Em 19 de novembro de 1896, pelo
calendário juliano, que era vigente na Rússia imperial ou primeiro de dezembro
de 1896, pelo calendário ocidental gregoriano, no vilarejo rural de
Strelkovka,no antigo Império Russo, que atualmente é parte da chamada cidade de
Júkov, no Distrito de Maloiaroslavetski do Oblast de Kaluga, nasceu o heroi de
guera russo, o general Gueorgui Konstantínovitch Júkov.Ele foi vice-ministro e
ministro da defesa na União Soviética após a morte do ditador Stalin e o
oficial mais condecorado nesse país que hoje em dia não existe mais. Participou
na Primeira Guerra Mundial como sargento do exército do Exército Imperial Russo
e na Guerra Civil Russa passou a ser oficial do Exército Vermelho. Destacou-se
na vitória soviética contra o Japão na década de 30 e tornou-se Chefe do
Estado-Maior General soviético na Segunda Guerra Mundial e foi promovido a
marechal em 1943. Publicou suas memórias em 1969. Foi chamado de “General de
Stalin” ou “Marechal da Vitória”.Recebeu quatro medalhas de heroi da União
Soviética (URSS), a insígnia de Chefe Comandante da Legião do Mérito, a
Grã-Cruz da Legião de Honra, a Grã-Cruz da Ordem do Banho e outras
condecorações. Muitos historiadores o citam como o maior responsável pela
derrota da Alemanha nazista e alguns o mencionaram como “o homem que derrotou
Hitler”.
Para alguns críticos ele
foi brutal em sua liderança, usando do medo e ameaças, sem se preocupar com as
vidas humanas perdidas nas batalhas, tendo contribuído para fortalecer o regime
de Stalin. Outros o elogiam por suas vitórias sobre a Alemanha nazista.
Para David Stahel ele foi
"o mais vitorioso comandante de Stalin na guerra”. Para Otto Preston
Chaney ele foi "o mais condecorado e respeitado militar da Rússia”. Para
Geoffrey Roberts Júkov é "amplamente considerado o arquiteto-chefe da
vitória soviética sobre Hitler" e o homem que "demonstrou ao mundo
todo que a máquina de guerra de Hitler não era invencível”. Mas
também disse este historiador: "Júkov não era nem o herói perfeito da
lenda, nem o vilão puro e simples retratado por seus desafetos. [...] ele foi
um grande general, um homem de imenso talento militar, e alguém abençoado com a
força de caráter necessária para lutar e vencer guerras bárbaras. Mas ele
também cometeu muitos erros, erros pagos com as vidas de milhões de pessoas
[...]. O que o distinguiu foi sua excepcional determinação em vencer”.
Sobre a infância e vida
familiar de Júkov, o pai dele, Konstantin, foi criado por Anna Júkova, que
morreu quando ele ainda era criança. Aos onze anos Konstantin foi para Moscou
onde trabalhou em uma fábrica de botas e se casou em 1870 pela primeira vez,
com Anna Ivanova. Com ela teve dois filhos, Grigori e Vassili. Vassili morreu
com un ano de idade e Anna morreu de tuberculose em 1892. Nesse ano Konstantin
casou-se com Ustienia Artémievna, nascida em uma aldeia e filha mais velha de
camponeses e que já tinha sido casada, mas cujo marido morreu tuberculoso, tendo
tido com ele o filho Ivan. Na época do casamento, ela tinha um
pequeno terreno cultivável.
Gueorgui foi o segundo
filho de Konstantin e Ustienia (primeiro nasceu Maria, em 1894). O nome
era o mesmo de um outro filho, recém-nascido que logo morreu e também fazia
referência a São Jorge, santo comemorado na Rússia no dia 26 de novembro do
calendário juliano. Um outro filho que nasceu em 1901, Aleksei, morreu antes
dos dois anos. A família morava emStrelkovka e Konstantin trabalhava em Moscou.
A casa onde morou Gueorgui Júkov, segundo as memórias dele era”... muito velha e com
um canto afundado. Com o tempo as paredes e o telhado tinham sido tomados pelo
musgo e pelo mato." O telhado dessa casa desabou no verão de 1901e a
família vendeu a vaca e a égua que possuíam para fazer uma nova casa, que era
bastante precária, como disse Júkov: : "Do lado de fora esta casa era a
pior de todas, a varanda era feita de madeiras velhas, as janelas feitas com
vidros aos pedaços.”
O menino Júkov caçava e
pescava com outras crianças e trabalhava no campo durante as colheitas. Em 1903
entrou para a escola paroquial de uma aldeia vizinha, onde aprendeu a ler
e a escrever e um pouco de matemática. Nesse tempo na escola ele aprendeu a
valorizar a leitura. O pai de Júkov perdeu seu emprego e foi expulso de Moscou por ter
participado de ações políticas em 1905e por isso teve de ficar em definitivo em
Strelkovka. Ele dizia que não podia voltar para Moscou "porque a polícia o
havia proibido de estabelecer-se em outras cidades”. Não foram encontrados,
posteriormente, registros que comprovassem essa afirmação dele. Quando ele
tinha doze anos a mãe de Júkov o tirou da escola e o mandou para trabalhar com
o irmão dela em Moscou, onde Gueorgui ficou por quatro anos e meio. Ele
integrou-se à família do tio. Após algum tempo foi promovido a aprendiz-chefe
do curtume e no final de 1912 Júkov já era peleiro profissional. Até 1914
participou de aulas noturnas e depois as deixou para poder ir ao cinema e ao
teatro. No começo de 1913 mudou-se da casa do tio para viver na casa de uma
viúva no centro de Moscou e conheceu a filha dessa, MariaMalisheva com quem não
se casou porque teve de ir para a guerra.
Em 7 de agosto de 1915, Júkov ingressou no
Exército Imperial Russo. Foi servir na cavalaria, pois sabia montar. Foi
transferido em setembro, após ter tido treinos, do 189º Batalhão de Infantaria
de Reserva para o 10.º Regimento de Dragões de Novgorod, que estava nas
proximidades de Carcórvia. Treinou mais oito meses na cavalaria e em março de
1916 foi mandado para ser treinado para ser segundo sub-oficial. Com o fim
dessa preparação ele foi para o front sudoeste, onde estava lutando o 10º
Regimento de Cavalaria, que integrava a 10ª Divisão de Cavalaria, pertencente
ao3.º Corpo de Cavalaria, que formava a ala esquerda do 9.º Exército. Em
setembro Júkov ganhou a sua primeira Cruz de São Jorge, pela captura de um
oficial alemão. Ficou ferido em outubro de 1916 por causa de uma mina
terrestre. Por causa de sua atuação nessa ocasião, ele recebeu sua segunda Cruz
de São Jorge. Ele ficou um pouco surdo após esse acontecimento na guerra e
sofreu de vertigens, tendo sido transferido para um grupo da reserva.
Júkov contou que em 8 de março de 1917, já tendo
havido a Revolução de Fevereiro, o esquadrão dele se amotinou, formou um
comitê de soldados e prendeu seus oficiais. Ele foi eleito nesse mês presidente
do soviete de seu esquadrão. Quando da Revolução promovida pelos bolcheviques,
ele liderou seu esquadrão, que adotou a plataforma política desse movimento.
Ele teve de fugir dos nacionalistas de Symon Petliura. Com a proclamação da
independência da Ucrânia, Júkov foi para Moscou, atingida pela fome e em
janeiro de 1918 ele voltou para a casa de sua mãe em Strelkovka.
Júkov juntou-se à Guarda Vermelha em janeiro de
1918, na Guerra Civil Russa. Em fevereiro desse ano esteve doente com tifo. Só
conseguiu se juntar ao Exército Vermelho seis meses depois, passando a fazer
parte, em agosto, como voluntário do 4.º Regimento da 1.ª Divisão de Cavalaria
de Moscou. Lá ele ficou por oito meses, onde presenciou muitas dificuldades
(fome, falta de equipamentos e de supervisão etc). Lá ele não era oficial e sim
um “soldado vermelho”. Mas depois foi promovido a comandante de esquadrão e em
primeiro de março de 1919 passou a ser membro do Partido Comunista. Seu
regimento lutou contra tropas do Exército Branco, de maio a julho no Distrito
Ostrovski e depois foi combater ao sul, em 26 de outubro enfrentando os
cossacos e os calmucos. Foi ferido após seu cavalo ter sido atingido por uma granada
e passou um mês no hospital. Teve sintomas de tifo novamente.
Em agosto em Kuban de 1920 ele lutou integrado
na cavalaria que estava misturada com grupos de infantaria formando uma brigada
mista. Júkov relatou que combateu "gangues de Fostikov e Krijanovski"
e que participou de discussões políticas com os agricultores, quando também
houve do conserto de celeiros, cabanas e poços, atividades feitas pelos
militares. Provavelmente participou de ações contra cossacos que na época
sofreram severa repressão pelo seu apoio ao Exército Branco, com um número entre
trezentos e quinhentos mil cossacos mortos executados ou deportados entre 1919
e 1921.
Júkov foi nomeado em fins de 1920 comandante de
um pelotão e depois líder de esquadrão, no 1.º Regimento de Cavalaria da 14.ª
Brigada, ligado à 14.ª Divisão de Infantaria do 9.º Exército que estava em
Iekaterinodar. O esquadrão de Júkov esteve em ação contra forças do chamado
Exército Verde de Ivan Kolesnikov em dezembro de 1920, ao sul de Voronei. Lá
Júkov conheceu a professora Alexandra Dievna, que ele recrutou como secretária
e que viria a ser depois sua primeira esposa. Em fevereiro e março de
1921participou da luta contra os partidários dos irmãos Antonov. Em 31 de
agosto foi condecorado pela primeira vez com a Ordem do Estandarte Vermelho. Em
1922 ele casou com Alexandra.
Em junho de 1922 a Guerra Civil terminou,
havendo a vitória soviética. Júkov foi transferido, passando a comandar um
esquadrão do 38.º Regimento de Cavalaria, que se estabeleceu na Bielorrúsia. E
no fim desse mesmo ano ele foi promovido a vice-comandante do 40.º Regimento da
mesma divisão e, em 8 de julho de 1923, comandante do 39.º Regimento de
Cavalaria de Buzuluk.Em 1924 ele foi escolhido para se juntar à Escola Superior
de Cavalaria.
Em 1926 Júkov passou a ser Comissário Político e
transferido para Minsk. Lá ele morou com seu amigo Anton Ianin e tornou-se
amante da irmã da esposa desse amigo, que ele tinha conhecido em
Saratov. Em dezembro de 1928 nasceu Júkova, filha de Júkov com sua
esposa Alexandra e em junho de 1929 nasceu Margarita, que era filha dele com
sua amante. Esse nascimento causou problema a Júkov, pois sua esposa ficou
muito revoltada e ele teve de deixar a amante. Em 1929 esteve em um curso na
Academia Militar de Frunze e começou a ler livros da biblioteca da Casa do
Exército Vermelho para estudar estratégias de líderes militares soviéticos. Foi
lendo livros assim que ele conheceu as teorias das operações em profundidade e
a importância dos carros de combate.
Em abril de 1930 foi promovido a comandante da
Segunda Brigada de Cavalaria, que estava incluída na da 7.ª Divisão de
Cavalaria, comandada por Rokossovski. Ainda no mesmo ano Júkov foi promovido a
Inspetor de Cavalaria. Em fevereiro de 1931 voltou a Moscou. Ele e Tukhachevsk começaram
um processo de motorização do Exército Vermelho. E em março de 1933 Júkov foi
nomeado comandante da 4.ª Divisão de Cavalaria, enviada para a Bielorrússia. No
verão de 1935 essa divisão foi chamada de 4.ª Divisão dos Cossacos do Don.Júkov
e sua unidade foram condecorados com a Ordem de Lenin após
exercícios militares nos quais tanques BT, modelo 5, da divisão de Júkov
fizeram a rápida travessia do rio Berezina.
Júkov teve de ficar se tratando de brucelose em
1936 e parte de 1937, tendo parado de fumar. Votou ao trabalho em
maio de 1937. Em 11 de junho as rádios anunciaram que oito alto comandantes
militares soviéticos foram fuzilados acusados de traição. Era o início do
Grande Expurgo que enfraqueceu o Exército Vermelho. Júkov chegou a ser
interrogado sobre seu relacionamento com alguns dos militares condenados. Ele
foi inocentado e se beneficiou do expurgo, pois houve cargos que ficaram sem
seus anteriores ocupantes. E assim Júkov foi promovido a comandante do 3.º
Corpo de Cavalaria em julho de 1937 e em fevereiro de 1938 foi para o 6.º Corpo
de Cavalaria Cazaque, considerado o melhor do Exército. Em 9 de
junho foi nomeado vice-comandante do Distrito Militar da Bielorússia.
Em maio de 1939 foi convocado a Moscou onde lhe
incumbiram de combater tropas japonesas que tinham invadido a Mongólia, aliada
dos soviéticos. Ele participou então das batalhas de Halhin-Golie que foram o
ponto principal dos conflitos de fronteira entre Japão e União Soviética. Em 12
de junho Stalin promoveu Júkov a chefe do 57.º Corpo Especial de Fuzileiros.
Júkov mandou serem realizadas operações de inteligência. Em 20 de agosto no
comando do 57.º Corpo, Júkov iniciou o ataque da última batalha de Halhin-Gol.
No ataque participaram 500 tanques e quinhentos bombardeiros soviéticos. Foi a
primeira operação caça- bombardeiros da Força Aérea Soviética. A operação
terrestre de Júkov imitava a estratégia de Anibal na Batalha de Canas. Em 31 de
agosto houve a vitória final dos soviéticos. Essa derrota fez com que os
japoneses paralisassem seu ímpeto ofensivo naquela região. Júkov tornava-se o
primeiro comandante soviético vitorioso contra uma potência estrangeira, tendo
recebido sua primeira medalha de Heroi da União Soviética. Essa batalha
possibilitou a Júkov melhorias nos modelos de tanques e testar técnicas de
batalha que seriam usadas por ele na Segunda Guerra Mundial, podendo ele
observar como melhorar a coesão entre infantaria, artilharia, blindados e
aviação. Também soldados experientes dessa batalha foram transferidos para
unidades com soldados inexperientes para que os experientes transmitissem suas
experiências.
Em 2 de junho de 1940 Júkov e Josef Stalin se
encontraram pela primeira vez. O ditador soviético queria explicações sobre a
batalha de Halhin-Golie na Mongólia. Júkov nos dias 3 e 13 de junho assistiu às
reuniões do Politiburo do Partido Comunista da União Soviética. Pouco tempo
depois ele foi promovido à general de exército e nomeado chefe do Distrito
Militar Especial de Kiev, buscando melhorar a disciplina e o treinamento dos
soldados. Em 28 de junho foi ordenado que ele e suas tropas participassem de
ações contra a Romênia. Nessa operação a União Soviética ocupou a Bessárabia e
o norte da Bucovina.
Em 1940, apesar do Pacto de Não Agressão, os
movimentos alemães na Europa Oriental causavam preocupações aos líderes
soviéticos. Em dezembro desse ano houve uma reunião em Moscou entre generais e
os membros do Politburo. Júkov falou sobre "o caráter das operações
ofensivas modernas”. Houve simulações de ataques dos alemães à URSS em janeiro
de 1941 e ainda nesse mês Stalin nomeou Júkov chefe do Estado-Maior General do
Exército Vermelho e ele passou a fazer parte do Comitê Central. Era um cargo
que em importância em assuntos militares estava abaixo somente do Comissário de
Defesa Timoshenko.
Houve avisos da inteligência soviética sobre um
ataque alemão. Júkov e Timoshenko fizeram a proposta de um ataque preventivo às
forças alemãs, mas Stalin não permitiu. Também pediram a Stalin em 13 e 14 de
junho que ele permitisse o alerta das tropas da fronteira oeste, com uma
mobilização parcial. Stalin não concordou, querendo evitar uma provocação aos
alemães. Na madrugada de 22 de junho o estado de emergência foi permitido,
desde que não houvesse respostas soviéticas a eventuais provocações.
No fim da noite de 21 para 22 de junho, Júkov
chamou pelo rádio os três comandantes dos distritos militares de fronteira. De
madrugada o almirante da Frota do Mar Negro informou que havia aviões
desconhecidos se aproximando pelo mar. Júkov ordenou ao almirante, mesmo sem
ter autorização formal, que se abrisse fogo contra os aviões intrusos. Logo
após, o Distrito Ocidental, Kiev e a frente do Báltico relataram ataques.
Timoshenko e Júkov pediram permissão por telefone a Stalin para dar a resposta
soviética aos ataques. Ele convocou os dois líderes militares à Moscou para se
reunirem com ele e com o Politiburo. Às 5h o embaixador alemão entregou a
declaração de guerra. Stalin então autorizou o contra-ataque, mas a demora
desse em acontecer foi prejudicial aos soviéticos.
Júkov e Timoshenko pela manhã sugeriram a
mobilização geral das tropas e a formação a Stavka (o comando supremo das
forças armadas em tempos de guerra). De início Stalin recusou as propostas,
porém no dia seguinte permitiu a formação da Stavka.
.Em 23 de junho Jukov ordenou contra-ataques com
os cinco corpos mecanizados que estavam disponíveis. Os ataques atrasaram, mas
não pararam os alemães que causaram pesadas perdas ao soviéticos. E no dia 29
de junho Stalin promoveu um expurgo entre os comandantes soviéticos, com
rebaixamentos, prisões e execuções. Júkov tentou atacar de novo em 10 e 11 de
julho com corpos mecanizados, mas eles foram destruídos. Em 10 de julho foi
sugerido por Júkov a proteção de Moscou com tropas da reserva em duas linhas e Stalin
concordou. Com a tomada de Smolensk em 16 de julho Stalin irritou-se com Júkov
que lançou um contra-ataque próximo de Smolensk ,de 21 a 26 de julho, que
deteve o ataque alemão do Grupo de Exércitos Centro.
Na reunião de 29 de julho de 1941 Júkov apresentou
um plano que tinha suas possibilidades de sucesso, mas que previa abandonar
Kiev aos alemães. Stalin não gostou, o que provocou o pedido de Júkov para ser
demitido e ser mandado para a Frente da Reserva. Em agosto ele lançou ataques
do 24º Exército, que de início não deram certo, no entanto fez novos ataques
que conquistaram uma vitória relevante no início de setembro, fazendo os
alemães do 20º Corpo abandonarem Ielnia. Após essa vitória Stalin chamou de
volta Júkov e na madrugada de 9 de setembro lhe deu ordem para organizar a
defesa de Leningrado. Ele reuniu todas as forças do Exército que pôde, com
apoio da Frota do Báltico, unidades da polícia política (NKVD), fuzileiros
navais, marinheiros e milícias populares. As fábricas aumentam na ocasião sua
produção de minas, os desertores são caçados e familiares dos que se rendem por
sua vontade são executados. Leningrado fica então cercada pelos alemães, mas
não é tomada.
O sucesso de Júkov em Halhin-Golie (contra os
japoneses), Ielnia e Leningrado fizeram Júkov ser mais respeitado. Foi graças
aos esforços dele que na época um terço das forças alemãs disponíveis ficaram
imobilizadas. Após ter conseguido evitar a tomada de Leningrado, Júkov foi
chamado por Stalin para defender Moscou. Ele recebeu o comando da Frente de
Reserva e da Frente Ocidental. Júkov reforçou as defesas de Moscou com milícias
e novos recrutas. Diante do ataque alemão para conquistar Moscou, Júkov deu
ordem para um contra-ataque, havendo uma batalha de oito dias que impediu a
continuação do ataque alemão. Apesar do avanço alemão ter chegado a Tula, os
soviéticos o pararam ajudados pela lama. Faltavam aos alemães nesse momento
combustível, munições e alimentos. Em 7 de novembro, a pedido de Stalin, Júkov
organizou um desfile militar em Moscou para comemorar a Revolução Bolchevique.
Após o desfile as tropas voltaram para o campo de batalha.
Os alemães realizaram um grande ataque a partir
do dia 15 de novembro com temperatura de 10 graus negativos. Os soviéticos
usaram sua cavalaria no dia 17 e bloqueou por dois dias os alemães. Depois
esses continuaram o avanço, tendo conquistado terreno, mas aí vieram reforços
soviéticos( três divisões de infantaria e duas blindadas que chegaram da
Sibéria) e seis exércitos que estavam sendo treinados. Também o vale do rio
Istra foi inundado pelos soviéticos. Os alemães chegaram a estar a vinte
quilômetros dos limites de Moscou. No início de dezembro os ataques pararam e
Júkov ordenou o ataque de dez exércitos em uma contra-ataque que empurrou os
alemães. As temperaturas variavam entre 10 e 30 graus negativos. A neve
limitava muito o movimento dos veículos alemães e o reabastecimento era
dificultado nas ferrovias. Em 15 de dezembro de 1941 as tropas alemães
começaram sua retirada.
Embora tendo recuado, as forças alemães ainda
eram fortes. Houve ataques soviéticos em janeiro de 1942 que não conseguiram
derrotar os alemães e em fevereiro de 1942 os alemães iniciaram nova ofensiva
causando derrotas aos soviéticos. Em abril o derretimento da neve interrompeu
os combates e em maio os soviéticos atacaram, mas tiveram grandes perdas. E em
junho reiniciaram as ofensivas alemãs.
Júkov voltaria a brilhar na batalha de
Stalingrado. Ele foi nomeado em 27 de agosto de 1942Vice-Comandante Supremo.
Ele se tornou o principal conselheiro e o homem de ação de Stalin. Os alemães
avançaram em direção a Stalingrado até tomarem cerca de 90% da cidade. Stalin
ordenou a Júkov atacar ao norte. Foram feitos ataquesem setembro que resultaram
em desastre para os soviéticos, embora tenha havido uma interrupção no avanço
do XIV Corpo Panzer dos alemães. Foi quando Júkov e Vassilevski propuseram a
Stalin a ideia de um grande cerco, seria a chamada Operação Urano (19
a 23 de novembro de 1942). O plano era uma armadilha para os alemães,
que seriam atraídos para uma luta urbana em Stalingrado e forças soviéticas
postadas longe de Stalingrado atacariam os flancos da grande força atacante
alemã, aproveitando-se do inverno russo e da fragilidade dos exércitos romenos
que defendiam os flancos das tropas alemães. Em 19 de novembro foi iniciada a
operação e as forças romenas foram destroçadas. Uma força de ataque alemã de
cerca de 290 mil homens foi cercada.
Também nas Operações Marte, Júpiter e
a Saturno Júkov esteve envolvido em seus
planejamentos. A Operação Martefoi realizada entre 25 de
novembro e 20 de dezembro de 1942, à volta do saliente de Rjev, próxima à
Moscou, com tropas das poderosas frentes de Kalínin e Ocidental. Houve elevadas
perdas humanas do lado soviético. Mas essa operação serviu para concentrar os
alemães nessa região e impedir o envio de forças para libertar as forças
cercadas em Stalingrado. Para completar essa operação, foi lançada a Operação
Júpiter. AOperação Saturno ou Operação Pequeno Saturno envolveu
forças soviéticas na região do norte do Cáucaso e Bacia do rio Donets, entre
19 de novembro e 18 de fevereiro de 1943. A operação consistia em pressionar as
já desgastadas forças alemãs no Leste da Ucrânia.
Em 2 de janeiro de 1943 Júkov também teve
participação na Ofensiva Ostrogojsk–Rossochansk, no comando da
Frente de Voronei. O ataque soviético fez recuar o Segundo Exército Húngaro e o
Corpo Alpino Italiano. Depois iniciou a Operação Voronej-Kastornoie que
permitiu a conquista de Kursk. Em 10 de janeiro na Operação Iskra ele
coordenou ações das frentes de Leningrado e Volkhov com o objetivo de atacar
forças do Grupo de Exércitos Norte dos alemães, complementada pela Operação
Estrela Polar, para aliviar a pressão que os alemães exerciam sobre Leningrado
e cercar o Grupo Norte. Essas duas operações não conseguiram pleno
êxito.
Em 13 de março o carro de Júkov foi alvejado
quando ele cruzava tropas soviéticas em retirada próximo a Carcóvia. Ele depois
conseguiu restabelecer a organização do comando da Frente de Voronei e pediu a
substituição de dois generais, conseguindo melhorar a situação das forças
soviéticas na área.
No início de abril de 1943 a Inteligência
Soviética soube que haveria um grande ataque alemão usando muitos tanques na
chamada Operação Cidadela, cujo objetivo era atacar as forças
soviéticas em duas frentes pelos lados do saliente de Kursk, cercando as tropas
soviéticas que lá estavam. Júkov fez uma análise do que poderia ocorrer e
disse: "Para que o inimigo se desintegre em nossas defesas, além de
medidas para fortalecer as defesas anti-tanque das frentes Central e Voronej,
nós devemos nos retirar o mais rapidamente possível dos setores passivos e
reforçar as reservas da Stavka, a fim de poder utilizar, nos eixos ameaçados,
trinta regimentos anti-tanques, todos os regimentos de canhões autopropulsados
e tantos aviões quanto possível. [...] Eu considero imprudente lançar um ataque
preventivo nos próximos dias. Seria mais apropriado deixar o inimigo se esgotar
em nossas defesas e destruir seus tanques, e, só então, depois de trazer novas
reservas, passar para a ofensiva geral [...]"
Júkov participou ativamente do alto comando das forças soviéticas durante a batalha de Kursk. Ele esteve na linha de frente de um ataque soviético para observar as posições alemãs e uma granada de morteiro explodiu perto de onde ele estava, o que lhe causou surdez permanente em um ouvido e ficou com dores em uma perna para o restante de sua vida. Em 13 de julho Stalin enviou para a Frente Voronei e ele conseguiu evitar o cerco alemão ao 69º Exército soviético. Após lutas posteriores os soviéticos recuperaram Carcóvia. Com o fim da batalha de Kursk os soviéticos passaram a ter mais vantagens sobre os alemães que não conseguiam repor suas perdas em homens e equipamentos na mesma proporção que os soviéticos.
Após Kursk Júkov continuou participando do planejamento de ações contra os exércitos alemães na URSS que foram sendo derrotados e obrigados muitas vezes a recuar. Uma grande vitória em novembro de 1943 foi a retomada da capital da Ucrânia, Kiev. No dia 6, Júkov e Nikita Khrushchov entraram na cidade e foram recebidos calorosamente pela população. Com a permissão de Stalin Júkov planejou dois ataques para o inverno de 1943/1944, um para tomar as cidades de Jitomir e Berditchiv e outro para retomar Kirovogrado e depois com a união das frentes em Uman para cercar o Oitavo Exército Alemão. Em 12 de fevereiro de 1944 forças alemãs foram cercadas no que foi chamado "caldeirão de Tcherkassi”, porém romperam o cerco, fato que irritou Stalin que rebaixou Júkov e transferiu o comando da operação para Konev.
Em 29 de fevereiro Júkov passou a comandar a
Primeira Frente Ucraniana e com os oito exércitos sob seu comando ele liderou a
Operação Proskurov-Chernovtsi . Os ataques soviéticos proporcionaram chegar aos
Cárpatos e as forças de Júkov e Konev juntas cercaram o Primeiro Exército
Panzer que no entanto conseguiu escapar no final de março. Em 22 de abril Júkov
recebeu pela primeira vez a Ordem da Vitória.
Júkov, Antónov, Chtemenko e Vassilevski, dentre
outros, em sete reuniões chefiadas por Stalin elaboraram o planejamento para as
ofensivas de verão de 1944. Foram as seguintes operações: Bagration (na
Bielorússia), Ofensiva Liviv-Sandomir e Ofensiva Kovel-Lublin (no sul da
Polônia). Júkov em 29 de julho de 1944 recebeu sua segunda estrela de Heroi
da União Soviética por ter contribuído nas operações Bagration e
Lviv-Sandomir.
Em primeiro de novembro de 1944 Júkov participou
de reuniões do Estado-Maior General que objetivavam o planejamento de operações
finais da guerra: ataques nos Países Bálticos e na Hungria e ao mesmo tempo
haveria uma ofensiva decisiva em direção a Varsóvia para depois seguir até
Berlim. Em 29 de outubro, os comandastesJúkov e Vassilevski foram
informados por Stalin que as dez frentes soviéticas seriam lideradas por ele
mesmo. Júkov foi designado por Stalin para comandar a Primeira Frente
Bielorrussa, direcionada para chegar até Berlim. A frente comandada por Júkov
tinhacerca de um milhão de soldados apoiados por um exército aéreo. Houve
atraso por causa da necessidade de fornecimento de combustível, munição,
equipamento e alimentos para as tropas. Foi preciso reconstruir estradas e
pontes destruídas. Também a necessidade de treinamento e obter informações para
a Inteligência contribuiu para o atraso do ataque. Nessa época Stalin buscava
um reconhecimento maior pelas ações de guerra e começou a montar um dossiê
contra Júkov para evitar, se fosse considerado necessário, que a imagem desse
ofuscasse a dele, Stalin.
Os ataques de Júkov colocaram suas tropas no fim
de janeiro a apenas oitenta quilômetros de Berlim. Mas houve atrasos no avanço
a partir daí devido a problemas de logística e da falta de um maior controle
das tropas cujos soldados muitas vezes estavam se envolvendo em saques e
estupros em território alemão. Em fevereiro e março houve ataques alemães aos
soviéticos que avançavam em direção a Berlim. Júkov lidera um grande ataque em
primeiro de março e conquista várias cidades alemãs durante esse mês. E em 30 de
março Júkov e Stalin discutiram o ataque final visando a conquista de Berlim.
Stalin criou um clima de concorrência entre Júkov e Konev para conquistar a
capital da Alemanha. Stalin teria dito: “O primeiro dos dois a passar [as
defesas alemãs] tomará Berlim”.
No ataque a Berlim Júkov tinha ampla
superioridade em homens e equipamentos em relação aos defensores alemães. Esses
tinham para defender Berlim o Nono Exército. No dia 16 de abril Júkov lançou
sua ofensiva precedida por um bombardeio enorme de artilharia que durou trinta
minutos. A resistência alemã foi tenaz. As baixas soviéticas foram muitas. Em
18 de abril Konev já atacava Berlim pelo sul enquanto as forças de Júkov ainda
avançavam em direção a Berlim. Em 20 de abril Konev incentivava suas tropas a
conquistarem primeiro Berlim. Júkov também fez o mesmo com seus exércitos. No
dia seguinte os exércitos de Júkov entravam em Berlim pelo norte e pelo
nordeste. As forças de Konev atacavam pelo sul. Em 30 de abril soldados das
forças de Júkov hastearam uma bandeira soviética no Reichstag e o comando
alemão nesse dia pediu para um cessar-fogo para negociar. Não houve acordo de
início, mas em 2 de maio o general alemão Helmuth Weidling informou
a capitulação alemã da guarnição de Berlim para os generais Chuikov e
Sokolovski.Em Berlim, em 8 de maio de 1945, Júkov recebeu representantes da
Grã-Bretanha, França e Estados Unidos e depois chegou a delegação alemã,
chefiada pelo marechal Keitel. Após a assinatura Júkov e seus generais
felicitaram-se e houve uma banquete de comemoração.
Júkov foi nomeado por Stalin representante da
URSS para o Conselho de Controle Aliado em 31 de maio de 1945. Em primeiro de
junho Júkov recebeu a sua terceira homenagem como Heroi da URSS devido à
conquista de Berlim. Em 5 de junho Júkov e outros membros do Conselho de
Controle Aliado (os outros três comandantes-em-chefe dos exércitos da ocupação)
realizaram a primeira reunião em Berlim. Júkov recebeu honrarias de outros
países pelo seu papel na guerra. Ele e o general Eisenhower dos Estados Unidos
ficaram amigos. Eisenhower disse em uma recepção a Júkov em Frankfurt: "A
nenhum homem as Nações Unidas devem mais do que ao marechal Júkov”.
Júkov participou da grande parada militar de 24
de junho de 1945 em Moscou como o maior homenageado. Em seu discurso ele disse:
"Se nós vencemos, é porque fomos guiados
pelo nosso grande vojd, pelo nosso incrível capitão, o marechal da
União Soviética Stalin! Glória ao nosso povo soviético, ao povo libertador!
Glória ao inspirador e organizador da nossa vitória, ao grande Partido de Lenin
e Stalin! Glória ao nosso vojd, ao sábio capitão, marechal da União
Soviética, o grande Stalin! Hurra!"
Em fins de 1945 Stalin começou um processo
de desgaste político de colaboradores que tinham se destacado na guerra. Foram
atingidos ViatcheslavMolotov, Lavrenti Beria, Malenkov, o marechal-do-ar Sergei
Khudiakov (que foi torturado para assumir ser um espião), Júkov. e outros.
Júkov foi chamado no início de março de 1946 para o cargo de
Comandante-em-Chefe das Forças terrestres soviéticas. Mas Stalin de posse de
denúncias falsas anunciou a desgraça de Júkov, menosprezando o mérito dele nas
vitórias durante a guerra. Em 2 de junho Júkov foi rebaixado para o cargo de
comandante do Distrito Militar de Odessa. Lá Júkov organizou a operação Maskarad,
que conseguiu reduzir muito a criminalidade em Odessa. Mas Stalin continuava
com uma fixação por Júkov. Um relatório da polícia secreta MGB o acusou de
acumular objetos de saques na Alemanha. Ele foi então demitido do comando
do Distrito Militar de Odessa. Em 1948 de novo Júkov foi rebaixado, sendo
mandado como comandante para o pequeno Distrito Militar dos Urais. Amigos de
Júkov foram presos, alguns foram torturados e outros foram executados. Lá ele
trocou de amante, a médica militar Galina Alexandrovna Semionova substituiu
Lida Zakharova. Galina foi a mãe de mais uma filha de Júkov chamada Maria
Júkova.
Em 1950 Júkov foi autorizado a a concorrer à
eleição para o Soviete Supremo. E março de 1953, com a Stalin próximo da morte,
Júkov foi convocado para uma reunião do Comitê Central do Partido Comunista. Um
novo governo foi formado e Júkov foi indicado com um dos assistentes do
Ministro da Defesa. Em junho de 1953 Júkov foi encarregado de prender Beria,
que depois foi executado por ordem do novo governo.
De 1953 a 1955 Júkov foi Vice-Ministro de
Defesa, sendo membro efetivo do Comitê Central do Partido. Em 3 de dezembro foi
colocado um busto dele em Ugodski Zavod. No outono de 1953 ele organizou a
Operação Bola de Neve, que simulou o uso de uma arma nuclear para a defesa
diante de um ataque. Foram utilizadas forças mecanizadas que foram até a
quinhentos metros do epicentro.
Em 7 de fevereiro de 1955 Khrushchov
promoveu Júkov a Ministro da Defesa da URSS. Khrushchov passou a ser o líder supremo
das forças armadas. Júkov deu apoio a Khrushchov no processo de
desestalinização. Em maio de 1955 pela segunda vez Júkov foi capa da Revista
Time. Júkov restaurou os comandos individuais das forças terrestres,
de aviação, marinhas e de defesa aérea, extintos em 1950 por Stalin. Também
criou o cargo de Vice-Ministro da Defesa para Mísseis Estratégicos. Escolheu
Baikonur e Plesetsk como lugares para instalação de cosmódromos. Em abril de
1956 chefiando uma comissão, conseguiu que acabassem as perseguiçõescontra
centenas de milhares de soldados soviéticos que tinham sido presos pelos
nazistas, com pagamento de seus soldos atrasados. Ele procurou reduzir a
interferência política nas forças armadas, interferência que o incomodava há
muito tempo. Mas essa ação dele causou a hostilidade por parte da Direção
Política Principal do Exército. Procurou diminuir a quantidade de militares da
URSS, buscando mais qualidade. Ele reabriu casos judiciais sobre comandantes
militares que tinham sido condenados à morte com base em falsas acusações na
década de 30. Houve casos em que os generais responsáveis pelas mortes injustas
desses militares foram demitidos. Em 14 de maio de 1955 foi o representante
soviético na assinatura do Pacto de Varsóvia.
Interferiu a favor de reivindicações políticas
polonesas em junho de 1956 e aconselhou Khrushchov a não mandar tropas para a
Polônia para reprimir o movimento de trabalhadores. Em 21 de outubro desse
mesmo ano a polícia húngara atirou em manifestantes. Houve uma rebelião.
Júkov mandou tropas soviéticas em apoio ao governo húngaro. Diante da situação
de confronto entre populares húngaros e soldados soviéticos, Júkov ordenou a
retirada das tropas. Mas quando o governo húngaro anunciou a saída da Hungria
do Pacto de Varsóvia, o governo soviético decidiu intervir militarmente e Júkov
apoiou. Foi lançada a Operação Turbilhão que derrubou o
governo húngaro. Quando completou 60 anos em 1956 Júkov recebeu uma quarta
Ordem de Lenin, sendo feito pela quarta vez Heroi da URSS. Júkov ajudou a tirar
do governo autoridades de tendência stalinista.
Em 4 de outubro de 1957 Júkov foi fazer uma
visita à Iugoslávia e no dia 17 viajou para a Albânia. Nesse dia o chefe da
Direção Política Principal do Exército, general Alexei Jeltov fez denúncias no
Politiburo contra Júkov, acusando-o de culto da personalidade, de glorificação
de seu papel na guerra, de redução do poder dos oficiais políticos, de
deterioração do ensino do marxismo-leninismo, e de negar o papel do Partido.
Havia forças políticas na URSS que temiam o poder do Exército e viam Júkov como
uma ameaça. Em 19 de outubro os oficiais políticos recuperaram seu poder
perdido e Júkov foi criticado. O Politiburo acusou Júkov de querer prejudicar a
união entre o Exército e o Partido. o acusou de “bonapartismo”.Júkov foi
então retirado de seu cargo e em 4 de março de 1958, ele foi aposentado sem o
benefício de um posto de inspetor (como os outros marechais e generais). Em 18
de janeiro de 1965 ele divorciou-se de Alexandra, para, no dia 22, casar-se com
Galina.
Júkov passou a escrever suas memórias indignado
com a forma como foi mencionado na obra de seis volumes,A História da Grande
Guerra Patriótica(obra publicada de 1960 a 1965) e, na qual o
papel dele foi reduzido e criticado. O Politburo o ameaçou de exclusão do
partido comunista se ele continuasse a escrever.
Leonid Brejnev assumiu o poder em 1964.Em
8 de maio, na festa da vitória, ele leu um discurso em favor de
Stalin e Júkov foi muito aplaudido pelos presentes. A obra de Júkov
sobre a União Soviética na Segunda Guerra Mundial foi lançada em abril de 1969.
Ele teve de aceitar modificações destacando a participação do partido comunista
e seus chefes e fazendo referência a Brejnev, como se Júkov tivesse precisado
de seus conselhos em 1943, quando Brejnev era apenas um coronel comum. Os 300
mil exemplares foram esgotados rapidamente. Dez mil leitores escreveram para
Júkov.
Em dezembro de 1967 Júkov ficou com sequelas
devido a um aneurisma cerebral. Ele ficou com paralisia e com problemas na
fala. Ele faleceu em 18 de junho de 1974. Seu corpo foi cremado em 21 de junho.
Suas cinzas foram depositadas naNecrópole da Muralha do Kremlin. Documentos
pessoais dele e arquivos foram confiscados por ordem do governo.
Frases de Júkov:
“Ele [Stálin] invejava minha glória. E [o
ministro do Interior] Lavrênti Béria alimentava ainda mais esse sentimento”.
"Se os comandantes confiavam que poderíamos
manter esta linha de defesa e deter o inimigo? Devo dizer francamente que não
estávamos de todo seguros." (Sobre a defesa de Moscou contra os alemães em
1941)
"Teria sido possível conter as unidades
iniciais do inimigo, mas se tivessem enviado rapidamente suas principais
forças, teria sido difícil detê-los"”
"Stalin estava gripado, mas trabalhava.
Mostrou o mapa da frente e disse 'olhe a situação na frente oeste. Não consigo
receber a mínima informação sobre o que acontece lá no momento".
"Era uma situação extremamente perigosa.
Nossas tropas na linha de defesa Mojaisk não poderiam ter detido o inimigo se
ele se movimentasse para Moscou".
"Mas a Wehrmacht se superestimou e
subestimou as tropas soviéticas".
Poema:
SOBRE A MORTE DE JÚKOV
Eu vejo netos, fila a fila, atentos,
A carreta, o cavalo e um ataúde.
O vento que me chega não alude
Aos sopros russos a tocar lamentos.
Condecorado jaz quem fora forte:
O grande Jukov parte para a morte.
Guerreiro que arrasou muros malgrado
Uma espada pior que a do oponente,
Que, ao manobrar com brilho inigualado,
Foi o Aníbal do Volga – e surdamente
findou seus dias como Belisário
ou Pompeu, em desgraça e sem amparo.
Derramar tanto sangue de soldado
no estrangeiro o deixara contrafeito?
Lembrou-se deles ao morrer num leito
branco e civil? Quem sabe está calado.
Que lhes dirá quando, no inferno agora,
encontrá-los? “Lutei pela vitória.”
Jukov não há de erguer mais, pelejando
por uma causa justa, a mão direita.
Repousa! A história russa não rejeita
Uma página àqueles que, em comando,
Marchavam bravos sobre solo alheio,
Mas voltavam ao próprio com receio.
O Letes – Marechal! – há de sedento
tragar estas palavras e os teus restos.
Recebe-as, pois tributos são modestos
a quem salvou a pátria – isto eu sustento.
Rufa, tambor, ressoa sem demora,
flauta marcial, que nem ave canora.
Joseph Brodsky
_______________________________
Márcio José Matos Rodrigues-Professor
de História
Figura:
https://www.google.com/search?q=imagem+de+jukov&sxsrf=AOaemvKpxZ0niIwFqOe0iLKZdZGoRj14Gw:1638930135762&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=omVQymw
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