Em 6 de abril de
2024 faleceu na cidade do Rio de Janeiro o cartunista, chargista, pintor,
dramaturgo, cartazista, poeta, cronista, desenhista, apresentador, humorista,
advogado e jornalista brasileiro Ziraldo Alves Pinto. Ele ficou muito conhecido
por ter criado personagens famosos, como o Menino Maluquinho, tendo sido
um conceituado escritor infantil. Era pai de três filhos: Daniela
Thomas (cineasta), Antônio Pinto (compositor) e Fabrízia Alves Pinto (diretora
de teatro). Ziraldo tinha dois irmãos. Zélio Alves Pinto, também desenhista,
cartunista, jornalista e escritor e Ziralzi Alves Pinto.
Ziraldo nasceu em 24 de outubro de 1932, em
Caratinga, Estado de Minas Gerais. O nome dele veio da junção de parte do
nome de sua mãe com parte do nome de seu pai: Zizinha + Geraldo = Ziraldo. Com
seis anos de idade ele com somente seis anos de idade teve um desenho publicado
no jornal Folha de Minas. Quando ele tinha 17
anos esteve com sua avó na cidade do Rio de Janeiro onde passou um tempo
estudando. No ano seguinte voltou para Caratinga
e concluiu o “científico” (hoje em dia Ensino Médio).
Em 1954 passou a
trabalhar no jornal Folha da Manhã (que se chama atualmente Folha de
São Paulo), onde escrevia uma coluna de humor. Em 1957 formou-se em Direito
pela Universidade Federal de Minas Gerais. Nesse mesmo ano se estabeleceu na
revista O Cruzeiro e em 1963 no Jornal do Brasil.
Teve sucesso nessa época entre os leitores com seus personagens,
destacando-se Jeremias, o Bom; a Supermãe e
o Mirinho.
Foi em 1960 que
ele lançou Turma do Pererê, a primeira revista em quadrinhos
brasileira feita por um só autor e que foi a primeira história em quadrinhos em
cores feita toda no Brasil. Ziraldo recebeu nesse ano o
"Nobel" Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de
Caricaturas de Bruxelas e também o prêmio Merghantealler, principal
premiação da imprensa livre da América Latina. Mesmo com ótima tiragem a
revista da Turma do Pererê foi cancelada em 1964, logo após o
início dos governos militares. Na década de 70 a revista foi relançada pela
Editora Abril, mas sem ter o mesmo sucesso de antes.
Ziraldo foi preso por motivos políticos em 1968, um
dia depois da promulgação do Ato Institucional Número 5 (AI5),
possivelmente porque ele tinha sido fundador e posteriormente diretor do
periódico O Pasquim, que era um tabloide de oposição ao regime
militar.
O livro “Menino Maluquinho”, o maior sucesso
editorial de Ziraldo, foi lançado em 1980. Em 2006 foi adaptado para a
televisão pela TV Brasil com nome “Um Menino Muito Maluquinho”, com uma
temporada com vinte e seis episódios. E no cinema foi adaptado três vezes (
“Menino Maluquinho –O Filme”, em 1995; “Menino Maluquinho 2-A Aventura”, em
1998; “Uma Professora Muito Maluquinha” em 2010).
No ano de 1986 a
revista da Turma do Pererê teve uma edição encadernada pela
Editora Primor e na década de 1990 em formato de almanaque pela Editora Abril.
Ziraldo também foi colaborador em várias
publicações, entre elas a “Revista Bundas”, uma publicação de humor que
brincava com a revista “Caras”, voltada para eventos e aspectos ligados a pessoas das camadas
mais privilegiadas da sociedade brasileira. Em 1999 ele fundou a revista “A Palavra”. Teve
ilustrações publicadas nas revistas estrangeiras "Private
Eye", da Inglaterra; “Plexus”, da França; “Mad”, dos Estados Unidos e
outras.
Ziraldo ilustrou histórias, que ganharam textos de
alunos de diversas escolas do Brasil quando participou da "Oficina do
Texto", maior iniciativa de coautoria de livros do Mundo, criada por
Samuel Ferrari Lago, então diretor do Portal Educacional. Foram cerca de 1
milhão de diferentes obras editadas em coautoria com igual número de crianças.
Em 2003 a Escola de Samba de São Paulo Nenê de Vila
Matilde homenageou Ziraldo e em 2012 foi enredo da Escola Tradição no Rio de
Janeiro. Recebeu a Medalha de Honra da Universidade Federal de Minas Gerais em
3 de outubro de 2016. Esteve casado com Vilma Gontijo Alves Pinto de 1958 até a
morte dela em 2000. Sua segunda esposa foi Márcia Martins da Silva.
Ziraldo fumou durante 40 anos e após esse tempo
parou de fumar. Passou mal do coração em um evento literário em Frankfurt,
na Alemanha, em 2013. Teve um AVC em 2018 e ficou na UTI por um mês em hospital
na cidade do Rio de Janeiro.
Em relação à política, Ziraldo foi membro do Partido Comunista Brasileiro e em 2005 filiou-se ao PSOL, tendo desenhado para este partido o logo partidário. Apoiou em 2010 a candidatura de Dilma Roussef para a presidência do Brasil. E em 2014 de novo manifestou apoio a ela na eleição desse ano para a presidência. Em 2018 apoiou o candidato do PT Fernando Hadad e na eleição de 2022 apoiou Lula também do PT.
Ziraldo recebeu indenização junto com vinte outros jornalistas por ter sido perseguido pela ditadura militar. E passou a receber uma pensão vitalícia. Recebeu críticas por causa disso, mas disse que ele tinha razão e não gostou das críticas.
Em 31 de março de 2011, houve uma condenação de
Ziraldo, seu irmão Zélio e mais 9 jornalistas por improbidade administrativa
quando da realização do primeiro Festival Internacional do Humor Gráfico das
Cataratas do Iguaçu (Fest humor) e no “Fantur - Iguaçu dê uma volta por aqui”.
A ação do Ministério Público na época dizia que o dinheiro público municipal e
federal foi mal utilizado. Ziraldo não foi preso, mas o juiz decidiu que
Ziraldo tinha de prestar serviço à comunidade ou entidades públicas, e o
pagamento de um salário mínimo mensal pelo mesmo período da pena.
Após o AVC que teve em 2018, Ziraldo sofreu mais
dois AVCs, o que piorou sua situação de saúde. E então na tarde do dia 6 de
abril de 2024 (em torno das 15h), aos 91 anos, ele morreu em sua casa
enquanto dormia.
Características das obras de Ziraldo: Humor e irreverência; Narrativa infantil; Elementos nacionais; Narrativa em quadrinhos; Charges políticas; Crítica de costumes; Metalinguagem; Aventuras e conflitos infantis; Reflexão sobre a realidade; Foco nas relações familiares; Desenhos com traços fortes e cores vivas.
Frases de Ziraldo
“Todos os canalhas
foram crianças infelizes."
"Adulto vive tendo
saudades da vida que passou. Criança tem saudades do futuro.”
“Livro: gênero de
primeira necessidade.”
“O importante é motivar a criança
para a leitura, para a aventura de ler.”
“Conselhos não são
para a gente seguir. Conselhos são para a gente pensar.”
“Não seja um cara
que não sabe perder. (Pena que não exista curso pra isso.)”
“E foi aí que
todo mundo descobriu
que ele
não tinha sido
um
menino
maluquinho
ele tinha sido era um menino feliz!”
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História.
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