Em
25 de setembro de 1898, nascia em Caruaru, Pernambuco, Brasil, o cronista,
professor, jornalista, ensaísta e orador Belarmino Maria Austregésilo Augusto
de Athayde. Seu pai era o desembargador José Feliciano Augusto de Athayde e sua
mãe era Constância Adelaide Austregésilo. Um de seus bisavôs foi o tribuno
e jornalista Antônio Vicente do Nascimento Feitosa.
Austregésilo
Augusto de Athayde viveu por anos no Ceará, tendo morado em diversas cidades,
por causa das atividades de trabalho de seu pai. Aos doze anos ele ingressou
no Seminário da Prainha. Deixou o seminário, tendo estudado lá até o
terceiro ano de Teologia. Foi professor do Colégio Cearense e do Colégio São
Luís e depois dedicando-se ao ensino particular. Passou a colaborar com jornais
e em 1918 vai para o Rio de Janeiro. Nessa cidade, trabalhou como professor nas
escolas particulares Curso Normal de Preparatórios e no Curso Maurell da Silva.
Publicou o livro de
contos Histórias Amargas em 1921. Concluiu
em 1922 o curso de Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do Rio
de Janeiro, na época Distrito Federal, foi, a partir de 1924, escritor,
jornalista e dirigente de O Jornal, que fazia parte dos Diários
Associados, grupo de comunicação de Assis Chateaubriand. Colaborava desde
1921 como jornalista com o jornal A Tribuna, no qual chegou à
posição de diretor-secretário e foi tradutor na agência de notícias Associated
Press. Também colaborou com o Correio da Manhã e A
Folha.
Austregésilo
foi preso e depois exilado na Europa e Argentina pelo governo Vargas por ter
sido opositor à “Revolução de 1930” e ter apoiado o movimento
constitucionalista de 1932. Quando esteve na Europa, passou por Portugal,
Espanha, França, Inglaterra e Irlanda do Norte. Na Argentina residiu por dois
anos em Buenos Aires, de 1933 a 1934. Após seu exílio, voltou a trabalhar no
Brasil, no grupo dos Diários Associados. Foi nesse tempo
articulista e diretor do Diário da Noite e redator-chefe
de O Jornal, destacando-se como editorialista. Também tinha a
coluna Boletim Internacional. A partir do fim do Estado Novo
varguista, fez pedidos de abertura de inquérito policial para investigar crimes
e acusações de mau uso do dinheiro público do governo que tinha sido derrubado.
Quando
houve a Terceira Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada em Paris,
França, em 1948, ele participou da delegação brasileira e fez parte da Comissão
Redatora da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Em
1951, passou a fazer parte da Academia Brasileira de Letras e lá ficou como
presidente de 1959 até sua morte, no Rio de Janeiro, em 1993.Outra atividade
que passou a ter foi a de colaborador da revista O Cruzeiro. Recebeu
(1952), nos Estados Unidos, pela Universidade de Columbia, o Prêmio Maria Moors Cabot. Em 1953 foi
diplomado pela Escola Superior de Guerra e deu depois conferências nessa instituição.
Em 1968 Assis Chateaubriand morreu e Austregésilo se tornou integrante do condomínio
diretor dos Diários Associados. Recebeu em 17 de maio de 1958 o
título de Comendador da Ordem Militar de Cristo e em 20 de dezembro de 1960 a
Grã-Cruz da Ordem do Infante Henrique. Em 26 de novembro de 1987 foi
homenageado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’lago da Espada de
Portugal. O jurista e filósofo René Cassin, ao saber que estava sendo homenageado
pela Academia Sueca com o Nobel da Paz, em 1968, no vigésimo aniversário da Declaração
Universal dos Direitos do Homem disse para jornalistas:
"Quero dividir a honra desse
prêmio com o grande pensador brasileiro Austregésilo de Athayde, que ao meu
lado, durante três meses, contribuiu para o êxito da obra que estávamos
realizando por incumbência da Organização das Nações Unidas."
Na ocasião do 30º aniversário
da Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1978, o
presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, mandou uma carta a Austregésilo,
reconhecendo a "vital liderança", que o brasileiro exerceu na
elaboração do citado documento.
Como presidente da Academia
Brasileira de Letras, Austregésilo foi responsável pela construção do prédio do
Centro Cultural do Brasil, anexo à Academia, inaugurado em 20 de julho de 1979.
No mesmo ano foi homenageado com o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de
Arte. Ele dizia ser o mais antigo editorialista e articulista em atividade, em
todo o mundo. Segundo ele em uma entrevista: "Não me interesso em publicar
livros (...)”. “"Como jornalista, eu fiz literatura. Sou jornalista e
quero ser jornalista, intérprete do meu tempo e profeta do futuro de meu
País."
Também disse certa vez: "Jamais
escrevi um artigo que não expressasse a linha de minhas convicções
democráticas. Nunca elogiei partidos, homens ou grupos". (...) "Sou
incapaz de ser a favor de homens. Sou a favor de ideias, de pontos de vista. O
que almejo mesmo é o pensamento democrático, a preservação de nossa unidade
nacional e o bem do povo brasileiro."
Austregésilo de Athayde faleceu
em 13 de setembro de 1993, na cidade do Rio de Janeiro. Como autor
escreveu: Direitos humanos no século 21 (Austregésilo
de Athayde e Daisaku Ikeda); Histórias amargas; A influência
espiritual americana ; Mestres do liberalismo; Vana
verba ;Epístola aos contemporâneos ;Conversas na
barbearia Sol ;Filosofia básica dos direitos humanos, ensaio; Alfa
do Centauro, crônicas; Quando as Hortênsias Florescem; Na Academia.
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Márcio José Matos Rodrigues-Professor
de História
Figura:
https://www.google.com/search?sxsrf=ALiCzsZGxkLsMMl3i5GG956KRfwfqGVrPQ:1664483447053&source=univ&tbm=isch&q=imagem+de+austreg%C3%A9silo+de+athayde&fir=_
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