domingo, 19 de maio de 2024

Artigo sobre a Campanha Maio Amarelo no Brasil em 2024

 





O movimento Maio Amarelo foi criado para que a sociedade atente para os consideráveis números de mortos e feridos devido ao trânsito em diversos países do mundo. Em 2014 as campanhas do Maio Amarelo começaram no Brasil, englobando o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil para se discutir e se buscar meios direcionados à segurança viária e a construção de vias, com espaços mais seguros e de acordo com os princípios de sustentabilidade ambiental.

Com o envolvimento de vários setores sociais, procura-se assim realizar campanhas efetivas, com ações coordenadas e destacando a importância da segurança no trânsito, com amplas ações educativas e divulgando campanhas de educação para o trânsito.

O lema da campanha do Maio Amarelo de 2024 é "Paz no trânsito começa por você". A mensagem deste ano foi escolhida por votação popular. Este lema enfatiza que cada um dos participantes do trânsito tem sua responsabilidade e tem que se comprometer com a segurança no trânsito. É de grande importância incentivar a empatia, a gentileza no trânsito e se buscar ótimas ações por parte dos integrantes do trânsito como motoristas, motociclistas, pedestres, ciclistas, condutores de ônibus, passageiros de ônibus, empresários de setores de transporte etc.

Tomando como exemplo a Associação Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a mesma está realizando uma programação educativa na qual consta:

Passageiros e cargas:

·    Operação Vai de cinto!: com foco na orientação do uso de cinto de segurança por parte dos passageiros e na exigência por parte das empresas (durante todo o mês);

·    Fiscalização do exame toxicológico nos terminais: (durante todo o mês)

·   Operação Carga Segura: com foco no transporte de Produtos Perigosos, entre os dias 07 a 20 de maio, no DF;

·    Workshop Vias Seguras: apresentação sobre o tratamento de sinistros no TRIIP, nos dias 15 e 16 de maio;

      Ação conjunta ANTT/PRF/DNIT/SENATRAN: em Florianópolis (ou região), dia 29 de maio;

   Operação Freios: com foco na análise mecânica de freios dos veículos de cargas e segurança veicular

Rodovias;

Ação com motoristas: combate à alcoolemia e drogas (durante todo o mês de maio);

     Ação com pedestres e ciclistas: orientação, travessia segura e entrega de fita refletiva;

Ação com caminhoneiros: distribuição de faixas refletivas de caçamba e para-choques, martelinho de verificação de pressão de pneus e campanha do “Programa Na Mão Certa”, de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras;

     Ação com motoristas: Viva Seguro (riscos no trânsito e utilização do óculo simulador de embriaguez e sono);

     Ação com caminhoneiros: operação freios - "Pare pela Vida", com fiscalização de freios dos veículos comerciais pesados que trafegam na BR-163/MT.

    

ANTT possui o PROGRAMA VIAS SEGURAS. Trata-se de: “... Uma iniciativa permanente da ANTT que visa à circulação segura de pessoas e veículos nas rodovias e ferrovias federais concedidas, contribuindo para a prevenção e redução de sinistros de trânsito. O programa, aderente às práticas ESG (Ambiental, Social e Governança), engloba diversas ações voltadas à segurança viária e à mobilidade, elevando o padrão de segurança das vias. As ações são intensificadas durante o Maio Amarelo, movimento que, em 2024, completa 11 anos de ações em prol da segurança viária” (ANTT) .No dia 2 de maio de 2024 houve a abertura oficial da campanha Maio Amarelo a nível nacional. 

Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), destacou que “desde 2014 a campanha desperta a atenção da sociedade para o número de lesões no trânsito em todo mundo”. E destacou também: “O Maio Amarelo é uma campanha internacional e apartidária. Nela, o Poder Público, a iniciativa privada e a sociedade civil se unem com a intenção de discutir e criar estratégias voltadas à segurança no trânsito que ajudem a reduzir o número de mortes e sinistros”.

Segundo Celso Mariano, diretor do Portal do Trânsito:

“Para nós, do Portal do Trânsito e da Tecnodata, todos os meses são amarelos. E todas as ações no sentido de buscar a redução dos índices de mortalidade do trânsito brasileiro, como é o Maio Amarelo, são bem vindas e merecem o apoio de toda a sociedade”. Também afirmou:

“Aquela indignação, aquele estresse, aquela preocupação, facilmente atravessam a lataria e penetram nos outros veículos. Olhares furiosos ou amedrontados conectam cérebros sensíveis e tudo ganha contornos de caos. Ou de harmonia, se os ânimos forem de empatia, de colaboração, de boas intenções. No trânsito, espalhe o bom contágio”.

Para o Portal ONSV, sobre “Ser cidadão no trânsito”:

“Exercer a cidadania no trânsito não é pensar somente na própria segurança ou na segurança do outro, mas sim em um sistema seguro como um todo. E é nesse ponto que se pode afirmar que um indivíduo só será capaz de cooperar para o bom funcionamento desse sistema, que é o trânsito, se, além de motorista ou pedestre, ele for também um cidadão.  

Onde há cidadania, há cooperação mútua para a manutenção da organização e da segurança de um sistema. Um sistema que apresentar organização e segurança apresentará também o funcionamento esperado por cada uma das pessoas que o utiliza.”

 Considerando o Maio Amarelo, vou apresentar texto de Mariana Czerwonka publicado em 05/05/2023 sobre mortes por acidentes de trânsito no Brasil:

 “Foram divulgados pelo Ministério da Saúde, os números oficiais consolidados de mortes no trânsito brasileiro em 2021. Segundo os dados, morreram 33.813 pessoas em decorrência do trânsito brasileiro. O número é aproximadamente 3,4% maior que o registrado em 2020. Também é maior que o número de óbitos de 2019, quando o Brasil registrou 32.667 mortes por acidentes de trânsito. Desde 2014 o Brasil vinha registrando, ano a ano, diminuição no número de mortes por acidentes de trânsito. No entanto, a partir de 2020 os números voltaram a subir principalmente em relação aos pedestres, ciclistas e motociclistas.

 Perfil das vítimas

 Conforme os dados do Ministério da Saúde, os motociclistas foram os que mais perderam a vida nas vias e rodovias do Brasil. Foram 11.942 mortes nessa condição. Em seguida estão os ocupantes de automóveis (7.029) e os pedestres (5.349). A faixa etária mais vulnerável, conforme os dados, está entre 20 e 59 anos

 A maioria das mortes ocorreu na Região Sudeste, na sequência aparece a Região Nordeste e em terceiro lugar a Região Sul.

 De acordo com o Dr. Flávio Emir Adura, médico do tráfego e diretor científico da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), apesar de o total de óbitos por sinistros de trânsito terem registrado queda de 2015 a 2019, a taxa de mortalidade se manteve bastante elevada, dando sinais de que o problema estava longe de ser resolvido. “No Brasil, os acidentes de trânsito são a segunda causa de morte não natural evitável, suas três principais origens são o “fator humano, fator veículo e fator via”. Costuma-se atribuir ao “fator humano” a causa de 90% ou mais dos acidentes, os quais preferimos denominar sinistros, em conformidade com a nomenclatura proposta pela Associação Brasileira de Normas Técnicas”, explica.

 Ainda conforme Dr. Adura, um fator preocupante em relação aos dados se refere ao número de mortes envolvendo motociclistas.

 “Desde o ano de 2009, no trânsito em nosso país, os motociclistas superaram os pedestres como as principais vítimas fatais e não fatais. A vulnerabilidade dos motociclistas é de tal nível que sua letalidade em acidentes chega a ser 17 vezes maior que a dos ocupantes de automóvel. A categoria de condutores que concentra maior mortalidade na faixa jovem é a dos motociclistas, com taxas extremamente elevadas dos 19 aos 22 anos de idade”, diz

O médico explica ainda como esse fator de risco aumentou pós-pandemia. “Com os novos hábitos pós-pandemia, as motocicletas por propiciarem deslocamentos mais rápidos e custo de aquisição mais acessível e passaram a ser utilizadas em maior escala tanto para o trabalho como para as atividades não remuneradas ao veículo. Mas o expressivo crescimento da frota explica, em parte, o aumento da mortalidade dos sinistros envolvendo motocicletas, devendo ser acrescentado aos riscos da condução em alta velocidade e ultrapassagens perigosas para atender os prazos das entregas”, analisa Dr. Adura.

 Dr. Adura também faz um alerta sobre outro tipo de comportamento que está influenciando nos números. “Outro importante fator humano que por certo está contribuindo muito para essa inversão de tendência da mortalidade do trânsito brasileiro é uso do telefone celular e dispositivos de mensagens durante a condução de veículos automotores, se destacando como principal causa de Falha de Atenção ao Conduzir (FAC) e se constituindo em uma das mais prevalentes etiologias dos sinistros de trânsito. A redução do número de acidentes de trânsito, passa pelo controle desse fator de risco”, sugere;

 Atropelamento de idosos

Chama a atenção, na análise dos dados, a mudança na faixa etária mais atingida quando se fala em atropelamentos. A maioria dos pedestres que perderam a vida no trânsito possuem entre 40 e 79 anos.

 Dr. Adura faz uma análise sobre o aumento do risco de atropelamentos nessa faixa etária. Para ele, o Brasil tem apresentado, nos últimos tempos, um panorama em que a mortalidade e a fecundidade se mostraram em declínio, fazendo com que a esperança de vida e, por consequência, a proporção de idosos aumentasse sensivelmente.

“O ritmo de crescimento de população idosa, associado a uma forma de vida saudável e ativa, expõe as pessoas dessa faixa etária ao risco de sinistros de trânsito, como motoristas e como pedestres”, aponta o médico.

Conforme o especialista, ainda há outros elementos que trazem maior vulnerabilidade aos pedestres idosos. “Os idosos estão sempre em atividade, fazendo compras, visitando parentes e amigos, indo ao banco, ocasiões em que necessita atravessar ruas e avenidas. Considerando sua velocidade de locomoção (0,7 metro/segundo ou 2,5km por hora, em média), em relação ao adulto jovem e à velocidade do mundo do automóvel. O processo natural de envelhecimento compromete de forma progressiva e irreversível capacidades físicas, cognitivas e percepto-sensoriais do ser humano, com perdas da acuidade visual e auditiva assim como declínio da força e da resistência muscular, e consequente redução de desempenho, influenciando a habilidade dos indivíduos para atividades básicas e instrumentais da vida diária”, conclui.

 Eliane Pietsak, pedagoga e especialista em trânsito, ainda faz outras considerações sobre a fragilidade dos idosos no trânsito.

“Essas pessoas estão andando sozinhas pelas ruas, expostas aos perigos. Nem todos precisam de supervisão após os 70, 80 anos, mas é sabido que a mobilidade diminui, os reflexos ficam mais lentos e os sentidos já não são os mesmos. É importante saírem às ruas sob a supervisão de outra pessoa mais jovem. Cuidado nunca é demais, levando-se em consideração ainda que em um atropelamento nesta idade, mesmo que o veículo esteja em baixa velocidade, a chance de ser fatal é quase de 100% devido a fragilidade dos idosos”, finaliza.”

Diante do que foi visto no texto de Mariana Czerwonka  e considerando o que foi dito em outros textos que incluí neste meu artigo, faz-se necessário um aumento da conscientização dos participantes do trânsito sobre seus deveres e responsabilidades no trânsito. É preciso haver mais empatia, mais responsabilidade, mais humanismo no trânsito. Não só mortes, ferimentos, traumas tem que serem reduzidos, como também é preciso melhorar os relacionamentos, ter mais gentileza e respeito no trânsito. Com mais gentileza, responsabilidade e respeito com certeza poderá haver um trânsito mais seguro no Brasil, com mudanças de comportamentos inadequados, com a consciência de que cada um que está no trânsito não está ali como um indivíduo isolado, mas que faz parte de um todo, de um coletivo e que é preciso a cooperação de todos para haver um trânsito melhor, mais pacífico, menos conflituoso. Também é de se destacar que o transporte público deve ser mais valorizado e que além da educação para o trânsito é preciso haver mais medidas fiscalizatórias e de engenharia de tráfego, assim como existir mais rigor em relação aos que matam no trânsito. Que neste Maio Amarelo possa acontecer uma reflexão sobre a necessidade de se melhorar as relações entre as pessoas no trânsito, destacando o lema da campanha de 2024.

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Márcio José Matos Rodrigues-Psicólogo e Professor de História.


Figura: https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=imagem+de+maio+amarelo




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