A Tailândia é um país localizado no sudeste asiático, que tem limite a oeste e noroeste com Mianmar, ao sul com a Malásia, a sudeste com o Camboja e a norte e a leste com o Laos. Sua população é de aproximadamente 68 milhões de pessoas. O nome Tailândia significa “terra dos homens livres” e antes de 1939 chamava-se Sião. A maioria da população é de agricultores, vivendo no campo. Mas nos anos de 1980 iniciou um rápido desenvolvimento econômico. Países como Cingapura, Coreia do Sul, Taiwan, Japão e Estados Unidos proporcionaram condições para a industrialização por meio de investimentos e indústrias como têxteis, calçados, alimentos, brinquedos e produtos eletrônicos. As empresas na Tailândia com a produção por encomenda e com o uso de mão de obra barata tiveram altos lucros e assim a Tailândia entrou para os chamados “Tigres Asiáticos”. Sua principal religião é a budista.
Na atualidade, a Tailândia está passando por momentos conflituosos. Estudantes estão protestando com veemência contra lideranças militares que controlam o país e contra a monarquia secular tailandesa que tem muitos privilégios. Os protestos já causaram prisões de opositores, proibição de reuniões e censura contra mensagens contrárias ao governo. Os opositores querem que o primeiro ministro Prayut Chan-O-Cha deixe o governo que ocupa desde 2014 quando houve um golpe político e legitimado por meio de eleições suspeitas de terem sido manipuladas em 2019. Também os opositores, na maior parte jovens estudantes, desejam uma modificação na Constituição. No dia 14 de outubro deste ano mais de dez mil manifestantes a favor da democracia marcharam rumo à sede do governo devido ser a data de aniversário (47 anos) do levante estudantil de 1973 que na época conseguiu a demissão do primeiro-ministro.
Durante a história da Tailândia, aconteceram 19 golpes de Estado ou tentativas de golpe a partir de 1932, ano em que foi estabelecida uma monarquia constitucional. Tanto o movimento em defesa da monarquia como os contrários a ela fazem suas manifestações. Os manifestantes de oposição há meses vem protestando. Interessante ver que há gestos deles nas manifestações que fazem lembrar filmes dos Estados Unidos.
O atual rei é Vajiralongkor, que subiu ao trono em 2016. O rei é uma figura questionável. Ele tomou posse da fortuna da família real e reforçou seus poderes.
Entre os manifestantes contrários ao governo está “Rung” (Panusaya Sithijirawattanakul), que encontra-se presa desde o dia 15 de outubro. Ela, pouco tempo antes havia feito uma declaração que defendia uma reforma na monarquia, tornando-a mais moderna e democrática. Quem são os poderosos, além do monarca? Um sistema oligárquico, altos oficiais do Exército e uma rica camada empresarial em sua maioria sino-tailandesa. O rei possui uma forte influência, nem sempre bem visível, sobre o círculo do poder.
O país passou no século XXI por turbulências como o golpe de Estado que derrubou o primeiro ministro Thaksin Shinawatra em 2006 e a crise política de 2010. Nesse ano aproximadamente 100 mil partidários do ministro derrubado ocuparam o centro da capital, Bangcoc, por dois meses. Os opositores queriam o fim do governo de Abhisit Vejajiva. Houve cerca de 90 mortos e centenas de feridos. E em 2014 houve o golpe de Estado contra Yingluck Shinawatra, irmã do ex- primeiro ministro Thaksin. Tomou o poder então o general Prayut Chan-O-Cha.
Os estudantes tentam conseguir as reformas políticas, querendo um regime democrático, questionando a forma que o rei exerce seu reinado, muitas vezes ausentando-se do país e vivendo na riqueza e no luxo. Também é criticada a lei de lesa-majestade que impede críticas ao rei. É importante ressaltar que em 1973 um levante liderado por universitários conseguiu derrubar o governo ditatorial da época. A força de vontade em conseguir seus propósitos pode ser muito parecida, porém a conjuntura era outra, pois naqueles tempos se vivia a Guerra Fria e as ideias políticas daquela época influenciavam o movimento. Os estudantes atuais estão desafiando o estado de emergência e em uma das manifestações gritavam: “ Libertem os nossos amigos!” A polícia tem agido com bastante rigor aos protestos, usando de violência e prendendo manifestantes. A massa de estudantes terá força suficiente para provocar mudanças como aconteceu em 1932 e 1973? Novos rearranjos entre os poderosos acontecerão, mas mantendo a influência do rei, o poder dos militares e dos grupos dominantes? São questões que ainda não podem ser respondidas, dependendo de quão forte for o movimento estudantil e de como reagirão os poderosos diante da pressão. Há fatores políticos em jogo e também há contrastes econômicos envolvendo grupos sociais que tem interferido nos conflitos que tem ocorrido neste país.
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História
Figura:
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