sexta-feira, 31 de maio de 2024

A História de "Wish you were here" do conjunto Pink Floyd

 



Em setembro de 1975 foi lançada a música "Wish You Were Here”.  É a quarta faixa do álbum de estúdio Wish You Were Here, da banda de rock inglesa Pink Floyd.  A letra, como grande parte do álbum, é voltada para Syd Barrett, que fez parte do grupo. 

No documentário The Story of Wish You Were Here, Roger Waters (também do Pink Floyd) disse que a letra é como um debate de uma pessoa com ela mesma, uma parte querendo ter sua a vida conforme as conveniências da sociedade e a outra parte lutando libertar-se desse tipo fechado de vida.

Os compositores da música foram David Gilmour e Roger Waters. Quem estava tocando os primeiros acordes era David Gilmour e Roger Waters achou bonito, dizendo que poderiam tentar fazer algo. Roger escreveu a letra e também trabalhou na composição da música, ao lado de Gilmour. Em 2001 "Wish You Were Here" foi incluída na compilação Echoes: The Best of Pink Floyd e lançada como single digital em 2013.

"Wish You Were Here" foi incluída na compilação Echoes: The Best of Pink Floyd de 2001 e lançada como single digital em 2013.

 

Tradução: Queria que você estivesse aqui

Então, então você acha que consegue distinguir
O paraíso do inferno?
Céus azuis da dor?
Você consegue distinguir um campo esverdeado
De um trilho de aço gelado?
Um sorriso de uma máscara?
Você acha que consegue distinguir?
Eles fizeram você trocar
Os seus heróis por fantasmas?
Cinzas quentes por árvores?
O ar quente por uma brisa fria?
O conforto do frio por mudanças?
Você trocou
Um papel de figurante na guerra
Por um papel principal numa cela?
Como eu queria
Como eu queria que você estivesse aqui
Nós somos apenas duas almas perdidas
Nadando num aquário
Ano após ano
Correndo sobre o mesmo velho chão
O que nós encontramos?
Os mesmos velhos medos
Eu queria que você estivesse aqui

Letra original de Wish you were here

So, so you think you can tell
Heaven from Hell
Blue skies from pain
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?

Did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
Did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?

How I wish
How I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl
Year after year
Running over the same old ground
What have we found?
The same old fears
Wish you were here

 

Segundo  Rebeca FuksDoutora em Estudos da Cultura:

“Os Pink Floyd foram uma banda britânica ícone do rock progressivo e lançaram, em 1975, o álbum Wish you were here, que carrega apenas cinco canções. Uma delas, intitulada igualmente Wish you were here, trata da ausência de um dos criadores dos Pink Floyd, Syd Barrett, afastado do universo musical por problemas mentais.

História da música Wish you were where

Wish you were where está intimamente ligada ao músico Syd Barrett, um dos fundadores e primeiro guitarrista dos Pink Floyd. O compositor, para alguns, chegou a ser considerado a alma da banda, inovador e responsável pela introdução do rock psicodélico.

Em 1968, no entanto, Syd deixou os Pink Floyd por questões relacionadas aos problemas mentais e às drogas (especialmente ao LSD).

O amigo Roger Waters chegou a afirmar que:

O Pink Floyd não poderia ter começado sem ele, mas não poderia continuar com ele.”

A música Wish you were here, gravada em Abbey Road Studios, trata dessa ausência deixada por Syd e é uma espécie de homenagem e desabafo daquele que sente saudades.

Em um dia comum de gravações, Barrett entrou no estúdio já em estado alterado e nenhum dos membros da banda foi capaz de reconhecê-lo. Syd estava completamente diferente: calvo e com sobrepeso, delirando.

A última vez que Syd foi visto foi no casamento de Gilmour, quando foi embora sem se despedir de ninguém e desapareceu do mapa. O compositor se afastou completamente do grupo e do mundo da música e passou a se dedicar exclusivamente à jardinagem e à pintura. Syd morreu precocemente, no dia 7 de julho de 2006, vítima de um câncer no pâncreas.

A música Wish you were here é a única acústica de todo o álbum, tendo sido gravada com um violão de 12 cordas que serviu como base.

Sobre o álbum Wish you were here

No princípio de 1974, a banda Pink Floyd se reuniu em um estúdio em King’s Cross, em Londres, para criar um novo material. Lançado em setembro de 1975, ainda sobre a maré de sucesso do último álbum Dark side of the moon, e considerado um dos melhores álbuns de rock da história, Wish you were here foi o nono da banda Pink Floyd.

A gravadora escolhida foi a Columbia Records, que pagou um milhão de dólares para renovar o contrato com a banda britânica.

A criação Wish you were here contém cinco faixas, a quarta delas dá nome ao álbum.

Faixas dispostas no disco de vinil:

Lado A

1 - Shine On You Crazy Diamond (Parts I–V)
2 - Welcome to the Machine

Lado B

1 - Have a Cigar
2 - Wish You Were Here
3 - Shine On You Crazy Diamond (Parts VI–IX)

Faixas dispostas no CD:

1. Shine On You Crazy
2. Welcome To The Machine
3. Have A Cigar
4. Wish You Were Here
5. Shine On You Crazy Diamond

O álbum foi colocado no mercado no dia 12 de setembro de 1975, na Inglaterra, e no dia 13 de setembro de 1975, nos Estados Unidos. Assim que começou a ser vendido, saltou para o primeiro lugar nas paradas de sucesso.”

Érika Freire disse em seu artigo:

 “A capacidade criativa do Pink Floyd, as composições filosóficas e a sonoridade cheia de experimentações fizeram com que a banda se tornasse uma das mais aclamadas da história do rock. 

 Entre discos clássicos lançados e músicas endeusadas pelos fãs, Wish You Were Here é a mais conhecida do Pink Floyd.

 Presente no disco homônimo, o nono da carreira do grupo britânico, a música faz uma homenagem a Syd Barrett, um dos fundadores da banda e integrante fundamental no desenvolvimento do estilo do Pink Floyd. 

 A obra marca um momento de transição em que os integrantes olham para o passado, sentem a falta de Syd Barrett e analisam o quanto haviam caminhado até aquele momento. 

 O que mais podemos aprender com Wish You Were Here? Vamos conhecer melhor a história da música e o seu significado.

 O significado de Wish You Were Here

 Vamos analisar cada estrofe e você já pode aproveitar para ouvir a música enquanto acompanha o significado:

 So, so you think you can tell (Então, então você acha que consegue distinguir)t

Heaven from Hell, (O paraíso do inferno?)
Blue skies from pain (Céus azuis da dor?)

Can you tell a green field (Você consegue distinguir um campo esverdeado)
From a cold steel rail? (De um trilho de aço gelado?)
A smile from a veil? (Um sorriso de uma máscara?)
Do you think you can tell? (Você acha que consegue distinguir?)

 A primeira parte de Wish You Were Here começa com diversos questionamentos a respeito de saber reconhecer e diferenciar realidades antagônicas, como céu e inferno e dor e leveza.

 Por conta do título, a música confunde muita gente que imagina se tratar de uma canção de amor, que fala de um personagem que deseja a presença da pessoa amada. Mas há muito mais nas entrelinhas de Wish You Were Here. 

 Pode dar a impressão de ser um questionamento de um indivíduo para outro, mas, na realidade, é um diálogo interno do próprio personagem. 

Did they get you to trade (Eles fizeram você trocar)
Your heroes for ghosts? (Os seus heróis por fantasmas?)
Hot ashes for trees? (Cinzas quentes por árvores?)
Hot air for a cool breeze? (O ar quente por uma brisa fria?)
Cold confort for change? (O bom conforto por mudanças?

And did you exchange (Você trocou)
A walk on part in the war (Um papel de figurante na guerra)
For a lead role in a cage? (Por um papel principal numa cela?)

Não apenas a música Wish You Were Here, mas todo o álbum faz uma crítica ao capitalismo e a indústria fonográfica. 

Ele foi produzido num momento em que todos os integrantes estavam se sentindo meio perdidos. 

 Anteriormente, em 1973, haviam lançado The Dark Side Of The Moon, álbum de grande sucesso que teve vendas estrondosas. A fama alcançada pela banda fez com que Roger Waters escrevesse em Wish You Were Here esses versos que falam sobre como eles foram obrigados a trocar heróis por fantasmas.

Podemos compreender como uma reflexão sobre a perda da essência e da capacidade de criação mais genuína para atender a uma demanda mercadológica. E, claro, como artistas geniais que eram, acabaram entrando em conflito.

 Nos versos que fecham a estrofe, Waters menciona que trocar o papel de coadjuvante pelo principal não significa liberdade, pelo contrário, continuaram presos em uma cela. Ou seja, perderam a sua liberdade criativa.

 How I wish (Como eu queria)

How I wish you were here (Como eu queria que você estivesse aqui)
We’re just two lost souls (Nós somos apenas duas almas perdidas)
Swimming in a fish bowl, (Nadando num aquário)
Year after year (Ano após ano)

Running over the same old ground. (Correndo sobre o mesmo velho chão)
What have we found? (O que nós encontramos?) 
The same old fears (Os mesmos velhos medos) 
Wish you were here ( Eu queria que você estivesse aqui)

 Ao refletir sobre o passado da banda e analisar como tinham caminhado até aquele momento, automaticamente eles sofreram com a ausência de Syd Barrett.

 Reconhecem o líder como integrante fundamental na formação do Pink Floyd e dedicam a ele esse refrão memorável. 

 O desejo de presença pode ser interpretado como um recado a Syd Barrett, que durante as gravações do álbum fez uma visita aos integrantes no estúdio, trazendo à tona muitos sentimentos em cada um dos integrantes.

 Porém, podemos entender também como um desejo do próprio Waters de encontrar a sua própria alma, suas origens. O desejo era de se libertar das imposições da indústria fonográfica e voltar a ser dono de si mesmo.

 A história de Wish You Were Here     

A letra de Wish You Were Here, assim como todas do álbum, foi escrita por Roger Waters. David Gilmour estava tocando os primeiros acordes e Roger Waters disse que era bonito, e que poderiam tentar fazer algo.

Eles começaram a trabalhar e Roger escreveu a letra do que se tornaria uma das canções mais populares do Pink Floyd. 

Em The Story of Wish You Were Here, documentário que fala sobre o disco, o guitarrista David Gilmour comenta que Shine On You Crazy Diamond é uma canção específica sobre Syd, enquanto Wish You Were Here tem uma esfera mais ampla, porém, confessa que não consegue cantá-la sem pensar no amigo. 

O que faz muito sentido, porque a criação do disco foi marcada por um fato que impactou todos os integrantes: em junho de 1975, eles estavam no estúdio da Abbey Road quando Syd apareceu. 

Eles não se viam há 5 anos e não reconheceram o amigo, que estava com a aparência totalmente diferente. Por conta do uso de LSD, Syd sofreu uma deterioração mental e estava completamente ausente. 

Roger Waters chegou a comentar que todo o álbum foi desenvolvido por esse sentimento de ausência de Syd. Essa declaração resume bem o significado da música, que expressa o que todos sentiam por Syd, mas também retrata a busca dos integrantes por criar com mais liberdade.   

Você pode se libertar o suficiente para experimentar a realidade da vida enquanto ela flui com você? Porque se não, você fica enquadrado até a morte, disse Waters. 

 De forma filosófica, criaram uma letra que expressa esse sentimento de insatisfação com a ausência do amigo e com a falta de si mesmos. "

   

Sugestão para ouvir

Pink Floyd - Wish you were here (Legendado)

 https://www.youtube.com/watch?v=5ltkuxsJWXA

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

 

 Figura:

https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagem+da+banda+pink+floyd


quinta-feira, 30 de maio de 2024

O pintor austríaco Gustav Klimt

 











 

 

 

Em 14 de julho de 1862 em Viena, nascia o pintor simbolista austríaco Gustav Klimt. Teve especial destaque no movimento artnoveau austríaco, sendo um dos fundadores do movimento da Secessão de Viena, que não aceitava a tradição académica nas artes. Ele foi também membro honorário da Universidade de Munique e da Universidade de Viena. Pinturas, murais, esboços e outros objetos de arte estão entre os seus maiores trabalhos. Uma grande parte dessas obras fica em exposição na Galeria da Secessão de Viena. As características do estilo artístico de Klimt eram: Pintou imagens sensualizadas de mulheres; Uso de ornamentos e enfeites nas pinturas, principalmente de flores e de cores dourada e prateada; Oposição ao movimento artístico e cultural do classicismo; Uso de inspirações de paisagens naturais austríacas; Utilização de cores em formato de caleidoscópio; Utilização de forte simbolismo; Presença de movimentos nas obras de arte.

 

O pai de Klimt era Ernst Klimt (1832-1892), que tinha a profissão de gravador, era proveniente de uma família de agricultores da região da Boêmia. A mãe era Anna (Flinster) Klimt (1836-1915), que nasceu em Viena. Klimt era o segundo de sete filhos.

 

Klimt concluiu os estudos na "Escola Primária do VII bairro vienense" e após isso foi admitido, aos 14 anos, na "Escola das Artes Decorativas", ligada ao "Museu Austríaco Imperial e Real de Arte e Indústria de Viena. Lá ele foi aluno de desenho ornamental e frequentou cursos sobre a teoria de projeções, perspectiva, teoria do estilo e outros temas que acompanhavam as aulas práticas. Também frequentou a aula especializada de pintura de Ferdinand Laufberger. Quando esse morreu em 1881, Klimt passou a ser aluno de Julius Vicktor Berger, ligado a Hans Makart.Ernst e Georg, irmãos de Klimt, também se formaram na Escola de Artes Decorativas. a basedo curso era constituído pela formação na pintura e no desenho a partir do "original histórico" e dos "métodos de cópias naturalistas".

 

Os professores de Klimt o incentivaram, assim como Rudolf Von Eitelberger, diretor do Museu Austríaco. Dos alunos da Escola das Artes Decorativas no século XIX, ele foi o único que conseguiu dar início a uma grande carreira artística. Franz Matsch, Klimt e seu irmão Ernst trabalharam nos vitrais da "Igreja Votiva", um grande edifício em Viena. Eles três fundaram a Künstlercompagnie (Companhia dos Artistas), que conseguiu trabalhos por meio da empresa FellnerundHellmer, especializada na construção de teatros. Quadros de tetos das escadarias do Teatro Imperial foram trabalhados pela Companhia. Nessa ocasião, os quadros A Carroça de Téspis,O Teatro do Globo em LondresO Altar de DionísioO Teatro de Taormina e O Altar de Vênusforam criados por Klimt.Hans Makart deveria ter feito adecoração das imponentes escadarias do Museu da História da Arte. Porém, com a sua morte a Companhia dos Artistas foi contratada para a conclusão: pintura dos quadros dos cantos e dos intercolúnios (espaços de pintura entre as colunas). A exigência do contratante foi de que a segunda obra tinha de se manter fiel ao modelo histórico – confrontaram Klimt com o "otimismo e a crença no progresso da burguesia liberal".

 

Em 1887, a Câmara Municipal de Viena contratou os serviços da Companhia para pintar o interior do antigo Teatro Imperial. Klimt foi premiado com a "Cruz de Mérito de Ouro" (1888), pelos seus trabalhos nas escadarias do Teatro Imperial. Isso foi muito importante para ele. A sociedade vienense reconheceu o valor do trabalho do pintor. Mas ele não se deixou levar pela atração de se alinhar à elite cultural.

 

Essa elite dizia ser, no fim do século XIX a verdadeira responsável pelo progresso material e cultural (otimismo cultural da burguesia liberal).

 

Gustav Klimt, em 1883, com a inauguração do novo edifício da Universidade de Viena, recebeu a encomenda de uma série de painéis que descrevessem o triunfo da luz sobre as trevas. Deveria haver a alusão às quatro faculdades: Teologia, Filosofia, Medicina e Jurisprudência. Klimt surpreendeu de forma impactante ao representar no primeiro painel a Filosofia, pois não fez uma descrição da Escola de Atenas, incluindo Platão ou Aristóteles. Com influência das idéias de Schopenhauer, ele representa o mundo como Vontade.

 

O ministro da Educação, Von Hartel, em 1894, encarregou Klimt de  criar os quadros para representar as alegorias das faculdades no salão nobre da universidade. Klimt deveria ficar responsável pelos quadros A MedicinaA Filosofia e A Jurisprudência. Mas ele não quis o tema que lhe deram para os quadros: "A Vitória da Luz sobre a Obscuridade". Ele manifestou rejeição pela "glorificação das ciências racionais". Klimt com sua arte não queria representar o papel racional e otimista da ciência universitária. Ele enfrentou críticas do meio universitário e da imprensa conservadora. Em uma nova fase expõe a sua concepção do mundo como "... um protesto, uma contradição do passado, mas também como um projeto do futuro, de uma nova cultura feminina. O seu projeto A Medicina, em 1901, recebeu críticas de médicos que não viam a ciência médica ali representada.

 

Embora o Ministério Público não tenha visto razão para perseguir judicialmente a representação do nu, a reação pública com a exposição de A Medicina incomodou o "conselho imperial", que queria usar a arte como estratégia política. Klimt teve recusada pela primeira vez sua nomeação para professor na Academia das Artes Decorativas. Carl Schorske justificou a recusa por causa da aparência considerada agressiva do terceiro quadro, A Jurisprudência. Esse quadro não pôde ser exposto por Klimt na Exposição Universal de Saint-Loui, fato que foi criticado pelo pintor que considerava que a a forma de exposição e expressão artísticas não deveriam sofrer imposições e assim rompe em 1905 seu contrato de "Os Quadros das Faculdades". Ele vai nessa época participar na exposição da "Aliança dos Artistas Alemães", recebendo o Prémio Villa Romana.

Os quadros A MedicinaA Filosofia e A Jurisprudência, que tinham sido tomados pelo Estado acabaram sendo destruídos no incêndio provocado por tropas SS em fuga em maio de 1945 do Castelo de Immendorf na Áustria.

 

Características de obras de Klimt:

 

Obras de i um caráter histórico-realista, com associação à dualidade de Viena (realidade e ilusão). Exemplos: os desenhos para as alegorias "A Escultura" e "A Tragédia"(1896-1897)

 

O Friso Stoclet (1905-1906). Foi sua última grande pintura mural. Essa obra foi feita em um palácio de propriedade de um rico belga Adolphe Stoclet. Klimt apresenta um estilo diferente, com motivos geométricos repetidos, deixando aparecer apenas algumas partes essenciais realistas que permitem o seu entendimento. A cobertura tem um estilo bizantino, havendo mosaicos nos quais se confrontam o realismo e a abstração.

 

Na sua obra de 1907/1908 chamada “O beijo”, que é baseada em si mesmo e na sua amante Emilie, existe a imagem de uma a mulher fatal submissa, que comunica uma  sexualidade latente. É uma obra que se  constitui o auge do período dourado Também nesse mesmo período, "Dánae" se vê junto à figura da mulher ruiva adormecida, aquilo que muitos interpretam como uma torrente de moedas de ouro e espermatozóides. A lenda da Grécia Antiga de Dânae  diz que ela foi amada por Zeus na forma de uma chuva dourada. Para Klimt é a representação da procriação. Danae, segundo a pintura de Klimt está mergulhada e absorta em si, entregue às suas energias instintivas, sendo um ícone do narcisismo feminino. A parte masculina não se faz presente como em outra obra do autor, Leda, simbolicamente codificada sob a forma do pescoço e da cabeça do cisne negro.

 

Com a expansão do estilo expressionista na primeira década do século XX, o estilo dourado de Klimt não vai ser mais usado. Ele vai para Paris em 1909 e entra em contato com obras de Toulose-Lautrec e com o fauvismo. Isso influencia-o e ele passa a usar cenários menos elaborados, não usando mais os motivos geométricos e a sumptuosidade do ouro. É nessa outra fase artística dele que pinta O Chapéu de Plumas Negras (1910), A Vida e a Morte (1916); A Virgem (1913). Pinta também pinturas de jardins, paisagens campestres e do Castelo Kammer. Tais obram refletem as influências do cubismo, que estava surgindo. Klimt inclui nesse período elementos naturais (a água, a vegetação), assim como construções.

 

Klimt volta-se mais para o erotismo em suas últimas obras. Modelos nuas posam para ele, que observa e as desenha. Surgem então mais de três mil desenhos. Há desenhos de modelos em  poses e atitudes mais íntimas: "Mulher sentada com as coxas abertas""Adão e Eva""A Noiva"” e "Masturbação feminina ". Ele nessa época foi acusado de exagerar no erotismo na obra “Ornamentação e Crime”. Mas ele dizia que a ornamentação enriquece o real.

 

Em 1915 a mãe de Klimt morre e isso influencia nele adotando um modo mais sombrio ao pintar. As paisagens passam a ter uma tendência para a monocromia. Ele participa em 1916 da exposição da Associação de Artistas Austríacos na Secessão de Berlim . Em 6 de fevereiro de 1918 ele morre, apenas a alguns meses antes do fim do Império Austro-Húngaro. Foi sepultado no Cemitério de Hietzing, em Viena. Obras ficaram inacabadas como "Adão e Eva""O retrato de JohannaStaude" e "A noiva".

 

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Segundo a professora  Dilva Frazão

 

Gustav Klimt (1862-1918) foi um pintor simbolista austríaco, líder do “Movimento da Secessão de Viena” – grupo de artistas que se desligou do academicismo da pintura e aderiu ao Simbolismo.

 

O estilo extravagante e carregado de simbolismo, o emprego ousado e inovador das cores e as assimetrias da composição caracterizam a obra de Gustav Klimt, o pintor mais importante do Modernismo austríaco.

 

Gustav Klimt nasceu no dia 14 de julho de 1862, na pequena localidade de Baumgarten, ao sul de Viena, na Áustria Imperial, que em 1867 passou a fazer parte do Império Austro-Húngaro.

 

Filho do gravador Ernest Klimt e de Anna Finster foi o segundo dos sete filhos do casal. Com 14 anos ingressou na Escola de Artes Decorativas de Viena, juntamente com seu irmão Ernest.

 

Início da carreira

 

Gustav Klimt e seu irmão Ernest, estudavam desenho ornamental na Escola de Artes de Viena quando começaram a desenhar e vender retratos a partir de fotografias.

Em 1879, Gustav, seu irmão e o amigo Franz Matsch passaram a auxiliar seu professor na pintura dos murais do átrio do Museu de História da Arte de Viena.

Em 1880 os artistas começaram a receber encomendas e realizaram diversos trabalhos, entre eles, quatro alegorias para o teto do Palácio Sturany em Viena, o teto do prédio da terma de Karlsbad na Tchecoslováquia e a decoração da Villa Hermès a partir de desenhos do pintor Hans Makat.

Três anos depois, Gustav Klimt abriu um estúdio independente especializado na execução de “pintura de murais”, com um estilo clássico, típico da pintura acadêmica do final do século XIX.

Em 1887, Klimt foi contratado pela Câmara Municipal de Viena para pintar o interior do antigo Teatro Imperial. No final dos trabalhos, o artista foi premiado com a “Cruz do Mérito de Ouro” pela pintura nas escadarias do teatro.

Em seguida, Gustav Klimt recebeu a tarefa de pintar três grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena representando as figuras da “Filosofia, Medicina e Jurisprudência”.

Em 1897, junto com um grupo de jovens pintores progressistas, desiludido com as restrições da Künstlerhaus, a sociedade da qual todos os artistas vienenses se sentiam obrigados a pertencer, Klimt resolveu fundar a “Secessão de Viena”, tornando-se seu presidente.

 

O quadro de Klimt, Pallas Atena (1898), representando a deusa grega da sabedoria, foi um dos símbolos do movimento:

 

Em 1899, Klimt deu início ao painel “Filosofia”. Ao vê-lo, os membros da universidade reagiram horrorizados com as figuras nuas e a cabeça sonolenta em forma de lua que Klimt escolheu para retratar a filosofia.

 

Em poucos dias, diversos membros da universidade protestaram publicamente e enviaram um abaixo assinado ao Ministério da Educação para cancelar a encomenda.

 

Um novo escândalo aconteceu quando o painel “Medicina” foi revelado. A Medicina mostrava a figura de Hygeia, a filha mitológica do deus da medicina, que estava localizada na parte inferior da tela e era identificada com uma cobra.

 

O pintor escolheu uma composição assimétrica. Na metade direita, o fluxo da vida. Do outro lado, uma névoa de luz envolve uma mulher. Na obra, predominam os nus.

 

Jurisprudência ( 1907)

 

Embora o Ministério da Educação tenha ficado do lado de Klimt, quando a “Jurisprudência” foi apresentada causou mais polêmica. Klimt retratou o julgamento de um idoso, que aparece nu cercado por Erínias, deusa da vingança. Ele é segurado pelos tentáculos de um enorme polvo.

 

O tema que deveria unificar as três pinturas era “o triunfo da luz sobre as trevas”, mas os painéis não transmitiam esse tema com alguma clareza.

 

Depois de um dramático impasse entre Klimt e o Ministério da Educação, no qual o artista teria apontado uma arma para os homens que tentavam removê-las, o Ministério recuou e as pinturas permaneceram onde estavam.

 

A partir do ocorrido, Klimt não mais se envolvera com encomendas públicas, passando a se concentrar em paisagens e retratos, incluindo os brilhantes retratos da sociedade que consolidaram sua fama.

Fase Dourada

Os trabalhos mais famosos de Gustav Klimt pertencem a “fase dourada”, em que utiliza folhas de ouro e retrata principalmente mulheres adornadas por pequenos objetos e formas geométricas como no “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” (1907).

 

Os trabalhos com folhas de ouro mostram a influência da arte bizantina e dos mosaicos de Veneza e Ravenna, na Itália, destino de viagens do artista durante um tempo de sua carreira.

 

Pintava com extrema minúcia levando suas modelos a longuíssimas seções. Foi apaixonado por Emílie Flöge, com quem teve um longo caso de amor e foi sua companheira durante anos. Outra pintura da fase dourada é “O Beijo” (1907-1908), sua obra-prima.

 

Em 1911, Klimt recebeu o prêmio da Exposição Internacional de Roma. Com seu estilo rebelde de vestir, na maioria das vezes envolto em uma túnica escura, Gustav Klimt tornou-se uma figura exótica. Por muitos anos tentou, sem sucesso, ser admitido na Academia de Arte de Viena.

 

Só em 1917, Klimt recebeu o devido reconhecimento, ao ser eleito membro honorário da Academia. No entanto, no ano seguinte sofreu um ataque de apoplexia.

Gustav Klimt faleceu em Viena, Áustria, no dia 6 de fevereiro de 1918 (...)”

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Para a professora licenciada em Letras Daniela Diana:

“...A obra de Klimt é dividida em duas grandes fases: a Fase Histórico-Realista e a Fase Dourada.

A primeira, como o próprio nome indica, inclui obras de caráter mais histórico. Já a segunda fase, reúne obras de cunho mais decorativo, com a produção de retratos e o uso excessivo da cor dourada.

 

Nesse segundo momento, a qual ele teve maior destaque, suas obras estiveram carregadas de sensualismo e erotismo, onde a figura feminina foi a mais explorada.

 

Por esse motivo, foi muitas vezes criticado pelos setores mais tradicionais da sociedade da época.

 

Com forte estilo decorativo e uso de formas geométricas, ele produziu retratos de mulheres seminuas e paisagens, repleto de detalhes, como flores e adornos.

 

Além disso, uma característica marcante de suas obras foi o uso do dourado e do prateado, o qual se aproximou da arte bizantina.

                                             Principais Obras

Judith I (1902-1907), O friso de Beethoven (1902), Retrato de Adele Bloch-Bauer (1907), O Beijo (1907-08), Danaë (1907-08), Esperança II (1907-08), O Chapéu de Plumas Negras (1910), A Virgem (1913), A Vida e a Morte (1916),

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Para André Dorigo, Doutor em História da Arte pela UFRJ:

(...) A obra mais famosa de Gustav Klimt

Você já deve ter visto “O Beijo” estampando camisetas, utensílios e os mais diversos objetos. Esta tornou-se, ao longo das últimas décadas, uma das mais icônicas obras de arte da história.

 

Acredita-se que seja o retrato do próprio pintor e de sua musa e companheira Emiliec Flöge. Ela tinha um atelier de costura em Viena, conhecido pela inventividade de suas peças, inclusive as longas túnicas com padrões intrincados que foram eternizadas no próprio quadro d’O Beijo (e em outras obras de Klimt).

 

É possível também que o pintor tenha contribuído com as criações de Emilie, o que mostra uma mútua e riquíssima influência entre o casal.

 

Existem significados simbólicos na obra que podem ser facilmente ignorados: as plantas douradas que rodeiam os pés da mulher são chamadas de “erva de Parnaso” e representam há muito tempo a fertilidade.

 

Nos mantos que envolvem os corpos dos amantes, podemos perceber como Klimt representa o masculino, mais opulento, composto de formas viris e mesmo fálicas; e o feminino, com delicados padrões circulares.

 

Em 2013, o artista sírio TammamAzzam replicou a obra em uma parede de um edifício bombardeado em Damasco, na Síria, como forma de protesto contra a guerra.

A Dama Dourada

A história do quadro “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” (1907), que, assim como O Beijo, fez parte da Fase Dourada, foi contada no livro “A dama dourada, retrato de Adele tBloch Bauer” (2015), da escritora Anne-Marie O’Connor, e também no filme “A Dama Dourada”. Exposto havia anos no importante museu Belvedere, de Viena, sob o nome de “Dama Dourada”, o quadro era considerado a Mona Lisa austríaca.

 

Poucos sabiam, ou se davam conta, porém, da procedência da obra. Ela havia sido espoliada dos Bloch-Bauer, assim como os nazistas fizeram com outras milhares de obras de arte pertencentes a famílias judias, ao longo da Segunda Guerra Mundial.

 

No final dos anos 1990, na Califórnia, Maria Altmann, uma octogenária, fugitiva do nazismo, única herdeira da família Bloch-Bauer, decidiu enfrentar o governo austríaco e pedir a restituição do retrato de sua tia Adele, entre outras pinturas que lhe pertenciam por direito.

 

Após longa batalha judicial, seu desejo foi cumprido e atualmente a obra se encontra em constante exibição numa galeria em Nova York.

Arte, erotismo e polêmica

A virada definitiva para o estilo que consagrou Klimt ocorreu em 1894, quando recebeu a encomenda para pintar três grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena.

 

As pinturas deveriam representar as figuras da Filosofia, da Medicina e da Jurisprudência.

 

Porém, o projeto de Klimt causou grande controvérsia, pois se afastava do modo de pintar que até então havia desenvolvido: era carregado de alegorias, como corpos femininos nus em poses vistas como obscenas (...)”

 

“(...) Klimt pintava mulheres reais, que expunham as suas belezas, mas também as suas imperfeições. Muitas dessas mulheres eram apresentadas com olhos semicerrados e bocas entreabertas, em pinturas gigantescas, que escandalizavam os vienenses da época.

 

A tela “Dánae” (1907-08), por exemplo, traz a figura de uma mulher adormecida, cercada pelo que parecem ser moedas de ouro e espermatozoides.

 

As últimas obras de Klimt ganharam um tom ainda mais erótico, com desenhos de mulheres em poses e atitudes muito íntimas (...)”

 




 

Em 14 de julho de 1862 em Viena, nascia o pintor simbolista austríaco Gustav Klimt. Teve especial destaque no movimento art noveau austríaco, sendo um dos fundadores do movimento da Secessão de Viena, que não aceitava a tradição académica nas artes. Ele foi também membro honorário da Universidade de Munique e da Universidade de Viena. Pinturas, murais, esboços e outros objetos de arte estão entre os seus maiores trabalhos. Uma grande parte dessas obras fica em exposição na Galeria da Secessão de Viena. As características do estilo artístico de Klimt eram: Pintou imagens sensualizadas de mulheres; Uso de ornamentos e enfeites nas pinturas, principalmente de flores e de cores dourada e prateada; Oposição ao movimento artístico e cultural do classicismo; Uso de inspirações de paisagens naturais austríacas; Utilização de cores em formato de caleidoscópio; Utilização de forte simbolismo; Presença de movimentos nas obras de arte.

O pai de Klimt era Ernst Klimt (1832-1892), que tinha a profissão de gravador, era proveniente de uma família de agricultores da região da Boêmia. A mãe era Anna (Flinster) Klimt (1836-1915), que nasceu em Viena. Klimt era o segundo de sete filhos.

Klimt concluiu os estudos na "Escola Primária do VII bairro vienense" e após isso foi admitido, aos 14 anos, na "Escola das Artes Decorativas", ligada ao "Museu Austríaco Imperial e Real de Arte e Indústria de Viena. Lá ele foi aluno de desenho ornamental e frequentou cursos sobre a teoria de projeções, perspectiva, teoria do estilo e outros temas que acompanhavam as aulas práticas. Também frequentou a aula especializada de pintura de Ferdinand Laufberger. Quando esse morreu em 1881, Klimt passou a ser aluno de Julius Vicktor Berger, ligado a Hans Makart.Ernst e Georg, irmãos de Klimt, também se formaram na Escola de Artes Decorativas. a basedo curso era constituído pela formação na pintura e no desenho a partir do "original histórico" e dos "métodos de cópias naturalistas".

Os professores de Klimt o incentivaram, assim como Rudolf Von Eitelberger, diretor do Museu Austríaco. Dos alunos da Escola das Artes Decorativas no século XIX, ele foi o único que conseguiu dar início a uma grande carreira artística. Franz Matsch, Klimt e seu irmão Ernst trabalharam nos vitrais da "Igreja Votiva", um grande edifício em Viena. Eles três fundaram a Künstlercompagnie (Companhia dos Artistas), que conseguiu trabalhos por meio da empresa FellnerundHellmer, especializada na construção de teatros. Quadros de tetos das escadarias do Teatro Imperial foram trabalhados pela Companhia. Nessa ocasião, os quadros A Carroça de Téspis,O Teatro do Globo em LondresO Altar de DionísioO Teatro de Taormina e O Altar de Vênusforam criados por Klimt.Hans Makart deveria ter feito adecoração das imponentes escadarias do Museu da História da Arte. Porém, com a sua morte a Companhia dos Artistas foi contratada para a conclusão: pintura dos quadros dos cantos e dos intercolúnios (espaços de pintura entre as colunas). A exigência do contratante foi de que a segunda obra tinha de se manter fiel ao modelo histórico – confrontaram Klimt com o "otimismo e a crença no progresso da burguesia liberal".

Em 1887, a Câmara Municipal de Viena contratou os serviços da Companhia para pintar o interior do antigo Teatro Imperial. Klimt foi premiado com a "Cruz de Mérito de Ouro" (1888), pelos seus trabalhos nas escadarias do Teatro Imperial. Isso foi muito importante para ele. A sociedade vienense reconheceu o valor do trabalho do pintor. Mas ele não se deixou levar pela atração de se alinhar à elite cultural.

 Essa elite dizia ser, no fim do século XIX a verdadeira responsável pelo progresso material e cultural (otimismo cultural da burguesia liberal).

 Gustav Klimt, em 1883, com a inauguração do novo edifício da Universidade de Viena, recebeu a encomenda de uma série de painéis que descrevessem o triunfo da luz sobre as trevas. Deveria haver a alusão às quatro faculdades: Teologia, Filosofia, Medicina e Jurisprudência. Klimt surpreendeu de forma impactante ao representar no primeiro painel a Filosofia, pois não fez uma descrição da Escola de Atenas, incluindo Platão ou Aristóteles. Com influência das idéias de Schopenhauer, ele representa o mundo como Vontade.

O ministro da Educação, Von Hartel, em 1894, encarregou Klimt de  criar os quadros para representar as alegorias das faculdades no salão nobre da universidade. Klimt deveria ficar responsável pelos quadros A MedicinaA Filosofia e A Jurisprudência. Mas ele não quis o tema que lhe deram para os quadros: "A Vitória da Luz sobre a Obscuridade". Ele manifestou rejeição pela "glorificação das ciências racionais". Klimt com sua arte não queria representar o papel racional e otimista da ciência universitária. Ele enfrentou críticas do meio universitário e da imprensa conservadora. Em uma nova fase expõe a sua concepção do mundo como "... um protesto, uma contradição do passado, mas também como um projeto do futuro, de uma nova cultura feminina. O seu projeto A Medicina, em 1901, recebeu críticas de médicos que não viam a ciência médica ali representada.

Embora o Ministério Público não tenha visto razão para perseguir judicialmente a representação do nu, a reação pública com a exposição de A Medicina incomodou o "conselho imperial", que queria usar a arte como estratégia política. Klimt teve recusada pela primeira vez sua nomeação para professor na Academia das Artes Decorativas. Carl Schorske justificou a recusa por causa da aparência considerada agressiva do terceiro quadro, A Jurisprudência. Esse quadro não pôde ser exposto por Klimt na Exposição Universal de Saint-Loui, fato que foi criticado pelo pintor que considerava que a a forma de exposição e expressão artísticas não deveriam sofrer imposições e assim rompe em 1905 seu contrato de "Os Quadros das Faculdades". Ele vai nessa época participar na exposição da "Aliança dos Artistas Alemães", recebendo o Prémio Villa Romana.

Os quadros A MedicinaA Filosofia e A Jurisprudência, que tinham sido tomados pelo Estado acabaram sendo destruídos no incêndio provocado por tropas SS em fuga em maio de 1945 do Castelo de Immendorf na Áustria.

 

Características de obras de Klimt:

 

Obras de i um caráter histórico-realista, com associação à dualidade de Viena (realidade e ilusão). Exemplos: os desenhos para as alegorias "A Escultura" e "A Tragédia"(1896-1897)

 

O Friso Stoclet (1905-1906). Foi sua última grande pintura mural. Essa obra foi feita em um palácio de propriedade de um rico belga Adolphe Stoclet. Klimt apresenta um estilo diferente, com motivos geométricos repetidos, deixando aparecer apenas algumas partes essenciais realistas que permitem o seu entendimento. A cobertura tem um estilo bizantino, havendo mosaicos nos quais se confrontam o realismo e a abstração.

 

Na sua obra de 1907/1908 chamada “O beijo”, que é baseada em si mesmo e na sua amante Emilie, existe a imagem de uma a mulher fatal submissa, que comunica uma  sexualidade latente. É uma obra que se  constitui o auge do período dourado Também nesse mesmo período, "Dánae" se vê junto à figura da mulher ruiva adormecida, aquilo que muitos interpretam como uma torrente de moedas de ouro e espermatozóides. A lenda da Grécia Antiga de Dânae  diz que ela foi amada por Zeus na forma de uma chuva dourada. Para Klimt é a representação da procriação. Danae, segundo a pintura de Klimt está mergulhada e absorta em si, entregue às suas energias instintivas, sendo um ícone do narcisismo feminino. A parte masculina não se faz presente como em outra obra do autor, Leda, simbolicamente codificada sob a forma do pescoço e da cabeça do cisne negro.

 

Com a expansão do estilo expressionista na primeira década do século XX, o estilo dourado de Klimt não vai ser mais usado. Ele vai para Paris em 1909 e entra em contato com obras de Toulose-Lautrec e com o fauvismo. Isso influencia-o e ele passa a usar cenários menos elaborados, não usando mais os motivos geométricos e a sumptuosidade do ouro. É nessa outra fase artística dele que pinta O Chapéu de Plumas Negras (1910), A Vida e a Morte (1916); A Virgem (1913). Pinta também pinturas de jardins, paisagens campestres e do Castelo Kammer. Tais obram refletem as influências do cubismo, que estava surgindo. Klimt inclui nesse período elementos naturais (a água, a vegetação), assim como construções.

 

Klimt volta-se mais para o erotismo em suas últimas obras. Modelos nuas posam para ele, que observa e as desenha. Surgem então mais de três mil desenhos. Há desenhos de modelos em  poses e atitudes mais íntimas: "Mulher sentada com as coxas abertas""Adão e Eva""A Noiva"” e "Masturbação feminina ". Ele nessa época foi acusado de exagerar no erotismo na obra “Ornamentação e Crime”. Mas ele dizia que a ornamentação enriquece o real.

 

Em 1915 a mãe de Klimt morre e isso influencia nele adotando um modo mais sombrio ao pintar. As paisagens passam a ter uma tendência para a monocromia. Ele participa em 1916 da exposição da Associação de Artistas Austríacos na Secessão de Berlim . Em 6 de fevereiro de 1918 ele morre, apenas a alguns meses antes do fim do Império Austro-Húngaro. Foi sepultado no Cemitério de Hietzing, em Viena. Obras ficaram inacabadas como "Adão e Eva""O retrato de JohannaStaude" e "A noiva".

 

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Segundo a professora  Dilva Frazão

 

Gustav Klimt (1862-1918) foi um pintor simbolista austríaco, líder do “Movimento da Secessão de Viena” – grupo de artistas que se desligou do academicismo da pintura e aderiu ao Simbolismo.

 

O estilo extravagante e carregado de simbolismo, o emprego ousado e inovador das cores e as assimetrias da composição caracterizam a obra de Gustav Klimt, o pintor mais importante do Modernismo austríaco.

 

Gustav Klimt nasceu no dia 14 de julho de 1862, na pequena localidade de Baumgarten, ao sul de Viena, na Áustria Imperial, que em 1867 passou a fazer parte do Império Austro-Húngaro.

 

Filho do gravador Ernest Klimt e de Anna Finster foi o segundo dos sete filhos do casal. Com 14 anos ingressou na Escola de Artes Decorativas de Viena, juntamente com seu irmão Ernest.

 

Início da carreira

 

Gustav Klimt e seu irmão Ernest, estudavam desenho ornamental na Escola de Artes de Viena quando começaram a desenhar e vender retratos a partir de fotografias.

Em 1879, Gustav, seu irmão e o amigo Franz Matsch passaram a auxiliar seu professor na pintura dos murais do átrio do Museu de História da Arte de Viena.

Em 1880 os artistas começaram a receber encomendas e realizaram diversos trabalhos, entre eles, quatro alegorias para o teto do Palácio Sturany em Viena, o teto do prédio da terma de Karlsbad na Tchecoslováquia e a decoração da Villa Hermès a partir de desenhos do pintor Hans Makat.

Três anos depois, Gustav Klimt abriu um estúdio independente especializado na execução de “pintura de murais”, com um estilo clássico, típico da pintura acadêmica do final do século XIX.

Em 1887, Klimt foi contratado pela Câmara Municipal de Viena para pintar o interior do antigo Teatro Imperial. No final dos trabalhos, o artista foi premiado com a “Cruz do Mérito de Ouro” pela pintura nas escadarias do teatro.

Em seguida, Gustav Klimt recebeu a tarefa de pintar três grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena representando as figuras da “Filosofia, Medicina e Jurisprudência”.

Em 1897, junto com um grupo de jovens pintores progressistas, desiludido com as restrições da Künstlerhaus, a sociedade da qual todos os artistas vienenses se sentiam obrigados a pertencer, Klimt resolveu fundar a “Secessão de Viena”, tornando-se seu presidente.

 

O quadro de Klimt, Pallas Atena (1898), representando a deusa grega da sabedoria, foi um dos símbolos do movimento:

 

Em 1899, Klimt deu início ao painel “Filosofia”. Ao vê-lo, os membros da universidade reagiram horrorizados com as figuras nuas e a cabeça sonolenta em forma de lua que Klimt escolheu para retratar a filosofia.

 

Em poucos dias, diversos membros da universidade protestaram publicamente e enviaram um abaixo assinado ao Ministério da Educação para cancelar a encomenda.

 

Um novo escândalo aconteceu quando o painel “Medicina” foi revelado. A Medicina mostrava a figura de Hygeia, a filha mitológica do deus da medicina, que estava localizada na parte inferior da tela e era identificada com uma cobra.

 

O pintor escolheu uma composição assimétrica. Na metade direita, o fluxo da vida. Do outro lado, uma névoa de luz envolve uma mulher. Na obra, predominam os nus.

 

Jurisprudência ( 1907)

 

Embora o Ministério da Educação tenha ficado do lado de Klimt, quando a “Jurisprudência” foi apresentada causou mais polêmica. Klimt retratou o julgamento de um idoso, que aparece nu cercado por Erínias, deusa da vingança. Ele é segurado pelos tentáculos de um enorme polvo.

 

O tema que deveria unificar as três pinturas era “o triunfo da luz sobre as trevas”, mas os painéis não transmitiam esse tema com alguma clareza.

 

Depois de um dramático impasse entre Klimt e o Ministério da Educação, no qual o artista teria apontado uma arma para os homens que tentavam removê-las, o Ministério recuou e as pinturas permaneceram onde estavam.

 

A partir do ocorrido, Klimt não mais se envolvera com encomendas públicas, passando a se concentrar em paisagens e retratos, incluindo os brilhantes retratos da sociedade que consolidaram sua fama.

Fase Dourada

Os trabalhos mais famosos de Gustav Klimt pertencem a “fase dourada”, em que utiliza folhas de ouro e retrata principalmente mulheres adornadas por pequenos objetos e formas geométricas como no “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” (1907).

 

Os trabalhos com folhas de ouro mostram a influência da arte bizantina e dos mosaicos de Veneza e Ravenna, na Itália, destino de viagens do artista durante um tempo de sua carreira.

 

Pintava com extrema minúcia levando suas modelos a longuíssimas seções. Foi apaixonado por Emílie Flöge, com quem teve um longo caso de amor e foi sua companheira durante anos. Outra pintura da fase dourada é “O Beijo” (1907-1908), sua obra-prima.

 

Em 1911, Klimt recebeu o prêmio da Exposição Internacional de Roma. Com seu estilo rebelde de vestir, na maioria das vezes envolto em uma túnica escura, Gustav Klimt tornou-se uma figura exótica. Por muitos anos tentou, sem sucesso, ser admitido na Academia de Arte de Viena.

 

Só em 1917, Klimt recebeu o devido reconhecimento, ao ser eleito membro honorário da Academia. No entanto, no ano seguinte sofreu um ataque de apoplexia.

Gustav Klimt faleceu em Viena, Áustria, no dia 6 de fevereiro de 1918 (...)”

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Para a professora licenciada em Letras Daniela Diana:

“...A obra de Klimt é dividida em duas grandes fases: a Fase Histórico-Realista e a Fase Dourada.

A primeira, como o próprio nome indica, inclui obras de caráter mais histórico. Já a segunda fase, reúne obras de cunho mais decorativo, com a produção de retratos e o uso excessivo da cor dourada.

 

Nesse segundo momento, a qual ele teve maior destaque, suas obras estiveram carregadas de sensualismo e erotismo, onde a figura feminina foi a mais explorada.

 

Por esse motivo, foi muitas vezes criticado pelos setores mais tradicionais da sociedade da época.

 

Com forte estilo decorativo e uso de formas geométricas, ele produziu retratos de mulheres seminuas e paisagens, repleto de detalhes, como flores e adornos.

 

Além disso, uma característica marcante de suas obras foi o uso do dourado e do prateado, o qual se aproximou da arte bizantina.

                                             Principais Obras

Judith I (1902-1907), O friso de Beethoven (1902), Retrato de Adele Bloch-Bauer (1907), O Beijo (1907-08), Danaë (1907-08), Esperança II (1907-08), O Chapéu de Plumas Negras (1910), A Virgem (1913), A Vida e a Morte (1916),

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Para André Dorigo, Doutor em História da Arte pela UFRJ:

(...) A obra mais famosa de Gustav Klimt

Você já deve ter visto “O Beijo” estampando camisetas, utensílios e os mais diversos objetos. Esta tornou-se, ao longo das últimas décadas, uma das mais icônicas obras de arte da história.

 

Acredita-se que seja o retrato do próprio pintor e de sua musa e companheira Emiliec Flöge. Ela tinha um atelier de costura em Viena, conhecido pela inventividade de suas peças, inclusive as longas túnicas com padrões intrincados que foram eternizadas no próprio quadro d’O Beijo (e em outras obras de Klimt).

 

É possível também que o pintor tenha contribuído com as criações de Emilie, o que mostra uma mútua e riquíssima influência entre o casal.

 

Existem significados simbólicos na obra que podem ser facilmente ignorados: as plantas douradas que rodeiam os pés da mulher são chamadas de “erva de Parnaso” e representam há muito tempo a fertilidade.

 

Nos mantos que envolvem os corpos dos amantes, podemos perceber como Klimt representa o masculino, mais opulento, composto de formas viris e mesmo fálicas; e o feminino, com delicados padrões circulares.

 

Em 2013, o artista sírio TammamAzzam replicou a obra em uma parede de um edifício bombardeado em Damasco, na Síria, como forma de protesto contra a guerra.

A Dama Dourada

A história do quadro “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” (1907), que, assim como O Beijo, fez parte da Fase Dourada, foi contada no livro “A dama dourada, retrato de Adele tBloch Bauer” (2015), da escritora Anne-Marie O’Connor, e também no filme “A Dama Dourada”. Exposto havia anos no importante museu Belvedere, de Viena, sob o nome de “Dama Dourada”, o quadro era considerado a Mona Lisa austríaca.

 

Poucos sabiam, ou se davam conta, porém, da procedência da obra. Ela havia sido espoliada dos Bloch-Bauer, assim como os nazistas fizeram com outras milhares de obras de arte pertencentes a famílias judias, ao longo da Segunda Guerra Mundial.

 

No final dos anos 1990, na Califórnia, Maria Altmann, uma octogenária, fugitiva do nazismo, única herdeira da família Bloch-Bauer, decidiu enfrentar o governo austríaco e pedir a restituição do retrato de sua tia Adele, entre outras pinturas que lhe pertenciam por direito.

 

Após longa batalha judicial, seu desejo foi cumprido e atualmente a obra se encontra em constante exibição numa galeria em Nova York.

Arte, erotismo e polêmica

A virada definitiva para o estilo que consagrou Klimt ocorreu em 1894, quando recebeu a encomenda para pintar três grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena.

 

As pinturas deveriam representar as figuras da Filosofia, da Medicina e da Jurisprudência.

 

Porém, o projeto de Klimt causou grande controvérsia, pois se afastava do modo de pintar que até então havia desenvolvido: era carregado de alegorias, como corpos femininos nus em poses vistas como obscenas (...)”

 

“(...) Klimt pintava mulheres reais, que expunham as suas belezas, mas também as suas imperfeições. Muitas dessas mulheres eram apresentadas com olhos semicerrados e bocas entreabertas, em pinturas gigantescas, que escandalizavam os vienenses da época.

 

A tela “Dánae” (1907-08), por exemplo, traz a figura de uma mulher adormecida, cercada pelo que parecem ser moedas de ouro e espermatozoides.

 

As últimas obras de Klimt ganharam um tom ainda mais erótico, com desenhos de mulheres em poses e atitudes muito íntimas (...)”

 

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Imagens de algumas obras de Gustav Klimt:



                                                        O Beijo





                                                                   Judith


                                               Retrato de Adele Bloch


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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História


Figuras

https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagem+de+gustavo+klimt.#vhid=0aq

 

https://depositphotos.com/br/photos/gustav-klimt.html