Emiliano Zapata Salazar foi um dos líderes da
Revolução Mexicana no início do século XX, um dos herois nacionais mexicanos.
Ele nasceu em San Miguel
Anenecuilco, Morelos, em 8 de agosto de 1879, sendo o penúltimo dos dez filhos de
Gabriel Zapata e Cleofas Jertrudiz Salazar.
A época do nascimento
dele foi marcada pela ditadura de Porfírio Diaz, que subiu ao poder em 1876.
Nesses tempos, latifundiários desrespeitavam os camponeses e indígenas,
invadindo as grandes propriedades deles, controlando cursos de água e não
raramente essas pessoas humildes eram submetidas a uma escravidão por dívidas.
Os cargos públicos principais eram de amigos e elementos políticos ligados ao
presidente e a concentração de terras nas mãos de poucos ia aumentando. A
família de Zapata tinha sua própria terra (embora não fosse muito fértil) e no
início do governo Diaz tinha até mesmo apoiado o presidente. Essa família tinha
pouca instrução, possuindo os filhos de Gabriel Zapata somente a educação
primária e naquele contexto cerca de 80% dos mexicanos eram analfabetos.
Considerado mestiço, com
ancestrais índios e espanhois, Emiliano Zapata acabou se envolvendo em
conflitos que atingiam os indígenas de Morelos. Uma experiência de vida dele
foi de ter sido também
tratador de cavalos no período em que viveu na cidade do México. Assim, mesmo tendo sua origem no campo teve
muito contato com as tradições urbanas.
Observou a questão de
terras relacionada aos abusos dos hacendados (fazendeiros) contra os pequenos proprietários rurais. Lutou então
pelos direitos dos habitantes do vilarejo em que morava. De início sua luta era
pacífica e chegou a ser preso diversas vezes.
Revoltou-se cada vez mais diante das ações violentas dos latifundiários
que contavam com o apoio do governo de Morelos e iniciou a luta armada para
conseguir terras para os pobres.
Zapata aliou-se a
Francisco Madero, um capitalista liberal, que fazia oposição a Diaz, prometia
mudanças e que era candidato a presidente do México. Aos trinta anos de idade, em 1909,
Zapata tinha sido eleito “Presidente da Junta de Defesa das Terras de
Anenecuilco”.
Grupos de guerrilheiros
formaram-se em 1910 e Zapata tornou-se líder de um exército, o Exército
Libertador do Sul. Uma influência política sobre Zapata foi do anarquista do
norte mexicano, Ricardo Flores Magón. Tal influência pode ser percebida por
exemplo no lema escolhido pelos zapatistas: Reforma,
Libertade, Justiça e Lei. Também
Zapata teve conhecimento de obras do anarquista Peter Kropotkin.
O ditador Diaz não
suportou as pressões das forças de Zapata, ao sul e de Pancho Villa, ao norte e
Madero assumiu o poder em 1911, dizendo que iria fazer uma reforma agrária e
realizar eleições para presidente.
Existiam dois modelos
diferentes de propostas para a Reforma Agrária. A de Madero pretendia
introduzir o indígena à sociedade republicana, inserindo-os no sistema
econômico capitalista. Já a proposta de Zapata era de construir uma reforma
agrária baseada nos ejidos, que eram
terras comunais e respeitando as tradições dos índios com a terra.
Zapata descontente com
certas ações de Madero e com a indicação de um representante dos latifundiários
para o governo local, recorreu de novo ao seu exército popular. Apesar dos apelos
de Madero para Zapata desarmar seus soldados, ele recusou e as forças mandadas
contra ele não conseguiram derrota-lo.
Um golpe político de um general porfirista,
Victoriano Huerta, derrubou Madero. Zapata e Pancho Villa novamente se uniram,
dessa vez para lutar contra Huerta. O líder político Venustiano Carranza, com
seu Exército Constitucionalista, se uniu a villistas e zapatistas contra
Huerta, que foi derrotado em julho de 1914.
Carranza tomou o poder e conseguiu o apoio do
comandante militar Álvaro Obregón para deter as forças de Villa e Zapata. Foi
oferecido um prêmio pela cabeça de Zapata, para incentivar a traição entre
membros do exército zapatista e desestimular chefes zapatistas, porém esses
objetivos fracassaram.
Zapata foi morto em 10 de abril de 1919. Ele tinha
sido convidado pelo general Jesus Guajardo para um encontro, alegando que
estava abraçando a causa dos zapatistas. No entanto era uma armadilha e o
general atirou em Zapata.
Com a morte de seu líder, o Exército de Libertação
do Sul foi se desfazendo e deixou de existir quando Obregon derrubou Carranza e
as conquistas de Zapata em Morelos também foram sendo anuladas.
Uma reforma agrária no México foi finalmente
realizada em 1934, pelo presidente Lázaro Cárdenas, mas não seguindo o modelo
que queria Zapata.
Uma frase de Zapata que ficou famosa foi: "É
melhor morrer de pé do que viver de joelhos".
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura: https://www.google.com/search?q=imagem+de+zapata&client=firefox-b-d&tbm=isch&source
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