domingo, 31 de julho de 2022

Poemas do último dia de julho

 


                                                        Foto: Márcio Rodrigues


Noite de Lua sobre Guajará


Tarde de sol a brilhar

E Guajará a chamar,

Em Belém do Pará.

Logo a lua virá,

Ou não?

Haverá escuridão?

Se for dia dela

E se a nuvem deixar

A dama de branco bela

Haverá de se revelar,

Linda, exuberante, imponente,

A me olhar

Para eu decifrá-la.

Ó lua,

O que queres me dizer?

Nada neste mar celestial!

Eu te vejo a nadar nua

Cercada de anjos que exclamam:

“Uau!”

Até anjos são seduzidos

Pelo teu brilho sensual.

“Ó lua tão adorada!

Eu aqui roído pelo ciúme,

Por causa deste cortejo angelical.

Ah! Lua,

O meu desejo é o sal

Do mar em que nadas.

Recebe meus versos como beijos,

Ó Lua de prata,

Ó Lua tão adorada!

Márcio José Matos Rodrigues


 

Agosto


Agosto vem

Tanto para mim,

Como para ti meu bem.

Será bom,

Será ruim?

Já escuto o som

De agosto batendo na porta,

Querendo entrar.

“Julho para de segurar

A porta!”

O que me importa

Os rumores,

Que dizem que agosto é um mês amaldiçoado?

Quantos amores,

Surgiram em agosto?

Quantos beijos foram dados?

Não gosto,

Nem desgosto

De agosto.

Quero só me lembrar

Do quanto tu és linda,

Enquanto os últimos raios de sol do mês findam,

Banhando teu belo rosto.

Márcio José Matos Rodrigues

 

Sonhos


As flores do novo mês,

Já estão no campo.

Sei que o calor é tanto,

Mas ainda não derreteu meus sonhos queridos.

Iara eu ouço teu canto,

Queres me levar para o fundo do rio?

Meu bem eu te darei rosas,

Ainda que chorem os lírios

Por terem sido preteridos.

Eu ouço os gemidos

Dos meus sonhos no calor.

Gentil dama,

Eu te dou um poema

Como uma flor,

Nele meus sonhos estarão protegidos,

Se os tratares com amor.

Márcio José Matos Rodrigues

 

 

Na falta de uma caneta


Não tenho flores no momento,

Somente sementes.

Então eu disse ao vento:

“Leva meus pensamentos

Impregnados de sentimentos!”

O vento amigo e poético os transformou em versos

E os carregou em seu ventre.

Quando o vento entrar pela tua janela,

Deixa que entre!

Deixa que a suavidade dele

Sussurre em teus ouvidos,

O poema que leva,

Então sentirás uma chuva,

Pingos,

Caindo,

Sobre teu corpo lindo.

Verás retas

Convertendo-se em curvas,

Em um sonho louco,

Louco demais

Que espantaria os mais caretas

Dos humanos mortais.

Não é mesmo deusa Minerva?

Não,

Não são ervas!

Ó linda princesa que vence as trevas

De uma noite funesta,

São versos de amor

Que escrevi para ti no vento,

Na falta de um computador

Ou de uma simples caneta.

Márcio José Matos Rodrigues

 

 


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