No dia 15 de outubro é comemorado o Dia do Professor. Mas também nesse dia é comemorado o Dia Mundial da Lavagem de Mãos. Este ato de lavar as mãos se antes já era importante, a partir da pandemia do novo corona vírus ficou mais importante ainda devido à necessidade de higienização das mãos como meio preventivo contra o vírus. Em 2020 foi escolhido o seguinte tema referente a esta data especial: “Higiene nas mãos para todos”. E a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou a campanha: “Salve vidas: lave as mãos”. Um “desafio” foi divulgado pela OMS nas redes sociais para as pessoas publicarem vídeos mostrando cenas em que lavam as mãos. E também a entidade tem em seu site imagens sobre a forma correta de lavar as mãos. Uma pesquisa da marca Tork mostrou que um percentual de 75% dos que responderam está lavando mais as mãos após o início da pandemia. Só que, considerando-se os que participaram da pesquisas, os números revelam que se por um lado 78% disseram lavar as mãos depois de voltar de um lugar público, por outro lado somente 38% responderam fazer isso antes de sair de casa para um local frequentado por outras pessoas.
Segundo pesquisas feitas, a prática de lavar as mãos pode ser capaz de diminuir doenças que tem relação à diarreia (entre 30% e 40%) e infecções respiratórias (por volta de 20%). Também pode ajudar no combate a outras doenças como cólera e hepatite E. Um problema sério é que um número considerável de pessoas no mundo não tem acesso aos meios físicos para que possam lavar as mãos com frequência. Em relação a isso, nos países mais ricos há muito mais facilidade para lavar as mãos e nos mais pobres as dificuldades ainda são bem maiores.
Na questão de higienizar as mãos, uma outra forma encontrada nesta direção foi o uso do álcool 70 (podendo ser em gel) , que além da prevenção contra a Covid 19, também serve de prevenção contra outras doenças provocadas por vírus ou bactérias. Tanto no lavar as mãos com água e sabão, como o uso de álcool 70 deve ser observado sempre a forma correta de fazer isto e em várias ocasiões do cotidiano. Em relação ao Brasil, há entidades apoiando a higienização das mãos. Segundo o representante da OPAS/OMS, Diego Victória: “ Embora a campanha mobilize muitos países em que por motivos financeiros há mais dificuldade de se obter ou valorizar o sabão como prioridade básica, a higienização das mãos, de uma forma geral, é um hábito negligenciado em todo o mundo e em todas as classes sociais. Ressaltando, mais uma vez, a importância desta campanha de conscientização”.
Em relação à importância de se lavar as mãos como medida preventiva, destaco aqui o médico húngaro, Ignaz Semmelweis (que viveu no século XIX), em especial referente a atos antes das cirurgias. Ele, diante de uma sociedade que ignorava a existência dos micróbios, procurou adotar um método científico para deter a propagação de infecções. Tentou usar um sistema de lavagem de mãos em hospitais de Viena na década de 1840 para que diminuíssem as mortes na maternidades, que tinham um ambiente muito pouco higiênico na época. Mas ele foi incompreendido e rejeitado por seus colegas médicos. Tempos depois, Semmelweis ficou conhecido como o "Salvador das Mães". Na primeira metade do século XIX eram consideradas as condições de sujeira existentes em hospitais como perigosas para a saúde dos pacientes. Segundo Barron H. Lerner, da Faculdade de Medicina Langone da Universidade de Nova York: "Para nós, é difícil imaginar um mundo em que as pessoas não sabiam da existência de germes ou bactérias. Em meados do século 19, acreditava-se que as doenças se espalhavam por meio das nuvens de um vapor venenoso, no qual partículas de matéria em decomposição chamadas 'miasmas' eram jogadas no ar".
No hospital em que trabalhava em Viena, Semmelweis percebeu que em uma sala na qual as pacientes grávidas eram atendidas por estudantes de medicina tinham uma taxa de mortalidade três vezes maior do que o local supervisionado pelas parteiras. Ele em 1847 após estudos, percebeu que um médico que tinha morrido após ter ficado com uma ferida devido a um corte causado por uma faca de dissecção tinha sintomas semelhantes aos das mulheres grávidas que tinham morrido no hospital. Ele pôde perceber que os estudantes saíam de uma autópsia para dar assistência às mulheres grávidas. Ele concluiu que os médicos que iam operar as mulheres tinham entrado na sala com resquícios de cadáveres. Então, ele descobriu que o “material infeccioso” de cadáveres que contaminava os estudantes causava febre puerperal nas mulheres grávidas e instalou uma bacia com uma mistura de cal e cloro dizendo para os que iam atender as mulheres para lavar as mãos com aquele líquido. E as mortes que eram muitas tornaram-se muito diminutas.
Semmelweis publicou um livro sobre a questão, porém foi muito atacado por outros médicos e reagiu dizendo que os seus críticos que se recusavam a lavar as mãos eram assassinos. Seu contrato no hospital não foi renovado e ele voltou para a Hungria onde, mesmo com um cargo menor, aplicou com sucesso o seu método antisséptico em um pequeno hospital de Budapeste. Na década de 1860, ainda sendo criticado por colegas ele começou a sentir uma forte depressão e foi levado por um colega a um asilo para doentes mentais em Viena. Ele foi enganado e internado lá à força. Depois disso morreu devido a um ferimento que não foi bem tratado, com 47 anos, em 1865. Semmelweis escreveu em um de seus últimos anos de vida: "Quando revejo o passado, só posso dissipar a tristeza que me invade imaginando o futuro feliz em que a infecção será banida... A convicção de que esse momento deve chegar inevitavelmente mais cedo ou mais tarde alegrará o momento de minha morte.”
Quis mencionar estes fatos para mostrar a história desse médico pioneiro que tem relação com o ato de lavar as mãos como prevenção. E ele ainda não sabia da existência dos germes, o que só foi comprovada por Pasteur anos depois.
Para terminar este artigo quero mencionar que o ato de lavar as mãos em um sentido simbólico foi citado na Bíblia quando Pilatos lavou as mãos ao perceber e declarar a inocência de Cristo que seus acusadores queriam crucificar e que acabou mesmo sendo crucificado. Bem, mas essa é uma outra história...
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura: https://www.google.com/search?q=imagem+de+pessoa+lavando+as+m%C3%A3os&client=firefox-
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