Em 12 de dezembro de 1821 nasceu em Ruão (Rouen), na
Normandia, na época Reino da França, o romancista e contista Gustave Flaubert.
Ele foi muito importante para a literatura francesa por causa da profundidade
de suas análises psicológicas, pela sua análise da realidade e ter uma clareza
a respeito do comportamento social, com um estilo marcante em grandes romances.
Ocupou uma posição de destaque na literatura do século XIX. Foi contemporâneo
do poeta Charles Baudelaire e assim como ele foi criticado pelos moralistas e
admirado pela qualidade literária de suas obras. A sua obra Madame Bovary foi a
fundadora do chamado bovarismo. Foi muito influenciado pelas obras de Balzac.
Segundo analistas, Educação Sentimental
é outra versão da obra Lírio do Vale,
de Balzac, assim como Madame Bovary é
uma outra versão da Mulher de Trinta
Anos. Ele tinha, como escritor, uma visão irônica e pessimista da Humanidade. Foi um dos mestres do Realismo, movimento
crítico ao Romantismo, influenciado pelas teorias científicas, pela Revolução
Industrial e pelo positivismo de Augusto Comte.
As obras de Flaubert se
caracterizavam por: Antirromantismo, Objetividade, Não idealização, Crítica
sociopolítica, Análise psicológica, Autobiografismo, Observação crítica da
realidade, Caráter documental, Racionalismo.
Seu pai era o médico Achille
Cléophas Flaubert, cirurgião-chefe do Hospital de Ruão e a mãe era Anne Justine
(nome de nascimento Fleuriot). Gustave era o segundo dos seis filhos desse
casal. Sua infância foi ao lado dos irmãos no hospital onde o pai trabalhava.
No Colégio Real onde estudou, Gustave dirigiu o semanário escolar, “Arte e
Progresso”. Nesse colégio ele fez amigos como o poeta Louis Boulhiet e o futuro
editor e jornalista Maxime Du Camp.
Flaubert compôs, aos 15 anos,um drama em cinco atos,
em prosa, chamado “Lúis XI”. Em 1837 escreveu Rêve
d'enfer,seu primeiro romance. Nessa
obra ainda não havia matruridade, porém já se pode perceber traços que
caracterizariam suas futuras heroínas. É com essa idade de 15 anos que se
apaixonou por Elisa Schlesinger, que era casada e onze anos mais velha que ele
e para a qual só declarou seu amor trinta anos mais tarde por meio de uma
carta. Na ocasião, ela já estava viúva e recusou se casar com ele, terminando
sua vida uma instituição para pessoas com doenças mentais. E é tal amor
impossível que o inspira em detrminadas obras que escreveu: “Mémoires d'un
fou”, em 1838, “Novembre”, em 1842, e as duas versões de A Educação
Sentimental, esboçado em 1845 e concluído em 1869.
Tentou ir em frente com seu curso de Direito na
Universidade de Paris, porém com a intenção de contentar o pai. Não demonstrava
interesse, entregando-se à boemia, gastando descontroladamente o dinheiro que o
pai lhe mandava. Foi reprovado nos exames de Direito e passa a ter crises
nervosas, perdendo a consciência e tendo alucinações. Médicos que o examinaram
diagnosticaram tais crises como histérico-epilépticas. O pai providencia um
tratamento baseado em sangrias e dietas e o isola em uma proprieda rural em Croisset, às margens do
Sena. Gustave melhora e as crises só voltam a atormentá-lo no final de sua
vida. Enquanto ele estava nessa propriedade, o pai e a irmã Caroline falecem.
Tendo conhecido em 1846 Louise
Collet, amante do filósofo Vitor Cousin, que era separada do marido e que tinha
uma filha de 16 anos, Flaubert inicia uma romance com ela, que era tida como
presunçosa e com pouca espontaneidade. Dois anos depois Gustave rompe o romance
com ela, se envolvendo cada vez com literatura e tem sua saúde abalada após a
morte do amigo Le Poittevin. Flaubert então faz uma viagem ao Oriente com o
amigo MaximeduCamp, de 1849 a 1852, tendo conhecido o Egito e Jerusalém e no
retorno passou pela Turquia e Itália.
Começou a escrever Madame
Bovary em 1851, obra que levou cinco anos escrevendo. É uma obra crítica dos
valores burgueses. Quando a obra é impressa na editora “Revue de Paris”,
em outubro de 1856, o secretário da editora não aprova a cena do fiacre, que
acaba sendo omitida do número da edição. A censura do governo mandou suspender
a publicação da obra e decide processar Flaubert, dizendo ser o mesmo “imoral”.
Foi uma reação do conservadorismo da sociedade burguesa francesa daquela época.
O escritor foi julgado e absolvido pela Sexta Corte Correcional do Tribunal do
Sena, em Paris, em 1857.
Em 1866 recebeu a Legião de
Honra do governo francês. E entre 1870-1871 com algumas regiões da França
ocupadas pelos prussianos após a derrota francesa na guerra contra a Prússia,
Flaubert vai morar com sua sobrinha Caroline em Ruão. A morte da mãe dele
acontece em abril de 1872 e ele fica numa situação difícil financeiramente.
É publicada em 1874 a
terceira versão da obra de Flaubert chamada A tentação de Santo Antão, inspirada em um quadro com este nome de
autoria de Bruegel. Aos 55 anos, em 1877, é publicado o volume Três Contos,
com três novelas. Uma delas é “Um coração simples”, considerada a obra-prima do
autor e que trata da história de uma criada Felicité, personagem inspirada em
Julie, uma empregada da família de Flaubert; outra novela é “A Lenda de São
Julião,o Hospitaleiro”, um conto sobre a vida do santo da Idade Média; e por
fim “Herodíade”, sobre a figura de São João Batista. A crítica elogiou o
volume.
Flaubert vende suas
propriedades a fim de ajudar a sua sobrinha, cujo marido iria entrar em
falência. Passa a viver só de seu salário trabalhando na Biblioteca Mazarine.
Ele não acabou a obra Bouvard e Pécuchet, que foi publicada posteriormente. Passou por dificuldades financeiras
e em 8 de maio de 1880, aos 58 anos, ele falece devido a um AVC em Ruão
(Rouen), França. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Monumental de Ruão e o
funeral foi feito diante de pessoas famosas do mundo literário francês que
reconheciam seu talento: Alphonse Daudet, Émile Zola, Edmond de Goncourt,
Théodore de Banville e Guy de Maupassant.
Algumas
obras de Flaubert: Paixão e virtude (1837); Memórias de um louco (1838); Novembro
(1842); Madame Bovary (1857); Salambô (1862);A educação
sentimental (1869); As tentações de Santo Antão (1874); Três
contos (1877); Bouvard e Pécuchet(1881).
Segundo
a autora Diva Frazão sobre Flaubert:
“(...) Gustave Flaubert
(1821-1880) nasceu em Ruão, Normandia, França, no dia 21 de dezembro de 1821.
Filho do médico cirurgião Achille-Cléophas Flaubert e Justine Caroline Fleuriot.
Em 1832, entra para o Colégio Real. Distraído e desinteressado não gostava de
estudar, preferia devorar romances. Redige o semanário escolar "Arte e
Progresso". Aos 15 anos é atraído pelas peças de Shakespeare, Dumas e
Vitor Hugo.
Adolescente se apaixona por
Elisa Schlesinger, mulher casada e onze anos mais velha que ele. Entre 1837 e
1845 escreve o drama "Luís XI" e as novelas "Fantasia de
Inferno", "Paixão e Virtude". O amor impossível inspirou-lhe os
livros "Memórias de um Louco", "Novembro" e "Educação
Sentimental".
Gustave Flaubert estuda
Direito em Paris, para satisfazer a vontade do pai. Em 1844, após o fracasso
nos exames, sofre o primeiro de seus ataques epiléticos. Abandona o curso e vai
morar com a família na nova propriedade em Croisset, à margem do Sena, próximo
de Ruão. Em 1846, morre seu pai e sua irmã Caroline. Conhece Louise Collet,
separada do marido e mãe de uma jovem de 16 anos. Vivem uma aventura amorosa.
Em 1848, rompe o romance
com Louise. Nesse mesmo ano morre seu amigo de infância Alfred Le Poittevin.
Sua saúde se abala. Obedece ao conselho médico e vai para o Oriente, onde
pretendia ficar dois ou três anos. Mas, no fim de alguns meses decide voltar
para Croisset.
Em 1851, após longo período
sem produzir, inicia "Madame Bovary", a mais famosa de suas obras,
foram cinco anos de trabalho incessante. Escrevia e reescrevia a mesma página
dezenas de vezes. Em 1856, o romance começa a ser publicado na Revue de Paris,
com alguns cortes, em vista da austeridade dos costumes da época.
O livro conta a história de
Emma Bovary, que se entrega a sucessivos casos de adultério para fugir da vida
medíocre que julga levar ao lado do marido, um médico de província. O romance,
que termina com o suicídio de Bovary, causa escândalo na França. Flaubert é
acusado de imoralidade e processado (...)”
Frases de Flaubert:
“Algodão é útil principalmente para os
ouvidos.”
“Alguns [animais] são mais
inteligentes do que certos homens.”
“Uma aparência agradável é o mais seguro dos
passaportes.”
“Para ser erudito, basta memória e trabalho.”
“Quanto mais incapaz, mais ambicioso.”
- "O estilo está
nas palavras e dentro delas. É igualmente a alma e a carne de uma obra"
"Ama a arte: de todas as mentiras
é, pelo menos, a menos enganosa".
______________________________________________
Márcio José Matos
Rodrigues-Professor de História
Figura:
https://www.google.com/search?sxsrf=AOaemvIhH4odFWmkVLgYHQlgplqdWMIVPA:1639364472273&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+flaubert&fir=OP6XGSH5yJ1HgM%25
Nenhum comentário:
Postar um comentário