Em 17 de maio de 1510 falecia
em Florença, na Itália, o pintor italiano do período renascentista Alessandro
di Mariano di Vanni Filipepi, conhecido como Sandro Botticelli, sendo
sepultado na Igreja de Todos os Santos, na qual tinha pintado, 30 anos
antes, a Êxtase de Santo Agostinho. Botticelli era um
apelido que ele e um de seus irmãos tinham e siginfica em italiano “pequeno
tonel”.
Sandro
Botticelli nasceu em Florença, em primeiro de março de 1445. Um irmão dele
o ensinou ourivesaria. Quando adolescente, foi aprendiz no ateliê de
Fillipo Lippi, tendo ajudando esse artista nas decorações da Catedral de
Prata. Foi estudante na Escola Florentina do Renascimento. Recebeu
influências do artista Masaccio e das tendências do estilo Gótico tardio.
Interessou-se pela perspectiva central e foi um estudioso das esculturas da
Antiguidade. Estudou com o artista Andrea del Verrochio, entre 1467 e 1470,
um professor de Leonardo da Vinci. Sandro com vinte e cinco anos abriu o
seu ateliê de pintura. Era o ano de 1470 e a ele foi dito para pintar a
obra A Coragem, que ficaria no Tribunal do Palácio do
Mercado. Esteve em Roma em 1481 onde pintou os afrescos As
Provações de Moisés, O Castigo dos Rebeldes e A
Tentação de Cristo. As últimas obras revelavam um expressionismo
trágico. O pintor usava todas as cores, principalmente as cores frias. Na
arte de tendência religiosa, pintou com destaque São Sebastião e um afresco
sobre Santo Agostinho.
Com a
expulsão dos Médici de Florença, Botticelli passou a seguir o monge
beneditino Girolamo Savonarola que via a religião de uma forma rígida.
Nessa fase o pintor criou as pinturas: A Natividade Mística e A
Crucificação Mística. Essas obras revelam um fervor religioso do
pintor e uma mudança em seu estilo.
Também
foi um talentoso retratista e graças a sua habilidade fantástica de
transpor para a linguagem formal todas as concepções de seus clientes ele
foi um dos pintores mais disputados daquela época.
Embora
não sendo muito lembrado por muito tempo, em tempos posteriores, no século
XIX, sua arte passa a ser valorizada, especialmente pela interpretação
filosófica de suas obras.
Botticelli
foi contratado e protegido pela poderosa família Médici, tendo feito para
membros dessa família registros da pintura com base na mitologia. Fez
trabalhos também para outras famílias importantes de Florença e para o
Vaticano, tendo pintado afrescos na Capela Sistina. Entre as obras que
pintou para as ricas famílias estão o Retrato de Giuliano de Médici e A
adoração dos Magos.
Sandro Botticelli participava
do meio artístico e cultural relacionado à família Médici e foi
influenciado pelo neoplatonismo cristão, unindo princípios dessa corrente
com ideias clássicas. Segundo alguns estudiosos, sua obra Minerva e
o Centauro estaria relacionada à ideia do amor desenvolvida pelo
filósofo neoplatônico Marsilio Ficino. Na sua obra O Nascimento de
Vênus, a deusa Vênus possivelmente seja a fonte do amor divino, numa
visão ao mesmo tempo pagã e cristã. O nascimento de Vênus poderia ser a
esperança em um “renascimento”. Também a obra A Primavera pode
ter tido inspiração em outras obras artísticas.
Em 1472 Botticelli ingressou
na fraternidade Companhia de São Lucas, que era voltada à caridade
promovida por artistas. Em 1473 o pintor foi para Pisa para fazer uma
pintura na catedral da cidade. Essa obra não existe mais.
Uma mulher nobre da cidade costeira italiana de
Portovenere, de nome Simoneta Vespucci, serviu de modelo para as
obras O Nascimento de Vênus e A Primavera. Era
conhecida como a mulher mais bela do Renascimento. Ela era amante do irmão
mais novo de Lourenço de Médici, Juliano de Médici, e casada com Marco
Vespucci, que era primo do navegador Américo Vespucci. Simoneta morreu aos
23 anos de tuberculose. Mesmo ela tendo morrido, Botticelli continuou a
usar seu rosto como modelo para pinturas. O pintor quis que antes de morrer
fosse enterrado aos pés dela.
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Segundo a professora licenciada em Letras Daniela
Diana:
“(...) Reconhecido pela sagacidade e rapidez,
Sandro era filho de um curtidor. Recebeu treinamento para ourives, mas atuou
muito cedo no estúdio do pintor renascentista florentino Filippo Lippi
(1406-1469), em Florença, de quem foi discípulo.
O estilo de Lippi, um dos mais importantes
pintores da época, é evidenciado na maior parte da obra de Botticelli.
Por meio de Lippi, Botticelli apreendeu a técnica
da perspectiva linear e o uso de cores pálidas e ressonantes muito usadas nas
obras do renascentista.
Também sofreu influência de Antonio Pollaiuolo
(1433-1498) e Andrea del Verrocchio (1435-1488) em 1460.
Inquieto e rápido, Botticelli abriu a própria
oficina quando tinha somente 25 anos. Ali, ele aplicou o neoplatonismo– de
influência platônica – reunindo ideias pagãs em figuras pertencentes ao
cristianismo.
Contava com muitos aprendizes que completavam seu
trabalho e, assim, teve a capacidade de produzir em grande escala.
A tristeza e melancolia eram a marca de seu
trabalho. Em muitas de suas pinturas, a figura feminina é retratada de
maneira imponente.
As obras seduziram a importante e influente
família Médici, de quem recebeu financiamento e grandes somas de dinheiro.
Por meio dos Médici foi convidado pelo Papado
para participar da pintura da Capela Sistina. Realizou o trabalho juntamente
com artistas como Pietro Perugino (1446-1523), Domenico Ghirlandaio
(1449-1494) e, depois, Michelangelo (1475-1560).
Sete retratos papais e três áreas foram pintadas
pelas mãos de Botticelli. Foi vítima de perseguição por parte da Igreja e
teve muitas pinturas consideradas ímpias queimadas em fogueiras.
O mesmo destino teve o amigo que o influenciou na
velhice, o monge Girolamo Savonarola (1452-1498). Ele foi queimado na
fogueira por seu discurso impetuoso tratando sobre a ira de Deus.
Morte
Sandro Botticelli morreu dia 17 de maio de 1510
em sua cidade natal. O artista morreu pobre e atropelado pela popularidade de
seus contemporâneos como Michelangelo, Rafael Sanzio e Leonardo Da Vinci. .
Deixou inacabadas as pinturas que retrataram a “
Divina Comédia” de Dante Alighieri. Porém, sua obra foi redescoberta e hoje
ele é considerado um dos principais expoentes do Renascimento.
Principais obras e características
A Primavera ou Alegoria da
Primavera é considerada a maior pintura mitológica do Renascimento.
Segundo historiadores, a obra foi encomendada a Botticelli pela família
Médici para dar de presente a uma noiva.
É uma pintura de caráter humanístico e a maioria
dos historiadores de arte consideram que o tema central reflete o amor e o
casamento. Além disso, ele aborda temas como a sensualidade e fertilidade.
Botticelli concluiu o quadro em 1482, usando a
técnica têmpera em uma tela de dimensões de 203 x 314 cm. A pintura está
exposta no Galleria degli Uffizi, em Florença.
O Nascimento da Vênus (1484-1486)
No quadro de incrível delicadeza, a deusa Vênus
(conhecida como Afrodite na mitologia grega) emerge do mar sobre uma concha.
Esse evento esteve alinhado com o mito o qual explica o seu nascimento.”
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Para a autora Dilva Frazão:
“(...) Em seus últimos anos de vida, Botticelli
afastou-se quase que completo da vida cotidiana de Florença. Praticamente
recluso, preferia a meditação solitária. Após sua morte, só foi redescoberto
pelos pintores românticos ingleses no século XIX.”
Para Liane Oleques, Mestre em Artes
Visuais:
“(...) Botticelli recebeu várias críticas de
artistas da época que consideravam sua Vênus deformada, considerando que
Botticelli desprezou as correções da figura humana que tanto preservou em
pinturas anteriores. No entanto sua Vênus é tão bela que pouco se nota o
pescoço alongado ou o modo estranho como o braço esquerdo se liga ao corpo.
Botticelli seguiu firme em seu estilo particular,
mesmo recebendo duras crítica até de Leonardo da Vinci, que o criticava por violar
os princípios geométricos, além da perspectiva.
É possível dizer que a produção de Botticelli
está dividida em três temas: religiosos, míticos e retratos. São conhecidas
cerca de 150 obras de sua autoria realizados em óleo sobre madeira, afrescos
e desenhos. Assim entre suas obras de grande importância estão: Primavera; Minerva
e o Centauro; Vênus e Marte; Jovem com uma medalha; Natividade
Mística; A anunciação; Salomé com a cabeça de João
Batista; A virgem o menino com seis anjos; Cenas da
vida de Moisés; entre outras.
Botticelli não costumava assinar ou datar suas
obras, em função disso, tornou-se difícil afirmar a autenticidade e a
cronologia de seus trabalhos, já que o artista teve inúmeros discípulos que o
ajudavam na execução dos trabalhos, mas que também, fizeram cópias. (...) “
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