Em 14 de julho de 1862 em Viena, nascia o
pintor simbolista austríaco Gustav Klimt. Teve especial destaque no
movimento artnoveau austríaco, sendo um dos fundadores do
movimento da Secessão de Viena, que não aceitava a tradição académica nas
artes. Ele foi também membro honorário da Universidade de Munique e da
Universidade de Viena. Pinturas, murais, esboços e outros objetos de arte estão
entre os seus maiores trabalhos. Uma grande parte dessas obras fica em
exposição na Galeria da Secessão de Viena. As características do estilo
artístico de Klimt eram: Pintou imagens sensualizadas de mulheres; Uso de
ornamentos e enfeites nas pinturas, principalmente de flores e de cores dourada
e prateada; Oposição ao movimento artístico e cultural do classicismo; Uso de
inspirações de paisagens naturais austríacas; Utilização de cores em formato de
caleidoscópio; Utilização de forte simbolismo; Presença de movimentos nas obras
de arte.
O pai de Klimt era Ernst Klimt
(1832-1892), que tinha a profissão de gravador, era proveniente de uma família
de agricultores da região da Boêmia. A mãe era Anna (Flinster) Klimt
(1836-1915), que nasceu em Viena. Klimt era o segundo de sete filhos.
Klimt concluiu os estudos na "Escola Primária
do VII bairro vienense" e após isso foi admitido, aos 14 anos, na "Escola
das Artes Decorativas", ligada ao "Museu Austríaco
Imperial e Real de Arte e Indústria de Viena. Lá ele foi aluno de
desenho ornamental e frequentou cursos sobre a teoria de projeções,
perspectiva, teoria do estilo e outros temas que acompanhavam as aulas
práticas. Também frequentou a aula especializada de pintura de Ferdinand
Laufberger. Quando esse morreu em 1881, Klimt passou a ser aluno de Julius
Vicktor Berger, ligado a Hans Makart.Ernst e Georg, irmãos de Klimt, também se
formaram na Escola de Artes Decorativas. a basedo curso era constituído pela
formação na pintura e no desenho a partir do "original histórico" e
dos "métodos de cópias naturalistas".
Os professores de Klimt o incentivaram, assim
como Rudolf Von Eitelberger, diretor do Museu Austríaco. Dos alunos da Escola
das Artes Decorativas no século XIX, ele foi o único que conseguiu dar início a
uma grande carreira artística. Franz Matsch, Klimt e seu irmão Ernst
trabalharam nos vitrais da "Igreja Votiva", um grande edifício em
Viena. Eles três fundaram a Künstlercompagnie (Companhia dos
Artistas), que conseguiu trabalhos por meio da empresa FellnerundHellmer,
especializada na construção de teatros. Quadros de tetos das escadarias do
Teatro Imperial foram trabalhados pela Companhia. Nessa ocasião, os
quadros A Carroça de Téspis,O Teatro do Globo em Londres, O
Altar de Dionísio, O Teatro de Taormina e O Altar
de Vênusforam criados por Klimt.Hans Makart deveria ter feito adecoração
das imponentes escadarias do Museu da História da Arte. Porém, com a sua morte
a Companhia dos Artistas foi contratada para a conclusão: pintura dos quadros
dos cantos e dos intercolúnios (espaços de pintura entre as colunas). A
exigência do contratante foi de que a segunda obra tinha de se manter fiel ao
modelo histórico – confrontaram Klimt com o "otimismo e a crença no
progresso da burguesia liberal".
Em 1887, a Câmara Municipal de Viena contratou
os serviços da Companhia para pintar o interior do antigo Teatro Imperial.
Klimt foi premiado com a "Cruz de Mérito de Ouro" (1888), pelos seus
trabalhos nas escadarias do Teatro Imperial. Isso foi muito importante para
ele. A sociedade vienense reconheceu o valor do trabalho do pintor. Mas ele não
se deixou levar pela atração de se alinhar à elite cultural.
Essa elite dizia ser, no fim do século XIX a
verdadeira responsável pelo progresso material e cultural (otimismo cultural da
burguesia liberal).
Gustav Klimt, em 1883, com a inauguração do novo
edifício da Universidade de Viena, recebeu a encomenda de uma série de painéis
que descrevessem o triunfo da luz sobre as trevas. Deveria haver a alusão às
quatro faculdades: Teologia, Filosofia, Medicina e Jurisprudência. Klimt
surpreendeu de forma impactante ao representar no primeiro painel a Filosofia,
pois não fez uma descrição da Escola de Atenas, incluindo Platão ou
Aristóteles. Com influência das idéias de Schopenhauer, ele representa o mundo
como Vontade.
O ministro da Educação, Von Hartel, em 1894,
encarregou Klimt de criar os quadros para representar as alegorias
das faculdades no salão nobre da universidade. Klimt deveria ficar responsável
pelos quadros A Medicina, A Filosofia e A
Jurisprudência. Mas ele não quis o tema que lhe deram para os quadros: "A
Vitória da Luz sobre a Obscuridade". Ele manifestou rejeição pela
"glorificação das ciências racionais". Klimt com sua arte não queria
representar o papel racional e otimista da ciência universitária. Ele enfrentou
críticas do meio universitário e da imprensa conservadora. Em uma nova fase
expõe a sua concepção do mundo como "... um protesto, uma
contradição do passado, mas também como um projeto do futuro, de uma nova
cultura feminina. O seu projeto A Medicina, em 1901,
recebeu críticas de médicos que não viam a ciência médica ali representada.
Embora o Ministério Público não tenha visto
razão para perseguir judicialmente a representação do nu, a reação pública com
a exposição de A Medicina incomodou o "conselho
imperial", que queria usar a arte como estratégia política. Klimt teve
recusada pela primeira vez sua nomeação para professor na Academia das Artes
Decorativas. Carl Schorske justificou a recusa por causa da aparência
considerada agressiva do terceiro quadro, A Jurisprudência. Esse
quadro não pôde ser exposto por Klimt na Exposição Universal de Saint-Loui,
fato que foi criticado pelo pintor que considerava que a a forma de exposição e
expressão artísticas não deveriam sofrer imposições e assim rompe em 1905 seu
contrato de "Os Quadros das Faculdades". Ele vai nessa época
participar na exposição da "Aliança dos Artistas Alemães", recebendo
o Prémio Villa Romana.
Os quadros A Medicina, A
Filosofia e A Jurisprudência, que tinham sido tomados
pelo Estado acabaram sendo destruídos no incêndio provocado por tropas SS
em fuga em maio de 1945 do Castelo de Immendorf na Áustria.
Características de obras de Klimt:
Obras de i um caráter histórico-realista, com
associação à dualidade de Viena (realidade e ilusão). Exemplos: os desenhos
para as alegorias "A Escultura" e "A
Tragédia"(1896-1897)
O Friso Stoclet (1905-1906). Foi sua última
grande pintura mural. Essa obra foi feita em um palácio de propriedade de um
rico belga Adolphe Stoclet. Klimt apresenta um estilo diferente, com motivos
geométricos repetidos, deixando aparecer apenas algumas partes essenciais
realistas que permitem o seu entendimento. A cobertura tem um estilo bizantino,
havendo mosaicos nos quais se confrontam o realismo e a abstração.
Na sua obra de 1907/1908 chamada “O beijo”,
que é baseada em si mesmo e na sua amante Emilie, existe a imagem de uma a
mulher fatal submissa, que comunica uma sexualidade latente. É uma
obra que se constitui o auge do período dourado Também nesse mesmo
período, "Dánae" se vê junto à figura da mulher
ruiva adormecida, aquilo que muitos interpretam como uma torrente de moedas de
ouro e espermatozóides. A lenda da Grécia Antiga de Dânae diz que
ela foi amada por Zeus na forma de uma chuva dourada. Para Klimt é a representação
da procriação. Danae, segundo a pintura de Klimt está mergulhada e absorta em
si, entregue às suas energias instintivas, sendo um ícone do narcisismo
feminino. A parte masculina não se faz presente como em outra obra do
autor, Leda, simbolicamente codificada sob a forma do pescoço e da
cabeça do cisne negro.
Com a expansão do estilo expressionista na
primeira década do século XX, o estilo dourado de Klimt não vai ser mais usado.
Ele vai para Paris em 1909 e entra em contato com obras de Toulose-Lautrec e
com o fauvismo. Isso influencia-o e ele passa a usar cenários menos elaborados,
não usando mais os motivos geométricos e a sumptuosidade do ouro. É nessa outra
fase artística dele que pinta O Chapéu de Plumas Negras (1910), A
Vida e a Morte (1916); A Virgem (1913). Pinta
também pinturas de jardins, paisagens campestres e do Castelo Kammer. Tais
obram refletem as influências do cubismo, que estava surgindo.
Klimt inclui nesse período elementos naturais (a água, a vegetação), assim como
construções.
Klimt volta-se mais para o erotismo em suas
últimas obras. Modelos nuas posam para ele, que observa e as desenha. Surgem
então mais de três mil desenhos. Há desenhos de modelos em poses e
atitudes mais íntimas: "Mulher sentada com as coxas abertas", "Adão
e Eva", "A Noiva"” e "Masturbação
feminina ". Ele nessa época foi acusado de exagerar no erotismo na obra “Ornamentação
e Crime”. Mas ele dizia que a ornamentação enriquece o real.
Em 1915 a mãe de Klimt morre e isso influencia
nele adotando um modo mais sombrio ao pintar. As paisagens passam a ter uma
tendência para a monocromia. Ele participa em 1916 da exposição da Associação
de Artistas Austríacos na Secessão de Berlim . Em 6 de fevereiro de 1918 ele
morre, apenas a alguns meses antes do fim do Império Austro-Húngaro. Foi
sepultado no Cemitério de Hietzing, em Viena. Obras ficaram inacabadas
como "Adão e Eva", "O retrato de
JohannaStaude" e "A noiva".
_____________________________________________
Segundo a professora Dilva Frazão
Gustav Klimt (1862-1918) foi um pintor
simbolista austríaco, líder do “Movimento da Secessão de Viena” – grupo de
artistas que se desligou do academicismo da pintura e aderiu ao Simbolismo.
O estilo extravagante e carregado de
simbolismo, o emprego ousado e inovador das cores e as assimetrias da
composição caracterizam a obra de Gustav Klimt, o pintor mais importante do
Modernismo austríaco.
Gustav Klimt nasceu no dia 14 de julho de
1862, na pequena localidade de Baumgarten, ao sul de Viena, na Áustria Imperial,
que em 1867 passou a fazer parte do Império Austro-Húngaro.
Filho do gravador Ernest Klimt e de Anna
Finster foi o segundo dos sete filhos do casal. Com 14 anos ingressou na Escola
de Artes Decorativas de Viena, juntamente com seu irmão Ernest.
Início da carreira
Gustav Klimt e seu irmão Ernest, estudavam
desenho ornamental na Escola de Artes de Viena quando começaram a desenhar e
vender retratos a partir de fotografias.
Em 1879, Gustav, seu irmão e o amigo Franz
Matsch passaram a auxiliar seu professor na pintura dos murais do átrio do
Museu de História da Arte de Viena.
Em 1880 os artistas começaram a receber
encomendas e realizaram diversos trabalhos, entre eles, quatro alegorias para o
teto do Palácio Sturany em Viena, o teto do prédio da terma de Karlsbad na
Tchecoslováquia e a decoração da Villa Hermès a partir de desenhos do pintor
Hans Makat.
Três anos depois, Gustav Klimt abriu um
estúdio independente especializado na execução de “pintura de murais”, com um
estilo clássico, típico da pintura acadêmica do final do século XIX.
Em 1887, Klimt foi contratado pela Câmara
Municipal de Viena para pintar o interior do antigo Teatro Imperial. No final
dos trabalhos, o artista foi premiado com a “Cruz do Mérito de Ouro” pela
pintura nas escadarias do teatro.
Em seguida, Gustav Klimt recebeu a tarefa de
pintar três grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena
representando as figuras da “Filosofia, Medicina e Jurisprudência”.
Em 1897, junto com um grupo de jovens pintores
progressistas, desiludido com as restrições da Künstlerhaus, a sociedade da
qual todos os artistas vienenses se sentiam obrigados a pertencer, Klimt
resolveu fundar a “Secessão de Viena”, tornando-se seu presidente.
O quadro de Klimt, Pallas Atena (1898),
representando a deusa grega da sabedoria, foi um dos símbolos do movimento:
Em 1899, Klimt deu início ao painel
“Filosofia”. Ao vê-lo, os membros da universidade reagiram horrorizados com as
figuras nuas e a cabeça sonolenta em forma de lua que Klimt escolheu para
retratar a filosofia.
Em poucos dias, diversos membros da
universidade protestaram publicamente e enviaram um abaixo assinado ao
Ministério da Educação para cancelar a encomenda.
Um novo escândalo aconteceu quando o
painel “Medicina” foi revelado. A Medicina mostrava a figura de Hygeia, a filha
mitológica do deus da medicina, que estava localizada na parte inferior da tela
e era identificada com uma cobra.
O pintor escolheu uma composição assimétrica.
Na metade direita, o fluxo da vida. Do outro lado, uma névoa de luz envolve uma
mulher. Na obra, predominam os nus.
Jurisprudência ( 1907)
Embora o Ministério da Educação tenha ficado
do lado de Klimt, quando a “Jurisprudência” foi apresentada causou mais
polêmica. Klimt retratou o julgamento de um idoso, que aparece nu cercado por
Erínias, deusa da vingança. Ele é segurado pelos tentáculos de um enorme polvo.
O tema que deveria unificar as três pinturas
era “o triunfo da luz sobre as trevas”, mas os painéis não transmitiam esse
tema com alguma clareza.
Depois de um dramático impasse entre Klimt e o
Ministério da Educação, no qual o artista teria apontado uma arma para os
homens que tentavam removê-las, o Ministério recuou e as pinturas permaneceram
onde estavam.
A partir do ocorrido, Klimt não mais se
envolvera com encomendas públicas, passando a se concentrar em paisagens e
retratos, incluindo os brilhantes retratos da sociedade que consolidaram sua
fama.
Fase Dourada
Os trabalhos mais famosos de Gustav Klimt
pertencem a “fase dourada”, em que utiliza folhas de ouro e retrata
principalmente mulheres adornadas por pequenos objetos e formas geométricas
como no “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” (1907).
Os trabalhos com folhas de ouro mostram a
influência da arte bizantina e dos mosaicos de Veneza e Ravenna, na Itália,
destino de viagens do artista durante um tempo de sua carreira.
Pintava com extrema minúcia levando suas
modelos a longuíssimas seções. Foi apaixonado por Emílie Flöge, com quem teve
um longo caso de amor e foi sua companheira durante anos. Outra pintura da fase
dourada é “O Beijo” (1907-1908), sua obra-prima.
Em 1911, Klimt recebeu o prêmio da Exposição
Internacional de Roma. Com seu estilo rebelde de vestir, na maioria das vezes
envolto em uma túnica escura, Gustav Klimt tornou-se uma figura exótica. Por
muitos anos tentou, sem sucesso, ser admitido na Academia de Arte de Viena.
Só em 1917, Klimt recebeu o devido
reconhecimento, ao ser eleito membro honorário da Academia. No entanto, no ano
seguinte sofreu um ataque de apoplexia.
Gustav Klimt faleceu em Viena, Áustria, no dia
6 de fevereiro de 1918 (...)”
______________________________________________________
Para a professora licenciada em Letras Daniela
Diana:
“...A obra de Klimt é dividida em duas grandes
fases: a Fase Histórico-Realista e a Fase Dourada.
A primeira, como o próprio nome indica, inclui
obras de caráter mais histórico. Já a segunda fase, reúne obras de cunho mais
decorativo, com a produção de retratos e o uso excessivo da cor dourada.
Nesse segundo momento, a qual ele teve maior
destaque, suas obras estiveram carregadas de sensualismo e erotismo, onde a
figura feminina foi a mais explorada.
Por esse motivo, foi muitas vezes criticado
pelos setores mais tradicionais da sociedade da época.
Com forte estilo decorativo e uso de formas
geométricas, ele produziu retratos de mulheres seminuas e paisagens, repleto de
detalhes, como flores e adornos.
Além disso, uma característica marcante de
suas obras foi o uso do dourado e do prateado, o qual se aproximou da arte
bizantina.
Principais
Obras
Judith I (1902-1907), O friso de
Beethoven (1902), Retrato de Adele Bloch-Bauer (1907), O Beijo (1907-08), Danaë
(1907-08), Esperança II (1907-08), O Chapéu de Plumas Negras (1910), A Virgem
(1913), A Vida e a Morte (1916),
_________________________________________________
Para
André Dorigo, Doutor em História da Arte pela UFRJ:
(...) A obra mais
famosa de Gustav Klimt
Você já deve ter visto “O Beijo” estampando
camisetas, utensílios e os mais diversos objetos. Esta tornou-se, ao longo das
últimas décadas, uma das mais icônicas obras de arte da história.
Acredita-se que seja o retrato do próprio
pintor e de sua musa e companheira Emiliec Flöge. Ela tinha um atelier de
costura em Viena, conhecido pela inventividade de suas peças, inclusive as
longas túnicas com padrões intrincados que foram eternizadas no próprio quadro
d’O Beijo (e em outras obras de Klimt).
É possível também que o pintor tenha
contribuído com as criações de Emilie, o que mostra uma mútua e riquíssima
influência entre o casal.
Existem significados simbólicos na obra que
podem ser facilmente ignorados: as plantas douradas que rodeiam os pés da
mulher são chamadas de “erva de Parnaso” e representam há muito tempo a
fertilidade.
Nos mantos que envolvem os corpos dos amantes,
podemos perceber como Klimt representa o masculino, mais opulento, composto de
formas viris e mesmo fálicas; e o feminino, com delicados padrões circulares.
Em 2013, o artista sírio TammamAzzam replicou
a obra em uma parede de um edifício bombardeado em Damasco, na Síria, como
forma de protesto contra a guerra.
A Dama Dourada
A história do quadro “Retrato de Adele
Bloch-Bauer I” (1907), que, assim como O Beijo, fez parte da Fase Dourada, foi
contada no livro “A dama dourada, retrato de Adele tBloch Bauer” (2015), da
escritora Anne-Marie O’Connor, e também no filme “A Dama Dourada”. Exposto
havia anos no importante museu Belvedere, de Viena, sob o nome de “Dama
Dourada”, o quadro era considerado a Mona Lisa austríaca.
Poucos sabiam, ou se davam conta, porém, da
procedência da obra. Ela havia sido espoliada dos Bloch-Bauer, assim como os
nazistas fizeram com outras milhares de obras de arte pertencentes a famílias
judias, ao longo da Segunda Guerra Mundial.
No final dos anos 1990, na Califórnia, Maria
Altmann, uma octogenária, fugitiva do nazismo, única herdeira da família
Bloch-Bauer, decidiu enfrentar o governo austríaco e pedir a restituição do
retrato de sua tia Adele, entre outras pinturas que lhe pertenciam por direito.
Após longa batalha judicial, seu desejo foi
cumprido e atualmente a obra se encontra em constante exibição numa galeria em
Nova York.
Arte, erotismo e
polêmica
A virada definitiva para o estilo que
consagrou Klimt ocorreu em 1894, quando recebeu a encomenda para pintar três
grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena.
As pinturas deveriam representar as figuras da
Filosofia, da Medicina e da Jurisprudência.
Porém, o projeto de Klimt causou grande
controvérsia, pois se afastava do modo de pintar que até então havia
desenvolvido: era carregado de alegorias, como corpos femininos nus em poses
vistas como obscenas (...)”
“(...) Klimt pintava mulheres reais, que
expunham as suas belezas, mas também as suas imperfeições. Muitas dessas
mulheres eram apresentadas com olhos semicerrados e bocas entreabertas, em
pinturas gigantescas, que escandalizavam os vienenses da época.
A tela “Dánae” (1907-08), por exemplo, traz a
figura de uma mulher adormecida, cercada pelo que parecem ser moedas de ouro e
espermatozoides.
As últimas obras de Klimt ganharam um tom
ainda mais erótico, com desenhos de mulheres em poses e atitudes muito íntimas
(...)”
Em 14 de julho de 1862 em Viena, nascia o
pintor simbolista austríaco Gustav Klimt. Teve especial destaque no
movimento art noveau austríaco, sendo um dos fundadores do
movimento da Secessão de Viena, que não aceitava a tradição académica nas
artes. Ele foi também membro honorário da Universidade de Munique e da
Universidade de Viena. Pinturas, murais, esboços e outros objetos de arte estão
entre os seus maiores trabalhos. Uma grande parte dessas obras fica em
exposição na Galeria da Secessão de Viena. As características do estilo
artístico de Klimt eram: Pintou imagens sensualizadas de mulheres; Uso de
ornamentos e enfeites nas pinturas, principalmente de flores e de cores dourada
e prateada; Oposição ao movimento artístico e cultural do classicismo; Uso de
inspirações de paisagens naturais austríacas; Utilização de cores em formato de
caleidoscópio; Utilização de forte simbolismo; Presença de movimentos nas obras
de arte.
O pai de Klimt era Ernst Klimt
(1832-1892), que tinha a profissão de gravador, era proveniente de uma família
de agricultores da região da Boêmia. A mãe era Anna (Flinster) Klimt
(1836-1915), que nasceu em Viena. Klimt era o segundo de sete filhos.
Klimt concluiu os estudos na "Escola Primária
do VII bairro vienense" e após isso foi admitido, aos 14 anos, na "Escola
das Artes Decorativas", ligada ao "Museu Austríaco
Imperial e Real de Arte e Indústria de Viena. Lá ele foi aluno de
desenho ornamental e frequentou cursos sobre a teoria de projeções,
perspectiva, teoria do estilo e outros temas que acompanhavam as aulas
práticas. Também frequentou a aula especializada de pintura de Ferdinand
Laufberger. Quando esse morreu em 1881, Klimt passou a ser aluno de Julius
Vicktor Berger, ligado a Hans Makart.Ernst e Georg, irmãos de Klimt, também se
formaram na Escola de Artes Decorativas. a basedo curso era constituído pela
formação na pintura e no desenho a partir do "original histórico" e
dos "métodos de cópias naturalistas".
Os professores de Klimt o incentivaram, assim
como Rudolf Von Eitelberger, diretor do Museu Austríaco. Dos alunos da Escola
das Artes Decorativas no século XIX, ele foi o único que conseguiu dar início a
uma grande carreira artística. Franz Matsch, Klimt e seu irmão Ernst
trabalharam nos vitrais da "Igreja Votiva", um grande edifício em
Viena. Eles três fundaram a Künstlercompagnie (Companhia dos
Artistas), que conseguiu trabalhos por meio da empresa FellnerundHellmer,
especializada na construção de teatros. Quadros de tetos das escadarias do
Teatro Imperial foram trabalhados pela Companhia. Nessa ocasião, os
quadros A Carroça de Téspis,O Teatro do Globo em Londres, O
Altar de Dionísio, O Teatro de Taormina e O Altar
de Vênusforam criados por Klimt.Hans Makart deveria ter feito adecoração
das imponentes escadarias do Museu da História da Arte. Porém, com a sua morte
a Companhia dos Artistas foi contratada para a conclusão: pintura dos quadros
dos cantos e dos intercolúnios (espaços de pintura entre as colunas). A
exigência do contratante foi de que a segunda obra tinha de se manter fiel ao
modelo histórico – confrontaram Klimt com o "otimismo e a crença no
progresso da burguesia liberal".
Em 1887, a Câmara Municipal de Viena contratou
os serviços da Companhia para pintar o interior do antigo Teatro Imperial.
Klimt foi premiado com a "Cruz de Mérito de Ouro" (1888), pelos seus
trabalhos nas escadarias do Teatro Imperial. Isso foi muito importante para
ele. A sociedade vienense reconheceu o valor do trabalho do pintor. Mas ele não
se deixou levar pela atração de se alinhar à elite cultural.
Essa elite dizia ser, no fim do século XIX a
verdadeira responsável pelo progresso material e cultural (otimismo cultural da
burguesia liberal).
Gustav Klimt, em 1883, com a inauguração do novo
edifício da Universidade de Viena, recebeu a encomenda de uma série de painéis
que descrevessem o triunfo da luz sobre as trevas. Deveria haver a alusão às
quatro faculdades: Teologia, Filosofia, Medicina e Jurisprudência. Klimt
surpreendeu de forma impactante ao representar no primeiro painel a Filosofia,
pois não fez uma descrição da Escola de Atenas, incluindo Platão ou
Aristóteles. Com influência das idéias de Schopenhauer, ele representa o mundo
como Vontade.
O ministro da Educação, Von Hartel, em 1894,
encarregou Klimt de criar os quadros para representar as alegorias
das faculdades no salão nobre da universidade. Klimt deveria ficar responsável
pelos quadros A Medicina, A Filosofia e A
Jurisprudência. Mas ele não quis o tema que lhe deram para os quadros: "A
Vitória da Luz sobre a Obscuridade". Ele manifestou rejeição pela
"glorificação das ciências racionais". Klimt com sua arte não queria
representar o papel racional e otimista da ciência universitária. Ele enfrentou
críticas do meio universitário e da imprensa conservadora. Em uma nova fase
expõe a sua concepção do mundo como "... um protesto, uma
contradição do passado, mas também como um projeto do futuro, de uma nova
cultura feminina. O seu projeto A Medicina, em 1901,
recebeu críticas de médicos que não viam a ciência médica ali representada.
Embora o Ministério Público não tenha visto
razão para perseguir judicialmente a representação do nu, a reação pública com
a exposição de A Medicina incomodou o "conselho
imperial", que queria usar a arte como estratégia política. Klimt teve
recusada pela primeira vez sua nomeação para professor na Academia das Artes
Decorativas. Carl Schorske justificou a recusa por causa da aparência
considerada agressiva do terceiro quadro, A Jurisprudência. Esse
quadro não pôde ser exposto por Klimt na Exposição Universal de Saint-Loui,
fato que foi criticado pelo pintor que considerava que a a forma de exposição e
expressão artísticas não deveriam sofrer imposições e assim rompe em 1905 seu
contrato de "Os Quadros das Faculdades". Ele vai nessa época
participar na exposição da "Aliança dos Artistas Alemães", recebendo
o Prémio Villa Romana.
Os quadros A Medicina, A
Filosofia e A Jurisprudência, que tinham sido tomados
pelo Estado acabaram sendo destruídos no incêndio provocado por tropas SS
em fuga em maio de 1945 do Castelo de Immendorf na Áustria.
Características de obras de Klimt:
Obras de i um caráter histórico-realista, com
associação à dualidade de Viena (realidade e ilusão). Exemplos: os desenhos
para as alegorias "A Escultura" e "A
Tragédia"(1896-1897)
O Friso Stoclet (1905-1906). Foi sua última
grande pintura mural. Essa obra foi feita em um palácio de propriedade de um
rico belga Adolphe Stoclet. Klimt apresenta um estilo diferente, com motivos
geométricos repetidos, deixando aparecer apenas algumas partes essenciais
realistas que permitem o seu entendimento. A cobertura tem um estilo bizantino,
havendo mosaicos nos quais se confrontam o realismo e a abstração.
Na sua obra de 1907/1908 chamada “O beijo”,
que é baseada em si mesmo e na sua amante Emilie, existe a imagem de uma a
mulher fatal submissa, que comunica uma sexualidade latente. É uma
obra que se constitui o auge do período dourado Também nesse mesmo
período, "Dánae" se vê junto à figura da mulher
ruiva adormecida, aquilo que muitos interpretam como uma torrente de moedas de
ouro e espermatozóides. A lenda da Grécia Antiga de Dânae diz que
ela foi amada por Zeus na forma de uma chuva dourada. Para Klimt é a representação
da procriação. Danae, segundo a pintura de Klimt está mergulhada e absorta em
si, entregue às suas energias instintivas, sendo um ícone do narcisismo
feminino. A parte masculina não se faz presente como em outra obra do
autor, Leda, simbolicamente codificada sob a forma do pescoço e da
cabeça do cisne negro.
Com a expansão do estilo expressionista na
primeira década do século XX, o estilo dourado de Klimt não vai ser mais usado.
Ele vai para Paris em 1909 e entra em contato com obras de Toulose-Lautrec e
com o fauvismo. Isso influencia-o e ele passa a usar cenários menos elaborados,
não usando mais os motivos geométricos e a sumptuosidade do ouro. É nessa outra
fase artística dele que pinta O Chapéu de Plumas Negras (1910), A
Vida e a Morte (1916); A Virgem (1913). Pinta
também pinturas de jardins, paisagens campestres e do Castelo Kammer. Tais
obram refletem as influências do cubismo, que estava surgindo.
Klimt inclui nesse período elementos naturais (a água, a vegetação), assim como
construções.
Klimt volta-se mais para o erotismo em suas
últimas obras. Modelos nuas posam para ele, que observa e as desenha. Surgem
então mais de três mil desenhos. Há desenhos de modelos em poses e
atitudes mais íntimas: "Mulher sentada com as coxas abertas", "Adão
e Eva", "A Noiva"” e "Masturbação
feminina ". Ele nessa época foi acusado de exagerar no erotismo na obra “Ornamentação
e Crime”. Mas ele dizia que a ornamentação enriquece o real.
Em 1915 a mãe de Klimt morre e isso influencia
nele adotando um modo mais sombrio ao pintar. As paisagens passam a ter uma
tendência para a monocromia. Ele participa em 1916 da exposição da Associação
de Artistas Austríacos na Secessão de Berlim . Em 6 de fevereiro de 1918 ele
morre, apenas a alguns meses antes do fim do Império Austro-Húngaro. Foi
sepultado no Cemitério de Hietzing, em Viena. Obras ficaram inacabadas
como "Adão e Eva", "O retrato de
JohannaStaude" e "A noiva".
_____________________________________________
Segundo a professora Dilva Frazão
Gustav Klimt (1862-1918) foi um pintor
simbolista austríaco, líder do “Movimento da Secessão de Viena” – grupo de
artistas que se desligou do academicismo da pintura e aderiu ao Simbolismo.
O estilo extravagante e carregado de
simbolismo, o emprego ousado e inovador das cores e as assimetrias da
composição caracterizam a obra de Gustav Klimt, o pintor mais importante do
Modernismo austríaco.
Gustav Klimt nasceu no dia 14 de julho de
1862, na pequena localidade de Baumgarten, ao sul de Viena, na Áustria Imperial,
que em 1867 passou a fazer parte do Império Austro-Húngaro.
Filho do gravador Ernest Klimt e de Anna
Finster foi o segundo dos sete filhos do casal. Com 14 anos ingressou na Escola
de Artes Decorativas de Viena, juntamente com seu irmão Ernest.
Início da carreira
Gustav Klimt e seu irmão Ernest, estudavam
desenho ornamental na Escola de Artes de Viena quando começaram a desenhar e
vender retratos a partir de fotografias.
Em 1879, Gustav, seu irmão e o amigo Franz
Matsch passaram a auxiliar seu professor na pintura dos murais do átrio do
Museu de História da Arte de Viena.
Em 1880 os artistas começaram a receber
encomendas e realizaram diversos trabalhos, entre eles, quatro alegorias para o
teto do Palácio Sturany em Viena, o teto do prédio da terma de Karlsbad na
Tchecoslováquia e a decoração da Villa Hermès a partir de desenhos do pintor
Hans Makat.
Três anos depois, Gustav Klimt abriu um
estúdio independente especializado na execução de “pintura de murais”, com um
estilo clássico, típico da pintura acadêmica do final do século XIX.
Em 1887, Klimt foi contratado pela Câmara
Municipal de Viena para pintar o interior do antigo Teatro Imperial. No final
dos trabalhos, o artista foi premiado com a “Cruz do Mérito de Ouro” pela
pintura nas escadarias do teatro.
Em seguida, Gustav Klimt recebeu a tarefa de
pintar três grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena
representando as figuras da “Filosofia, Medicina e Jurisprudência”.
Em 1897, junto com um grupo de jovens pintores
progressistas, desiludido com as restrições da Künstlerhaus, a sociedade da
qual todos os artistas vienenses se sentiam obrigados a pertencer, Klimt
resolveu fundar a “Secessão de Viena”, tornando-se seu presidente.
O quadro de Klimt, Pallas Atena (1898),
representando a deusa grega da sabedoria, foi um dos símbolos do movimento:
Em 1899, Klimt deu início ao painel
“Filosofia”. Ao vê-lo, os membros da universidade reagiram horrorizados com as
figuras nuas e a cabeça sonolenta em forma de lua que Klimt escolheu para
retratar a filosofia.
Em poucos dias, diversos membros da
universidade protestaram publicamente e enviaram um abaixo assinado ao
Ministério da Educação para cancelar a encomenda.
Um novo escândalo aconteceu quando o
painel “Medicina” foi revelado. A Medicina mostrava a figura de Hygeia, a filha
mitológica do deus da medicina, que estava localizada na parte inferior da tela
e era identificada com uma cobra.
O pintor escolheu uma composição assimétrica.
Na metade direita, o fluxo da vida. Do outro lado, uma névoa de luz envolve uma
mulher. Na obra, predominam os nus.
Jurisprudência ( 1907)
Embora o Ministério da Educação tenha ficado
do lado de Klimt, quando a “Jurisprudência” foi apresentada causou mais
polêmica. Klimt retratou o julgamento de um idoso, que aparece nu cercado por
Erínias, deusa da vingança. Ele é segurado pelos tentáculos de um enorme polvo.
O tema que deveria unificar as três pinturas
era “o triunfo da luz sobre as trevas”, mas os painéis não transmitiam esse
tema com alguma clareza.
Depois de um dramático impasse entre Klimt e o
Ministério da Educação, no qual o artista teria apontado uma arma para os
homens que tentavam removê-las, o Ministério recuou e as pinturas permaneceram
onde estavam.
A partir do ocorrido, Klimt não mais se
envolvera com encomendas públicas, passando a se concentrar em paisagens e
retratos, incluindo os brilhantes retratos da sociedade que consolidaram sua
fama.
Fase Dourada
Os trabalhos mais famosos de Gustav Klimt
pertencem a “fase dourada”, em que utiliza folhas de ouro e retrata
principalmente mulheres adornadas por pequenos objetos e formas geométricas
como no “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” (1907).
Os trabalhos com folhas de ouro mostram a
influência da arte bizantina e dos mosaicos de Veneza e Ravenna, na Itália,
destino de viagens do artista durante um tempo de sua carreira.
Pintava com extrema minúcia levando suas
modelos a longuíssimas seções. Foi apaixonado por Emílie Flöge, com quem teve
um longo caso de amor e foi sua companheira durante anos. Outra pintura da fase
dourada é “O Beijo” (1907-1908), sua obra-prima.
Em 1911, Klimt recebeu o prêmio da Exposição
Internacional de Roma. Com seu estilo rebelde de vestir, na maioria das vezes
envolto em uma túnica escura, Gustav Klimt tornou-se uma figura exótica. Por
muitos anos tentou, sem sucesso, ser admitido na Academia de Arte de Viena.
Só em 1917, Klimt recebeu o devido
reconhecimento, ao ser eleito membro honorário da Academia. No entanto, no ano
seguinte sofreu um ataque de apoplexia.
Gustav Klimt faleceu em Viena, Áustria, no dia
6 de fevereiro de 1918 (...)”
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Para a professora licenciada em Letras Daniela
Diana:
“...A obra de Klimt é dividida em duas grandes
fases: a Fase Histórico-Realista e a Fase Dourada.
A primeira, como o próprio nome indica, inclui
obras de caráter mais histórico. Já a segunda fase, reúne obras de cunho mais
decorativo, com a produção de retratos e o uso excessivo da cor dourada.
Nesse segundo momento, a qual ele teve maior
destaque, suas obras estiveram carregadas de sensualismo e erotismo, onde a
figura feminina foi a mais explorada.
Por esse motivo, foi muitas vezes criticado
pelos setores mais tradicionais da sociedade da época.
Com forte estilo decorativo e uso de formas
geométricas, ele produziu retratos de mulheres seminuas e paisagens, repleto de
detalhes, como flores e adornos.
Além disso, uma característica marcante de
suas obras foi o uso do dourado e do prateado, o qual se aproximou da arte
bizantina.
Principais
Obras
Judith I (1902-1907), O friso de
Beethoven (1902), Retrato de Adele Bloch-Bauer (1907), O Beijo (1907-08), Danaë
(1907-08), Esperança II (1907-08), O Chapéu de Plumas Negras (1910), A Virgem
(1913), A Vida e a Morte (1916),
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Para
André Dorigo, Doutor em História da Arte pela UFRJ:
(...) A obra mais
famosa de Gustav Klimt
Você já deve ter visto “O Beijo” estampando
camisetas, utensílios e os mais diversos objetos. Esta tornou-se, ao longo das
últimas décadas, uma das mais icônicas obras de arte da história.
Acredita-se que seja o retrato do próprio
pintor e de sua musa e companheira Emiliec Flöge. Ela tinha um atelier de
costura em Viena, conhecido pela inventividade de suas peças, inclusive as
longas túnicas com padrões intrincados que foram eternizadas no próprio quadro
d’O Beijo (e em outras obras de Klimt).
É possível também que o pintor tenha
contribuído com as criações de Emilie, o que mostra uma mútua e riquíssima
influência entre o casal.
Existem significados simbólicos na obra que
podem ser facilmente ignorados: as plantas douradas que rodeiam os pés da
mulher são chamadas de “erva de Parnaso” e representam há muito tempo a
fertilidade.
Nos mantos que envolvem os corpos dos amantes,
podemos perceber como Klimt representa o masculino, mais opulento, composto de
formas viris e mesmo fálicas; e o feminino, com delicados padrões circulares.
Em 2013, o artista sírio TammamAzzam replicou
a obra em uma parede de um edifício bombardeado em Damasco, na Síria, como
forma de protesto contra a guerra.
A Dama Dourada
A história do quadro “Retrato de Adele
Bloch-Bauer I” (1907), que, assim como O Beijo, fez parte da Fase Dourada, foi
contada no livro “A dama dourada, retrato de Adele tBloch Bauer” (2015), da
escritora Anne-Marie O’Connor, e também no filme “A Dama Dourada”. Exposto
havia anos no importante museu Belvedere, de Viena, sob o nome de “Dama
Dourada”, o quadro era considerado a Mona Lisa austríaca.
Poucos sabiam, ou se davam conta, porém, da
procedência da obra. Ela havia sido espoliada dos Bloch-Bauer, assim como os
nazistas fizeram com outras milhares de obras de arte pertencentes a famílias
judias, ao longo da Segunda Guerra Mundial.
No final dos anos 1990, na Califórnia, Maria
Altmann, uma octogenária, fugitiva do nazismo, única herdeira da família
Bloch-Bauer, decidiu enfrentar o governo austríaco e pedir a restituição do
retrato de sua tia Adele, entre outras pinturas que lhe pertenciam por direito.
Após longa batalha judicial, seu desejo foi
cumprido e atualmente a obra se encontra em constante exibição numa galeria em
Nova York.
Arte, erotismo e
polêmica
A virada definitiva para o estilo que
consagrou Klimt ocorreu em 1894, quando recebeu a encomenda para pintar três
grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena.
As pinturas deveriam representar as figuras da
Filosofia, da Medicina e da Jurisprudência.
Porém, o projeto de Klimt causou grande
controvérsia, pois se afastava do modo de pintar que até então havia
desenvolvido: era carregado de alegorias, como corpos femininos nus em poses
vistas como obscenas (...)”
“(...) Klimt pintava mulheres reais, que
expunham as suas belezas, mas também as suas imperfeições. Muitas dessas
mulheres eram apresentadas com olhos semicerrados e bocas entreabertas, em
pinturas gigantescas, que escandalizavam os vienenses da época.
A tela “Dánae” (1907-08), por exemplo, traz a
figura de uma mulher adormecida, cercada pelo que parecem ser moedas de ouro e
espermatozoides.
As últimas obras de Klimt ganharam um tom
ainda mais erótico, com desenhos de mulheres em poses e atitudes muito íntimas
(...)”
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Imagens
de algumas obras de Gustav Klimt:
O Beijo
Judith
Retrato de Adele Bloch
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figuras
https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagem+de+gustavo+klimt.#vhid=0aq
https://depositphotos.com/br/photos/gustav-klimt.html