quinta-feira, 29 de setembro de 2022

O jornalista, escritor e orador brasileiro Austregésilo de Athayde, que integrou a Comissão Redatora da Declaração Universal dos Direitos do Homem

 


Em 25 de setembro de 1898, nascia em Caruaru, Pernambuco, Brasil, o cronista, professor, jornalista, ensaísta e orador Belarmino Maria Austregésilo Augusto de Athayde. Seu pai era o desembargador José Feliciano Augusto de Athayde e sua mãe era Constância Adelaide Austregésilo. Um de seus bisavôs foi o tribuno e jornalista Antônio Vicente do Nascimento Feitosa.

Austregésilo Augusto de Athayde viveu por anos no Ceará, tendo morado em diversas cidades, por causa das atividades de trabalho de seu pai. Aos doze anos ele ingressou no Seminário da Prainha. Deixou o seminário, tendo estudado lá até o terceiro ano de Teologia. Foi professor do Colégio Cearense e do Colégio São Luís e depois dedicando-se ao ensino particular. Passou a colaborar com jornais e em 1918 vai para o Rio de Janeiro. Nessa cidade, trabalhou como professor nas escolas particulares Curso Normal de Preparatórios e no Curso Maurell da Silva.

Publicou o livro de contos Histórias Amargas em 1921. Concluiu em 1922 o curso de Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, na época Distrito Federal, foi, a partir de 1924, escritor, jornalista e dirigente de O Jornal, que fazia parte dos Diários Associados, grupo de comunicação de Assis Chateaubriand. Colaborava desde 1921 como jornalista com o jornal A Tribuna, no qual chegou à posição de diretor-secretário e foi tradutor na agência de notícias Associated Press. Também colaborou com o Correio da Manhã e A Folha.

 Austregésilo foi preso e depois exilado na Europa e Argentina pelo governo Vargas por ter sido opositor à “Revolução de 1930” e ter apoiado o movimento constitucionalista de 1932. Quando esteve na Europa, passou por Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Irlanda do Norte. Na Argentina residiu por dois anos em Buenos Aires, de 1933 a 1934. Após seu exílio, voltou a trabalhar no Brasil, no grupo dos Diários Associados. Foi nesse tempo articulista e diretor do Diário da Noite e redator-chefe de O Jornal, destacando-se como editorialista. Também tinha a coluna Boletim Internacional. A partir do fim do Estado Novo varguista, fez pedidos de abertura de inquérito policial para investigar crimes e acusações de mau uso do dinheiro público do governo que tinha sido derrubado.

Quando houve a Terceira Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada em Paris, França, em 1948, ele participou da delegação brasileira e fez parte da Comissão Redatora da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Em 1951, passou a fazer parte da Academia Brasileira de Letras e lá ficou como presidente de 1959 até sua morte, no Rio de Janeiro, em 1993.Outra atividade que passou a ter foi a de colaborador da revista O Cruzeiro. Recebeu (1952), nos Estados Unidos, pela Universidade de Columbia, o Prêmio Maria Moors Cabot. Em 1953 foi diplomado pela Escola Superior de Guerra e deu depois conferências nessa instituição. Em 1968 Assis Chateaubriand morreu e Austregésilo se tornou integrante do condomínio diretor dos Diários Associados Recebeu em 17 de maio de 1958 o título de Comendador da Ordem Militar de Cristo e em 20 de dezembro de 1960 a Grã-Cruz da Ordem do Infante Henrique. Em 26 de novembro de 1987 foi homenageado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’lago da Espada de Portugal. O jurista e filósofo René Cassin, ao saber que estava sendo homenageado pela Academia Sueca com o Nobel da Paz, em 1968, no vigésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem disse para jornalistas:

"Quero dividir a honra desse prêmio com o grande pensador brasileiro Austregésilo de Athayde, que ao meu lado, durante três meses, contribuiu para o êxito da obra que estávamos realizando por incumbência da Organização das Nações Unidas."

Na ocasião do 30º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1978, o presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, mandou uma carta a Austregésilo, reconhecendo a "vital liderança", que o brasileiro exerceu na elaboração do citado documento.

Como presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregésilo foi responsável pela construção do prédio do Centro Cultural do Brasil, anexo à Academia, inaugurado em 20 de julho de 1979. No mesmo ano foi homenageado com o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte. Ele dizia ser o mais antigo editorialista e articulista em atividade, em todo o mundo. Segundo ele em uma entrevista: "Não me interesso em publicar livros (...)”. “"Como jornalista, eu fiz literatura. Sou jornalista e quero ser jornalista, intérprete do meu tempo e profeta do futuro de meu País."

Também disse certa vez: "Jamais escrevi um artigo que não expressasse a linha de minhas convicções democráticas. Nunca elogiei partidos, homens ou grupos". (...) "Sou incapaz de ser a favor de homens. Sou a favor de ideias, de pontos de vista. O que almejo mesmo é o pensamento democrático, a preservação de nossa unidade nacional e o bem do povo brasileiro."

Austregésilo de Athayde faleceu em 13 de setembro de 1993, na cidade do Rio de Janeiro. Como autor escreveu: Direitos humanos no século 21 (Austregésilo de Athayde e Daisaku Ikeda); Histórias amargasA influência espiritual americana ; Mestres do liberalismoVana verba ;Epístola aos contemporâneos ;Conversas na barbearia Sol ;Filosofia básica dos direitos humanos, ensaio; Alfa do Centauro, crônicas; Quando as Hortênsias Florescem; Na Academia.

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Márcio José Matos Rodrigues-Professor de História

Figura:

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