domingo, 28 de agosto de 2022

O músico e maestro brasileiro Pedro da Cruz Salgado

 



 

Em 13 de agosto de 1890 nascia Pedro da Cruz Salgado, em Arrozal do Pirahy, Município de Piraí, estado do Rio de Janeiro. Ele foi instrumentista, compositor e maestro. Compôs principalmente dobrados e valsas. Foi chamado de “Rei dos Dobrados”. Escreveu em 1920 o dobrado "Dois Corações",considerado o hino das bandas de música do Brasil. Seus pais eram Augusta Gonçalves Salgado e Bibiano da Cruz Salgado. Quando Pedro Salgado tinha somente um ano de idade, o seu pai faleceu.

Com a morte de seu pai, sua mãe teve de mudar-se em 1892 com ele e seu irmão Antônio, para  Taubaté, no estado de São Paulo. E em 1896 eles mudaram para a cidade paulista de Aparecida. A mãe fazia serviços cuidando de paramentos nas igrejas, trabalhando como lavadeira e realizando outros serviços particulares.

Foi em Aparecida que Pedro encontrou um ambiente musical favorável e começou seus estudos de música. Sendo uma cidade onde havia uma atmosfera religiosa, existiam grupos musicais em especial voltados para música sacra. E, assim, Pedro passou a ir para onde estavam as bandas de música, pedindo aos músicos para carregar seus instrumentos.

Aos dez anos de idade, ele liderou uma banda com outros meninos, na qual os instrumentos eram feitos de talos de mamoeiro, batendo tampas de panela. Foi com 15 anos que aprendeu as notas musicais, passando a integrar uma das bandas de música de Aparecida, tocando trombone, tendo como professor o maestro Antonino Silva. Depois passou a tocar outros instrumentos como o trompete e o eufônio, que no Brasil ficou conhecido como Bombardino.

A primeira composição de Pedro foi o dobrado Estrela do Norte, entre 1905 e 1906. Casou-se em 1910 e sua esposa faleceu em 1924.

Com músicos de Aparecida formou em 1915 a Corporação Musical de São Benedito, compondo músicas que lhe pediam, pois tinha dificuldades financeiras e precisava se manter. De dia era gráfico e à noite era músico. A banda durou 15 anos. As encomendas de músicas vinham de maestros e músicos e bandas civis, principalmente de outras cidades. Essas encomendas lhe proporcionaram ganhos que o ajudaram financeiramente por anos.

Entre as músicas encomendadas estavam dobrados, valsas, maxixes, fantasias, marchas religiosas, sendo que cada tipo tinha seu valor, como os dobrados, que custavam 130 Réis e alguns até mesmo 160 Réis.

Foi a música “Dois Corações” que impulsionou a carreira de Pedro e consolidou seu nome entre as Bandas de Música. A partir dessa composição o número de encomendas de músicas aumentou e ele ficou famoso como "o compositor de Dois Corações”.

Em 1944, Pedro vai para a cidade de São Paulo se estabelecer em uma modesta moradia. Ficou trabalhando como músico trombonista em um circo. E continuava a fazer músicas sob encomenda. Em 2 de janeiro de 1946 registrou-se como sócio da União Brasileira de Compositores e nesse ano começou a trabalhar como funcionário público na Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Suas composições passaram a ser tocadas nas rádios Tupi e Bandeirantes, em São Paulo. O dobrado Dois Corações foi gravado em 1956 pela primeira vez.

Com a criação da Ordem dos Músicos do Brasil, em 1960, Pedro Salgado se inscreveu, ficando com a carteira de número 1.280. Muitas rádios do Brasil tocavam suas músicas e elas também eram tocadas por várias bandas pelo país.

Pedro Salgado foi homenageado com a Batuta de Prata da Música Brasileira, na ocasião em que completava 65 anos de vida artística. Esse tipo de homenagem tinha sido dado somente a Carlos Gomes e Villa-Lobos. A cerimônia foi 22 de dezembro de 1965, em um auditório no distrito de Morro Grande, que atualmente faz parte do município de Guarulhos, em São Paulo.

Em abril de 1973, a Academia Brasileira de Belas Artes concedeu a Pedro o diploma de conceituado compositor, regente, maestro e músico. Nesse mesmo ano, em 28 de setembro, aos 83 anos, Pedro Salgado faleceu. A causa da morte foi broncopneumonia e AVC. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Dom Bosco, em São Paulo. No ano de sua morte, Pedro estava vivendo com graves dificuldades financeiras. Um total de 1.126 músicas registradas foram encontradas com a assinatura de Pedro Salgado. Mas o numero pode ser muito superior a isso, porque muitas foram vendidas sem terem sido registradas ou guardadas cópias por ele. Dessas músicas registradas, cerca de 300 são valas e mais de 400 são dobrados. Pedro compunha hinos, fantasias, marchas, tangos, baiões, maxixes, mazurcas, sambas e no estilo Fox Trot

“Dois corações”, em 1971, recebeu letra de Ariovaldo Pires, e foi gravada pelo grupo vocal Titulares do Ritmo no LP “Titulares dos troféus” da Entré/CBS. Em 1973 essa música foi incluída no LP “Bandinha de Sucupira” da RCA Victor com gravações referentes à novela “O bem amado” da TV Globo.

Segundo Alexandre M. L. Barbosa:

“Dona Augusta, mulher simples e carregada de amor aos filhos e fibra para o trabalho, ficou com a árdua tarefa de cuidar dos filhos Pedro e Antonio, o que fez com a tenacidade dos fortes.

Em 1892, porém, diante do agravamento das dificuldades, Dona Au­gusta, na esperança de dias melhores, mudou-se, com os meninos, para a cidade de Taubaté, importante centro urbano do Vale do Paraíba Paulista e onde residia o seu irmão mais velho. Dois anos mais tarde, transferiu-se para Quiririm, distrito da mesma cidade, a fim de morar com sua mãe, que lá residia.

A convite do Cônego Antonio Marques Henriques, em 1896, o padrasto de Dona Augusta, que era jornalista, transferiu-se com a família para Aparecida e fixou residência na rua Monte Carmelo.

O jornalista atendeu ao pedido do Cônego para ser redator do jornal "Luz D'Apparecida", um periódico de circu­lação semanal e que era um dos mais antigos da região e encontrava proje­ção nacional.

Ainda assim, a situação não ficou mais amena para a família do peque­nino Pedro. Dona Augusta conti­nuou trabalhando, arduamente, cuidando de tarefas domésticas como lavar e passar roupas "pra fora" e fazendo pequenos serviços para a igreja.

Em Aparecida, o menino Pedro Salgado, então com seis anos, encontrou um rico ambiente musical que despertou o seu gosto pela arte e, poste­riormente, favoreceu o desenvolvimen­to de seu talento.

Imerso entre músicos de elevada capacidade de composição e execução, Pedro da Cruz Salgado passou a infância ouvindo composições primorosamente executadas por expressi­vos nomes da música local.

Encantado pela música, o humilde menino era presença garantida na audiência das bandas de música da cidade. Junto ao coreto, dificilmente perdia as retretas. A impertinência do petiz acabava sempre por vencer a mãe que acabava cedendo aos insistentes pedidos. Era quase impossível contê-Io em casa quando havia banda na rua.

Não bastasse ouvir, também acom­panhava os músicos comprazendo-se com um pequeno mimo: frequente­mente pedia para carregar os instru­mentos dos músicos da banda e, ge­ralmente atendido, com galhardia e or­gulho os empunhava. Era comum ver o menino perfilado com a banda carregando um piston(...)”

Sugestão para escutar: 

Dobrado Dois Corações - Pedro Salgado

 https://www.youtube.com/watch?v=mMSsZ-zrlQs

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História


Figura:

https://www.google.com/search?q=imagem+do+maestro+pedro+salgado.&sxsrf=ALiCzsb4Y-oTHfWUp5xazaZw7ioP4i0pGw%3A1661746293310&source=h

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