No dia 26 de julho é comemorado o Dia
Internacional para a Conservação do Ecossistema de Manguezais. A Organização
das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, neste ano, está
anunciando um projeto de restauração dos mangues para países da América
Latina: Colômbia, Cuba, Equador, El Salvador, México, Panamá e Peru. Com
este projeto pretende-se trazer oportunidades econômicas para comunidades
locais e trocar conhecimentos entre populações nativas e a comunidade
científica. Segundo representantes da Unesco, é preciso haver uma
conscientização em larga escala, educando e alertando as pessoas de um modo
geral. Assim como a conscientização sobre a importância dos mangues, é também
se comprometer com sua proteção.
Os mangues contribuem como uma barreira
natural contra a erosão costeira e protegem as fontes de alimentos. Há diversas
espécies que conseguem seu alimento nos manguezais e se reproduzem neles.
Existe o risco de cerca de três quartos ou mais dos manguezais estarem em
perigo. Desta forma, são necessárias medidas urgentes para protegê-los. É
preciso agir imediatamente, considerando-se que os sistemas de mangues são um
reservatório de carbono. Segundo Renilde Piedade, que é líder
comunitária da Reserva Extrativista Marinha Mocapajuba, localizada em São
Caetano de Odivelas, no Pará, a comunidade que atua nesta reserva está
participando pela segunda vez nesta campanha e já sente os benefícios. Renilde
disse: “Fizemos ações como a instalação de placas indicando que
somos uma Unidade de Conservação, demos início ao cadastro das famílias e da
criação da rede de mulheres das Resex, abrimos diálogo com a prefeitura. Isso
também é cuidar do mangue e nos fortaleceu. Eu moro e vivo dentro da Resex”. A
gerente de campanhas da ONG Rare, Bruna Martins, destacou: “O objetivo é que as
comunidades sejam também responsáveis por capilarizar novas ações, atuando com
as guardiãs e guardiões do maretório”. Ela também disse: “O manguezal é vida.
Ele desempenha várias funções importantes para a vida humana e não humana. As
comunidades costumam dizer que o mangue é o supermercado, a farmácia, é lazer.
É um ecossistema que bem conservado e manejado garante sustento e qualidade de
vida para as futuras gerações”
No Estado do Pará, foi programada para
o dia 26 de julho uma programação em referência ao Dia Mundial de Proteção dos
Manguezais, procurando alertar sobre a relevância da conservação das áreas de
mangues, que podem ser atingidas drasticamente por fatores como desmatamento,
poluição e outros impactos socioambientais. A estimativa no Pará é que 41 mil
famílias trabalhem como extrativistas em áreas de costa. Assim, é necessário
que estas populações participem de ações protetoras dos mangues, pois estas
comunidades precisam dos mangues para a extração do pescado e do marisco, que
tem de ser feita de forma sustentável.
Conforme dados do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), os manguezais são responsáveis no
mundo pela redução do CO2 que provoca o aquecimento global. O solo dos sistemas
de mangues pode armazenar até cinco vezes mais este gás do que as florestas
tropicais e assim os mangues contribuem para equilibrar o clima na Terra. É
importante ressaltar que nos mangues há uma rica biodiversidade, consistindo em
berços da vida marinha, havendo a reprodução de aves marinhas, peixes e
mamíferos. Também há a ocorrência de caranguejos, que são base de sustento para
várias populações. A retirada destes caranguejos é regulamentada por lei para
garantir a sobrevivência das espécies.
Os manguezais se caracterizam por serem
áreas úmidas que existem na transição entre ambientes marinhos e terrestres,
sofrendo a influência das mares. São típicos de regiões tropicais e
subtropicais e no Brasil, país que é o terceiro país com maior área de manguezais
e o primeiro em área contínua. A ocorrência do sistema vai desde o Oiapoque, no
Amapá, até a cidade de Laguna, em Santa Catarina.
Infelizmente, há uma redução perigosa
dos manguezais no mundo. Eles estão sumindo de três a cinco vezes mais rapidamente
do que as perdas globais de florestas. Tais perdas causam graves consequências
ecológicas e na área socioeconômica.
No caso do Brasil, há leis federais de
proteção aos mangues, porém as ameaças continuam, como por exemplo a
autorização pelo novo código florestal de que áreas de mangues sejam usadas
para carcinicultura (criação de camarão em cativeiro). Hoje, aproximadamente
75% dos manguezais brasileiros são áreas protegidas, mas é preciso haver
cuidados e conscientização cada vez maior sobre a importância dos mangues. A
questão das deficiências de saneamento no Brasil também afeta muito os mangues,
pois há água poluída, sem tratamento adequado, com diversos tipos
de resíduos tóxicos e lixo sendo despejada em áreas onde há manguezais.
Diante de tudo que foi exposto acima, a
preservação dos mangues é muito importante. Segundo o professor e biólogo da
Universidade Federal do Pará (UFPA) Marcus Fernandes: “É importante
preservar os manguezais pelos vários serviços ecossistêmicos que esse
ecossistema provê. Isto implica nos serviços de regulação, suporte, e que
mantém e regulam o equilíbrio no próprio manguezal”. O profissional também
destacou os perigos para os manguezais que causam um processo acelerado de
destruição: . “Isso em função do desmatamento para uso de madeira,
para a produção de carvão, como na Ásia, bem como pela pesca exacerbada, com a
sobrepesca de alguns recursos animais que são relevantes para a segurança
alimentar quanto para a geração de renda”.
Sugestão de vídeo:
Manguezal:
aula na prática
https://www.youtube.com/watch?v=PRBseRbdVYw
___________________________________________
Márcio José Matos Rodrigues-Professor
de História.
Figura:
https://www.google.com/search?q=imagem+de+mangues+no+Par%C3%A1&sxsrf=ALiCzsY4jhOBgDhzOP8EP0sQ0NxUpicYPw:1658897048118&tbm=isch&source=i
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