de piano. Seu pai adotava uma disciplina rigorosa. Clara passou então a se apresentar como pianista em palcos, iniciando uma carreira musical brilhante. Ela tocava muito bem obras de compositores românticos como Chopin e Carl Maria Von Weber.

Foi quando Clara era adolescente que ela conheceu em 1830 Robert Schumann, aluno do pai dela. Robert se mudou para a casa de seu professor. Inicialmente ela não demonstrava interesse por ele, depois foram se aproximando e começaram a namorar secretamente. O pai dela soube desse romance e não gostou dessa relação, chegando ao ponto de proibir o namoro deles, principalmente porque Robert bebia e fumava muito e também tinha crises depressivas.

Clara foi homenageada pela corte austríaca, em 1838. Foi escolhida para fazer parte da prestigiosa Sociedade dos Amigos da Música (Gesellschaft der Musikfreunde). Schumann começou uma batalha judicial que durou cinco anos e foi decidido que Schumann poderia desposar Clara quando ela tivesse 21 anos. Assim eles se casaram em 12 de setembro de 1840. Como presente à sua noiva, na véspera do casamento, Schumann dá a ela as vinte e seis canções que integram o ciclo de canções Myrthen (Mirtos), que representa as alegrias e das tristezas do compositor, nos anos de sua espera por permissão para casar. A primeira canção do ciclo, Widmung (Dedicatória), um arroubo de paixão, é uma das mais belas e se tornou bastante conhecida:

“Tu minha alma, meu coração,
Tu meu encanto, minha dor,
Tu, mundo em que vivo,
Céu que almejo,
Túmulo a que confiei
Para sempre meus sofrimentos,
Minha boa estrela,
Minha metade melhor
.”

A partir do casamento, Clara e Robert colaboravam na área musical, ele compunha e ela interpretava as obras dele. Clara lecionou no Conservatório de Leipzig. Ela conseguiu compor algumas canções e peças para piano e quando a família se mudou para Düsseldorf, em 1853, se tornou significativamente mais produtiva, compondo várias obras importantes, incluindo seu Op. 20 Variações sobre um tema de Robert Schumann e Six Songs, op. 23. Porém, suas oitos gestações interferiram em sua carreira musical. Schumann parecia incentivar a carreira de compositora da esposa, porém diversas vezes ela preferiu apoiar o marido como compositor. Havia diferenças entre eles que causavam problemas na relação deles, pois ela gostava muito de turnês e Robert não suportava. Ele queria silêncio e tranquilidade para a sua prática musical. Ela só conseguia estudar as músicas após o marido terminar suas horas de estudo. Ele também tinha problemas psicológicos e ela nessas ocasiões tinha de se responsabilizar pelas questões familiares. Momentos muito complicados para ela foi quando Robert piorou mentalmente, entrando em grave depressão, tendo tentado se suicidar em 1854. Foi internado em um manicômio. Lá ele ficou dois anos até falecer após os 14 anos de seu casamento com Clara, que teve dificuldades financeiras, precisando dar aulas de piano e concertos para o seu sustento e de seus filhos.

Clara conheceu o compositor Johannes Brahms quando esse foi apresentado ao casal Schumann pelo violinista Joseph Joachim, que acompanhou Clara em muitos concertos. Brahms ficou muito amigo do casal que ficou bastante impressionado com ele.

Com a morte do marido, Clara teve liberdade para compor e se apresentar em concertos. Sua carreira progrediu. O que a ajudou muito foi a amizade com o compositor Brahms. Houve até boatos de que eles teriam um romance. Há estudiosos da História que tem procurado entender qual o grau de relacionamento que tiveram. Com certeza existia uma admiração mútua, porém é possível que tenha sido só uma relação platônica. Eles eram fortes defensores da estética romântica com ligação a um padrão mais formal, opondo-se aos modelos musicais de Wagner e Liszt. Houve então colaboração mútua e a amizade entre eles durou até a morte de Clara. Como os dois não moravam na mesma cidade, mantiveram seu contato por correspondência, que foi publicada tempos depois com o título de Cartas de Clara Schumann e Johannes Brahms. Ela foi uma grande divulgadora das obras de Robert Schumann. Quando se apresentava, fazia vestida de preto em forma de luto.

Possivelmente por ter treinado excessivamente para poder executar obras orquestrais de Brahms, Clara adquiriu um problema com dor crônica. Ela passou por um tratamento que melhorou sua dor e continuou sua carreira. Em seus últimos anos de vida ela era uma muito bem sucedida professora e concertista.  Faleceu em 20 de maio de 1896, devido a um acidente vascular cerebral, em Frankfurt am Main, sendo sepultada no cemitério de Alter Friedhof Bonn.

O bicentenário de nascimento de Clara Schumann foi celebrado no dia 13 de setembro de 2019.

Clara escreveu: “Compor me dá um grande prazer”.(...) “Não há nada que supere a alegria da criação, até porque com ela se ganha horas de esquecimento de si mesmo, quando se vive em um mundo de sons.”

 

Algumas Obras

Para piano

  • As quatro polonesas, Op. 1 (1828-30)
  • Études (década de 1830)
  • Valses romantiques, Op. 4 (1833-35)
  • Quatro peças características, Op. 5 (1835-6)
  • Soirées musicales, Op. 6 (1835-6)
  • Scherzo em Dó menor, Op. 14 (1845)
  • Quatrepiècesfugitives, Op. 15 (1845)

Para Orquestra

  • Concerto para piano em lá menor, Op. 7 (1835-6)
  • Scherzo para orquestra (1830-31, perdido)

Obras de Câmara

  • Piano Trio em Sol menor, Op. 17 (1846)

Lieder

  • Volkslied(1840
  • Die guteNacht, die ichdir sage (1841)
  • GedichteausRückert'sLiebesfrühling Op. 12 (1841)
  • Lorelei, a partir de um poema de Heine (1843)
  • Oh wehdesScheidens, das ertat (1843)
  • Mein Stern (1846)
  • Das Veilchen, a partir de um poema de Goethe (1853)

 

 

 Sugestões para ouvir:

Concerto para Piano e Orquestra – 2º. Movimento: Romance | Beatrice Rana (piano)

 

Trio para Piano, Violino e Violoncelo, Op. 17 | ATOS Trio

 

Obra que Robert Schumann fez para Clara:

Schumann – Widmung, Op. 25, nº1 | Herman Prey (barítono) e Leonard Hokanson (piano)

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

 

Figura:

https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagem+de+clara+schumann#vhid=gj6GCGqCm_


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